Ilusão (Fanfic de Guns N' Ros...

By veronicuslaxl

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"A ilusão é uma confusão dos sentidos que provoca uma distorção da percepção..." More

I- O Início
II- Kissing in the dark
IV- Oh, Axl...
V- Anjo
VI- Ciúmes
VII- Love & Pain
VIII- On Fire
IX-Monstro
X- Goner
XI-Heroin
XII-Anjo da guarda
XIII-O Caminho para o Desastre
XIV-O Fundo do Poço
XV- A Hell Tour (Parte I)

III- Pecado

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By veronicuslaxl

-Oh, Axl...-gemi, puxando a cabeça para trás.

Axl estava de joelhos, de frente para mim. Ele tinha aberto o zíper das minhas calças, e agora olhava luxuriosamente nos meus olhos, enquanto eu começava a sentir os seus dedos quentes a tocarem-me.

Ele sorriu, antes de beijar a ponta da minha glande, torturando-me. Axl parecia um anjo, mas a inocência era falsa. O ambiente era obsceno.

Um anjo caído no pecado.

-Por favor...-gemi. Era exatamente isso que ele queria ouvir. Eu, a suplicar-lhe desesperadamente.

-Diz-Axl sussurou, contra a pele do meu membro, os seus lábios a tocarem-no de leve. Fez-me estremecer-Diz-me o que tu queres...

-Eu...-gaguejei. Axl deslizava somente um dedo pela parte de baixo, arrepiando-me.

-Não sejas tímido, Saul-segredou. O seu dedo indicador deslizava pela minha coxa, de leve, até chegar à minha nádega, que acabou por levar um apertão da sua mão.

-Eu quero a tua boca pequena e apertada em mim-disse, por fim-Eu quero-te. Todo. Em mim.

Axl parou de me torturar, satisfeito com a minha resposta. Abriu a boca, sem desviar os seus olhos verdes dos meus, e sugou, lentamente, o meu pénis quase todo, de uma só vez.

-Quanto?-perguntou, depois, acariciando-me. Os seus olhos fitavam o meu corpo de maneira lasciva, e quanto mais eu olhava para a sua figura pálida, definida e a sua pele quente, mais me excitava. Se eu conseguisse descrever o que eu estava a sentir...Só a maneira como ele olhava para mim...Servia para me masturbar durante um ano.

-Ahhh-gemi, os meus cabelos colados à minha testa, já suada-Muito

Vendo a minha reação, Axl sabia que eu não ia aguentar muito mais. Então o que ele fez foi insano. Axl beijava o meu membro, com língua, como se estivesse a beijar a minha boca. Eu não sei onde ele tinha aprendido aquilo, mas eu nunca tinha levado um oral tão bom na minha vida. A sua boca...ele sabia utilizá-la tão bem como para cantar.

Eu mordia o lábio para não gemer mais, mas Axl impediu-me.

-Não-disse, e agarrou o meu pulso-Eu quero ouvir.

Axl era extremamente erótico, sensual. Tinha um jeito próprio, um corpo...uns olhos que me deixavam louco.

Soltei outro gemido, agora profundo. Axl começou a chupar toda a minha extensão, em movimentos de vai-vém. Agarrei-lhe os cabelos ruivos, forçando-o contra mim, cada vez mais rápido. Eu estava praticamente a foder com a boca dele, e eu já nem tinha bem noção do que estava a fazer.

Eu só pensava na sua boquinha virgem, inocente, porém indelicada, os seus lábios suaves e quentes a envolverem-me, a sua boca a sufocar em mim.

Axl engasgou-se quando eu senti a minha glande a tocar o fundo da sua garganta. Ok, se calhar tinha ido longe demais. Mas eu tenho de admitir que isso me excitou. Isso excitou-me tanto, que eu estava quase sem ar.

Era provável que ele nunca tivesse feito aquilo antes, notava-se a sua timidez.Tinha lágrimas no canto dos olhos, mas continuou mesmo assim. Agarrou-se às minhas pernas, que estavam trémulas, para se conseguir apoiar.

Acabei por lhe dar uma pequena pausa, vendo o estado dele, e Axl afastou-se durante alguns segundos. Ele estava vermelho e com falta de ar, os seus lábios brilhantes devido ao meu líquido pré-ejaculatório.

Só que eu sabia que quando Axl decidia fazer uma coisa, ele não voltava atrás. Senti as suas mãos quentes na base do meu pénis, e depois a sua língua a percorrê-lo todo devagar, de uma ponta à outra. Ele sabia provocar.

