Não me TOC [COMPLETO]

By MadduNyah

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Adams Sales é um renomado modelo da grande São Paulo, filho de um dos principais nomes da indústria da moda... More

Aviso de Gatilho - CVV [Importante]
Capítulo 1 - Não me VEJA
Capítulo 2 - Não me LEMBRE
Capítulo 3 - Não me DESCUBRA
Capítulo 4 - Não me ESQUEÇA
Capítulo 5 - Não me AME
I - Divórcio (Especial de 5k)
Capítulo 7 - Não me DEIXE
Capítulo 8 - Não me ABANDONE
Capítulo 9 - Não me CHAME
Capítulo 10 - Não me QUESTIONE
Capítulo 11 - Não me SALVE
Capítulo 12 - Não me ALEGRE
Capítulo 13 - Não me PROTEJA
II - Matrimônio
Capítulo 14 - Não me ESCONDA
Capítulo 15 - Não me OLHE
Capítulo 16 - Não me JULGUE
Capítulo 17 - Não me PARABENIZE
Capítulo 18 - Não me ASSOMBRE
Capítulo 19 - Não me DIGA
Capítulo 20 (Parte 1) - Não me CULPE
Capítulo 20 (Parte 2) - Não nos CULPE
Extra de 11K!
Capítulo 21 (FINAL) - Não me TOQUE
Agradecimentos
LIVRO FÍSICO - Apenas viva sem Mim + DESCONTO
Olá, eu sou a Madu! + FÍSICO

Capítulo 6 - Não me CONTE

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By MadduNyah

AVISO DE GATILHO.
O capítulo a seguir conta com cenas focadas em transtornos psicológicos, tais como: depressão, ansiedade e o TOC.
Tais cenas podem gerar crises, por isso, peço que leiam com cuidado e tenham consciência de seus limites.

Obrigada pela atenção,
Boa Leitura!

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O dia amanheceu, juntamente com o modelo, que começou sua limpeza diária às seis horas da manhã em ponto, pois gostava de ser exato — gostava até demais. Não conseguia compreender como sua casa se sujava tão rapidamente, visto que já havia varrido a residência sete vezes e continuava enxergando as pequenas partículas de poeiras no chão. Passou o pano quatro vezes seguidas, na esperança de ver os germes sendo eliminados, porém, fracassou. Fez todo o trabalho com luvas, é claro. Não arriscaria sujar suas mãos com a estopa imunda. Porém, o látex começava a incomodar à medida que o tempo passava, visto que tocava e fazia arder a pele queimada por conta da água sanitária, contudo, o modelo ignorou a dor. É só psicológico, pensou sobre o ardor.

Pegou uma esponja e começou a esfregar no chão — como se via nos filmes —, na tentativa de deixá-lo brilhando, porém, quanto mais esfregava, mais via os germes se dissipando pelo piso branco. À medida que seus dedos se friccionavam no chão, o modelo sentia o látex das luvas descartáveis queimar. Depois de algumas horas, finalmente as retirou e só então observou o relógio. Era onze horas em ponto. Sorriu. O garoto era perfeccionista, precisava ser. A casa finalmente estava limpa e perfeitamente organizada, agradeceu-se por não a encher de coisas, sendo sempre simplista e não materialista — ao contrário de seu pai. Ter menos coisas significava ter menos trabalho para limpar. Odiava perder o dia por ter enlouquecido por germes, talvez, mais que odiava os germes em si.

Colocou as luvas de algodão para proteger as mãos — e por conta da dor que sentia —, talvez não seja tão psicológica assim, admitiu para si mesmo, respirando fundo. Deitou-se no sofá branco e pegou seu telefone, queria ver notícias sobre seu último ensaio — o que foi obrigado a retirar as luvas para participar — e sorriu ao ver as fotos, estava bonito e todos estavam surpresos pelo fato de ele ter feito um ensaio mais natural. Contudo, ninguém ali sabia algo de verdade sobre o Adams natural, as luvas não eram para dar um toque de charme ou elegância, como todos falavam, sim para o proteger. O proteger do mundo, como sua mãe faria — se não o tivesse abandonado. Retirando Marina, ninguém compreendia de fato quem ele era, a forma como agia e como vivia, por isso que todos seus amigos o tinham abandonado — por isso que Marina precisava ser protegida. Se bem que, depois de Luan, ele era apenas um colega. Marina não admitia, mas sabia dos sentimentos do modelo pelo seu marido — ódio, rancor, ciúmes, inveja, todos os sentimentos sujos possíveis — e, por isso, sempre o chamava para ir testar roupas quando o fotógrafo estava trabalhando. No fundo, Adams não era uma pessoa ruim, ele só não suportava ter perdido tão rápido a pessoa que amava.

