Apocalipse: A morte da Terra

By SimoneSMiranda

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A Terra está sendo atacada. Cidades ao redor do globo compartilham suas histórias, de vários pontos de vista... More

Nova Iorque - Emily Smith
Pequim - Li Wei
Curitiba - Ana Oliveira
Himalaia - Pasang Lhambu / Aleksi Petrov
Osaka - Ikeda Ren
Paris - Antoine Bourgeoir
Cairo - Horus Moubarak

Ilha de Páscoa - Ariki Teriitehau

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By SimoneSMiranda

- Por aqui, pessoal! - falou Ariki, o guia turístico de uma das agências de viagem da Ilha de Páscoa, em 3 línguas diferentes, acompanhando o grupo daquela manhã de Abril pelo Parque Nacional de Rapa Nui. Mal sabiam que, em poucos momentos, algo terrível aconteceria.

A policial Ulani Kauula veio o mais rápido que pode da cidade onde morava, no Chile, para interrogar o guia. Depois de quase 1 mês das notícias sobre o Brasil, queria ter certeza se era o mesmo caso; aquele que lhe deram a ordem direta de investigação.

- Senhor Teriitehau... - começou ela, ligando o gravador enquanto conversavam na recepção de um dos hotéis da região.

- Por favor, me chame de Ariki. - ele sorriu, ainda nervoso, enquanto tomava uma xícara de chá, reparando o distintivo dos carabineros em seu uniforme, polícia militar do Chile, com seu nome bordado do lado direito. - Você não é do Chile, é?

- Não, senhor Ariki. Sou rapanui, nativa da Ilha. Meu nome me entregou, não foi? - ela sorriu, recebendo um aceno positivo dele, mas ainda com a mesma expressão nervosa. - Sei que aqui não existe violência, é uma cidade segura e pacífica. O senhor pode me contar o que aconteceu? Todos os detalhes que lembrar são importantes.

- Estava com um grupo de turistas, visitando os moais de Ahu Tongariki, e estas pessoas estranhas vieram em nossa direção. Elas eram carecas, verdes e alguns pingavam uma gosma esquisita. As roupas não estavam rasgadas, apenas sujas dessa gosma vermelha. Meu primeiro impulso foi sair correndo e proteger os turistas, mas por mais que insistisse, 3 deles paralisaram! Ficaram para trás e podia escutar eles gritando "Me ajude." sem moverem-se do lugar! Foi horrível!

- Vou ser sincera com o senhor... Vários desses casos tem aparecido no mundo, e temos que cuidar da nossa comunidade e dos visitantes! Em todos os relatos as pessoas pedem por ajuda e ficam paralisadas, até serem transformadas nestes monstros...

- Então... aqueles turistas... eles foram... - Ariki arregalou os olhos.

- Sim, provavelmente tornaram-se monstros também. Por isso preciso da sua ajuda! Não quero apenas gravar o seu relato e enviar para os responsáveis internacionais. Temos que agir já, antes que toda a Ilha seja infectada!

- Seja o que for, eu ajudo! - falou ele, animado.

- Senhor Coronel... - disse, colocando a boca mais próxima ao gravador. - Não o conheço pessoalmente, sei que está fazendo de tudo ao seu alcance para proteger o mundo, mas meu coração e meus ancestrais são parte da Ilha de Páscoa, minha história foi escrita aqui e não pretendo ir embora sem lutar. Peço que meus esforços e de todos os envolvidos sejam reconhecidos, mesmo que nossos atos não sejam oficiais. - e pausou a gravação.

Ariki, Ulani, e mais 5 policiais de elite sob seu comando, partiram em direção ao local onde tudo aconteceu, horas atrás. O ônibus de turismo, lotado de malas e caixas militares, corria entre as ruas do Parque Nacional, até parar próximo aos moais de Ahu Tongariki, as enormes Cabeças de Pedra da Ilha de Páscoa.

- Foi aqui... - Ariki apontou para uma das cabeças. - O primeiro deles saiu de trás desse moai. Os outros estavam escondidos atrás das outras, como se preparassem uma armadilha...

Chegando mais perto da plataforma, a maior da ilha, com 15 moais, examinou minuciosamente cada detalhe que poderia ser relevante. Ao investigar a cabeça de pedra apontada por Ariki, o penúltimo moai, o único com um "chapéu" de pedra, chamado pukao, notou um desenho entalhado na base.

- Pelo o que aprendi sobre glifos rongorongo na escola, quando morava aqui, este é o que representa"Rano Raraku", a cratera vulcânica de onde saíram as pedras dos moais, estou enganada? - perguntou a policial para o guia.

- Está desgastado pelo tempo, mas os glifos parecem apontar para Rano Raraku, sim!

- Então, é para lá que nós vamos! - Ulani sorriu, orgulhosa pela descoberta.

Todos entraram novamente no ônibus, partindo em direção à entrada da cratera, a 1km dali. Ulani sentiu que algo de estranho estava acontecendo logo que chegaram no Centro Artesanal, na entrada para a cratera, sempre movimentada e agora completamente vazia. Estavam no caminho certo. Os policiais de elite tiraram as malas e caixas do ônibus, carregando-as até o topo do lugar.

Não demorou muito até que viram, entre os milhares de moais espalhados, as criaturas verdes e imóveis, por todos os lados. Quanto mais andavam, mais deles apareciam, como formigas. No topo da cratera, um grupo enorme deles estava reunido, todos encarando o centro da pedreira.

- É para lá que devemos ir, tenho certeza! - disse Ulani, seguindo o olhar das criaturas, que apontavam especificamente para uma das cabeças de pedra no centro. Esta também tinha um "chapéu" de pedra, parecido com o da plataforma em Tongariki.

