Jogo de Máscaras

By AliceHAlamo

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Não era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se... More

Capítulo 1 - Vista sua Máscara
Capítulo 2 - Tire sua máscara de inocente
Capítulo 3 - Tire sua máscara de puritano
Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo
Capítulo 5 - Vista sua máscara de bom partido
Capítulo 6 - Tire sua máscara de cara paciente
Capítulo 7 - Vista sua verdadeira máscara
Capítulo 8 - Vista sua máscara de felicidade
Capítulo 9 - Tire sua máscara de insegurança
Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara
Capítulo 11 - Tire a máscara dos outros
Capítulo 12 - Vista sua máscara de enfermeiro
Capítulo 13 - Tire sua máscara de frieza
Capítulo 14 - Vista sua máscara de Mentiroso
Capítulo 15 - Vista sua máscara de protetor
Capítulo 16 - Vista sua máscara de Sasuke
Capítulo 17 - Vista sua máscara de honestidade
Capítulo 18 - Tire a máscara do seu adversário
Capítulo 19 - Vista sua máscara de Apaix-..., quer dizer, de viciado
Capítulo 20 - Vista sua máscara de cumplicidade
Capítulo 21 - Tire sua máscara de sob controle
Capítulo 22 - Tirem suas máscaras sociais
Capítulo 23 - Vista sua máscara de traído
Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos
Capítulo 25 - Vista sua máscara de bom entendedor
Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo
Capítulo 27 - Vistam suas máscaras de aliados
Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger
Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal
Capítulo 31 - Vista sua máscara de desespero
Capítulo 32 - Vista sua máscara de Giselle
Capítulo 33 - Vista sua máscara de precaução
Capítulo 34 - O cair das máscaras

Capítulo 28 - Tire sua máscara de encurralado, ainda há saída

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By AliceHAlamo

Tem momentos açúcar no capítulo hahahahaaha me perdoem, mas eu precisava de algo docinho nessa fic <3


Itachi apertou os olhos com os dedos, ao entrar no táxi. Hiashi o havia acompanhado até o carro e apertara sua mão com frieza e decepção evidente. O resultado negativo do teste de gravidez, que Itachi adulterara, com certeza não deixou Hiashi contente e, então, ele parecia estar irritado a ponto de esquecer a atuação e ser direto ao mandá-lo deixar Sasuke longe de Neji. Ten-Ten não se pronunciou, ela estava concentrada demais, e Itachi percebeu o sorriso mínimo que ela deixou escapar quando o político perdeu a compostura, avançando contra ele com o dedo erguido em sua direção ao ameaçá-lo.

Ela se divertia com aquilo? Não. Ela se divertia com Hiashi, com o modo como ele afundava cada vez mais e perdia a cabeça. Itachi não entendia bem a rivalidade que aqueles dois podiam ter, mas uma coisa era certa: podia confiar em Ten-Ten quando o assunto fosse derrubar Hiashi. Contudo, só nisso que ela era digna de confiança.

Desbloqueou o celular, era pouco mais que três da tarde, e Sasuke não havia lhe mandado mais nenhuma mensagem, apenas Sakura lhe avisando que estariam na casa de Naruto, aguardando-o. Repassou o endereço ao motorista e deixou a cabeça repousar no encosto do banco enquanto o ar saía pesadamente de seus pulmões.

Tinha sido a escolha certa. Sabia que sim. Sasuke podia espernear, fazer um circo e ficar com raiva, contudo, não havia dúvidas de que agira certo.

Saiu do carro e fez uma careta de desgosto. Sasuke estava do lado de fora da casa na companhia de Naruto, fumando um cigarro como sempre fazia quando estava nervoso demais e queria ordenar os pensamentos. Naruto o abraçava por trás e apoiava o queixo no ombro dele, às vezes beijava-lhe o ombro e o pescoço antes de esfregar suavemente o rosto na região e voltar à posição inicial. Enquanto isso, Sasuke tombava a cabeça para trás para soltar a fumaça do cigarro e, ao mesmo tempo, permitir que Naruto lhe falasse alguma coisa no ouvido, o que parecia lhe suavizar a expressão de vez em quando. Viu quando Naruto tirou subitamente o cigarro de entre os dedos de Sasuke e o tacou no chão, pisando rapidamente sobre ele para apagá-lo. Quando Sasuke abriu a boca para reclamar, a mão de Naruto o segurou pelo queixo, virando-lhe o rosto para que pudesse beijá-lo. Em vez de empurrá-lo ou rejeitá-lo de qualquer forma, Sasuke correspondeu ao beijo e até mesmo se virou para Naruto para que pudesse passar os braços pelo pescoço dele.