O problema é que Marina não era dele, era dela mesma. Marina era mar e aguara as praias de outras pessoas, pois o oceano é infinito demais para permanecer preso a um só país.

Já era dezembro quando Marina o ligou, animada, chamando-o para ir jantar em sua casa com Isabella e Pedro, seus amigos de escola. Segundo ela, era uma reunião de velhos colegas de sala para comemorar uma surpresa, pensou em não ir, não queria ver seus antigos companheiros de classe, mas a sua mente estava presa na razão de Marina tê-lo chamado. Será que iria viajar com Luan? Ou será que apenas gostava de esfregar na cara do modelo o quão perfeitos eram um para o outro?

Bochechou a água sanitária e a cuspiu rapidamente, não fazia isso há uma semana e já se sentia imundo — a realidade, é que não saia de casa direito há duas semanas, pois havia tirado umas férias dos ensaios e se dedicado completamente à linha de acessórios que iria lançar em conjunto com Sofia, uma estilista que trabalhava na empresa de seu pai há quase uma década e que havia visto o modelo crescer e enlouquecer. Logo após a escovação dental, pegou uma esponja e mergulhou na água sanitária, passando por todo o seu corpo — aquilo ardia. Não costumava se banhar daquela forma, mas precisava ficar branco, e somente isso importava. Deixou o Hipoclorito de Sódio fazer efeito por míseros segundos e, só depois, entrou debaixo do chuveiro, molhando-se e sentindo toda a queimação se amenizar. Saiu do banheiro com cuidado para não molhar toda a casa e se enxugou com uma toalha limpa, vestindo mais uma roupa perfeitamente organizada e passada. Pegou um cubo de gelo de aloé vera e colocou em algumas partes do corpo em que havia se queimado com o líquido, precisava passar menos tempo nesses seus banhos ou acabaria cheio de bolhas. Tomou um ibuprofeno para amenizar a dor e seguiu em frente.

Apesar de tudo, havia sido forte — e não chorou nenhuma vez, não dessa vez, estava se acostumando novamente a rotina. Deitou-se na sua cama com cuidado, deixando o cabelo molhar o travesseiro e esperou a noite chegar. Faltavam duas horas para as sete quando começou a se arrumar, a sua ansiedade estava a mil e ele não sabia qual roupa escolher — precisava ser algo simples e legal, que agradasse a Marina. Decidiu vestir uma gola polo cinza e uma calça jeans de alguma marca famosa, entrou no carro branco e se dirigiu à casa rosa, vestindo um par de luvas cinzas, que combinava com a camisa — havia ganhado de Sofia em seu aniversário no ano anterior.

Ao chegar na casa, não repetiu a cor rosa nenhuma vez, havia tomado um Rivotril e o remédio o deixava meio tonto, mas silenciava sua cabeça. Adams o tinha ganhado de um fotógrafo que o achou meio tenso em um ensaio — sabia que era errado tomar, pois poderia acabar viciado e sem meios de comprar mais, mas aquele era um dia especial. Toda vez que via Marina era especial.

Identificou um carro preto estranho e sabia — de alguma maneira — a quem ele pertencia: Pedro e Isabella, seus antigos colegas de classe, dois dos poucos amigos que nunca tiveram intenção de trabalhar na indústria da moda, pelo contrário, ele virou educador e ela policial. Eram estranhos, mas agradáveis — pelo menos, quando jovens — também haviam noivado há dois anos. Adams ainda nutria um pouco de carinho pelos dois, mas sabia que aquilo não era mútuo. Desde o término com Marina, ambos passaram a detestar o modelo. Gostaria de não entender a razão, de ser a vítima, mas não era. Não se culpava mais por isso — como fez na época que tudo acabou —, havia decidido apenas sobreviver.

Buzinou três vezes seguidas, porque apesar do efeito do remédio, buzina ainda possuía três sílabas. Viu o rosto de Luan demonstrar insatisfação — pensou em buzinar mais três apenas para irritá-lo, porém, aquietou-se. Aquilo não era por ele, era por ela. Também te odeio, pensou antes de descer do carro, colocando uma cara feia como se fosse uma criança, contudo, assim que fechou a porta, deu o maior sorriso que uma câmara poderia fotografar. Aquele era o jantar de Marina, era convidado dela, e Luan teria que o engolir.

— Você pode buzinar só uma vez, Toc Toc.

Toc Toc, odiava aquele apelido, era como os fotógrafos o chamavam às escondidas — mas Luan não precisava temer Adams, afinal, desde que era casado com a menina de pontas rosas, ele sabia que o modelo nada faria contra ele.

— Também estou feliz em lhe ver, Luan.

