Perfeitamente Quebrados

By LucasBrasilS03

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[Vencedor do Wattys 2017] Capa by @anniectorres Uma infância traumatizante, uma adolescência a ser esquecid... More

Professor Pedro
Bruna
Quando o amor acaba
O grande dia
O início do meu fim
Eu e ele
Estou aqui
Problemas
Que horas são?
Família Garcez
*PERSONAGENS*
Reunião de pais
Segredo
Amigos
Olá Anônimo
Café da manhã
Convite
AVISO
Vende-se
O Baile - Parte I
O Baile - Parte II
AGRADECIMENTOS
Um Presente de Natal
NÃO É CAPÍTULO
Booktrailer! *Leia*
Casa de praia
*AVISO* Grupo Whats
*MAIS AVISOS*
Desespero
Acorde!
*ENTREVISTA*
Jantar
Até mais
OBRIGADO
Lar doce lar
Sentiu minha falta?
Wattys 2017
Um Novo Tempo
A gente se vê
Eu voltei
Batman e Alfred
"Relembrar é Sofrer"
À Luta!
LEIA
Irmãos
Teo

Prólogo

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By LucasBrasilS03

–Pedrinho! Espera filho! Não vá se machucar, esse não é um bom lugar para... – gritava minha mãe atrás de mim até ser interrompida pela cena da minha queda.

–Pedro! Eu não te avisei garoto!? Você tá machucado? – dizia ela se abaixando para ficar a minha altura. De perto eu podia ver seus lindos olhos castanhos claros, seus cabelos pretos e curtos à altura do ombro. Ela era uma mulher magnífica e quando ficava preocupada essa beleza só aumentava, e às vezes eu aproveitava momentos como esse para apenas admirá-la. – Vou pegar um gelo, fica aqui por favor! – disse ela já se dirigindo para dentro de casa.

Nós amávamos brincar juntos, vivíamos numa casa grande com um quintal enorme, então eu sempre estava fazendo algo. Correndo, pulando, caindo... E ela como sempre, estava ali. Às vezes se juntava a mim, outras vezes apenas me assistia enquanto corria pelo jardim. Nunca entendi o porquê daquela atitude, e sempre que perguntava ela dava um sorriso bobo e tudo que respondia era "belas obras de arte são feitas para serem admiradas meu docinho". Talvez por ser muito novo não entendia, mas hoje entendo. E percebo que assim como eu via nela, minha mãe via beleza em mim. Não apenas por ser minha mãe, não. Eu sentia algo diferente em seu olhar, não sei explicar.

–Aqui está! – chegava ela com o gelo, pondo em meu joelho ferido.

–Obrigado mãe! – sorria sem graça, ela vivia me avisando para ter cuidado, mas tudo que eu fazia era contrário a essa palavra.

–Agora trate de ir tomar um banho. Está quase na hora de ir para a cama.

–Tudo bem! – levantei um pouco dolorido e a beijei no rosto, depois subi as escadas e fui tomar banho.

Enquanto tomava banho ouvi o som do portão da garagem abrindo. Meu pai havia chegado. Sei que parece duro dizer, mas eu e ele nunca fomos tão próximos como eu e minha mãe éramos. Meu pai era um homem trabalhador, um grande empresário na verdade. Logo, vivia fora de casa, ou na empresa, ou viajando. Quase não o via. E parecia que nenhum dos dois se importava em fazer algo a respeito, então eu não ligava, assim como ele. Éramos dois estranhos sob o mesmo teto.

Desliguei o chuveiro, peguei minha toalha e fui para o quarto. Depois de me vestir desci. Lá estavam meus pais na cozinha, como sempre discutindo. Eu já estava acostumado, afinal, mesmo uma criança eu entendia que a relação deles não era lá essas coisas, e meu pai apenas dava mais e mais motivos para brigas como essa. Mas dessa vez parecia mais sério. Eles não notaram minha presença, mas eu os via pelo canto da parede. Eu via minha mãe chorar, e instantaneamente comecei a chorar também. Meu pai rondava a mesa da cozinha, impaciente.