Itachi revirou os olhos e caminhou até à frente da residência, pigarreando para se mostrar presente.

Sasuke se afastou, e a expressão descontraída logo voltou a ficar rígida.

Naruto acenou para Itachi e beijou o rosto de Sasuke antes de puxá-lo pela mão.

— Vamos entrar. Anda, Sasuke.

Dentro da casa, apenas o som do jogo do celular de Gaara preenchia o ambiente. Sakura estava sentada em um sofá, fitando com extremo interesse o próprio celular, embora ele estivesse bloqueado. Hinata havia fechado os olhos e aproveita-se de Gaara como apoio, enquanto ele se entretia sozinho.

Quando Itachi entrou, Sakura suspirou audivelmente aliviada, e ele lhe sorriu enquanto ia se sentar ao lado dela. Sasuke se sentou no braço do sofá, e Naruto, ao lado de Gaara, usando-o de apoio como Hinata.

— Que merda de acordo você fez com Ten-Ten? Aliás, o que você foi fazer na casa dela? — Sasuke perguntou, direto.

— Armaram isso. Matsuri me deixou perto da casa e só soube de quem era quando Ten-Ten e Hiashi apareceram, Sasuke.

— Eu te avisei que eles iriam tentar atingir quem é próximo de nós, Sasuke — Naruto interveio. — Eles te fizeram alguma coisa, Itachi?

— Parece que uma surra ele não tomou — Gaara debochou, ácido.

— Não, Hiashi preferiu apenas me ameaçar. E ele precisava de mim como médico ­— Itachi explicou, indiferente.

— Como médico? — Sakura franziu o cenho. — Por quê?

— Ele queria que eu examinasse Ten-Ten, queria saber se ela estava grávida. Por algum motivo, isso era importante para ele.

— Por que fez o acordo? — Sasuke repetiu a pergunta, mais alto dessa vez.

Itachi o encarou, determinado, e, ainda que Sasuke soubesse que aquilo queria dizer que o irmão não aceitaria ser contestado, não conseguiu não repetir a pergunta

— Por que fez uma merda de acordo com Ten-Ten Hyuga, Itachi?

— Sakura assinou o nome na matéria que vocês dois fizeram para irritar Orochimaru e quem estivesse com ele, e Ten-Ten me disse que Sakura, ainda por cima, tentou seguir Hiashi e Orochimaru num evento de arte. — Itachi encarou a amiga, descontente. — Além disso, ela está nessa lista de "pessoas próximas" a você, que não mediu consequência alguma antes de se enfiar de cabeça nessa confusão toda! Ou eu fazia o acordo ou Hiashi tomaria providências contra Sakura. Preferia que eu não tivesse feito, Sasuke? O acordo garante que Ten-Ten vai convencer Hiashi a deixar o assunto "Sakura" com ela e, além disso, Ten-Ten está querendo te entregar tanto Hiashi quanto Orochimaru de bandeja. Sakura segura, Hiashi e Orochimaru denunciados, em troca de uma trégua. Além disso, depois que Hiashi e Orochimaru estiverem fora de jogo, você pode voltar a perseguir Neji como bem entender, só se lembre de deixar Sakura ou qualquer outra pessoa de fora dessa vez.

— Me interesso muito por essa última parte — Gaara interferiu. — Seria ótimo se você continuasse essa sua aventura de justiceiro, ou seja lá o que está fazendo, sem envolver Naruto, Hinata ou a mim. — Ergueu o braço mostrando o gesso. — Também não gostamos nada de Neji, aliás, por mim ele pode aparecer morto amanhã que não derramarei uma lágrima sequer, contudo, Naruto teve o contrato divulgado para a faculdade e quase perdeu o curso, Hinata teve o contrato exposto para a família, que agora a impede de ver a irmã mais nova, e eu tive que sair fugido da Akatsuki porque os brutamontes de Hiashi apareceram de repente para um recado nada sutil. E eu nem quero citar o que Neji poderia fazer com a exposição de Ino, que não tem nada a ver com essa história e sairia prejudicada do mesmo jeito!

— Gaara... — Naruto ajeitou-se melhor no sofá.

— Não! Nem vem, Naruto! Você foi parar no hospital! Quer mais o quê? Invadiram a casa dele. — Apontou para Sasuke. — E Hinata disse que Orochimaru botou fogo no carro dele também anos atrás! Você não vai ficar se envolvendo nessa merda. Sério! Já deu!