Emiti um gemido profundo, e Axl olhou-me nos olhos.

-Eu quero que tu grites o meu nome quando vieres...-disse-me.

Assenti com a cabeça. Eu faria qualquer coisa. Axl sabia disso, então não perdeu tempo e sugou o meu membro de uma só vez, batendo o fundo da garganta.

-AXL!!-gritei, enrouquecido-OH DEUS, AAAHHH!!

Eu não aguentei mais e explodi nos seus lábios, gritando o seu nome. Agarrei o armário ao nosso lado, para não cair, e fechei os olhos. Senti a sua pequenina e deliciosa boca a engolir tudo, sem falhar um único pedacinho.

Tal e qual como eu gostava.

Estava nas nuvens. Axl era um anjo, e tinha acabado de me levar ao céu. Ou então era um diabo, e tinha-me acabado de conduzir ao maior dos pecados.

Abri os olhos, e vi-o de gatas, tentando levantar-se. Se Axl não estivesse tão...receoso...eu já o tinha pegado ali mesmo e amarrado à cama. Por mim, fodia-o até ele não conseguir andar, porque a visão dele, despido, daquela maneira e naquela posição era tão ardente...Axl era tão sexy, e o que eu mais adorava é que ele nem tinha noção do quão tentador e obsceno conseguia ser.

Ele olhava-me, de maneira inocente, mas com o meu líquido espalhado pelos seus lábios, nariz, e a escorrer-lhe pelo queixo.

Pecado. Ele era o meu vício. Eu não precisava mais de heroína. Eu precisava dele.

Lambeu os lábios, de maneira sedutora. Gemi involuntariamente ao vê-lo fazer isso.

Eu tinha perdido o controlo com ele.

-Slash-ele disse.

Porém, a sua imagem, tão real, começava agora a distorcer-se.

-Slaaasshhhh-ele chamou outra vez.

-----------------

-Slaaaasshhh-abri os olhos, ouvindo a voz de Axl. Ele esfregava-me o nariz na bochecha, fazendo-me cócegas com a pontinha deste, numa tentativa de me acordar. Na realidade, o que ele fazia tão fofo que eu sentia vontade de o agarrar e beijá-lo ali mesmo. Isto, se eu não estivesse com um pequeno "probleminha".

-Hum-murmurei. Eu estava frustrado, pelo simples facto de Axl estar na mesma cama que eu, ter tido um sonho molhado com ele e por isso estar duro para caralho. Ou seja, precisava urgentemente de ir à casa-de-banho.

-Tenho fome-disse, ainda roçando o seu nariz contra a minha bochecha. Ótimo, pensei, ironicamente, isso vinha meeeesmo a calhar. Tentei afastar-me um pouco, não queria que Axl notasse o meu volume contra a sua coxa ou algo do género, iria ser desconfortável. Se bem que...ok não, eu não devia realmente alongar mais a minha imaginação, já estava animado que chegue.

Esfreguei os olhos e virei-me para a mesa-de-cabeceira. Eram três da manhã.

-Agora?-perguntei.

-Hum-hum-murmurou, positivamente. Parecia uma criança.

Suspirei.

-Queres que eu te traga algo, não é?-perguntei.

Assentiu com a cabeça.

-Certo-disse, coçando a cabeça-Eu...acho que ainda temos cereais.

Destapei os lençóis e levantei-me, de lado, pegando um cobertor que estava ao lado da cama para disfarçar as minhas calças.

-Onde vais?-perguntou Axl, levantando um pouco a cabeça da almofada, para me poder observar.

-Ah...vou só à casa-de-banho primeiro-engoli em seco.

Axl atirou a cabeça contra a almofada, enterrando-se nela, e eu tranquei a porta da casa-de-banho antes que ele dissesse mais alguma coisa. Apoiei-me no lavatório, abaixei as calças e os boxers rapidamente, porque estavam até a magoar-me, e eu já não tinha outra opção. Não perdi tempo e comecei a masturbar-me rapidamente.

Axl de gatas.

Axl a beijar-me.

Axl a tocar-me.

Axl a gemer.

A boca de Axl. Pequena, habilidosa e deliciosa. O seu perfume, as suas mãos quentes...

...E pouco tempo depois senti o meu próprio fluído nas minhas mãos.

