Jogo de Máscaras

By AliceHAlamo

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Não era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se... More

Capítulo 1 - Vista sua Máscara
Capítulo 2 - Tire sua máscara de inocente
Capítulo 3 - Tire sua máscara de puritano
Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo
Capítulo 5 - Vista sua máscara de bom partido
Capítulo 6 - Tire sua máscara de cara paciente
Capítulo 7 - Vista sua verdadeira máscara
Capítulo 8 - Vista sua máscara de felicidade
Capítulo 9 - Tire sua máscara de insegurança
Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara
Capítulo 11 - Tire a máscara dos outros
Capítulo 12 - Vista sua máscara de enfermeiro
Capítulo 13 - Tire sua máscara de frieza
Capítulo 14 - Vista sua máscara de Mentiroso
Capítulo 15 - Vista sua máscara de protetor
Capítulo 16 - Vista sua máscara de Sasuke
Capítulo 17 - Vista sua máscara de honestidade
Capítulo 18 - Tire a máscara do seu adversário
Capítulo 19 - Vista sua máscara de Apaix-..., quer dizer, de viciado
Capítulo 20 - Vista sua máscara de cumplicidade
Capítulo 21 - Tire sua máscara de sob controle
Capítulo 22 - Tirem suas máscaras sociais
Capítulo 23 - Vista sua máscara de traído
Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos
Capítulo 25 - Vista sua máscara de bom entendedor
Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo
Capítulo 28 - Tire sua máscara de encurralado, ainda há saída
Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger
Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal
Capítulo 31 - Vista sua máscara de desespero
Capítulo 32 - Vista sua máscara de Giselle
Capítulo 33 - Vista sua máscara de precaução
Capítulo 34 - O cair das máscaras

Capítulo 27 - Vistam suas máscaras de aliados

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By AliceHAlamo


Itachi segui Hiashi e Ten-Ten pela casa. Na sala de estar, Hiashi sentou-se em um sofá, indicando o outro a Itachi enquanto Ten-Ten parecia incerta sobre acompanha-los ou não. Hesitante, ela sentou-se de frente a Itachi e sorriu forçadamente enquanto Hiashi um copo d'água para um dos empregados.

Itachi não sabia o que mais o deixava incomodado, se era o sorriso genuinamente satisfeito de Hiashi ou o nervosismo óbvio, para ele, de Ten-Ten, que brincava com uma caneta entra os dedos. Notou quando ela acenou discretamente para um dos seguranças atrás de si, viu quando ele assentiu antes de pegar o celular e parecer digitar, apressado e discreto, alguma coisa. Enquanto isso, Hiashi bebia água, tomando um longo gole antes de começar a falar:

— Sabe o que eu considero mais importante na minha vida, Itachi? Família. Não somos nada sem a nossa família, sem aquele que mais amamos e que mais nos amam. Não concorda comigo?

— Concordo — Itachi respondeu, seco.

— Eu me preocupo com a minha, vê? Com meu sobrinho, com o que dizem sobre ele, com sua esposa, com a saúde dela. E é por isso que você está aqui. Afinal, preciso resguardar minha família, certo? — Hiashi sorriu de canto, juntando as mãos sobre o colo.

— Sim, é importante se precaver, ainda mais quando se suspeita de algo. — Itachi devolveu o sorriso, educadamente.

— A pessoa que te recomendou a mim disse que você estava no exterior em um trabalho voluntário. Deve ser difícil ficar longe de casa por tanto tempo, deve ser difícil tomar conta da sua família estando tão longe. Ela deve sentir sua falta, não?

— Imagino que sim, mas é como o senhor disse: nossa família é o que temos de mais importante, então, eu sempre volto quando ela precisa de mim — Itachi explicou, sereno, como se conversasse com um amigo qualquer.

