Um Amor Proibido

By Garoto1D

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William um garoto que está acostumado com seu espaço, terá de conviver com o primo louis, que perdeu os pais... More

Introdução + Avisos
capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Ask Leitores
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
#AskLeitores2.0
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
capítulo 75 - Final
UAP.2 + Agradecimentos.
spin-off
spin-off
spin-off. 18 louis
Grupo no Wpp
UAP reescrita.
𝐈𝐌𝐏𝐎𝐑𝐓𝐀𝐍𝐓𝐄, 𝐋𝐄𝐈𝐀𝐌!

Capítulo 58

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By Garoto1D

2 dias para a final do campeonato

William

" Estava tudo escuro, não enxergava nada na minha frente, o ar parecia um pouco pesado, aos poucos eu ia recuperando os sentidos, olhava ao redor e só conseguia vez vazio, tudo vazio e silencioso.

Minha mente estava confusa, conseguia me sentar procurando por eles dois, mas eles não estavam ali, eu estava só. Aos poucos uma luz estranha brilha, tento focalizar mas ainda está fora de alcance. Quando em um forte clarão ela ilumina tudo, e eu percebo o lugar a minha volta, uma espécie de sala com paredes pretas, e duas portas de madeira escura.

Forço as pernas a se manterem firmes, mas as mesmas tremiam e pareciam nunca ter sido usadas, levanto com dificuldade e adentro a primeira porta, tudo que vejo é um trono de vidro, um trono completamente ensanguentado, olha para a imagem confuso e o cheiro metálico começa me dar náuseas.

Saio e entro na segunda porta, meu coração falha uma batida, minha boca seca como se nunca houvesse umidade, havia outro trono de vidro, e nele lou estava sentado sem fazer um único movimento, meu coração doía e o ar faltava nos meus pulmões, ele levanta a cabeça e sorri para mim, e logo tudo se despedaça num piscar de olhos, tudo a minha volta quebra, e eu caio novamente no escuro "

Levanto da cama ofegante sem acordar os meninos, saio do quarto e desço as escadas meio desnorteado, tomo um copo de água e respiro fundo, respiro e inspiro várias vezes, até que as batidas do meu coração se acalmem, era apenas um sonho, não vai acontecer nada, tentava convencer a mim mesmo.

Subo novamente as escadas e paro na porta do quarto do caio, fico observando ele e lou aninhados um no outro, fico tão perdido em pensamentos, que só acordo do meu mundo paralelo quando o despertador começa tocar sem freios.

Então começo o processo de todas as manhãs, tomo um banho quente e relaxo, tento relaxar o quanto eu posso, me enxugo após terminar, visto minhas roupas e vou para o andar de baixo , sento a mesa e fico esperando os meninos descerem, em poucos minutos lou aparece com o rosto sonolento, me abraça dando um beijo na minha bochecha, e em seguida caio desce também repetindo o mesmo.

Nossos últimos dias foram totalmente focados no treino, não recebi mais nenhuma mensagem, e nem os meninos, creio que o encontro que tive com a pessoa foi a cartada final, e se eu desistiria? Não, nunca fez parte da minha vida desistir de algo sem lutar, e foi por isso que eu cheguei ao topo do comando do time.

Paramos na confeitaria que já virou nosso lugar preferido, descemos do carro e entramos no local, o cheiro sentido era uma grande mistura, bolo de baunilha, chá de camomila, o cheiro das flores que decoravam o lugar. Ficamos em uma mesa próxima a janela de vidro, logo vieram nos atender. Lou pediu um pedaço de torta de frango com suco de limão, pedi um sanduíche natural com suco de cenoura, e caio pediu só uma xícara de chocolate quente. Ficamos nos encarando, o olhar de um passava pro outro, até que lou riu por não conseguir manter contato visual.

— Estou ansioso para o jogo. Digo suspirando e estalando os dedos da mão — ultimamente minhas noite de sono tem sido regadas de pensamentos sobre a final e sobre meu futuro.

— Não se preocupa, vai dar tudo certo tá bom? — lou é muito calmo, não sei como ele consegue, o mundo pode estar acabando e ele vai tá sempre calmo.