Ah, não! Eu tinha de parar! Mas quanto mais eu tentava, mais imagens de Axl me vinham à cabeça, e depois deste sonho era ainda mais complicado de me controlar. Eu sei que não parece, mas eu sinto-me péssimo por não o conseguir fazer. Eu sinto-me péssimo por gostar de um homem. Eu sinto-me péssimo por pensar num homem enquanto me masturbo. Principalmente quando esse homem é meu amigo, e confia em mim. Principalmente quando esse homem é vocalista da banda onde eu toco, e eu tenho de o ver quase todos os dias.

Principalmente quando o homem que eu gosto é completamente hetero.

Limpei-me rapidamente e despejei o autoclismo. Aprendi, com o tempo, que Axl é difícil de enganar, por isso era mais fácil evitar perguntas se ele acreditasse que eu tinha ido tratar das minhas necessidades.

-A sanita engoliu-te?-perguntou, rindo-se.

Aquele sorriso.

Slash, concentra-te.

-Dorme, Axl-ri-me, e atirei-lhe com uma almofada à cara.

Saí do quarto, passando pelo quarto de Duff. A porta estava entreaberta, então não pude evitar dar uma espreitadela. Duff estava a dormir, praticamente a babar na almofada, e com uma garrafa de vodka vazia na mão.

Ri-me, e abanei a cabeça. Era típico dele.

Avancei até à cozinha, tirando a caixa dos cereais. Abri também o armário, mas só havia uma tigela lavada.

-Mas ninguém lava a loiça nesta casa??-perguntei para mim mesmo, irritado.

De qualquer das maneiras, a tigela era grande, dava para satisfazer a fome a duas pessoas e ainda sobrava para o pug de Steven, que agora brincava à minha volta, batendo com a cauda nas minhas pernas.

-Hey, pequeno-murmurei, fazendo-lhe uma festa na cabeça-Estás com fome?

O pequeno cachorro arfou, lambendo-me a mão. Era um cão bastante bonito, de pelo branco, liso, e as orelhas, as patas e o focinho pretos. Os seus olhos eram expressivos, alegres, e o seu rosto demasiado fofo para se conseguir resistir. Era um animal delicado, provavelmente tivera um dono com uma conta bancária superior ao normal para o conseguir comprar.

-Certo-ri-me, pois acabei por verificar que a ração dele já tinha acabado.

Aqueci leite quente e enchi a taça de cereais até ficar a abarrotar. Tal como Axl gostava. E eu não era exceção. Peguei também na caixa, e virei-me novamente para o pug.

-Vem-disse, acariciando-lhe o pelo. Acabei por notar que nós nunca tínhamos realmente pensado em dar-lhe um nome. Bom, também não era de admirar, já que Steven apenas o tinha encontrado, perdido, a semana passada. Lembro-me bem de Axl ter feito praticamente um teatro na altura: "Nós mal temos dinheiro para nos aguentarmos a nós próprios, quanto mais um cão, etc, etc" E bom, nós no fundo até sabíamos que ele tinha razão, porque era verdade, nós nem dinheiro para comprarmos uma pizza tínhamos.

Mas bem, Axl é apaixonado por animais, ainda mais com um cachorrinho tão terno como este, eu sabia que Axl não iria conseguir resisti-lo por muito tempo.

Abri a porta do quarto com a anca, já que tinha as mãos ocupadas, e depois fechei-a com o pé. O pequeno animal atravessou-se à minha frente, e acabou por saltar para cima da cama, destapando Axl. Encostou o focinho no seu nariz, lambendo-o.

-Eww-murmurou Axl, de olhos fechados-Slash, pára, isso é nojento.

-Eu não estou a fazer nada!-exclamei, encolhendo os ombros e rindo-me. Pousei a taça de cereais na mesa-de-cabeceira, assim como a caixa destes.

-Mas...-Axl abriu os olhos, deparando-se com o pug, que o olhava, com a língua de fora. Axl mudou de expressão, esboçando um sorriso-Olá, pequeno. Não devias estar a dormir?

Axl sentou-se, encostando-se à trave da cama, e pegou no pug ao colo, pousando-o sobre as suas pernas.

-Tens fome, hum?-perguntou, virando-o de barriga para o ar, e fazendo-lhe cócegas. O cão estava praticamente a delirar de alegria, notava-se pela cauda, que abanava animadamente-Slash, temos alguma coisa para lhe dar?

-Não-respondi-A ração que o Izzy comprou a semana passada já acabou.

Axl continuou a acariciar o pescoço do animal, de uma maneira adorável. Ele realmente amava animais.

-E esses cereais?-perguntou Axl, apontando para a caixa.

