Conto para Varsóvia

By catarinasmirsky

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O que nossas atitudes revelam sobre nosso caráter? Se nossas escolhas fossem feitas apenas baseadas em nosso... More

Premiações

Conto para Varsóvia

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By catarinasmirsky


Varsóvia, maio de 1943.

      O carro seguia por ruas iluminadas por altos postes de metal que sustentavam, no topo, uma lâmpada acoplada a um suporte preso por uma haste trabalhada. Os prédios tinham, de maneira geral, cerca de três ou quatro andares, e ladeavam ambos os lados da rua. O veículo se dirigia para a parte mais nobre da cidade onde, anteriormente, moravam as famílias mais abastadas daquela sociedade. Sentado no banco de trás do veículo, Dieter Berger observava, através da janela, a luminosidade dos postes, realçada pela névoa dispersa que se espalhava por todo o caminho; no silêncio total percebido às três horas da manhã. "Uma cidade fundada por uma sereia", pensou ele, e suspirou com desdém por ter de estar ali novamente.

      Era um homem bonito, que aparentava estar perto dos quarenta anos. Alto, vestia um uniforme de oficial alemão de alta patente: colarinho verde escuro com insígnias prateadas, fechado apertado no pescoço e com uma Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro presa a ele. No peito, à direita, o emblema da Wehrmacht, águia de asas abertas que carregava o símbolo do Nacional-Socialismo. Era o que lhe convinha no momento, ocupar uma posição de destaque no exército alemão, embora não tenha se filiado ao partido nazista, sua patente serviria para deixá-lo em boa situação e bem informado. Já havia passado por várias guerras por toda a vida e nunca, em nenhum século anterior, havia presenciado tamanha alienação humana. Nunca testemunhara tanta insensatez e a ascensão de líderes tão obtusos. Não que ele se importasse com as pessoas ou com o que elas faziam de suas tênues vidas, mas algum sentido deveria ser tirado de todo aquele caos.

      O veículo, conduzido por um oficial designado como motorista, chegava ao endereço destinado seguido por mais um caminhão do exército. Por todo o caminho, Dieter questionou-se do motivo delas terem escondido por quase três anos toda uma família judia em seu porão. Por que se importar com eles a ponto de pôr em risco suas próprias vidas? Elas não eram exatamente criaturas indefesas, reconhecia, mas as limitações trazidas por acobertar aquelas pessoas tornavam-nas suscetíveis a serem apanhadas pelo exército de ocupação. Neste ponto, Dieter questionava-se também o porquê de ele ter deixado a sua base na Alemanha para vir buscar aquelas duas polonesas teimosas.

      No passado, ele havia deixado Sylvia partir. Sob sua perspectiva, uma jovem camponesa filha de fazendeiros rudes. Ele livrou-a do massacre promovido em sua família, mas não decidiu levá-la consigo. Deixou-a livre e partiu. Ela era linda, de fato, e continuava assim quando a reencontrou em 1935 e depois, já viúva, três dias atrás, junto com a filha e seus protegidos. Os cachos dourados escapando por baixo do pequeno chapéu de feltro preto e sua atitude nervosa. Linda, o tipo de mulher que gostaria de ver ao seu lado. Talvez, agora, a esposa perfeita para alguém do seu nível social. Seria possível que a amava? Ou era só um capricho, afinal, deixou-a partir anteriormente. O fato é que deixara seu cargo confortável na Alemanha e retornava ao caos da Polônia por elas.

      Assim que o veículo parou a meio fio, ele ordenou que o soldado permanecesse no veículo e se dirigiu à entrada da casa. "Atrasadas", pensou ao observar que nenhum movimento mais dinâmico era percebido dentro ou fora da casa. Tinha avisado sobre a necessidade de discrição e dinamismo naquela retirada, uma vez que aquele bairro de belas casas de Varsóvia abrigava, no momento, a maioria dos oficiais alemães estabelecidos ali.