— Ouve o lou, não acho que a pessoa vá fazer algo, pode ser só um blefe, sei lá — caio dizia distraído com os carros que passavam na rua, ultimamente ele está meio distante, mas é só tensão mesmo.

Nossos pedidos foram entregues e tomamos nosso café da manhã, assim que terminamos levantei e fui até o caixa pagar, os meninos já estavam dentro do carro me esperando. Tirei o dinheiro da carteira e entreguei para o atendente, talvez ele fosse funcionário novo, ainda não tinha notado ele ali. Quando ele me deu o troco de volta, veio com uma surpresinha, tinha um papel com um número de telefone, e o nome Josh ao lado, fitei ele e o mesmo sorriu dizendo.

— Entrega pro garoto loiro, seu amigo é bonito, adoraria um encontro com ele — dei uma risada seca, querendo socar ele.

— Ele não vai precisar disso — disse entregando o papel de novo.

— Por que? — o garoto perguntou me fitando.

— Porque ele já tem namorado, tenha um bom dia — saí da confeitaria, e entrei no carro, acho que se eu pudesse domar algum elemento, eu queria domar o ar e tirar o ar dos pulmões dele, mas é exagero, apenas ciúmes.

Olhei pro lou pelo espelhinho enquanto dirigia, até parece que um dia alguém vai tirar o lou ou o caio de mim, sorri que nem um idiota tendo esse pensamento. Quando chegamos no estacionamento, alguns dos meninos já estavam por lá, acenei pro lou e me juntei ao círculo que estava ali, a escola estava se preparando pro jogo, felizmente recebemos a oportunidade do jogo ser aqui, a decoração azul e preta já estava presente em muitos lugares.

— Cara isso é uma loucura, daqui dois dias vamos estar todos tensos, e loucos para entrar em campo — jonas dizia com muita empolgação, mas isso era mais porque a namorada dele iria vir assistir o jogo.

— A Nanda vai vir ainda? — caio indaga ele.

— Sim, o pai dela liberou ela pra vir, fico feliz que ela vá vir — jonas realmente amava Fernanda, e eu podia ver eles casando algum dia.

— Tô tentando descansar um pouco, quero ficar bem disposto no dia — disse me escorando no carro.

— Sim, precisamos chegar prontos pra guerra no dia do jogo — bernardo diz e imaginar aquele monte de gente vibrando, já fazia meu estômago revirar e dar cambalhotas dentro de mim.

Assim que o sinal ecoou, entramos na escola indo para nossa sala, não estávamos fazendo muita coisa por sermos do time, ordens da diretora, ela disse que deveríamos ir pra aula, mas íamos ficar com um pouco mais de folga já que teríamos um jogo importante, pra diretora era de grande importância essa vitória, trazer os tempos de ouro de volta a escola.

Nossa primeira aula seria de literatura, ou seja o professor viria com a velha história de Romeu e Julieta, peguei uma caneta e uma folha em branco pra fazer um resumo da história para o professor, fiquei lendo o livro que não era muito grosso, provavelmente porque foi adaptado pra aula. Após terminar fiz meu resumo e entreguei, me sentei novamente e fiquei esperando caio terminar, pra mim poder ter com quem conversar.

— Ei, amo você — disse em um sussurro pro caio, o mesmo apenas assentiu e murmurou a mesma coisa, ri quando vi o pescoço dele começar ficar vermelho.

Após a primeira aula, fomos liberados, via muitos alunos pelos corredores, alguns colocando o símbolo do time, outros pondo as faixas, parecia a cena de Harry Potter que tinha as torcidas de quadribol, e como eu sei disso? Lou fez uma maratona de Harry Potter, e sobrou pra gente.

Andei com o Caio pelo corredor, e logo vi o lou e o Ícaro, eles estavam vindo da direção da sala da diretora.

— Hey, algum problema? — perguntei próximo a eles.

— Alguém colou chiclete no meu cabelo, eu não sei quem foi, na hora que a gente foi liberado, tinha muita gente no corredor — lou tava se segurando pra não chorar, podia sentir isso no tom da voz dele.

— Por isso a touca? — só então percebi que ele estava de touca.