— O Naruto e você podem estar fora, mas eu vou ajudar Sasuke nessa. — Hinata abriu os olhos e desencostou-se de Gaara enquanto fingia não perceber o olhar incrédulo que recebia dele ou a expressão surpresa de Sakura. — Eu entendo que você não queira prejudicar Ino, Gaara, entendo mesmo, e você está certo em querer isso. Mas eu? Hiashi me tirou a minha irmã, já saímos da Akatuski, o que eu tenho a perder com isso? Sem contar que não vou perdoar ele por ter mexido com Hanabi, não mesmo...

— Hinata, acho que você não entendeu...

— Quem não entendeu foi você, Gaara. Agradeço a preocupação. — Ela segurou-lhe as mãos. — De verdade, obrigada, mas eu não vou fingir que ele não me atingiu, não vou ignorar isso tudo quando poderia estar ajudando. Eu sei que você não pode se envolver por causa de Ino, mas tudo bem, eu e Naruto não estamos te forçando a compactuar com isso. Nós entendemos, mas não nos peça para pularmos fora logo agora porque não iremos.

Gaara afundou a cabeça nas mãos sem acreditar no que ouvia. Hinata estava decidida, os olhos perolados não mostravam nem sombra de uma possível hesitação. Podia ver a tristeza da amiga, a vontade de finalizar aquela história logo para que pudessem seguir adiante, contudo, como não se preocupar? Como simplesmente deixar que ela e Naruto fossem com aquele jornalista inconsequente atrás de um político que já havia, sim, dado provas de que era perigoso? Pior que isso, como aceitar que eles corressem tamanho risco quando ele próprio não poderia?

Caso se envolvesse e Hiashi descobrisse, poderia sobrar para Ino, para a exposição em que ela estava dando o sangue para terminar, para o trabalho dela! Isso se Hiashi atacasse apenas o trabalho, não queria nem pensar se ele resolvesse atacar Ino de forma mais pessoal.

O braço de Naruto envolveu seus ombros e a mão dele bagunçou seu cabelo.

— Não esquente a cabeça, vai que pega fogo, cabeça de fósforo — ele tentou fazer graça, sem sucesso.

— O que você pretende fazer agora? — Gaara perguntou diretamente para Sasuke, sem soltar a mão de Hinata ou se desvencilhar de Naruto.

— Ten-Ten quer marcar um encontro — Itachi respondeu. — Ela quer uma conversa para decidirmos como vamos prosseguir. Pelo que entendi, ela já queria se livrar de Hiashi, e eu tenho certeza de que já estava armando isso. Nós, provavelmente, só iremos simplificar as coisas.

— Quando isso? Quando vamos nos reunir? — Sasuke indagou, impaciente.

— Ela não disse. Vamos ter que esperar para saber. Além disso, ela ainda tem que avisar Neji e convencê-lo do acordo também.

— Tomara que isso não seja uma armadilha — Sakura verbalizou o que estava pensando, desde o momento em que ouvira Itachi anunciar sobre o acordo, e ninguém respondeu, parecendo concordar com ela.

Gaara foi o primeiro a se retirar da casa assim que a conversa terminou. Hinata abraçou uma almofada e permaneceu no sofá enquanto via Naruto acompanhar Itachi, Sasuke e Sakura até a porta. Sakura a olhou, preocupada talvez, e Hinata lhe sorriu tranquilamente e acenou, sendo respondida da mesma forma, de um jeito um pouco mais contido apenas.

Sasuke viu o irmão e Sakura saírem da casa primeiro e sentiu as mãos de Naruto apertarem seus ombros enquanto andavam.

— Não brigue com seu irmão, sabe que ele fez bem em aceitar o acordo, não? — Naruto comentou, baixo, quando Itachi entrou no carro com Sakura.

Sasuke soltou o ar pela boca, estressado, e se virou para Naruto.

— Não estou mais irritado com o fato de ele ter feito um acordo, estou irritado com o fato de termos precisado de um — explicou, sério.

Naruto deu de ombros e passou os braços pelo pescoço.

— Agora já foi, não adianta pensar nisso — disse, simplório. — Ligue se precisar de algo.

Sasuke ouviu a buzina do carro de Sakura e revirou os olhos. Naruto riu, breve, e selou os lábios nos dele rapidamente.

— Não quer vir junto?

