Pela Honra do Meu Pai

By AllanaCPrado

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Kim presenciou o pai se matar por um crime que até hoje ele duvida da veracidade dos fatos. Em busca de vinga... More

PRÓLOGO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9 - [Penúltimo Capítulo]
Capítulo 10 - [Último Capítulo]
EPÍLOGO

Capítulo 6

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By AllanaCPrado

"Só porque acha que sabe algo, não significa que seja verdade"

-Então, é isso... com essa impossibilidade de um confronto direto e pela via tradicional de guerra, eles passaram a disputar poder de influência política, econômica e ideológica pelo mundo todo e... Kim, por favor, se concentra.

-Essa matéria é chata demais. Não quero estudar isso.

-É, mas as provas...

-Que se danem as provas.

Disse, fechando nossos livros e dando fim naquele assunto entediante, realmente permanecer por horas estudando e repetindo o mesmo assunto não era comigo. Até achei, quando recebi o convite, que conseguiria levar, mas não estava rolando.

-Você é muito rebelde, credo, nem parece o mesmo que gabaritou a prova e entrou no colégio com êxito.

-Na verdade eu falsifiquei a prova pra entrar no colégio só pra te encontrar. – Quem poderia me culpar? Eu estava ali jogando a verdade na cara dele, bastava ele acreditar.

-Bobo.

Ele desdenhou rindo, saindo do meu lado e se encaixando no meio das minhas pernas. Estávamos no chão da sua sala já fazia um bom tempo e aquela atividade tinha nos tomado praticamente a tarde toda, mas agora parecia que ele também havia se cansado e queria outra coisa. Lentamente ele foi se aproximando mais e mais de mim com um sorriso travesso no rosto e me puxou pra um beijo ao qual eu retribuí.

...Três dias atrás...

-O que??? – Perguntei assustado com que ele tinha acabado de falar.

-É cara, matar o moleque. Você não queria vingança? Isso com certeza é uma e o velho vai sentir pra sempre... tipo seu pai, pelo filho dele.

Ferrugem discursou bem animado e não demonstrando qualquer tipo de sentimento por ter tido aquela idéia. Aquilo me assustou, ele sempre ficava animado assim quando planejava algum furto em lojinhas, padarias e estabelecimento pequenos, mas não pensei que ficaria assim também planejando um assassinato.

-Calma aí, Ferrugem! Matar o garoto? Tá doido, isso não é como tirar quinhentos reais de alguém desavisado que acabou de sair do banco.

-Porra Kim, não foi você quem disse que o velho gosta muito do garoto? Então cara, tu não quer vingança?

-Mas não é assim... o garoto não tem nada a ver com isso.

Tentei deixar as coisas bem claras a ele e até a mim mesmo, não era certo de forma alguma envolver ainda mais o Théo naquilo tudo. Passou um minuto completo até que ele voltasse a falar novamente.

-Puta que pariuuuu. Porra, você se apaixonou pelo garoto Joaquim??? – Sua voz esbravejava e me questionava assustado.

-O que?? Não, não... não sei... não. Tá maluco? É só que...

-Tá apaixonado sim, merda. Qual seria então o motivo pra você não querer fazer isso?

-Ferrugem... vamos com calma, tá. Vamos conversar com calma sobre isso e não agora, eu não quero me tornar um assassino.

Desde daquele dia eu não parei mais de pensar na situação. Eu sabia que meu amigo só estava querendo me ajudar, mas talvez ele tenha passado do limites com aquela ideia, eu não sabia se conseguiria levar em frente aquilo, nem tão pouco se era aquilo mesmo que eu queria fazer. Com os dias passando e com minha aproximação do garoto, acabou me fazendo entender que ele nada tinha a ver com aquilo, o que eu pudesse fazer pra deixá-lo de fora disso, eu faria.

...Agora...

-Kim, tá me ouvindo? – Théo chamou minha atenção quando eu fiquei por tempo demais desligado.

-O que?

-Vamos subir pro meu quarto?

Retornou sua pergunta, sorrindo demorado e com segundas intenções na fala. Concordando, puxei ele outra vez pra perto de mim e eu mesmo iniciei o beijo que foi ganhando força. Minhas mãos foram parar na sua nuca e começaram a comandar aquilo, fazia minha boca deslizar pela sua de forma firme e determinada e já sentia ele se render a isso. Sentia o cheio do seu perfume terrivelmente doce, mas naquele momento parecia não me incomodar. Aos pouco e devagar, ele começou a querer abrir o zíper da minha blusa de frio e mesmo sem querer eu fui me animando com aquilo.