- Impossível! - disse Ariki. - Nenhum dos moais em Rano Raraku possui pukaos! Além do mais esta está muito longe das demais; nunca vi uma das cabeças tão próximas à cratera!

- Com tudo o que tem acontecido no mundo nos últimos meses, não duvido de mais nada!

- Conte-me, policial! O que tem acontecido? Eu os trouxe até aqui, arriscando minha vida e meu emprego, eu mereço saber!

- Existe um grupo secreto que está tentando contar a verdade na mídia. Algumas redes sociais já estão espalhando boatos, os militares não tem mais como esconder... Estamos sofrendo ataques zumbis. - respondeu séria.

- Hahaha, não... Não é possível! - Ariki riu nervosamente, admitindo que a explicação era plausível. - Zumbis? Na Ilha de Páscoa? O lugar mais isolado do mundo? Como é possível?

- Ainda não sabemos, mas eles tem muitas maneiras de chegar em qualquer lugar do planeta. Milhares de pessoas já foram perdidas pelas transformações e não encontramos um jeito de pará-los. Aqui, na Ilha, acredito que este moai seja a explicação. Os glifos rongorongo são muito parecidos com os glifos egípcios. O Coronel, responsável mundial pelas operações militares, está no Egito, tentando descobrir uma forma de contê-los e também decifrar os glifos que, da noite para o dia, apareceram nas Pirâmides. Por favor, senhor Ariki, ajude-me a decifrar os glifos desse moai!

- Pela Ilha de Páscoa e seus moradores, faço tudo o que puder!

Aproximando-se da cabeça de pedra misteriosa, Ariki começou a tentar ler os glifos entalhados. A língua rongorongo nunca não foi totalmente traduzida, e há anos não os lia. Os policiais espalhavam pelo perímetro várias bombas, no caso de precisarem fugir. Eram bolas pretas, com várias pontas prateadas em volta, bem visíveis no grande campo verde e aberto.

Assim que Ariki conseguiu ler algo, a policial recomeçou a gravação na fita.

- Aqui formamos os primeiros. - o guia leu a primeira linha. - Na areia o grande Império. - leu a segunda linha. - Quando a Terra precisar... Aqui não sei o que diz. - leu a terceira. - Do centro voltaremos. - leu a quarta. - O plano... Aqui também não sei o que diz... Os humanos enviar. O restante não consigo ler, talvez tenha se transformado em glifos egípcios a partir daqui... - apontou para a rocha. - E a partir daqui acredito que são glifos incas e maias... Como isso veio parar aqui afinal?

- Também gostaria de saber, mas temos que enviar estas informações para o Egito o quanto antes! Preciso voltar para o Chile o mais rápido possível. - aproximando novamente a boca mais próximo ao gravador, continuou descrevendo os glifos que não eram nativos da ilha, para outros especialistas tentarem desvendá-los.

Assim que começaram a andar de volta ao ônibus, os zumbis finalmente perceberam a presença deles. Viraram vagarosamente a cabeça em sua direção, mas não saíram do lugar. Ulani ordenou que andassem, normalmente, até que os zumbis começaram a se mover, então disse para correrem.

Desviando das bombas espalhadas pelo chão, viam uma multidão de zumbis correndo atrás deles. Muitos eram despedaçados pelas bombas, mas os demais continuavam correndo, sem dar importância às explosões.

Eles chegaram ao ônibus. Ariki deu a partida, mas já era tarde demais. Uma enxurrada de corpos verdes e decadentes batiam no veículo e levantaram suas rodas, até que o ônibus tombou. Ulani e outros 4 policiais pareciam estar em transe, gritando "Me ajude" de maneira mecânica, igual os turistas que ele havia visto mais cedo.

As janelas foram quebradas. O quinto policial, o único que não pedia ajuda, foi morto por um dos grandes cacos de vidro e um pedaço de metal, que atravessou sua cabeça e tórax.

- Make-make, me ajude! - Ariki rezava para que deus o protegesse, sem saber o que fazer, enquanto via Ulani e os demais serem transformados. As peles derretendo, tornando-se verdes, os cabelos caindo e a gosma de músculos e sangue pingando por todos os lados.

O guia quase não acreditou quando, ao abrir os olhos, todos os zumbis haviam desaparecido e voltado para Rano Raraku.

- Muito obrigado, Make-make, por ter poupado minha vida! Serei eternamente agradecido! - dizia sem parar, enquanto andava de volta à cidade, com uma história bem mais assustadora do que a que havia presenciado pela manhã.

****

Dias depois, o Coronel no Egito, recebeu a fita de Ulani em um envelope amarelo com um grande carimbo vermelho escrito "confidencial" na frente. Dentro, uma fita etiquetada "Ilha de Páscoa - Ariki Teriitehau".

- Como é possível? - disse a Major. - A policial Ulani Kauula, uma das criaturas? Nunca imaginaria!

- Nem eu, Major. - respondeu o Coronel. - E acredito que nem ela! Tenho o pressentimento de que nenhuma das vítimas sabia que seria transformada em zumbi.

- Mas e o "Me ajude" mecânico? E elas ficarem paradas, esperando serem atacadas?

- Os glifos egípcios falam sobre isso... Que os "escolhidos" seriam despertados no momento certo e se transformariam, bem... nisso... - respondeu ele, apontando para uma das fotos dos zumbis, em formato Polaroid, em cima de sua mesa.

- Nada faz sentido! Vamos mandar outros especialistas em rongorongo para a Ilha de Páscoa. Todas as peças desse quebra-cabeça frustrante tem que ser resolvido logo, ou a humanidade estará perdida!

- Concordo. Envie um grupo direto para a cratera. Vamos esperar que eles traduzam mais alguma informação para juntarmos com os glifos egípcios, maias e incas. Não podemos fazer mais nada além de esperar.

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