Elisa Holz
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Minha cabeça doí e o meu corpo está dormente, minha garganta está seca e respirar machuca. Tento lembrar do que aconteceu e a imagem do carro vindo em minha direção me faz abrir os meus olhos bruscamente, mas a luz branca e forte me faz fechá-los novamente. Respiro fundo e o cheiro de anticéptico invade as minhas narinas.
Abro os meus olhos lentamente para que eu possa me acostumar com a luz e já acostumada vejo o teto e as paredes brancas. Olho para o meu braço direito e vejo uma agulha ligada a um IV nele. Ao tentar mover o meu outro braço sinto ele pesado e dormente, olho para ele e vejo que está engessado.
Ouço alguém entrar no quarto e tento levantar a cabeça, porém a sinto pesada. Uma enfermeira se aproxima de mim e faz uma cara surpresa ao me ver, entretanto sorri de forma aliviada.
- Você acordou. - fala com um sorriso nos lábios.
- Água. - meu pedido sai baixo, mas ela entende e me dá água.
O líquido desce por minha garganta e logo me sinto melhor, assim que eu termino de beber ela se afasta.
- Eu vou chamar o doutor. - eu não tenho tempo de responder porque ela sai rapidamente.
Tento me levanta, mas não consigo. Tem alguma coisa errada com o meu corpo, mas eu não sabia o que era.
Ergo o meu braço direito lentamente e tento repetir a ação com o esquerdo mas esse doí com a tentativa. Tento mexer as minhas pernas, mas não consigo, eu não as sentia e isso era desesperador.
Tiro o lençol de cima de mim e ergo o meu corpo com dificuldade. Apoio-me no meu braço direito e sinto a agulha afundar mais em meu braço, mas não ligo para a dor. Olho para as minhas pernas e tento movê-las, mas elas não saem do lugar. Meu corpo cede e sou forçada a deitar de novo. Tento por forças nas minhas pernas, mas não as sinto. Mais uma vez tento movê-las, mas é inútil e nada acontece.
Começo a chorar e continuo tentar mover as pernas, mas não obtenho sucesso.
A enfermeira volta acompanhada por um homem de jaleco. Minha visão estava embaçada por conta das lagrimas, mas mesmo assim pude ver o seu rosto surpreso ao me ver.
- Senhorita Holz eu sou o Dr. Black e...
- Eu não consigo mexer as minhas pernas - digo aos prantos - Por que eu não consigo mexê-las?
O médico põe a mão no meu braço e me olha calmamente.
- Senhorita Holz você sofreu um acidente. Um car...
- Eu não consigo sentir as minhas pernas. - digo em pânico.
- Acalme-se por favor. Eu irei realizar alguns teste, mas você precisa se acalmar. - pediu e tento me acalmar - Joanna me ajude a sentá-la.
A enfermeira e o médico me ajudam a me sentar com cuidado e eu sinto uma forte dor que ignoro.
O médico pega um martelo do bolso e toca o meu joelho esquerdo
- Você sente isso. - balanço a cabeça em negação. Ele repete o mesmo processo na perna direita e me faz a mesma pergunta e eu nego chorando.
O doutor então dobra e estica a minha perna, mas ainda não consigo senti-la, não sentia uma dor ou fisgada se quer elas pareciam mortas.
- Eu não sinto as minhas pernas, não sinto as minhas pernas! - solto um grito sufocado e logo começo a soluçar - Eu não sinto as minhas pernas. Por quê?
- Senhorita Holz por favor acalme-se. Eu sei que é difícil e que o momento é delicado, mas você precisa se acalmar.
Eu parei de ouvir o doutor e chorei compulsivamente, os sons do meu choro eram altos e aos pucos foram diminuindo e tudo ficou escuro novamente.
Acordo e sinto alguém segurando a minha mão, seu toque era suave e carinhoso. Olho para o lado e vejo uma senhora de cabelos curtos e claros ali sentada com os olhos fechados, imito o seu gesto e também fecho os meus olhos e me recordo do acontecido. Começo a chorar novamente e sinto a mão da senhora se desprender da minha e acariciar minha cabeça.
Abro os meus olhos e entre as lagrimas a vejo.
- Está tudo bem querida, você vai ficar bem. - ela repete as mesmas palavras e o mesmo gesto em uma forma de consolo carinhoso.
Fecho os meus olhos e relaxo com seu carinho e com suas palavras. Logo sinto o sono vir e me deixo me levar por ele esperando que quando acordasse amanhã de manhã nada disso seria verdade, seria apenas um pesadelo e nada mais.