-Meninos. – Uma terceira voz chamou, nos assustando e imediatamente eu subi minhas mãos pra um lugar mais adequado.

-Pai... Parece que você escolhe as horas mais inapropriadas pra aparecer, né.

Théo repreendeu o pai que olhava pra gente sorrindo. Situação pra lá de constrangedora pelo menos pra mim, mas pros dois parecia estar de boa, então tentei não ligar.

-Olá Joaquim, tudo bem? – Ele me cumprimentou com um sorriso, até me surpreendi por ele ainda se lembrar do meu nome.

-Oi, tudo sim e o senhor?

-Tudo bem, meu jovem... Theo, eu vou precisar viajar a negócios hoje, sua mãe também já está fora, vai precisar de alguém pra ficar contigo?

Ele perguntou se dirigindo ao filho, que pela cara que fez, não gostou muito da conversa.

-Eu não preciso mais de babá, pai.

-Nem alguns seguranças a mais para ficarem de olho na madrugada? Os dois vão comigo. – O velho insistiu e eu tive que segurar o riso, já deveria ser castigo demais ter um pai como aquele.

-O Kim pode ficar aqui comigo, não pode?

Ele perguntou despreocupado e eu arregalei os olhos em surpresa e descrença. Já estava preparado pra ver o velho surtar, brigar, xingar e depois ter um infarto ali na nossa frente, o que pra mim seria ótimo, mas ele apenas deu de ombros e falou:

-Se você prefere assim, tudo bem. Agora eu preciso ir. Se cuidem crianças.

Depois disso ele saiu de nossas vistas e eu fiquei com a pulga atrás da orelha. A relação de pai e filho dos dois era muito boa mesmo, ou, o velho já estava acostumado a receber os vários namorados do filho.

-O Vinicius dormia aqui toda vez que seu pai ia viajar? – Perguntei como quem não queria nada.

-Que? – Ele perguntou desentendido, embora eu soubesse que ele tinha ouvido muito bem.

-Seu ex-namorado dormia sempre aqui?

-Não. – Me deu vontade de socar aquela cara bonita dele ao ouvir sua negativa mentirosa. De mentiras eu entendia muito bem.

...

-Qual é o nome disso mesmo? – Perguntei, colocando mais um pedaço na boca e mastigando aquilo que ele tinha nos servido.

-Vieiras.

-Porra, muito bom. Melhor que isso só meu macarraozão com salsicha.

-Ah sim, tenho certeza que é o melhor. – Ele disse, caindo na risada logo em seguida.

-Qualquer dia eu te deixo experimentar.

-Olha só... vai me convidar pra um jantar na sua casa feito por você mesmo? As coisas estão começando a melhorar, que roupa devo vestir?

Sua audácia chegava a me irritar, sorte sua que naquele dia eu não estava com o humor muito sombrio, então, respondi a coisa mais gentil que consegui:

-Vai lavar essa louça, vai.

Me peguei sorrindo quando, mesmo relutante e emburrado, ele foi pra pia e começou a lavar o que tínhamos sujado. Era estranho, ao olhar pros lados, ver que eu estava naquela casa, comendo da comida deles e me sentindo até confortável em estar ali. Talvez as coisas estivessem mesmo saindo do meu controle, assim como o Ferrugem disse. Eu não poderia negar a mim mesmo que talvez estivesse perdendo um pouco do meu foco e me distanciando do verdadeiro objetivo pelo qual estava ali, acho que tinha entrado na minha zona de conforto e isso não era bom. Não podia me deixar ser seduzido por tudo aquilo, simplesmente não podia, porque, eu não fazia e nem nunca iria fazer parte daquilo.

-Eii, vamos fechar tudo aqui e subir por meu quarto. O que você acha? – Théo sugeriu, acabando o que estava fazendo e cortando meus pensamentos.

-Assistir televisão?

Perguntei rindo, já sabendo das suas intenções e deixando meus pensamentos pra outra hora.

-Claro. O que mais seria, baby?

Peraí, aquele era o apelido que eu o chamava? Eu tinha certeza que ele estava caçoando disso, como sempre, então eu fiz que não ouvi. Já no seu quarto, como da outra vez, não deixei de me surpreender com o seu mundo completamente diferente. Os livros que eu tinha visto da ultima vez, pareciam ter aumentado, talvez eu pudesse procurar alguns livros que eu tinha guardado, e que nunca tinha lido, para dar de presente a ele. Fui até sua escrivaninha, vendo alguns trabalhos que eu notei ser da escola e que estavam inacabados e parei pra olhar um porta-retratos ali. Ele estava com seu pai e sua mãe, que até então eu só tinha visto por fotos e eu presumi que fosse fora do país. Uma família perfeita, se não fosse perfeita, pelo menos estava completa e isso me fez lembrar o meu pai.

