Perfeitamente Quebrados

By LucasBrasilS03

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[Vencedor do Wattys 2017] Capa by @anniectorres Uma infância traumatizante, uma adolescência a ser esquecid... More

Prólogo
Professor Pedro
Bruna
Quando o amor acaba
O grande dia
O início do meu fim
Eu e ele
Estou aqui
Problemas
Que horas são?
*PERSONAGENS*
Reunião de pais
Segredo
Amigos
Olá Anônimo
Café da manhã
Convite
AVISO
Vende-se
O Baile - Parte I
O Baile - Parte II
AGRADECIMENTOS
Um Presente de Natal
NÃO É CAPÍTULO
Booktrailer! *Leia*
Casa de praia
*AVISO* Grupo Whats
*MAIS AVISOS*
Desespero
Acorde!
*ENTREVISTA*
Jantar
Até mais
OBRIGADO
Lar doce lar
Sentiu minha falta?
Wattys 2017
Um Novo Tempo
A gente se vê
Eu voltei
Batman e Alfred
"Relembrar é Sofrer"
À Luta!
LEIA
Irmãos
Teo

Família Garcez

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By LucasBrasilS03

Sentei em minha cama e finalmente abri aquela carta.

Dentro do envelope tinha uma pequena tira de papel com a seguinte mensagem.

"Eu tenho exatamente o que você precisa. Por enquanto aguarde por mais informações e não faça nada estúpido. Entrarei em contato."

Não havia assinatura.

"O que eu preciso"?

Releio várias várias e várias vezes a carta, mas não entendo. Ela estava totalmente sem nexo, sem sentido, era muito aleatória. Chego a me perguntar se foi entregue para a pessoa certa. Poderiam ter me confudido, mas no fundo eu achava improvável que fosse isso.

Guardei-a e simplesmente ignorei. Já tinha preocupações demais, como o problema com a Taylor e...Larissa.

Saí mais uma vez do quarto e fui checar como ela estava. Dessa vez bati na porta, queria respeitar seu espaço e não era hora para brincadeiras ou invasões de privacidade.

Passam-se uns 5 minutos e a porta se abre. Larissa estava de frente pra mim, com os olhos vermelhos e inchados e uma expressão vazia. Como se estivesse perdida nos pensamentos, no mundo...

—Você quer alguma coisa? Estava pensando em pedirmos um delivery daquele restaurante que você gosta... — disse olhando-a sem jeito. Eu não era bom lidando com meus sentimentos, quanto mais com os dos outros. Não sabia o que fazer numa hora dessas.

—Tudo bem. Como você quiser. — ela respondeu indiferente e ia fechando a porta quando eu meti o pé.

—Larissa? — chamei seu nome, queria que ela me olhasse nos olhos pra ouvir o que eu precisava falar.

—O quê? — perguntou ríspida.

—Sem você... Sua mãe teria morrido há muito tempo. Quando vocês perderam seu pai, você se manteve firme por ela. E logo conseguiu fazê-la feliz de novo. Você foi uma ótima filha, e ela nunca te culpou por nada. Espero que consiga entender isso. — apenas falei e me virei voltando pro quarto. E pelo que ouvi atrás de mim, ela irrompeu em choro depois do que falei. Mas era a verdade, e eu sentia que ela precisava ouvir essas palavras.

Não comentei com ela sobre a carta nem sobre a Taylor ainda. Iria dar um tempo. E tentaria conversar de forma civilizada com minha aluna. Se existia um pedacinho sequer de bondade nela, eu iria despertá-la.

Fiz o pedido no restaurante favorito da Larissa. A comida chegou em 20 minutos. Chamei ela e nós almoçamos, em silêncio. Porém, eu via que sua feição estava diferente. Talvez tivesse parado pra pensar um pouco no que eu acabara de lhe falar. Espero que sim. Não poderia vê-la assim por muito tempo.

Terminamos, e eu avisei que iria sair. Não queria deixá-la sozinha, mas seria breve. Havia ligado mais cedo para as escolas explicando a situação e eles apenas me liberaram do trabalho hoje. Então pensei em aproveitar a tarde para fazer uma visita à Taylor. Ela estudava de manhã, então se eu tivesse sorte, a encontraria em casa.

E não foi difícil descobrir onde ela morava. Tendo nome e sobrenome, logo você tem um perfil do facebook, instagram, logo tem um número, email e até mesmo o endereço da pessoa. A internet é uma loucura.