— Hinata vai passar a tarde aqui em casa, mas — Naruto sorriu de canto. —, à noite, a casa vai estar vazia se quiser vir — completou, baixo, e riu quando Sasuke novamente selou os lábios nos seus antes de se afastar.

— Feito.

* * *

Gaara contou até três antes de sair do carro e, assim que o fez, percebeu os flashes de uma câmera em sua direção. O semblante transtornado tornou-se irritado em segundos, e ele discou para Ino enquanto ignorava as perguntas que uma garota fazia afoitamente.

— Estou aqui embaixo — foi tudo o que disse quando Ino atendeu, e sua entrada foi prontamente liberada.

— Por favor, eu só preciso de algumas respostas! — a garota segurou-o pelo braço ao falar como uma criança mimada.

— Que tal essa: cuide da sua vida! — cuspiu e olhou-a com tanta raiva que ela logo soltou seu braço e o deixou entrar no condomínio, mas não sem sair resmungando.

Ele se escorou na parede do elevador assim que entrou. Sua atenção recaiu sobre o braço engessado, e as palavras da conversa anterior com Hinata e Naruto pareciam gravadas no gesso.

Não precisou tocar a campainha quando parou de frente à porta de Ino, ela já estava destrancada, e ele entrou com um estranho alívio ao sentir o cheiro da tinta que dominava o ambiente. Olhou ao redor. A casa estava arrumada daquela vez, nada quebrado. Retirou a jaqueta que vestia e jogou sobre o sofá antes de se dirigir à cozinha. Ainda não estava na hora da janta, longe disso, mas, pela falta de louça na pia, duvidava que ao menos Ino tivesse almoçado. Aliás, nem ele havia com tudo o que tinha acontecido!

Abriu a geladeira e separou alguns dos ingredientes que achou. Faria algo rápido, simples, sua fome não deixava que fosse diferente, nem o braço engessado colaborava muito com os movimentos. Em vinte minutos, tudo o que devia estar nas panelas já havia sido feito, agora era só esperar. Olhou o relógio no pulso e abaixou o fogo no fogão para evitar queimar algo enquanto ia, finalmente, ver como Ino estava no ateliê.

À medida que se aproximava do quarto, podia ouvir uma música lenta, instrumental, algo que lhe daria sono em outras ocasiões, mas, naquela, parecia fazer parte da cena, englobar o retrato de Ino sentada ao chão em várias almofadas coloridas enquanto pintava um quadro grande, cuja tela não estava apoiada em nenhum suporte senão o piso frio. As janelas do quarto estavam abertas e o sol invadia o local, passando um pouco acima da cabeça de Ino, sem acertar o quadro.

Ino não o olhou, e Gaara não quis interromper a concentração dela. Era como se a visse através de uma janela, era como se ela estivesse em um dos quartos de apresentação da Akatuski e ele, no quarto ao lado, observando-a atentamente através de uma daquelas janelas escuras. Imersa no próprio mundo, ela movia os pincéis com calma, sem borrar os contornos que havia feito com tanto cuidado. O cabelo loiro estava preso no alto por dois palitos marrons escuro em cruz e a franja rebelde havia sido presa com grampos coloridos. Ela usava um vestido sem mangas, de um vermelho desgastado, que já possuía pingos de tinta na barra e, de vez em quando, ela limpava os dedos sujos nele, sem se importar nem tirar os olhos do quadro.

Estava quase no fim. A obra já havia sido quase toda pintada, e Gaara viu que, conforme os espaços em branco eram preenchidos por tinta, o sorriso de Ino ia se fazendo presente. Primeiro, um relaxar da expressão, depois, um curvar sutil dos lábios, e, enfim, um sorriso completo quando ela se espreguiçou, segurando o pincel no alto com as mãos enquanto admirava o próprio trabalho.

Ao canto, Gaara contou, havia onze quadros terminados e, com aquele finalizado naquele momento, seriam doze, faltavam seis. Ela não conseguiria a tempo, ele tinha essa noção, não havia como ela lidar com a falta de tempo. Os últimos que ela tinha concluído eram telas de tamanho médio, mas os esboços restantes eram em telas grandes, com exceção de um. Ela também devia saber daquilo, contudo, não adiantaria falar, não adiantaria trazer à tona aquilo.