      Não foi necessário bater, a porta se abriu assim que ele subiu os primeiros degraus da escada. "A filha veio me receber... Claro que Sylvia não viria", pensou consigo e sorriu em seguida observando a elegante mulher de cabelos escuros à sua frente, bela como a viu pela primeira vez. 

      A jovem não disse nada, apenas permitiu que Dieter entrasse e se dirigisse para a sala principal. Sylvia, bem vestida e alinhada, com seus cachos dourados elegantemente presos, aguardava em pé no meio da sala.

       — Está muito bonita, Sylvia! — retirou o quepe e o colocou sob o braço esquerdo em uma postura altiva que comumente reservava a seus oficiais superiores. — Espero que tenha feito bom proveito de seus últimos dias aqui.

      Sylvia não respondeu, apenas o observou com uma sombra de contrariedade no cenho.

       — Onde estão as malas, e..., seja lá o que mais acha que precisa levar? — recomeçou passando os olhos pela casa e adotando uma postura mais sarcástica.

      — As malas estão no andar superior. Outros objetos que desejo levar estão naqueles baús próximo à porta. Peça... Peça, por favor, para seus soldados nos ajudar.

      Ele fez uma negação com a cabeça, deu dois passos mais adiante se aproximando dela e explicou.

       — Estou escoltando seus criados para a sua casa de campo... É de se esperar que eles façam o trabalho, não os soldados. — observou-a seriamente e prosseguiu. — Trouxe cartões de identificação para todos os seus protegidos. E estes são passaportes para vocês duas — adiantou-se e entregou o de Sylvia e, em seguida, o de sua filha.

       — Nós duas não precisamos de passaportes. Temos os nossos cartões, somos polonesas!  —  ergueu os olhos azuis claros para os de Dieter. Observou-o por instantes e depois baixou os olhos para o passaporte em suas mãos, abriu o documento e o leu. — Senhora Sylvia Von Berger? É isso? Quer que me passe por sua esposa?

       — Estou deslocando uma escolta para levar duas mulheres e vários criados de Varsóvia para o interior... Em tempos difíceis. Não quer que acreditem que faço isso por duas polonesas! Estarei escoltando minha família e meus criados. — Dieter não deixou de observar a aliança Nemtsi que Sylvia ainda usava na mão esquerda, e se perguntou por que ela ainda mantinha aquela farsa.

      — Não vou a lugar nenhum com você..., assim... — ela olhou para a filha e depois olhou para ele novamente, visivelmente contrariada. — Não sou alemã nem sua esposa.

       — Seu alemão é perfeito. Não terão problemas — assegurou ele. — As malas... Para o carro  — insistiu.

      Sylvia quis resistir. Teve alguma intenção de desistir de ir, mas tinha responsabilidades para com seus protegidos. A situação em Varsóvia, que já estava ruim, pioraria ainda mais. Dias atrás, ocorrera uma revolta no gueto dos judeus e, pelo que ela sabia, deveriam estar todos mortos, assim como outros conhecidos seus que foram levados pelos alemães e desapareceram. Aquela era a única chance de tirar seus amigos de lá em segurança.

       — Vou... — respirou. — Vou providenciar que tragam tudo para baixo. — ela se virou, foi para a outra sala e subiu as escadas.

      A filha, que permaneceu quieta por todo o tempo observando tudo e principalmente a ele, abriu seu passaporte e leu seu nome:

       — Erine Von Berger. Quer que me passe por sua filha?  — baixou as mãos e o observou.

      Dieter caminhou alguns passos para o lado, pegou uma garrafa de licor que havia sobre uma mesinha, pousou o quepe ali e se serviu enquanto falava:

      — Irmã... Acho que não nos parecemos tanto assim! — Olhou para ela e sorriu com sarcasmo enquanto dava um gole na bebida.  — Seus cabelos... — apontou. — Eu e sua mãe somos loiros. — persistiu sorrindo a observando.

       — Peça para seus soldados ajudarem com os baús — insistiu Erine, quase como se fosse uma ordem a ele — Será mais rápido e eficiente. Está claro que nossos amigos não conseguirão sozinhos. — Ela o observou sorrir e olhar para baixo. O conhecia bem, sabia que ele iria atendê-la e não à mãe.