— Sim, eu pedi autorização da diretora pra ele ir pra casa, na verdade a gente ia sair daqui e ir pro salão, porque vai ter que cortar — ícaro  parecia um termômetro, o rosto dele tava vermelho, provavelmente estava puto da vida. Luana chegou minutos depois, e acabou indo com eles.

— O que acha disso? — caio perguntou enquanto víamos lou se afastar com eles.

— Não sei, mas foi proposital, uma merda a gente não poder fazer nada — suspirei.

— Vamos ir embora, a gente já foi liberado mesmo, não tem o porque ficar aqui — caio falou e já foi me empurrando para a saída.

Entramos no carro e logo seguíamos nosso caminho para casa, Ícaro iria deixar o lou lá, então já iríamos deixar algo pro almoço ficar encaminhado, após alguns minutos dirigindo chegamos em casa, entramos e Caio pulou em mim, fazendo eu cair no chão e comecei rir logo.

— O que você está fazendo hein? — perguntei arqueando a sobrancelha e rindo, caio sentou em cima do meu quadril e ficou me olhando, até se aproximar e me beijar. Pousei a mão em sua cintura, e recebi o beijo de bom grado.

Sorri entre o beijo quando caio mordeu meu lábio, e em seguida passando a língua ali, após alguns minutos apenas nos beijando levantei e subi para meu quarto, Caio foi trocar as suas roupas e eu também fiz o mesmo, vesti o pijama mesmo, já que provavelmente eu não sairia de casa hoje, descemos para cozinha e pegamos ingredientes para fazer hambúrguer.

— Vamos fazer alguns a mais, daí a gente convida o Ícaro e a Luana para comerem também — caio falava, e ao mesmo tempo ia misturando a carne moída com os temperos.

— Okay, vamos mesmo, depois é só fritar — disse moldando os primeiros bolos de carne, após vinte minutos, lou chega e como caio já previa, Ícaro e Luana vieram também.

Louis

Estava indo em direção ao salão, Ícaro estava irritado por terem colado chiclete no meu cabelo, e como nem ele nem eu vi não tinha como saber quem foi, por um lado fico aliviado, já que isso geraria alguma confusão. Luana ficava tentando acalmar ele, que ficava resmungando todo momento enquanto dirigia. Paramos em frente a salão e logo entramos, Ícaro explicou o que aconteceu, e um rapaz chamado Peter disse que iria dar um jeitinho.

— Isso é fácil baby, só vamos fazer um corte novo e uma hidratação bem básica, senta aqui que agora a mágica vai começar — me sentei na cadeira enquanto Peter preparava as coisas, Ícaro e Luana ficaram sentados me esperando.

Fitei o espelho e logo eu perderia a pequena franja que eu tinha, Peter pegou uma máquina e uma tesoura e por fim começou, o corte ficou algo meio "undercut" como ele disse, e em seguida fez a hidratação.

— Adoro trabalhar com cabelo bem cuidado, uma pena essa alma invejosa ter feito isso, mas já dei um jeito — disse sorrindo e amaciando meu cabelo.

— Obrigado Peter — disse dando um abraço nele, e em seguida paguei e fui para casa.

Assim que chegamos, os meninos estavam na cozinha fazendo algo, adentrei a cozinha e Will estava enrolando uns bolinhos de carne em filme plástico. Ele acenou com a cabeça para o Ícaro e cumprimentou a Luana, assim como o Caio fez também.

Subi para meu quarto, tomei um banho e vesti meu pijama, Luana entrou no meu quarto após bater a porta.

— Lou, tem como você me emprestar uma blusa pra mim trocar? — ela perguntou ajeitando a armação no óculos, um movimento que particularmente eu acho fofo.

— Tenho sim — peguei uma das blusas que comprei na Disney e entreguei para ela, logo ela entrou no banheiro e saiu com a mesma, descemos as escadas e Ícaro estava com outra roupa, provavelmente do Will, já que reconheci a camisa de manga comprida.

Ficamos na sala jogando uno, e depois ficamos assistindo filme, na hora do almoço os meninos assaram a carne no grill, enquanto eu e a luna íamos preparando o pão, pondo queijo, alface e etc. Assim que estava tudo pronto, montamos os hambúrgueres, e Will pegou a garrafa de Pepsi.