Pelo que Ino lhe explicara, os quadros não secariam por completo. Havia dois tipos de tempo de secagem: secagem real e secagem ao tato. A secagem real era aquela em que o quadro ficava seco por completo, isto é, nem se passassem a mão com força sobre a tinta, ela sairia ou borraria o quadro. Já a secagem ao tato era aquela em que, ao se passar a mão suavemente, não se sentiria nem a tinta nem uma superfície pegajosa, contudo, se aplicada um pouquinho a mais de força, a tinta borraria a obra e mancharia a mão de quem a tocasse. Para o primeiro tipo de secagem, levava-se de seis meses a um ano muitas vezes; para o segundo, de dois dias a uma semana, talvez duas a depender da quantidade e da espessura das camadas de tinta utilizadas. E, é claro, Ino estava contando com a secagem ao tato, visto que não faria tanta diferença sendo que ninguém poderia tocar seus quadros de qualquer forma. Ainda assim, era arriscado deixar para fazer os últimos quadros na véspera da exposição.

Tudo aquilo era um erro! Desde o começo! Ino havia explicado que o empresário antigo havia marcado a exposição sem que ela soubesse ou tivesse qualquer ideia para uma nova série, ele tinha dito que a pressão ajudaria a inspirá-la. Mesmo sabendo meses antes da data do evento, já não havia tempo para a secagem real e, depois, com a demora de Gaara e de Jiraya a aceitar o projeto dela... Nada tinha dado certo desde o começo e não parecia ter previsão de um final feliz completo.

— Gaara? — Ino se levantou de súbito ao vê-lo.

Ele piscou algumas vezes, espantando os pensamentos. Ino caminhava até si, os olhos arregalados em choque enquanto os dedos tocavam o gesso.

— O que aconteceu com você? — ela perguntou, confusa, logo notando o rosto dele também machucado. — Meu Deus, você se meteu numa briga?

— Algo do tipo — ele respondeu, sem se abalar. — Vamos almoçar? Te explico enquanto comemos.

Ino assentiu e passou por Gaara para lavar as mãos cheias de tinta. Gaara voltou à cozinha. Faltava pouco para a comida ficar pronta. Abriu os armários que já conhecia e retirou os pratos com cuidado, evitando deixá-los cair.

— Isso está com um cheiro ótimo! — Ino sorriu, exausta, ao olhar as panelas. — Estou morrendo de fome... Aqui, deixa que eu te ajudo — ela falou ao pegar os copos e colocá-los na mesa.

— Quem é a garota na frente do seu prédio? — ele indagou e sinalizou que ela se aproximasse. — Vê se tá bom de sal — pediu ao entregar a colher para ela.

— Pelo que eu consegui descobrir, é Moegi alguma coisa, uma recém formada em jornalismo que foi para uma revista de fofoca e que agora quer saber sobre você. — Ino bufou. — Já encontrei duas vezes com ela na rua... fica com aquela câmera idiota me seguindo para cima e para baixo. Na hora que eu tacar o salto nela, aí vão dizer que não tenho classe! Você disse alguma coisa?

Gaara sorriu e a encarou antes de apontar a mesa com a cabeça.

— Nada muito importante.

— Vai ser um inferno se ela resolver te seguir. Sei que não quer que seu trabalho seja exposto...

— Eu me demiti — respondeu rapidamente ao se sentar.

Ino franziu o cenho e mordeu o lábio, a atenção se voltou ao braço engessado e ao roxo no rosto de Gaara.

— Por acaso seus machucados foram a motivação? — ela questionou com cuidado, sentando-se e colocando as mãos sobre o colo.

Gaara suspirou e resumiu a história, explicando brevemente sobre Naruto e detalhando melhor a parte de Neji e Sasuke. Ino ouviu, compreendendo enfim o motivo de Neji e Gaara terem se desentendido durante a exposição de arte. Remexeu-se na cadeira, incomodada ao saber que ela havia se tornado um empecilho para Gaara. Não queria impedi-lo de ajudar os amigos, mas seria hipócrita se não reconhecesse o risco que aquilo significava a ela. Neji era o prefeito, sua exposição estava sendo parcialmente patrocinada por ele!

— Mas você disse que era uma trégua, certo? — ela repetiu. — Se é uma trégua, Neji não me atingiria.

— Isso considerando que derrubemos Hiashi após a sua exposição — Gaara a lembrou. — E não dá para esquecer que ele também pode resolver fazer algo, Hiashi pode muito bem decidir se vingar da surra que eu dei nos seguranças dele.

— E o que você quer fazer?