-Era nisso que eu estava a pensar-disse, sentando-me ao lado de Axl-Mas eu não sei se será bom para ele comer disso.

-Antes cereais do que morrer à fome, não é pequeno?-Axl sorriu para o cão, e depois virou-se para mim-Bom, eu acho que cereais não é assim tão diferente da ração dele. Podemos experimentar.

Acenei com a cabeça e tirei alguns cereais da caixa. Estendi um a Axl, que pôs na mão e levou à frente da boca do cão, à espera que ele visse. O cachorrinho cheirou a mão de Axl, e acabou por comer o cereal rapidamente, ficando a olhar para nós.

-Ok, eu acho que ele quer mais-disse Axl, rindo-se. Peguei mais alguns, e levei à boca do animal, que os comeu de uma vez só, lambuzando a minha mão.

Afaguei-lhe a cabeça.

-Sabes, nós devíamos dar-lhe um nome-murmurei.

-Falando em nomes, eu cheguei a ter um hamster, quando era mais pequeno-disse Axl, rindo-se-O nome dele era enroscadinho.

-Porquê enroscadinho?-perguntei.

-Porque ele estava sempre a dormir, e normalmente escondia-se nos cantos da gaiola, enrolado em algodão-respondeu, acariciando o pug.

O cão virou-se e saltou para cima das minhas pernas, rebolando sobre estas.

-Enroscadinho não é claramente um bom nome para este aqui-ri-me.

-E que tal...-Axl olhou-me, e depois olhou o cachorro-Roxy?

-Roxy?-perguntei-Mas isso é um nome de fêmea!

Axl virou a cadela de barriga para o ar novamente.

-Ainda te parece um macho?-riu-se.

-Oh...-ri-me, corando. É, acho que nós nunca tínhamos realmente prestado atenção nos genitais do animal.-Sendo assim, acho que Roxy é um bom nome.

Olhámos ambos para o pequeno animal, que ladrou em aprovação do seu novo nome. Rimo-nos.

-Nãof fais fomer?-perguntou Axl, de boca cheia.

-Vou, se tu não acabares com tudo antes-ri-me, e agarrei na minha colher. Aproveitei também para ligar a televisão. Estávamos lado a lado, com os joelhos juntos, de modo a que a taça ficava apoiada sobre as pernas dos dois.

Eu gostava dos momentos assim. Não que Axl estivesse constantemente de mau humor, mas o bem-estar também não era uma coisa assim tão comum para ele. Ele tem dias bons e dias menos bons. Mas eu juro que quando tem um dia mau...Bem, vocês não iriam querer estar na mesma sala que ele.

E eu estou agradecido por ele ainda não ter tocado no assunto do beijo, se bem que nós não vamos poder evitar isso para sempre. Quero dizer, eu podia dizer que já tinha feito alguns avanços no caminho para o conquistar, mas no final de contas ainda estou na estaca zero.

Ele beijou-me porque achou que eu fosse uma groupie. Podia até falar do facto de termos tomado banho juntos e de ele ter dormido na minha cama, mas isso também não valeria de nada, porque Axl estava tão apagado e em modo zombie, que ele provavelmente nem se lembra disso. Então, refletindo assim, nós continuávamos amigos.

Só amigos.

Não era isso que o meu corpo ou os meus pensamentos diziam, mas tudo bem, eu aceitava isso.

Ajeitei-me nos lençóis, destapando-os, porque estava a ficar com um pouco de calor. Então Axl virou-se na cama e...E eu notei uma enorme mancha sangue no local onde ele estava deitado. A mancha deixava um rasto desde as suas calças até quase ao meu corpo, havia sangue espalhado pela cama inteira.

Olhei-o, chocado. Eu não percebia. Na realidade, ontem, quando eu o despi e tomámos banho, eu reparei em algum sangue, mas achei normal, ele parecia ter saído da guerra. Só que a quantidade de sangue com que eu me deparava era completamente absurda em relação a ontem.

Axl notou o seu olhar sobre o meu, então virou-se e sentou-se na cama, verificando o sangue nos lençóis, de maneira nervosa. Encarou-me, em pânico, porém eu levantei-me e fui novamente até à casa-de-banho. Agarrei nas toalhas que tínhamos usado ontem, e estendi a toalha de Axl, abrindo-a completamente e revelando uma mancha de sangue seco. Remexi as roupas todas de Axl e encontrei ainda mais.