-Você sente falta do seu pai? – Ele perguntou percebendo que eu olhava suas fotos em família.

-Muita... tem dias que... sabe? – Fui incapaz de terminar. – Todos os dias eu chego a pensar que ele ainda poderia estar vivo.

-Foi doença?

-Ele se matou... foi na casa onde morávamos. Fui o primeiro a ver seu corpo no chão todo ensanguentado, eu tinha dez anos. – Minha voz saiu mais baixa do que eu planejava.

-Nossa Kim... – Sem mais palavras, ele veio pra perto de mim e me abraçou com força, me consolando e dando conforto. Era tão reconfortante receber aquele carinho, que eu pouco me importei de ser o garoto ali naquela situação. – Não posso imaginar como você se sente em relação a isso, deve ser uma barra, né?

-Esse aí é o começo dos meus demônios. – Relembrei do dia em que ele havia me dito aquilo.

-Tem mais? Conte só se quiser... mas é bom desabafar, viu, e eu to aqui pra ouvir.

Me afastei dele, avaliando sua expressão e decidindo por contar o que ele queria saber logo de uma vez. Estava na hora de pelo menos uma parte os meus segredos serem reveladas, o garoto que decidisse o que faria com aquilo.

-Ele foi acusado de comandar um esquema, onde mantiveram seguranças como reféns e roubaram um alto valor de uma empresa. A denúncia veio de um cara que caiu primeiro, aí encontraram algumas drogas, armas, explosivos, o dinheiro e logo acharam uma desculpa pra ligar tudo ao meu pai. Alegaram na época que ele conhecia bem o local por trabalhar lá, mas não deram mais informações ou fizeram mais investigações... Ele pegaria uns bons anos de prisão. Foi aí que ele fez o que fez...

Deixei que minha voz fosse morrendo ao poucos após ter que reviver aquilo que tanto me atormentou por anos. Do meu lado o garoto pareceu absorver tudo que eu falei e depois de alguns segundos voltou a falar:

-Você acha que...

-Ele era inocente. Meu pai sempre foi um cara do bem, legal comigo, com minha mãe, é impossível que ele tenha feito tudo isso, embora minha mãe...

Eu não sabia mais o que eu estava falando, as ideias e lembranças começaram a vir fortes e se misturavam. Por isso, me calei e sequei algumas lágrimas que começaram a descer, aquele era o único assunto que me deixava vulnerável e eu não tinha total controle da situação. Fui até sua cama e me sentei lá, buscando controlar meus sentimentos.

-Sua mãe o que? – Ele me incentivou indo até a mim e se sentando também.

-Ela acredita na versão da polícia.

-Kim... – Ele pareceu pensar um pouco antes de começar a falar – Meu pai também sempre foi muito bom pra mim, mas eu sei que ele traí minha mãe, participa de uns esquemas duvidosos pra manter a empresa... Você tinha dez anos na época, sua visão pode ter sido deturpada sobre o assunto.

-E o que você quer que eu faça? Que de uma hora pra outra eu passe a acreditar que ele era um criminoso?

Talvez fosse um erro estar contando tudo aquilo ao Théo, embora ele tenha se mostrado diferente, ele ainda era um Albuquerque e lógico que iria buscar uma maneira de colocar a culpa em alguém.

-Você já tentou ir atrás pra saber o que aconteceu? Procurar os envolvidos, pesquisar, fazer uma volta no tempo... tenho certeza que ainda existem registros sobre isso. Onde é que ele trabalhava?

-Na empresa do seu pai.

*****

Hey cremosos! Querem uma indicação de algo muito bom pra ler?

Pois então... A equipe do WattEntrevista está com um projeto incrível. Eles simplesmente juntaram alguns dos melhores autores aqui do Wattpad e estão mantendo eles em cativeiro e os obrigando a escrever contos, não é demais? Kkkk brincadeira, mas o lance dos contos é verdade e a primeira parte de um conto já foi postada, contando com uma escrita em conjunto dos autores MatheusKairos Drica_G JVLeite MathewsJose gordinleitor BrunoJovovich TomAdamsz

Se eu fosse vocês não perderia, pois tá demaaais. É só entrar no perfil da Carioca_Santos e procurar por "Contos Wattpadianos" e me agradeçam depois kkk ❤

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