Gaara balançou a cabeça para os lados e respirou fundo antes de dar de ombros. Aquela era uma ótima pergunta. Queria que tudo terminasse, que Naruto e Hinata não se machucassem, que Neji fosse um assunto passado, mas, para isso, eles tinham que agir, que fazer algo, e isso, especificamente isso, ele não queria.

— De certa forma — ela falou. —, agradeço por não me envolver. Se cancelassem essa exposição ou mudassem mais alguma coisa, eu acho que enfiaria aqueles quadros todos na garganta de Kakashi, isso para não falar coisa pior. Mas... se precisar ajudar os seus amigos, bem... eu vou entender... só tente ser, como posso dizer? Discreto?

Gaara riu de nervosismo e se levantou da mesa, contornando-a para se aproximar de Ino. Segurou-lhe o rosto uma das mãos e a beijou de leve repetidas vezes. Sentiu o sorriso dela entre os beijos assim como as mãos segurando a barra de sua camiseta. Separou-se para encará-la.

— Acho que eu estava precisando disso — ela comentou bem-humorada.

Ele fechou os olhos e suspirou ao estender o braço para puxar a cadeira, sentando-se ao lado de Ino.

— Agora me diga, o que pretende fazer já que se demitiu da Akatsuki?

— Não sei... — Ele remexeu a comida, desanimado. — Talvez... férias? Acho que eu mereço tirar uma semana para ir... sei lá... às dunas?

— Dunas? — Ino arqueou a sobrancelha.

— Gosto de areia e parece divertido e isolado. Ficar um pouco longe dessa cidade deve ajudar a organizar as coisas, não acha?

— Só gosto de areia quando é verão e na praia.

— Já foi às dunas alguma vez?

— Não.

— Eu gosto. Se quiser, pode ir comigo assim que a exposição passar. Você também precisa descansar desse mundo caótico, não?

Ino o olhou levemente surpresa. Os olhos azuis brilharam com a animação, e o sorriso doce pegou Gaara desprevenido.

— É... quem sabe quando isso terminar. — Ela sorriu abertamente. — Mas, agora, eu preciso voltar ao trabalho. Vai ficar aqui?

— Posso? É interessante te ver trabalhar.

Ela corou de leve, sorriu sem jeito e estendeu a mão.

— Não vejo problemas desde que não reclame da minha música e me deixe te usar como apoio. — Ela piscou enquanto o puxava na direção do ateliê.

Ele sorriu de canto enquanto ela andava de costas, de frente para ele, pelo corredor. Segurou-a pela cintura e beijou-lhe o ombro exposto pela alça do vestido quando ela se virou para abrir a porta. Ela apontou para as almofadas, risonha, e Gaara obedeceu, sentando-se entre a variedade de cores enquanto Ino pegava o último quadro pequeno para pintar e o colocava no chão à sua frente. Depois, as tintas, os pincéis alinhados, os panos, o solvente, e, enfim, a música clássica.

Ela terminou tudo concentrada e, depois, retirou as sandálias para se sentar à frente de Gaara, entre as pernas dele. Apoiou as costas no peito dele e o ouviu rir baixo.

— Confortável? — ele indagou ao retirar o braço engessado da tipoia, deixando-o ao lado do corpo, e envolver a cintura de Ino com outro.

— Muito. — Ela suspirou e virou o rosto para ele.

As bocas se atraíram, como se fosse combinado, em um beijo breve e delicado, e Ino sorriu antes de voltar a atenção para o quadro à frente... Destacaria os lábios naquele, com certeza os lábios...

* * *

Neji terminou o discurso sem muitos problemas. Óbvio que tinha uma pessoa ou outra para impedir que o evento prosseguisse perfeitamente, mas nada comparado ao que Hinata e Sakura haviam feito com Orochimaru. Felizmente, estava preparado para as perguntas disparadas e, no fim, pôde até mesmo dizer que estava satisfeito com aquilo tudo. Pegou a garrafa de água que um assistente lhe entregou e bebeu a caminho de se encontrar com os outros membros do partido, para se despedir.

Disfarçou o imenso desagrado quando Hiashi apareceu em seu campo de visão. Automaticamente, procurou por Ten-Ten e não soube dizer se era um bom sinal ela não estar ali. Conferiu o celular antes de continuar avançando: nenhuma mensagem ou ligação dela nem de Sai. Guardou o aparelho e voltou a caminhar.

Hiashi ria com alguns membros mais velhos do partido, uma encenação barata que não enganava Neji. Cumprimentou a todos com um leve aceno e fingiu não se irritar quando o tio passou, puxando-o para um abraço rápido afim de parabenizá-lo pelo discurso.