Nosso almoço foi bem engraçado, os meninos ficavam arrotando, fiquei com vergonha, mas Ícaro deu um super arroto fazendo luna parecer uma pimenta, todos riram e eu olhei para ela, eu entendia o que ela estava sentindo.

Luna me ajudou com as louças, enquanto os meninos estavam na sala jogando vídeo game.

— Você já sabe que curso vai cursar na faculdade? — luna perguntou enquanto secava a louça que eu lavava.

— Já sim, pretendo cursar propaganda e assumir as empresas dos meus pais, e mudar o ramo — disse entregando mais um prato — e você, já tem em mente o que pretende fazer?

— Sim, eu quero estudar história, sou fascinada por tudo que envolva o passado, para compreender o futuro precisamos entender o passado — disse finalizando a secagem da louça.

— Concordo com você, vou no quintal molhar minhas plantas, quer vir também? — ela assentiu me seguindo para os fundos da casa, abri a porta que dava para o quintal, peguei a mangueira girando o registro, e logo a água começou sair, molhei as flores que já estavam abertas em seus botões, e o pé de tomate cereja que já estava dando os pequenos tomatinhos, luna ficou sentada na beirada apenas observando.

— A quanto tempo você mora com os meninos? — perguntou me fitando.

— Alguns meses já, talvez 9 ou 8, se não me engano me mudei em fevereiro — desliguei o regsitro, enrolei a mangueira deixando ela no lugar. Entramos em casa novamente, e os meninos agora estavam assistindo o senhor dos anéis, luna e eu nos sentamos junto a eles.

Por volta das 18:20 luna e Ícaro foram embora, continuei enrolado no cobertor, enquanto o filme " a hospedeira", passava na TV, minutos depois will e Caio voltaram, se juntando a mim no cobertor, o tapete da sala era bem felpudo e as várias almofadas, deixavam o lugar confortável. Deitei minha cabeça no colo do Caio, enquanto ele mexia meu cabelo, que já não era tão grande.

— Você ficou lindo com esse corte novo — caio disse me dando um beijinho.

— Verdade, ficou tipo, mais maduro, quero a carinha de anjo de volta — will disse rindo e apertando minha bochecha.

— Obrigado, eu sou o anjinho disse rindo.

— Nós sabemos meu amor, o que você quer fazer amanhã? Vamos aproveitar para distrair a cabeça — will disse deitando a cabeça na minha barriga, comecei acariciar os cabelos castanhos dele também.

— Não sei, caio tem alguma sugestão? — perguntei olhando para cima, e fitando o rosto do Caio.

— Não sei, amanhã nós decidimos um lugar para ir ok? — assenti.

— Tudo bem — disse mexendo no maxilar no will, era divertido ficar roçando a mão na barba ralinha que tinha ali.

×

Estava concentrado em um trabalho de aula quando meu celular toca, vejo o número da tia bruna na tela e atendo.

— Olá tia — digo e continuo fazendo a anotação na folha.

— Lou, você precisa vir ao hospital o mais rápido possível, é o Andy, não posso explicar agora, apenas venha — a ligação foi interrompida e fiquei estático, troquei de roupa rápido enquanto avisava os meninos gritando do quarto, assim que sai ambos já estavam prontos, calei apenas um chinelo mesmo, não teria tempo para calçar meu tênis.

— Mais tia bruna não avisou nada? — caio perguntava paciente.

— Não, ela só disse pra ir rápido, era algo com o Andy — suspirei secando as mãos no jeans da calça.

Chegamos e sai do carro o mais rápido, passando pela porta de vidro e indo direto a recepção, dei meus dados e logo estava no elevador indo para o andar que Andy ficava. Assim que entrei no corredor colorido, vi Ester sentada em um banco azul, seus olhos pareciam cansados, com muitas olheiras, e um vermelho típico de choro.

Vi um homem consolando uma mulher magra, com o semblante cansado e seus cabelos ruivos, pareciam estar tão descuidados, vi minha tia vindo na minha direção, seu semblante era sério, como se ela fosse um grande muro de concreto, mas eu sabia que não era.