Saí da casa-de-banho e parei à porta, levantando a toalha suja a Axl, que me encarou, quase aterrorizado. Eu esperava uma explicação.

A expressão de Axl alterou-se. Ele queria falar, dizer-me qualquer coisa importante.

-Slash, ontem eu...-a voz de Axl interrompeu os meus pensamentos-Eu comprei alguma heroína...

Ok, isso explicava o seu estado de "anestesia" ontem. Mas não explicava o sangue. Eu posso usar heroína, mas mesmo assim não queria que Axl se viciasse, porque já tinha experienciado uma overdose e o pior tipo de efeitos que essa droga poderia oferecer. De qualquer das maneiras, eu sabia que ele era demasiado esperto para deixar que isso acontecesse.

-Não precisavas de me dizer-retorqui, sentando-me na cama, ainda com a toalha suja na mão-Sabes que eu não te vou julgar. Só não quero que te vicies demasiado.

Axl agarrou-me o braço. Ok, o problema não era claramente esse, ele não estava a falar comigo por-se ter arrependido de comprar heroína. Vinha algo daí, algo que eu não estava preparado para ouvir.

-O problema não é esse...-Ele baixou a cabeça, confirmando exatamente o que eu estava a pensar-Eu não tinha a porra do dinheiro para pagar, então tentei fugir mas...

Axl tinha o olhar gelado. Oh Deus. Fugir?

-Havia vários homens-disse. Parecia com medo de avançar na história, porque analisava profundamente cada uma das minhas reações, quase como se receasse uma mudança drástica de comportamento da minha parte-Eles...eles conseguiram apanhar-me.

Ok, isto era grave. Era grave porque Axl nunca deixava que lhe tocassem sem partir alguns narizes primeiro. E se o tinham apanhado...Eu estava com medo do que ele iria dizer a seguir.

-Eu consegui acertar em alguns dos filhos da puta com os pés-disse. Claro que tinha conseguido, ele tinha de dar luta ou então não se chamava Axl-Mas eles eram mais altos que o Duff e com o dobro da força. Eu sentia-me uma merda de uma boneca.

Olhei-o, assustado. Mais altos que o Duff? Impossível.

-Axl, no que estavas a pensar?-perguntei, agitando as mãos-Se querias realmente usar heroína, pedias-me a mim ou ao Iz!

-Eu...eu não sei, Slash!Eu estava perdido!-disse, agitando as mãos. Axl entrou praticamente em pânico.

E foi quando ele se rendeu, deixando as lágrimas escorrerem pelos seus olhos tal como a água brota de uma nascente. Mas aquela não era uma nascente qualquer, era uma nascente repleta de dor e de sofrimento, e o meu coração partia-se só de o observar. Eu nunca o tinha visto chorar e, por momentos, não soube como reagir.

-Hey, hey-eu estava claramente preocupado, mas tentei não deixar transparecer isso, eu precisava de o acalmar. Envolvi-o num abraço, permitindo-lhe descançar a cabeça no meu peito. Acariciei-lhe os cabelos-Eles fizeram-te alguma coisa?

-Um...um de-deles agarrou-me as-as mãos e...e o ou-outro os-os pés-disse, fungando-De-depois vi-viraram-me de costas...e...e atiraram-me ao chão. Prenderam-me com...cordas...e despiram-me.

Apertei-o mais contra mim, com força. Imagens de Axl a debater-se e a gritar atravessaram-me a mente. Era horrível.

-Axl...-murmurei, limpando-lhe uma lágrima. Acariciei-lhe a bochecha.

-Ouvi um deles a desapertar o cinto...-disse, friamente-E eu já sabia o que ia acontecer a seguir.

-Eles...eles...-perguntei, a medo.

Axl acenou com a cabeça e juntou-se ainda mais a mim, se é que isso era possível. Ele molhava a minha camisola com lágrimas, mas eu não me estava a importar. Preferia que a molhasse com lágrimas do que com sangue.

-Quantos?-perguntei-Quantos tocaram em ti?

-Eu já não sei. -disse, perdido-Doía-me tanto que apaguei. Só sei que acordei ali, sozinho, despido, marcado, com uma dor infernal e sem a heroína. Então peguei nas minhas coisas, andando como pude, e tentei encontrar o caminho de volta a casa. E foi aí que te encontrei.

-Porque é que não me disseste nada antes, Axl?-perguntei, com calma.

-Porque eu tinha medo do que fosses pensar, tinha vergonha de não me conseguir ter defendido e tinha nojo de mim mesmo-abaixou a cabeça, falava baixinho.