      Sylvia apareceu descendo as escadas e carregando malas, enquanto seus protegidos tentavam carregar o resto de seus pertences. Erine se moveu para ajudá-la, caminhou até ela e tirou as malas das mãos da mãe. Elas pareciam ter praticamente a mesma idade. Sylvia casou-se muito nova, e mãe e filha aparentavam serem mulheres de vinte e poucos anos. Eram, na verdade, muito parecidas, o rosto era muito semelhante, os olhos eram claros, tinham praticamente a mesma altura e só o cabelo as diferenciava.

      Saíram para a rua e os judeus disfarçados de empregados levaram a mudança para o caminhão estacionado atrás do carro oficial. Foram necessárias algumas viagens para carregarem tudo o que Sylvia e a filha haviam embrulhado nos últimos dias, mesmo com a ajuda dos soldados. Quando terminaram, Sylvia observou em volta e perguntou onde a família seria transportada.

       — No caminhão? — exclamou estarrecida. — Está frio e é desconfortável! A viagem é longa, não pode ser! — encarou Dieter com severidade.

      — Mamãe, por favor..., temos que adotar um disfarce — sussurrou próximo ao rosto de Sylvia. — Por favor, Sr. Weiss — prosseguiu se virando para eles —, não podemos perder tempo. Vamos. — Ajudou a conduzi-los para o caminhão dando a mão para a filhinha deles. Não era um transporte confortável, mas era a única chance de fuga para seus protegidos, e ela queria sair dali o mais rápido possível. — Vamos Yeda, suba. — o caminhão era alto e Erine quis ajudar a menina a subir, mas Dieter, que estava perto, se adiantou e subiu a criança.

      — Estamos demorando muito — queixou-se, olhando nos olhos claros de Erine. — Já estamos chamando atenção com toda essa movimentação. E o dia irá clarear.

      Ela se virou para a entrada da casa e observou-a por instantes. Sabia que retornaria ali em futuro próximo, mas as circunstâncias a levariam para outro destino.

      Rapidamente e observando os prédios vizinhos, todos entraram no veículo. Erine em uma ponta, Sylvia no meio e Dieter ao seu lado. O motorista deu a partida e seguiram através da névoa.

      Sylvia permaneceu muito nervosa e atenta por todo o trajeto. Somente quando o veículo deixou a cidade e seguiram pela estrada para o interior, ela conseguiu se acalmar. Os faróis iluminavam a neblina e a estrada, recém-construída por alemães, e aos poucos, o dia foi clareando. A névoa persistia sob um céu nublado e ainda pela manhã, muito antes de chegarem à entrada que os levaria no sentido do vilarejo e da casa de campo, depararam-se com um bloqueio. Sylvia ficou visivelmente nervosa, e involuntariamente virou o rosto e observou o semblante imutável de Dieter.

      Um oficial do bloqueio se aproximou e o motorista baixou a janela, comunicando quem era o oficial da Wehrmacht ali conduzido. No banco de trás, Dieter também baixou o vidro. O soldado lhe fez continência.

       — Estou levando minha esposa e minha irmã ao interior —  entregou os passaportes falsos delas e o seu. O soldado conferiu e devolveu-os rapidamente.

       — Preciso verificar o caminhão, senhor.

      Dieter nada respondeu. Abriu a porta do veiculo, saiu e fechou a porta. Retirou do bolso uma carteira de cigarros e com a mão direita erguida e de costas para ele fez um gesto rápido dando autorização para que verificassem a carga.

      O motorista também deixou o veículo e se afastou.

       — Meu Deus, Erine — começou Sylvia muito assustada e nervosa inclinando-se para frente e colocando a mão na testa. — Não deveríamos ter saído de lá... Isso tudo é muito perigoso! Podemos ser descobertos.

       — Eu já disse, mamãe... Se tivéssemos ficado, sairíamos de lá por entre os escombros e fugindo pelos esgotos... É o destino de Varsóvia, a cidade será totalmente arrasada. Será duramente bombardeada. Não há o que possamos fazer.