— Tia o que houve — perguntei apreensivo pela resposta.

— Vem lou, vamos até a cantina, lá conversamos — finalizou girando nos calcanhares e seguindo para o elevador.

Chegamos a cantina, que era um espaço de decoração branca, com bancos acinzentados, sentei no banco e ela a minha frente, respirou fundo e então falou.

— Lou, o Andy... Ele está morrendo, a quimioterapia não está surtindo mais efeito, tentamos tudo que pudemos fazer, mas ele não reage mais aos remédios, e talvez até o amanhecer de amanhã, nós não teremos mais ele conosco — tia bruna disse com a voz embargada, chorando em seguida com as mãos entre o rosto.

Meu coração apertou de uma forma enorme, um nó se formou em minha garganta, e a qualquer momento eu iria chorar também, Will e caio apareceram, e William abraçou sua mãe sem entender muito, tia bruna soluçava como eu nunca vi antes, e em alguns minutos ela se acalmou, permaneci apenas calado em estado de choque, após ela falar para os meninos o que me disse, ouvi "puts" "que injusto cara".

Will passou a mão nos cabelos e suspirou, tia bruna iria nos levar para visitar ele, seus pais estavam ali fora e nos cumprimentaram, quando a mãe dele me abraçou quase chorei, podia sentir a dor que ela estava sentindo e o quão frágil emocionalmente ela se encontrava.

Caio

Andy estava indo, não podíamos entrar de muitos, então seus pais entraram primeiro, ficamos no corredor do lado de fora, o ar é um gás relativamente leve, mas naquele momento parecia pesar toneladas, o hospital parecia tão silencioso, que se uma agulha caísse no chão o estalo seria ouvido.

Lou se mantinha calado, com o olhar focado longe, perdido em pensamentos, Will estava com o capus e as mãos dentro do moletom, estava fitando a luz do teto como se fosse a coisa mais interessante, suspirei esfregando as mãos uma na outra, e foquei meu olhar na porta branca com o desenho de elefante.

Após duas horas ali dentro, os pais do menino saíram, sua mãe começou chorar imediatamente no corredor, sendo acalmada pelo marido que ofegava suas costas, e falando palavras de conforto, mas palavra alguma iria confortar o coração de uma mãe prestes a perder o filho.

Ester me chamou com o will, e entramos na UTI, Andy estava acordado e fitava o teto, aquele brilho no olhar dele estava perdido, sua mente devia vagar mais que lou no corredor.

Sentei a beira da cama sem saber o que dizer ou como agir, fiquei apenas o encarando.

— Oi campeão — will disse sorrindo fraco.

— Will... Oi — droga, meu coração quebrou quando ouvi o timbre fraco da sua voz.

— Hey pequeno — disse pegando suas mãos, olhei para will e o mesmo já tinha os olhos vermelhos.

— Escuta, nós prometemos que vamos ganhar a quantidade de jogos que conseguirmos, por você tá bom? — will dizia com a voz falhando.

— Tudo bem will — andy dizia piscando lentamente.

— Como você se sente? — perguntei suspirando pesadamente.

— Leve, sabe aqueles floquinhos de neve... Que caem no inverno? Eu.. Eu me sinto assim — disse formando um sorriso fino nos lábios rachados.

Conversamos mais alguns minutos, tentávamos fazer Andy sorrir, e com sucesso conseguimos, quando íamos sair, Will deu um beijinho na cabeça dele e em seguida saiu, dei um abraço leve e um beijo na sua testa me despedindo, Andy segurou minha mão tão fraco, que parecia o toque de uma pétala.

— Você vai precisar.... ser forte, tá bom? — apenas assenti, dando um último adeus.

Louis

Quando entrei no quarto para falar com ele, o relógio marcava 00:12, observei a UTI vazia o que era meio estranho em um hospital, vi Andy deitado, com vários fios ligados em seu corpo, suspirei chegando perto do mesmo e sentando na cama o observando.

— Gostei do corte.. de cabelo lou — andy disse fitando meu cabelo, que já não estava tão longo.

— Obrigado anjinho, como foi seu dia? — tentei não tornar aquela situação mais difícil do que já era.