-Não podes pensar assim, não foi culpa tua Axl-murmurei, consolando-o-Tu não mereceste isso, tu sabes que não...

-Eles usaram-me, Slash!-gritou, agarrando-me a camisola. Os seus olhos verdes eram um mar agitado por pura raiva-Eles usaram-me como se eu fosse a vadiazinha barata deles, chamaram-me a "putinha preferida da noite", foderam-me como se eu fosse um brinquedo sexual enquanto me sussuravam que o melhor que tinha a fazer era matar-me. Bateram-me com tudo o que tinham à mão enquanto se riam e se satisfaziam com o meu "lindo rabo de cadela". Não tinha como fugir, então apenas fechei os olhos e rezei para alguém tivesse a porra da piedade para me matar! Eu senti-me inútil Slash, inútil! Sabes como é que isso é?

Silêncio. Eu não tinha palavras. As lágrimas brilhavam nos seus olhos furiosos, porém doridos. Ele estava magoado, ele tinha sido tratado como lixo e eu não pude fazer nada. Quem se devia sentir o inútil era eu.

-Dói-te?-perguntei-lhe. Depois percebi que tinha sido uma pergunta estúpida de se fazer, ele estava a sangrar bastante, é claro que lhe doía, mas eu estava sem palavras, sem conseguir raciocinar. Não dava para argumentar contra o que ele tinha acabado de dizer. Era pesado de se ouvir. Axl tinha caído sobre a almofada, exausto, depois de descarregar tudo o que tinha suportado.

-Dói-me muito, Slash-admitiu, por fim. Ele estava a ser sincero-Por dentro e por fora.

Aproximei-me dele e puxei-o contra mim, Axl afundou a sua cabeça nos meus cabelos.

-Queres ir ao hospital?-perguntei, acariciando-lhe as mechas ruivas-Queres fazer alguma coisa, algo que te faça sentir melhor?

Axl levantou a cabeça, abanando-a.

-Não-murmurou-Eu já estou habituado à dor.

Olhei-o, sem compreender. Custava-me vê-lo assim.

-Axl, sabes que me podes contar o que quiseres-disse e aproximei-me dele, passando-lhe a mão pelo braço. Axl ajeitou-se na cama, e chegou Roxy para si, acariciando-lhe o pelo.

-Desculpa Slash...-disse, a sua voz profunda-Mas eu ainda não me sinto preparado para falar sobre isso.

-Compreendo-disse, encostando-me à trave da cama, com os braços atrás da cabeça.

-Obrigada por compreenderes-sussurou, e virou a cara, enterrando-a na almofada.

Levantei-me e fui buscar algumas toalhas e roupas limpas, analgésicos e acalmantes. Voltei, pedindo a Axl que levantasse um pouco as pernas, e ajeitei-as por baixo do corpo dele, porque eu não estava realmente com disposição para mudar os lençóis da cama, e as outras estavam demasiado frias.

-Axl...-murmurei, enquanto o ajudava a mudar as suas calças sujas-Posso...posso ver?

Ele olhou-me, nervoso, mas acabou por se virar de barriga para baixo, afundando a cabeça na almofada. Eu desci os seus boxers brancos, cuidadosamente, expondo várias cicatrizes e nódoas negras no seu rabo. Haviam várias marcas vermelhas de mãos nas suas nádegas e nas suas coxas, até mordidas na pele, onde se podia ver as marcas dos dentes cravadas na sua pele pálida e frágil. Gentilmente, separei as suas nádegas, sentindo-o a estremecer com o meu toque. Deparei-me com uma ferida enorme na sua entrada, e engoli em seco. Como é que os seres humanos eram capazes de serem tão cruéis? Sim, ele roubou droga, mas provavelmente apenas umas gramas, e o que é que os filhos da puta fizeram? Violaram-no. Bem-vindos a L.A.

-Tens a certeza que não queres ir ao hospital?-perguntei, suavemente-Isto parece bastante mau, Ax...e...eu não sou um médico, mas acho que precisas de pontos...ou isto pode tornar-se numa infeção ainda pior-Toquei ternamente, a sua pele marcada enquanto ele soltava soluços de dor baixinhos, abafados pela almofada-Eu lamento, eu lamento tanto...-Acariciei os seus cabelos-Eu sei que dói mas, pelo menos, deixa-me trazer-te alguma pomada, ok?

Ele assentiu, e eu fui até à casa de banho, voltando dois minutos com bepanthene. Eu não tinha ideia se isto ia ajudar, mas decidi trazer de qualquer das maneiras.