— Pensei que não viria — comentou, indiferente.

— Por que não?

— Não estava aqui quando o evento começou, achei que não viria mais. Aconteceu alguma coisa? — Fez-se de desentendido enquanto se afastavam de todos em direção ao carro.

— Estava lidando com o irmão daquele jornalista maldito — Hiashi explicou, sem dar importância ao fato.

— E conseguiu?

— Claro que sim! — Hiashi mostrou-se indignado. — Apesar de que agora sei que o bastardo tem alguns amigos importantes. Não me admira que tenha conseguido afetar a carreira de Orochimaru e, ainda por cima, ter saído ileso de tudo isso. Mas não é algo a se preocupar. Conversei com o pai de Ten-Ten sobre isso, ele ajudará a tomar as devidas providências, ainda mais depois que eu disse que o mal-estar da filha dele foi causado por estresse graças a esse jornalistazinho.

Neji concordou em silêncio e deixou que o tio entrasse no carro primeiro. Hiashi agia rápido. Esse sempre era um trunfo a favor do tio. Mal haviam feito o acordo com Sasuke, e Hiashi já havia ido buscar aliados para poder se cercar, mesmo que não soubesse o que o esperava. Para Hiashi buscar a ajuda do pai de Ten-Ten, Sasuke ou o irmão dele possuía recursos no governo, alguém com quem contar se tudo desse errado. Não sabia no que Ten-Ten estava pensando ao firmar a aliança, mas tinha poucas esperanças de que conseguiriam tirar Hiashi do tabuleiro sem sacrificarem as próprias peças.

— Você terá um jantar com Orochimaru nos próximos dias, ainda estou definindo quando — Hiashi falou de repente.

— De novo? Achei que já tivéssemos discutido tudo o que precisava com ele — Neji reclamou, incomodado.

— Ele ficou sabendo de um esquema maior que irá acontecer um pouco depois da eleição. A prefeitura tem que estar envolvida, então, tanto você quanto ele precisam estar informados sobre o assunto.

— Não acho prudente nos envolvermos em outro esquema, a história do hospital ainda está quente, Hiashi.

Hiashi riu, como fazia quando Neji era adolescente e falava alguma bobagem devido à pouca idade.

— Esqueça o hospital, não vai dar em nada. Já estamos há quanto tempo nesse assunto? Um, dois, três meses? Mais? A demora para resolver ou achar provas sempre acalma o ânimo da população até o momento que eles simplesmente esquecem o que está acontecendo ou quem está sendo acusado do quê. Além disso, mesmo que você seja acusado, qual a chance de ser cassado ou ser preso?

Neji estalou a língua no céu da boca e virou o rosto. Estava cheio daquilo! Não havia necessidade alguma de Hiashi se meter em outro esquema, muito menos de convencê-lo a aquilo. Sabia muito bem que o que o tio dissera sobre o hospital era verdade, e ainda tinha mais, tinha literalmente o bônus de o escândalo ter surgido logo perto das eleições. Por um lado, era ruim, mas, por outro, a depender do que descobrissem, era o melhor que podia pedir.

Despediu-se do tio sem dar chances para ele se convidar a ficar em sua casa. Afrouxou a gravata e entrou em casa com um dos empregados o esperando logo na entrada.

— A senhora Ten-Ten pediu que, quando o senhor chegasse, avisasse que ela está na piscina aquecida, senhor.

— Obrigado.

Massageou a nuca e retirou a gravata e o terno. O som da movimentação da água ficava maior à medida que se aproximava do fundo da casa. Apoiou o terno sobre uma das cadeiras e dobrou as mangas da camiseta enquanto via Ten-Ten nadando de um lado a outro da piscina.

Pelo modo energético que ela nadava, cada braçada sendo dada com vontade, cada volta realizada rapidamente para poupar tempo, aquele dia devia ter sido um inferno para ela. Sentou-se, observando-a. E não demorou para ela se dar conta de sua presença. Ela nadou para a beirada e retirou a touca que usava, mergulhou mais uma vez e jogou o cabelo para trás antes de emergir e apoiar os braços na beirada fria.

— Não quer entrar? A água está uma delícia.

— É claro que está, é uma piscina aquecida afinal.

— Não seja chato, Neji — ela reclamou e tomou impulso para sair da água quente.