–Eu já fiz minha decisão Helena! - gritava aquele homem que no momento nem eu reconhecia.

–Por que..? Pense no seu filho... - a essa altura minha mãe soluçava. E eu? Não estava entendendo nada.

–Filho? Que filho? Ah, pelo amor Helena, sejamos sinceros, você sabe que não existe relação nenhuma entre nós. Na verdade, nem conheço o garoto direito. Mas não se preocupe, continuarei mandando dinheiro se é isso que lhe preocupa. O garoto terá um bom estudo. – falava meu pai da forma mais natural possível. Hoje vejo que foi naquele momento que eu percebi que realmente, eu não tinha um pai. Qualquer que fosse a relação existente entre nós, não era isso.

–MERDA CARLOS! – minha mãe ia agora pra cima dele, em meio às lágrimas, que já não sabia mais se eram de tristeza ou raiva – Eu não quero seu dinheiro, por mim que ele queime inteiro! Tudo que eu queria era o seu amor. Amor a mim, amor ao seu filho... Nosso filho. – ela falava a última frase com a voz falha. Ela estava em dor.

-Desculpe Helena, eu preciso pensar no meu futuro, na minha carreira, e na mulher que eu realmente amo. Apenas... Pegue suas coisas por favor e vá, antes que eu os mande a força!

Quando percebi que a cena se encerrava corri discretamente para as escadas e subi até meu quarto como se nada tivesse acontecido. Cinco minutos depois minha mãe aparece na porta do meu quarto, visivelmente abalada.

–Querido!? Posso entrar? – perguntou ela com um sorriso no rosto, que eu sabia que era falso.

–Pode sim mãe! – disse batendo com a mão na cama, para que se sentasse ao meu lado, e assim ela o fez.

–Filho... Eu e você teremos que fazer uma viagem de última hora essa noite tudo bem? Vamos para a casa da vovó, então arrume suas coisas e me avise quando estiver pronto. – ela estava mais calma.

–Mãe... Por que o papai não nos ama? – disparei como se fosse a pergunta mais natural do mundo.

–O quê!? - seu espanto era nítido – Por que pergunta isso querido?

–Mãe, eu não sou um bebê! – dizia meio com birra, parecendo... isso mesmo, um bebê – Eu sei das coisas e eu sei que o papai não nos quer mais aqui...

Ela se calou, pensou um pouco, sorriu e me envolveu em seus braços. E eu me entreguei a eles. Por alguma razão eu chorei, não pelo meu pai, porque de certa forma ele estava certo, não éramos próximos o bastante para sentir qualquer pingo de tristeza, mas eu sentia a dor dela. E em questão de segundos, ali estava eu e minha mãe, abraçados, chorando no ombro um do outro. Não precisamos falar nada naquele momento, apenas sentir que tínhamos um ao outro.

Eu também sabia que as coisas iam mudar... Que a vida que eu conhecia não seria mais a mesma, era uma impressão muito forte. E é, eu estava certo. Eu sabia que não iríamos pra casa da vovó coisa nenhuma. Eu e minha mãe alugamos uma pequena suíte em uma pousada qualquer naquela noite. E não ficamos só uma noite lá, ficamos meses, até que o dinheiro que restava a minha mãe acabou. E meu pai simplesmente sumiu, junto com ele a promessa de que enviaria recursos. Durante um bom tempo assisti minha mãe mergulhar no fundo do poço, ela estava em depressão profunda. E agora não estava longe de sermos despejados dali.

Foi quando restando apenas um dia para o despejo, eu havia saído para brincar na área de lazer como costumava fazer. Mas eu também procurava algo para dar a minha mãe, ela estava tão triste. Então andei milhares de quarteirões em busca de um jardim ou um campo, coisa que era difícil naquela região da cidade. Até que finalmente achei uma bela floricultura. A floricultura mais simples e linda que já vi. Me aproximei e vi uma senhora atrás de uma bancada, ajeitando alguns vasos nas prateleiras. Ela não me viu. Fiquei observando encantado todas aquelas flores, no entanto eu sabia que aqueles números eram mais do que eu tinha no momento.