Saí de casa às 14h e fui com meu carro em direção a sua casa. Eu amo dirigir em Curitiba, algumas pessoas reclamam, mas eu sempre amei tudo nessa cidade, como é tão verde, cheia de praças, parques e árvores por todos os cantos. Avenidas largas e imensas. Agora a tarde o clima estava terrivelmente quente, de fritar ovo na calçada. E logo o verão vai chegar. Estamos em novembro. Como o ano passou rápido.

Coloquei como sempre uma música pra tocar no carro. Amo fazer tudo com música, sou movido à música praticamente.

Estava tocando Skinny Living, minha banda favorita. Eles não são muito conhecidos, mas deveriam. Recomendo muito suas músicas.

Não demorou muito e eu cheguei. Me assustei ao ver que Artur estava absurdamente certo. A casa de Taylor ficava num dos bairros nobres da cidade, Batel, e sua casa era enorme. Tinha um grande jardim na frente, era um sobrado lindo, parecia uma enorme cabana de madeira, só que mais bonita. Janelas de vidro no andar de cima e um telhado meio reclinado.

Estacionei bem em frente e desci do carro.

Fui até a porta e disquei o interfone. Com essas condições bem aparentes só de ver a casa de longe, com certeza eles tinham um microfone e uma câmera na entrada pra ver quem estava do lado de fora. Torcia para que fosse algum de seus pais que me visse e não a Taylor. Assim conseguiria entrar sem problemas, e depois que estivesse dentro, o resto seria fácil.

Em questão de segundos a porta abriu e eu vi uma mulher incrivelmente linda. Parei pra prestar atenção e percebi que ela era a réplica da Taylor. Uma Taylor mais velha. Mas não tão velha. Cabelos cacheados e loiros, sua pele estava bem cuidada para a idade, que eu diria ter uns 45 anos. Por aí. E usava um vestido vinho demasiadamente decotado.

Deduzi que era sua mãe.

—Olá meu jovem! A que devo sua visita? — perguntou a mulher, me olhando da cabeça aos pés. Se não fosse mãe da Taylor, eu nem cogitaria que ela estava me secando. Mas, como é a mãe da Taylor. Enfim, chega. Não gosto de julgar precipitadamente.

—Boa tarde! A senhora seria... — estava prestes a perguntar.

—Vitória. Vitória Garcez. — falou estendendo sua mão, que educadamente beijei.

—Um prazer senhora Garcez. Sou Pedro Nolasco. Professor de sua filha. Será que poderíamos conversar? — perguntei.

—Ó sim, entre, entre! — ela saiu da frente da porta e fez um gesto me convidando para dentro e entrei.

Se a fachada da casa me surpreendera, seu interior ainda mais. A casa era fantástica, ou melhor, mansão. O primeiro cômodo, era a sala de estar, tinha muitos quadros pela parede, lustres por todo teto, vários sofás e uma TV gigante. Seriam polegadas ou mãos aquela coisa!? O chão também fora feito para parecer com madeira. Era tudo lindo.

Tentei esconder minha surpresa e admiração excessiva pelo lugar. Ela se dirigiu até onde estavam os sofás e sentou-se mandando eu me sentar também. E assim fiz.

—Então querido, sobre o que você queria falar mesmo? — ela perguntou, estava sentada em uma poltrona com as pernas cruzadas e brincando com os cabelos.

—Sobre a sua filha. Ela está aqui? — perguntei tentando olhar discretamente ao redor e ver se não ouvia algum som pela casa. Mas aquilo era imenso. Eu me perderia dentro daquele lugar fácil fácil.

—Infelizmente não, ela saiu com algumas amigas, e meu marido está trabalhando. — fez uma pausa. —Mas não há porque você ir, o que quer que tenha pra falar com minha filha, pode falar comigo.

—Bom, senhora. Eu queria falar com sua filha primeiro se não se importa. Temos um assunto pendente para resolver. — falei me levantando agora. —Mas foi um prazer conhecê-la, obrigado pela hospitalidade!

Ela levantou e eu estava me virando na direção da porta, esperando que ela me levasse até ela ou sei lá. Quando ela me puxa pelo braço.

—Ó querido, não vá por favor! — então ela começou a chorar. —Por favor!