-Queres que eu ponha ou...-perguntei, timidamente-Ahm...

-Eu...eu acho que posso fazê-lo, obrigada-respondeu no mesmo tom envergonhado, tomando o tubo de pomada. Eu virei-me, pretendendo dobrar algumas roupas. Digo, evitando situações constrangedoras. Quando ele acabou, estendi-lhe um copo de água e os comprimidos, juntamente com uns para dormir, e sentei-me na beira da cama ao seu lado, esperando que ele engolisse os comprimidos. Depois, ele devolveu-me o copo e eu deixei-o na mesa. Voltei para debaixo dos lençóis de novo, e dei-lhe a mão. Axl correspondeu ao toque imediatamente, apertando ainda mais a minha contra a sua.

Alguns minutos depois, já tinha adormecido ao meu lado.

*horas mais tarde*

Eu e Axl dormimos mais algumas horas, depois da nossa "pequena conversa" de madrugada. Eu sabia que já devia ser tarde, mas achei por bem deixar Axl descansar, ele precisava.

Ouvi alguns passos, e depois a maçaneta da porta rodar. Izzy tinha entrado no quarto.

-Bom dia-disse, com um sorriso-Ou deveria dizer boa tarde?

-Izzy, tiraste o dia para nos chatear?-resmunguei, com a cabeça enfiada na almofada. Olhei para o lado. Axl estava completamente coberto pelos lençóis, deitado de bruços, deixando apenas de fora uma mecha rebelde-Vai foder com outro, man.

Izzy ignorou-me, e avançou pelo quarto, com uma expressão confusa.

-Axl?-murmurou, coçando a cabeça.

-Hum-Axl emitiu uma espécie de grunhido abafado pela almofada.

Izzy olhou para mim e depois para ele, pensando em alguma coisa que não consegui perceber, mas acabou por se sentar na beira da cama, ao lado de Axl.

-Nós não te vimos durante dias!-gritou-Por onde andaste?

-Podemos...não falar sobre isso agora?-Axl resmungou.

Vendo a conversa, fiz um sinal a Izzy, e saímos do quarto, indo até à sala. Sentámo-nos no sofá. Izzy ofereceu-me um cigarro, que eu me dispus a acender prontamente.

-Conta-me-disse. Izzy é um homem simples, sem rodeios. Não precisa de esquemas para chegar onde quer. Com ele, ou é tudo ou nada.

Olhei-o, hesitante, mas depois percebi que ele é, de nós, o que conhece Axl há mais tempo, e também o mais próximo dele. Eu precisava de lhe contar. Então expliquei-lhe tudo detalhadamente, desde quando Axl chegou a casa, até agora, incluindo a parte do...estupro.

-Eu sei que ele tinha mais qualquer coisa...-admiti, fitando o vazio-Algo guardado, cravado bem fundo nele há muito tempo.

Izzy olhou-me. Ele sabia. Precisava de lhe arrancar isso. Às vezes, Izzy parecia guardar demasiados segredos.

-Slash-Izzy cravou-me a mão no braço. Eu sabia que o que ele iria dizer era importante-O que lhe aconteceu ontem...É algo que já lhe aconteceu antes. E isso criou-lhe um trauma.

Encarei-o, chocado.

-Ele foi violado antes?-perguntei, diretamente.

Izzy baixou a cabeça.

-Sim...-arrependeu-se-Mas...Ouve man, eu não deveria ter falado sobre isto. Ele fez-me jurar que eu mantinha segredo, e...

-Percebo-interrompi-o.

Izzy suspirou, deixando uma larga nuvem de fumo escapar-se dos lábios.

-Lembra-te do pior pesadelo que alguma vez tiveste-pediu, pensativo.

Achei estranho ele pedir aquilo assim do nada, mas decidi entrar no jogo dele. Olhei para a janela. Estava a chover pesadamente.

-Consegues recordar?-virei-me para ele novamente. Izzy olhava-me nos olhos. Estávamos sentados, frente a frente.

-Infelizmente, sim-assenti com a cabeça. E era algo que eu iria esconder em mim, para sempre.

-Imagina o teu pesadelo a repetir-se, tipo em loop-disse Izzy-Horrível, não é?

Eu tremia só de pensar.

-Bom, o maior pesadelo de Axl tornou-se real-disse-E repetiu-se. Mais do que uma vez.

Silêncio. Eu sabia que Izzy conhecia melhor Axl do que eu, e por isso deixei-o falar.