— O que aconteceu hoje? Podia ter me mandado uma mensagem mais esclarecedora, fiquei preocupado depois que Sai me avisou o que Hiashi estava fazendo, e você me deixou no escuro para depois ligar e dizer que havia feito um acordo com aquele médico.

Ten-Ten pegou a toalha sobre a mesa perto de Neji e secou primeiro os cabelos. O incômodo de Neji era palpável, e ela já imaginava que isso fosse acontecer, por isso, terminou de se secar sem pressa, vestiu o roupão felpudo e sentou-se na cadeira próxima a Neji.

— Não dava para te ligar antes e explicar, Hiashi ouviria, e não tinha tempo para mandar uma mensagem maior. Além disso, eu e Itachi precisávamos encontrar uma saída rápida, nós só conseguimos poucos minutos sozinhos antes que Hiashi insistisse em entrar no quarto. Hiashi queria um teste de gravidez, Itachi fez alguma coisa com os testes e pediu que eu entrasse no banheiro enquanto ele ia abrir a porta para Hiashi. Assim que Hiashi entrou no quarto, eu saí do banheiro com os dois testes e ficamos esperando o resultado. Os dois deram negativos na frente de Hiashi, e você precisava ver a cara de desapontamento dele... Ele agradeceu Itachi e o ameaçou sem todo o cuidado que estava tendo antes. Depois ficou me encarando, como se me amaldiçoasse, e disse que iria para o seu discurso.

— O que você combinou com esse Itachi?

— Nada além do que te contei no telefone. Foi o melhor que consegui fazer naquela situação, não consegui pensar em nada melhor.

— Hiashi mencionou que esse Itachi ou Sasuke possuem amigos importantes e ele já foi falar com o seu pai sobre isso.

— Eu sei. — Ela sorriu. — Itachi é médico particular da ministra Kurenai e da família dela. Já averiguei isso, e é verdade, mas já adianto que minha mãe disse que ela é uma mulher insubornável. Meu pai me ligou pouco depois de Hiashi ter saído de lá para confirmar o que ele tinha dito, e eu expliquei a história, com a minha melhor versão de filha assustada e em choque pelo que Hiashi havia me feito passar. — Ela piscou. — Por enquanto, tudo sob controle. Nós precisamos apenas nos preocupar com o que vai acontecer de agora em diante.

Neji assentiu e pegou a toalha das mãos dela, aproximando-se com a cadeira para secar as pontas do cabelo que pingavam.

— Hiashi falou sobre um jantar com Orochimaru em alguns dias. Vai ter um no-

— Novo esquema — Ten-Ten concluiu, a expressão dela mostrando diversão acompanhada do sorriso frio e calculista que ele adorava. — Eu fiquei sabendo desse esquema ontem à noite pela minha mãe, mas, como tem o caso do hospital ainda sendo discutido, seria idiotice nos envolvermos. Sem contar que, apesar de ser um esquema grande, não confio em nenhum daqueles imbecis que vão participar. Contudo, achei que fosse um ótimo negócio para Orochimaru...

— Como o convenceu? — Neji sorriu e colocou a toalha sobre a mesa, apoiou os cotovelos sobre os joelhos de modo que o corpo ficasse mais próximo ao de Ten-Ten.

— Eu não... Não posso ter meu nome envolvido nisso, senão você logo seria relacionado. Minha mãe soube desse esquema em um almoço com algumas amigas ontem e, hoje, haveria um encontro cedo na casa de uma juíza do supremo, algo sobre a filha dela, não importa. Eu só pedi que ela falasse com a juíza para convidar Kaguya para o encontro. De resto, bem, você sabe como minha mãe sabe fazer a cabeça das pessoas.

— Ela convenceu Kaguya a colocar Orochimaru no esquema.

— E, então, ele deve ter falado com Hiashi hoje à tarde, e agora Hiashi veio falar com você, assim como eu esperava que ele fizesse. Hiashi pode pensar e agir rápido, mas podemos usar a ganância dele a nosso favor.

— Quer que eu vá nesse jantar, não é? — Neji comentou, desanimado.

— Você vai ao jantar, mas não vai participar do esquema... Nós só temos que te preparar para esse jantar e, para isso, precisaremos falar com Sasuke Uchiha antes, para organizarmos melhor os termos dessa trégua e como vamos trabalhar juntos.

— Você parece animada para quem teve um dia tão agitado...

Ela riu e se espreguiçou, os olhos castanhos fixaram-se no teto por um tempo antes de ela se levantar.

— Hiashi vai aprender a não mexer conosco... com nenhum de nós, nunca mais.

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