— Cansativo — disse fechando os olhos lentamente.

— Hum, você é especial sabia? — peguei em suas mãos dando um beijinho.

— Você também... você também lou — andy disse, e logo o silêncio se fez presente.

— Lou.. Me conte uma história? — assenti com a cabeça.

— Era uma vez um ser místico, era um botão de rosa prestes a florescer, mas em um inverno bem severo, o pequeno botão adoeceu, e logo na primavera não desabrochou, o ser místico percebeu isso ficando preocupado. Um dia o botão, foi levado para o jardim do ser místico, onde foi cuidado, e aos poucos ele se recuperava, mas algo aconteceu e o pequeno botão estava doentinho novamente, e parecia não se recuperar. O ser místico, ficou extremamente triste com aquilo, mas teve uma grande ideia, pegou o botão envolvendo no sentimento mais puro, o amor. E o pequeno botão, perdeu sua forma aos poucos, e ganhou uma forma brilhante e celeste, e aos poucos foi subindo ao céu, até estar bem alto e brilhar intensamente, ele virou uma estrela, e ficou pra sempre vivo no infinito, porque nada ser perde, tudo se transforma — minha bochecha estava molhada pelas lágrimas que nem percebi.

— Não chore... Eu também vou virar uma estrela — e aos poucos os bipes do equipamento que mediam os batimentos cardíacos pararam.

Logo a equipe médica entrou em grande alvoroço, e eu saí o mais rápido possível, apenas chorava, estava fora de mim, Caio me abraçou fortemente seguido de will.

Andy morreu às 01:30 da madrugada, voltamos para casa em silêncio, a mãe de Andy me entregou uma pasta com alguns papéis que pareciam ser desenhos, e a bola que os meninos deram para ele. Estava esgotado emocionalmente, assim que chegamos, troquei minha roupa e tomei um banho longo, aproveitando para chorar mais, meus olhos estavam vermelhos e ardiam bastante.

Após vestir minha roupa sentei na cama abrindo a pasta, tinham vários desenhos, alguns com meu nome circulado e aquilo só me permitiu chorar cada vez mais. Uma folha me chamou atenção, fazendo eu limpar as lágrimas na manga da camisa, uma folha com números e desenhos.

"ele disse que cada número é uma letra do alfabeto, você deve apenas ver que letra o número representa e forma a palavra", lembrei de sua mãe dizendo.

No final a frase que formava era "você é meu herói", deitei fechando os olhos, e desejando mais que nunca que o sono me encontrasse.

×

Deixei uma rosa branca sobre o caixão pequeno em relação aos tamanhos normais, aquilo era tão injusto, como alguém tão cheio de sonhos poderia ter a vida acabada assim. Suspirei quando Will afagou minhas costas, e a cerimônia do enterro foi encerrada.

Saímos andando a passos lentos do cemitério, onde várias sepulturas estavam por ali, logo uma chuva pesada começou cair, e interpretei aquilo como o céu fazendo festa pela nova estrela recém chegada. Chegamos em casa e troquei minhas roupas molhadas, sentei na cama observando os desenhos novamente. Meu celular vibrou e meu coração parou uma batida quando vi, que se tratava do anônimo.

" meus pêsames pequeno lou", fiquei com um ódio brutal, aquilo era a coisa mais idiota, vindo de alguém que só tem como objetivo destruir minha vida.

Suspirei e lembrei da madrugada passada, as gotas de chuva batiam com força contra o telhado da nossa casa, já era tarde o sol não era mais visto, graças a grande cortina que caia do céu.

"ele disse que cada número é uma letra do alfabeto, você deve apenas ver que letra o número representa e forma a palavra", as palavras da mãe de Andy ecoaram na minha cabeça, levantei pegando uma folha de papel, e um lápis.

Anotei os números que recebi do anônimo, talvez não desse em nada, mas eu precisava tentar.

4915715, aquilo não tinha sentindo, então separei os números.

4-9-15-7-15, comecei contar as letras do alfabeto, correspondendo com os números, e no final se formou o nome "Diogo", minha cabeça doeu com força, havia um Diogo no time, e will recebeu um pedido para desistir da final.

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