Troquei de posição, deitando a cabeça para trás no sofá. Izzy levantou-se e foi buscar uma garrafa de Jack. Sentou-se e bebeu um pouco, fitando o vazio.

-Eu sinto-me inútil, Iz-desabafei num suspiro, encarando o teto.

-Eu também-admitiu, e estendeu-me a garrafa.

Era claro. Nós partilhávamos o mesmo sentimento, por sermos ambos amigos de Axl e não termos estado lá quando ele mais precisou. Deixámo-lo ser abusado de todas as maneiras, sem sequer saber onde ele estava. Querendo ou não, transportávamos um sentimento de culpa no fundo de nós.

E talvez isso tivesse uma razão.

Voltámos a encararmo-nos.

Era intenso. O meu coração batia a mil.

-Eu estou apaixonado pelo Axl-dissemos, ao mesmo tempo.

Olhámo-nos, as nossas bocas formavam um "O" perfeito, pois tínhamos sido ambos apanhados de surpresa. Izzy, apaixonado pelo Axl? Bom, acho que ele poderia dizer o mesmo de mim, não é?

-Então...-Izzy estava sem palavras-Isso significa que...és gay?

-Não!-ri-me, pousando as pernas em cima da mesa.

-Nem eu-Izzy suspirou de alívio.

Desviei um pouco o olhar. Em facto, estava surpreso. E isso era raro.

-Olha, só para não haver dúvidas...eu amo mulheres, ok?-esclareci, agitando as mãos-E nunca senti atração por nenhum homem, só que...

-Axl é diferente-Izzy concluiu.

-Exatamente-sorri-E bom, se me permites perguntar, há quanto tempo?

Izzy olhou-me, ainda tentando entender a questão.

-Há umas semanas para cá-disse, por fim-Percebi que tinha de parar de me mentir a mim mesmo, que não podia negar mais.

-Eu odeio-me por gostar dele-admiti, baixando a cabeça.

-Eu também cheguei a sentir isso-disse, passando-me a mão pelas costas-Mas nós não podemos pensar assim. Mesmo que seja a pessoa mais impossível de conquistar no mundo, não somos capazes de escolher quem amamos, certo?

Olhei para Izzy. Ele compreendia-me.

-Isso soou um pouco lamechas-ri-me-Mas tens razão, Iz.

Izzy sorriu e encostou-se no sofá. Ambos sentíamos como se um peso tivesse sido tirado de nós.

O problema é que esse peso iria dar lugar a outro.

-Mas Axl não é gay, muito menos bissexual-disse Izzy-Eu conheço-o há anos. O mais hetero possível, diria.

-Eu sei...-suspirei, e pusei os cotovelos sobre os joelhos, apoiando a minha cabeça com as duas mãos, aborrecido.

Recordei-me do nosso beijo por momentos. Era pouco provável que se fosse repetir, mas mesmo assim eu iria tentar.

-Só um de nós poderia ficar com ele-comentei, fitando Izzy.

Encarámo-nos novamente. Sem desviar. Tentávamos atravessar o olhar um do outro, compreender o que não podíamos ver.

Era como uma guerra de olhares. Uma guerra em que só um poderia vencer...

-Então boa sorte-Izzy disse, esmagando o seu cigarro contra o cinzeiro, e levantou-se, sorrindo-E que ganhe o melhor.

-Nota-

Sabem a parte do enroscadinho? Bom, só para dizer que essa parte é real, eu realmente tive um hamster com esse nome, por essa mesma razão hahaha. De qualquer das maneiras, ele já morreu, então suponho que isto possa contar como homenagem.

Pensavam que isto ia ser uma história normal Slaxl, não é? MUAHAHA, NUNCA! O mister Izzy tinha de aparecer para tornar as coisas mais interessantes ( ͡° ͜ʖ ͡°)

Então esperem muitas tretas, muitos hots e putaria da pesada e...

VEMO-NOS NO PRÓXIMO CAP ̿̿ ̿̿ ̿̿ ̿'̿'\̵͇̿̿\з= ( ▀ ͜͞ʖ▀) =ε/̵͇̿̿/'̿'̿ ̿ ̿̿ ̿̿ ̿̿

Nota da nota: Não se esqueçam de comentar, eu quero saber opiniões e se estão a gostar ou não, etc... Ah, e é provável que daqui a uns tempos eu mude a capa desta fic, porque eu ainda estou para fazer uma capa a sério no ps.





































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