Me assustei com sua reação. Ela agora se senta com as mãos no rosto e chorando muito. Não sabia o que fazer.

Sentei ao seu lado e coloquei a mão em seu ombro, tentando confortá-la de alguma maneira. Mas não sabia como.

Então ela se joga em meu colo, ainda chorando, incessantemente. E eu apenas fiquei ali, sem saber o que fazer e sem poder sair dali. Não menosprezando a sua dor, mas me sentia desconfortável nessa situação. Não via verdade em suas lágrimas.

—Eu sou tão sozinha querido... — disse ela ainda deitada no meu colo. —Minha filha vive fora de casa com as amigas, estudando, ou com garotos... E meu marido... Ele é um homem importante e quase não tem tempo pra mim. Você entende?

—Eeerr... Acho que sim. Mas não se sinta assim, sua família com certeza a deve amar muito. — não tinha mais nada pra falar a não ser isso. Não a conhecia.

Ela levanta sua cabeça, me dá um olhar de cachorrinho abandonado.

—Ó querido... Você é tão bom. — disse ela aproximando seu rosto do meu.

Então percebi o que ela estava prestes a fazer. Sua boca estava a milímetros da minha. Mal tive tempo pra me afastar quando ouço uma voz estridente vindo de trás de nós.

—O QUE É ISSO!? — me viro assustado. Era Taylor.

Ela nos olhava boquiaberta, e claramente furiosa. Olhou em minha direção, queria me matar, percebia-se.

—Querida... — disse a sua mãe sem jeito. —Quem é esse homem que diz te conhecer!? Ele estava tentando me beijar! — o quê?

Agora ela me fulminava com os olhos. Mas que mulher descarada! Merda, eu não devia ter ido ali.

—Sai já daqui seu idiota! Você sabe tanto quanto eu que já te tenho na palma da mão, não me provoque ainda mais. — dizia ela apontando o dedo na minha cara e gritando a todo vapor. —E não chegue perto da minha mãe seu nojento!

—Foi ela que se jogou pra cima de mim! — soltei em minha defesa. Mas sabia que de nada adiantava. Tinha sido pego numa baita situação e eu não tinha provas. Qualquer um que visse a cena poderia pensar o mesmo.

—Taylor...— continuei. —Eu queria conversar com você, falar sobre isso. Tentar te entender. Se você quiser claro, como duas pessoas adultas.

—Não tenho nada pra falar com você! — ela estava alterada, não iria conseguir nada agora. Talvez qualquer chance que eu tivesse tinha acabado de ir ralo abaixo. E tudo minha culpa. Deveria ter ficado com Larissa. Mas essa mulher também...

—Bom, desculpe pela confusão! Espero que mude de ideia. — falei na direção de Taylor. Depois me virei para Vitória. —E você... Veremos quanto tempo continua enganando seu marido e sua filha se fazendo de coitada. Mas lembre-se, eu vi seu verdadeiro lado. — ela me olhava assustada. —E pode ter certeza que seu marido faz o mesmo com outras para não "se sentir sozinho". — falei e saí dali. Não queria nunca mais voltar naquela casa.

Se as mulheres da família Garcez eram assim, não queria nem ver como era o chefão da família que Artur tanto temia.

Quando entrei no carro pra dar partida, recebo uma mensagem. Estranho, meu celular não mostrava o número.

Número privado:

"Eu disse para não fazer nada estúpido.
Mas ainda posso lhe ajudar.
Na hora certa entrarei em contato."

Arrisquei e respondi.

"Quem é você?", mandei.

"Alguém que quer o seu bem. Em breve nos encontramos", respondeu quem quer que estivesse do outro lado do celular.

Apenas joguei o celular no banco de trás. Não sei se estou aliviado ou preocupado.

Voltei para casa, eram 16h.

Procurei logo por Larissa, ela estava na cama dela toda desajeitada e de mal jeito.

Me aproximei e a cobri, pois o quarto estava frio e aparentemente ela tinha caído no sono de repente.

A cobri e beijei sua testa.

—Boa noite gatinha. — sussurrei, tão baixo que achei que ela nem ouvira.

Quando estou na porta eu ouço sua voz.

—Boa noite papai.

Sorri sem entender e saí. Também fui descansar. Depois desse longo dia tudo o que quero é espairecer.

Os dias seguintes seriam muito tumultuados.

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continuação da história