Era cínico, sabia disso. Em sua cabeça, o apelido rodava, queria esfregar na cara do marido da moça que tudo que ele havia conseguido foi com o apoio da família de Adams, porém, se controlou. Precisava ser forte, Marina não o perdoaria caso ele aprontasse algum escândalo em seu jantar especial.

Toc Toc, lembrou-se das risadas dos fotógrafos ao ouvir aquele apelido em uma roda de conversa pela primeira vez, um ano e meio atrás, ao ter sido internado no hospital por excesso de limpeza e ser obrigado a entrar na terapia. Na época, as revistas de moda lucraram horrores com sua história, porém, tudo que Adams adquiriu foi o maldito apelido.

Odiava vê-lo, não por quem era, mas por quem possuía. Ambos soltaram um falso sorriso por alguns segundos, enquanto Luan bloqueava a entrada de propósito — sabia o quanto Adams odiava ficar ao relento da noite — e, quando finalmente o deixou entrar, o abraçou forte, não por amizade e sim para incomodá-lo. Adams odiava abraços, odiava contato físico no geral — e Luan, como todos na indústria da moda, sabia disso.

— Luan, não faça isso! — Marina reclamou com o esposo, mas, no fundo, estava verdadeiramente feliz por ver os dois se tratando bem, ou, pelo menos, sem trocar olhares de ódio. Também se alegrou ao ver a naturalidade com que Adams havia lidado com o abraço, fazendo sua mente se lembrar de como ele era no passado, quando o toque não era uma ameaça para o jovem.

— Marina, oi! Está bonita, como vai?

E o modelo abraçou a ex-namorada, não por gostar de senti-la ou por conta do remédio, a abraçou com o simples intuito de demonstrar que era superior, mesmo sem ser. Na sua cabeça, o pensamento de que dois poderiam jogar aquele jogo dividia espaço com a cor rosa e os germes, que piscavam em uma sequência constante de quatro. Marina não o respondeu, estava surpresa demais pelo repentino abraço — o rapaz já não a abraçava há anos. Não sabia, é claro, mas na mente do rapaz o caos se instaurava. Odiava toques, mas tudo bem, porque Marina e a cara de Luan fazia valer a pena.

— Adams, você veio?! — Isabella ressoou, um pouco assustada e animada ao mesmo tempo, chegou perto dele e deu um leve beijo em sua bochecha.

Sentiu aquele beijo arder, como se fosse ácido. Sentiu que toda sua sessão de limpeza havia sido jogada fora, sentiu, além de tudo, vontade de queimar sua bochecha esquerda e, antecipadamente, também sentiu a água sanitária corroer sua pele. Quando chegasse em casa, iria passar álcool em sua face, ou enfiaria sua cara em um balde cheio do gel, seu único desejo naquele exato instante era sentir-se limpo.

Marina convidou todos para sentar na mesa, enquanto aproveitava o comportamento estranho do modelo, estavam reunidos em torno da mesa de sete cadeiras, com cinco pessoas. Os dois casais e Adams. Todos se sentaram em seus lugares, na cabeça do modelo, a culpa por conta da roupa que agora estava contaminada e teria que ser jogada no lixo passava — não correria o risco de expor à sujeira as outras blusas para salvar aquela. Era desnecessário.

O jantar ocorreu bem, até certa instância. Adams dava o seu melhor para respirar fundo e contar até 11, sempre se lembrando de manter a calma. Queria mostrar para a moça que poderia ser melhor que Luan, mais estável, que poderia ser mais do que já foi um dia. Ele não era mais Toc Toc, era Adams Sales, um modelo renomado que estava farto daquele jogo de conquista.

— Bem, eu disse que tinha que dar uma notícia muito especial e eu vou dá-la agora.

As pernas de Adams começaram a tremer, junto com as suas mãos que suavam por conta da ansiedade, as solas de seus sapatos começaram a bater no chão desesperadamente, estava assustado. Luan estava sorrindo para ele de forma vitoriosa, da mesma forma que sorriu quando foi anunciar seu noivado — como se aquele fosse seu dia e nada pudesse destruí-lo.

—Eu... estou grávida!

Isabella gritou de felicidade.

Sua mente parou.

Grávida, uma palavra.

Grávida, grávida, grávida. Três silabas, três palavras.

Grávida, grávida, grávida, grávida, grávida, grávida, grávida. Sete letras, sete palavras.

Isabella abraçou a amiga com força, animada pela notícia, e Pedro a parabenizou, colocando a mão em sua barriga, todos riam como se a melhor coisa tivesse acabado de acontecer. O modelo engoliu seco, todos estavam animados, menos ele. Ele estava apavorado.

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