Fui pra bancada, onde a senhora ainda não tinha me visto. Botei a mão em meu bolso, e joguei em cima da bancada algumas poucas moedinhas fazendo barulho suficiente para chamar sua atenção. Ela virou espantada, e só então notou minha presença.

–Moça, eu preciso de uma flor que custe o valor dessas moedinhas! – olhei pra ela falando sério como nunca falei na vida.

Ela olhou então pras moedas, e me olhou, chocada com a cena.

–Ah... Claro, venha aqui querido! – disse ela pegando as moedas e me guiando aos fundos da loja. Onde incrivelmente, tinham mais flores. Ela olhou ao redor, como que pensando e por fim se dirigiu até uma porção de margaridas e as recolheu. Voltou sorrindo para mim e as entregou.

–Aqui meu rapaz! Tome estas, mas para que você quer flores? – perguntou ela.

–Para minha mãe! Ela estava triste então queria dar flores, ela ama flores!

–Sua mãe tem muita sorte em ter você sabia? – disse ela sorrindo – Agora vá, e tome cuidado pelas ruas!

Eu ia me virando para ir, quando me toquei de algo, voltei e abracei a senhora. Que de novo se espantou com minha reação.

–Obrigado moça! – eu disse e sai correndo loja afora.

Voltei andando aqueles mil quarteirões como se não fossem nada. Estava radiante de alegria. Minha mãe amava margaridas, já podia ver o sorriso se formando em seu rosto quando visse meu presente.

Depois de algum tempo, já estava escurecendo e eu cheguei na pousada. Entrei na recepção e subi as escadas. E enquanto caminhava pelo corredor até o nosso quarto, percebi como de repente o mundo pareceu tão quieto e escuro. Todas aquelas cores e alegria haviam sumido no momento em que entrei na pousada. Eu não sabia o porquê, mas minhas intuições alarmavam algo ruim prestes a acontecer.

Cheguei na porta do quarto, peguei minha chave no bolso, meio sem jeito, pois estava cheio de flores nas mãos. Quando finalmente consegui abrir a porta.

–MÃAAAAE!! CHEGUEEEI! – gritei, esperando que ela surgisse de algum canto -Mãe?

O quarto era muito pequeno então foi fácil encontrá-la. Não havia muitos cômodos onde procurar. Tudo era um enorme cômodo, uma junção de cozinha com quarto, com sala, com banheiro...

Então foi quando bati na porta do banheiro.

–Mãe? - devia estar chorando de novo. Sem resposta.

Abri a porta, e logo me arrependi. Deixei as flores caírem das mãos.

***

TRIIIIIMMMMMM, TRIIIIMMMMMM!

O despertador tocou. Eram 6 horas da manhã. Levantei-me, fiz minha higiene pessoal, tomei café, e saí de casa em direção a escola. O dia estava escuro, como sempre. E aquele sonho, havia se repetido mais uma vez nessa noite.

Fazia muitos anos, mas as lembranças daquela noite ainda me perseguiam. Porém claro, não doía mais como antes. Mas doía.

Afinal, foi o dia em que eu, Pedro, um garoto de 12 anos, frágil e inocente, vi minha mãe estirada naquela banheira. Sem sinal de respiração. Sem sinal de batimentos cardíacos. Vi o frasco de remédios em sua mão e um monte deles pelo chão. Desde então, odeio tomar remédios.

Ela havia se matado, e eu só lembrava da frase que aquela senhora tinha me dito mais cedo.

"Sua mãe tem muita sorte em ter você sabia?".

É, eu também pensava senhora. Mas pelo visto, ela não via da mesma forma.

Droga, 7h10, estou atrasado!

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Oii gente, tudo bem?
Obrigado por lerem este primeiro capítulo! :D
Espero que tenham gostado, vou tentar postar com a melhor frequência possível pra vocês!
Não esqueçam de favoritar e comentar o que estão achando da primeira impressão da história!
Um beijão S2

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