— Sim. — Hiashi riu. — Temos que fazer de tudo por nossa família. Como deve ter ficado sabendo, Ten-Ten passou muito mal esses dias e chegou até mesmo a ir para o hospital e passar a noite lá. Imagino que por conta do nervosismo causado por um jornalistazinho. Sabe como eles são, não? Não sabem a hora de parar e acabam passando dos limites. Nós damos algumas chances, enviamos avisos... — Ele sorriu e passou a mão pelo cabelo com descaso. — Mas alguns não compreendem, e, então, temos que tomar medidas mais severas infelizmente. Afinal, não podemos deixar impune quem se atreve a importunar nossos entes queridos.

Itachi estreitou o olhar antes de concordar com a cabeça e sorrir ao se sentar mais confortavelmente no sofá.

— Compreendo perfeitamente.

— Compreende? — Hiashi arqueou a sobrancelha.

— Sim. — Itachi riu, suave. — Meu irmão sempre é importunado e, como irmão mais velho, eu detesto ver pessoas infernizando a vida dele. Anos atrás, tive que até mesmo pedir ajuda a alguns amigos quando meu irmão passou a receber... avisos. Felizmente, tudo foi resolvido rapidamente, sem nem mesmo ele saber que interferi. Ser amigo da Ministra da saúde tem lá seus privilégios, não?

— Conhece a Ministra? — Hiashi perguntou, sem acreditar de fato no que ouvia.

— Conheci a Ministra Kurenai no parto do filho dela e, quando residente, ajudei n a cirurgia cardíaca que o marido dela, Asuma, precisou fazer de emergência. Acabei me tornando médico particular da família — explicou corriqueiramente.

— Entendo... E a Ministra certamente possui muitos contatos.

— Com certeza. — Itachi sorriu de canto. — E é com isso que conto muitas vezes. E, é claro, esse é um exemplo... Meu irmão é uma pessoa que, como posso dizer — Riu. —, ele... atrai certos problemas. Creio que ficarei velho antes da hora graças a ele. Ganho um fio branco toda vez que tenho que vir tirá-lo de alguma confusão. Mas é como o senhor disse, nossa família é o que temos de mais importante, não devemos poupar meios para protege-la.

Ten-Ten conteve a vontade de sorrir ao notar Hiashi mover-se desconfortavelmente na cadeira. Olhou para Itachi e tentou achar na postura dele ou no modo como ele conversava algo que indicasse que aquilo era um blefe. Entretanto, era o contrário. A postura dele indicava que ele realmente acreditava em cada palavra que dizia, como se tivesse prazer em confessar que não se importava de sujar as mãos e mover céu e terra pelo irmão caçula. Definitivamente, era um empecilho. Hiashi tinha achado que trazer o irmão de Sasuke à mansão o amedrontaria, tinha achado que o ameaçar abertamente com palavras gentis iria fazê-lo sair com o rabo entre as pernas pronto para persuadir o jornalista. Ledo engano... Ten-Ten conseguia ver que Itachi era como ela, era a pessoa que daria o sangue para proteger quem lhe era querido, mesmo que essa pessoa não soubesse nem da metade de seus esforços.

— Bem, podemos começar a consulta? — Itachi perguntou, quebrando o silêncio.

Hiashi ergue o rosto, arrogante, e assentiu ao apontar para Ten-Ten, que se levantou para sentar ao lado de Itachi enquanto o via retirar da bolsa o estetoscópio e o esfigmomanômetro.

— O que houve? — ele perguntou, iniciando a consulta.

— Nada. — Ela sorriu. — Eu só passei mal. Nervosismo, talvez, mas já fui examinada no hospital. Hiashi se preocupa demais. — Ela riu de leve.

— Tomou café recentemente ou precisa ir ao banheiro? — ele indagou, e ela negou, apesar de não entender o motivo da pergunta.

— O que isso tem a vez? — Hiashi estranhou.

— Preciso perguntar antes de aferir a pressão dela para evitar enganos. Pode estender o braço? — Itachi perguntou a Ten-Ten.

Ela estendeu o braço direito. Hiashi permaneceu sentado, de frente a eles, à esquerda. Itachi notou a mão gelada e úmida dela, bem como ouviu o discreto bater do salto contra o piso.