      Sylvia virou o rosto para o lado esquerdo e observou Dieter acender o cigarro e dar a primeira tragada.

      — Ele não se importa com nada..., por isso é fácil ficar assim, tão tranquilo ali fora observando tudo.

      — Não é isso... Ele está se preparando, mamãe. Está se colocando em uma posição em que possa reagir. Se algo sair errado lá atrás, ele matará todos esses soldados do posto.

      Sylvia deixou escapar um grunhido fino e espantada colocou a mão na boca. Voltou a observar Dieter, ele tinha uma mão no bolso da calça do uniforme e a outra segurando o cigarro. Plácido.

      Foram liberados e seguiram viagem. Em determinado ponto, deixaram a estrada principal e seguiram por uma estrada menor em direção à propriedade que possuíam na região. O trajeto foi percorrido com tensão por elas, e logo seriam parados novamente. O motorista foi verificar. Não era um bloqueio alemão, desta vez havia um problema com uma ponte de madeira mais à frente na estrada e precisariam esperar que fosse arrumado.

      — Fique atento a qualquer problema — ordenou Dieter de dentro do carro para o motorista. Depois, virou-se para Sylvia e gentilmente a convidou para um passeio:

      — Seria bom um pouco de movimento para você se acalmar! Acompanhe-me em um passeio inocente  — estendeu a mão para ela.

      Sylvia baixou os olhos para a mão dele suspensa diante dela e depois inclinou a cabeça levemente para o outro lado, indicando que não sairia dali com ele.

      — Erine... — Prosseguiu ele retirando a mão que estendeu a Sylvia. Em seguida, ele fez um movimento rápido com a cabeça indicando a Erine que fosse passear com ele e saiu do carro.

      — Erine, não se atreva a ir com ele — protestou Sylvia, observando a filha.

      Erine olhou de lado para a mãe, em seguida fez os movimentos para sair do veículo quando Dieter abriu a porta a seu lado. Assim que saiu do carro, ajeitou com as mãos seus cabelos presos sob o chapéu e se dirigiu para a traseira do caminhão estacionado logo atrás do carro. Dieter colocou seu quepe verde de cordões prateados e insígnias e a seguiu.

      Assim que chegou perto da parte de trás do caminhão, e verificando se não havia ninguém ali por perto, ela perguntou como estavam seus ocupantes:

      — Estão todos bem? Sr. Haskel? — ela esticou o corpo e ficou na ponta dos pés para enxergar melhor a situação de seus protegidos. Fez até um movimento para conseguir um meio de subir, mas o Sr. Haskel Weiss se adiantou e se aproximou do final do veículo agachando-se perto de onde ela estava:

      — Estamos bem... Só queremos acabar logo com isso. — observou Dieter de soslaio.  —Procure não chamar a atenção, Erine. Nós estamos bem.

      Erine percebeu, por trás dos baús e malas, a figura do velho senhor Lasar Weiss deitado no chão do veículo e concluiu:

      — Não..., não está bem. — ela ergueu os olhos claros para o senhor Haskel e em seguida virou-se para Dieter aos sussurros. — Ele tem muita idade, para eles...  Precisa viajar em condições melhores. Coloque-o ao lado do motorista.

      Dieter começou a fazer um sinal de negação com a cabeça e antes que dissesse que era arriscado o motorista desconfiar de algo, ela prosseguiu:

      — Por favor...

      Um carro que vinha chegando parou logo atrás deles. O Sr. Haskel se ergueu e voltou para o fundo do veículo. Erine passou a mão pelos cabelos presos novamente arrumando-os, e deu um passo mais próximo a Dieter. Olhou para os passageiros do carro pelo canto dos olhos. Poloneses, mas mesmo assim, poderia ser um perigo. Depois ergueu os olhos para Dieter e prosseguiu:

      — Coloque o Sr. Weiss com o motorista.

      — Não é prudente — insistiu ele.

      Ela continuou olhando nos olhos azuis dele, mas sua expressão mudou, tornou-se recriminativa. Depois, ela, ainda irritada e arrumando novamente os cabelos, afastou-se, deu-lhe as costas e seguiu caminhando graciosamente com seus sapatos de saltos quadrados sobre o cascalho fino. Dieter a seguiu.

      — Você me julga — disse ele, finalmente, caminhando ao lado dela. — Essa guerra toda é um enorme absurdo, estou me dispondo a ajudar e você ainda me julga.

      Erine, ainda caminhando calmamente sobre o cascalho fino e ouvindo o barulho suave do roçar das pequenas pedras sob seus pés, apenas o observou de soslaio. Depois, olhando para frente, comentou:

       — Você não se importa. Nem com as pessoas, nem com os judeus, com os poloneses ou mesmo os alemães... Você não se importa sequer com nosso povo.

      — Acho que está aborrecida..., não vou arriscar tudo apenas para te agradar. E não me subestime. Não são as atitudes que enobrecem o homem? Não deixei a Alemanha para vir aqui buscar vocês duas e ainda me tornei o único salvador de seus protegidos? — sorriu — Então, salvar a vida dessas almas inocentes não faz de mim um homem de bom caráter?

      — Não — respondeu rapidamente e foi categórica.

      Dieter riu. Caminhou em silêncio por algum tempo até que completou:

      — Eu poderia ter dito não e arrancado vocês duas de lá. No entanto, estou aqui arriscando minha pele por eles.

      Erine virou o rosto para ele. Em seu semblante estava escancarado seus pensamentos "Arriscando a sua pele." Seu descrédito era reforçado pelo incômodo trazido ao observar a insígnia da águia no alto do quepe dele.

      — Só os está ajudando porque eu pedi, dias atrás —  prosseguiu ela. — A sua atitude para com eles não está mudando o que você realmente sente ou o que é. Numa próxima ocasião você não se mostrará tão altruísta.

      — Posso surpreendê-la! — Dieter sorriu novamente.

      Erine apenas o encarou seriamente.

       — Oh! Eu me esqueci, você sabe o que irá acontecer — sorriu —, já sabe tudo sobre mim —  observou-a com atenção. — Sempre me questionei como pode errar tanto. Poderia ter evitado tudo isso, não? — olhou para ela e parou antes que chegassem à ponte. 

      Erine também parou e ficou de frente para ele.

      — Esses judeus tiveram a sorte de serem ajudados por pessoas caridosas. Nunca se perguntou o que aconteceu com os que não tiveram a mesma sorte dos seus amigos e permaneceram naquele gueto...?

      — Claro que sim... — ela interrompeu e ele prosseguiu por cima de suas palavras.

      — Quantas pessoas os estão ignorando neste exato momento? E quantos países deixaram tudo isso acontecer antes de se preocuparem em interferir? Não sou diferente de ninguém.

      — Estamos muito vulneráveis parados aqui — observou ela. — Pode acontecer alguma coisa.

      — Não, não pode. Estou observando tudo. Para o bem desses pobres miseráveis é bom que nenhuma surpresa aconteça — completou ele, começando a esboçar alguma irritação.

      "Então você mostrará a sua verdadeira face." Pensou Erine.

      — Você é cruel. Já estou demostrando que sou capaz de ajudar pessoas. Poderia ter feito escolhas diferentes, mas não fiz e não vejo um sinal de gratidão de sua parte.

      — Sou grata. Obrigada — sussurrou, baixou o rosto pálido por instantes e depois o encarou novamente.

      — Desculpe-me. — Respirou fundo, olhou de lado para o rio e prosseguiu. —Eu deixarei vocês duas na casa de campo e retornarei para buscá-las quando tudo acabar.

      Erine concordou acenando positivamente com a cabeça. Sabia que as coisas não iriam terminar assim, elas partiriam antes do fim da guerra e eles só se encontrariam anos mais tarde.

      A ponte foi liberada; puderam partir e seguir seus destinos em paz, cada um sob a influência de suas escolhas.

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