Inquietação.

Seria síndrome do jaleco branco, medo de médicos? Sorriu para ela na tentativa de acalmá-la e ajustou o esfigmomanômetro na parte superior do braço dela.

— Muito apertado? — questionou ao colocar o estetoscópio nos ouvidos e, então, pegar na mão dela novamente. Fria. Ela estava ansiosa.

— Não.

Ele pressionou os dedos indicador e médio sobre o pulso dela, estranhando a forma como ela mantinha a mão rígida com a palma para cima. O pulso estava acelerado. Fingiu não notar. Apertou a pera de borracha e Inflou o manguito que começou a exercer pressão em torno do braço delicado. Inflou até não sentir mais o pulso sob seus dedos e, então, deixou a pressão esvair-se lentamente, atento ao momento em que o pulso voltaria a se pronunciar sob seus dedos. E, no exato momento em que o sentiu, notou, na parte lateral da mão dela, seguindo a linha do polegar, as três letras discretamente anotadas: S.O.S.

Liberou todo o ar, esvaziando o manguito, e segurou a mão de Ten-Ten entre as suas.

— Algum problema? — Hiashi perguntou, atento.

— Ela está um pouco gelada — Itachi respondeu e passou os dedos sobre as letras de forma a borrar a tinta e apaga-la. — Mas a pressão sistólica está normal, 122.

A segunda aferição foi mais rápida, e Itachi evitou erguer o rosto. Podia sentir o pulso acelerado de Ten-Ten e tentava entender a situação em que se encontrava. Ela estava com medo. Mãos geladas, inquietação, pulso acelerado, pedido de socorro, e Hiashi não parecia ser a pessoa com quem ela se sentia mais confortável. Ela estava em perigo? Ou era outra coisa?

— Há alguma queixa? Algo que a incomode? Uma dor, febre, enjoo, mal-estar?

— Nós desconfiamos de que ela esteja grávida — Hiashi respondeu prontamente.

— Já disse que não estou grávida, Hiashi. — Ten-Ten revirou os olhos, mas Itachi percebeu os músculos dela se retesarem sob seu toque. — Eu podia ter feito um teste de farmácia se era o que queria saber, não precisava incomodar um médico para isso.

— Querida — Ele riu. —, não é bom tê-lo aqui para aproveitar e verificar o resto da sua saúde? Você trabalha tanto com meu sobrinho que poucas vezes foi ao médico fazer seus exames de rotina.

Itachi percebeu a mentira, era tão óbvia que se perguntava se Hiashi queria mesmo convencer alguém na sala de que aquele era o motivo para chama-lo ali.

— Ele tem razão — Itachi falou de repente. — Eu tenho alguns testes de gravidez na bolsa, mas, antes, preciso finalizar essa primeira parte de ausculta cardíaca e exame físico. Há algum cômodo com mais privacidade? Ela precisará abaixar as alças do vestido e coisas desse tipo.

— Creio que podem usar o seu quarto, certo, querida? — Hiashi sorriu ao se levantar e estender a mão para ela.

Ten-Ten o encarou. Odiava-o. A arrogância da postura, o cinismo do sorriso, o veneno das palavras, odiava Hiashi em tudo e em cada pequena parte. Itachi havia visto seu sinal, mas isso não significava muita coisa. Ele certamente sabia sobre o que estavam fazendo a Sasuke e, com certeza, entendera onde Hiashi estava querendo chegar com aquela conversa. Talvez, por isso, Hiashi não objetivasse sobre deixá-los sozinhos, ele sabia que Itachi não possuía motivo algum para ajudá-la nem mesmo sob suborno; pelo contrário, ele tinha todas as razões do mundo para prejudica-la, afinal, não era da conta dele seus problemas com Hiashi.

— Posso deixar um dos meus seguranças com ela? — Hiashi perguntou à porta do quarto. — Para a segurança dela, é claro.

— Não vou tirar a roupa na frente de seus homens! — Ten-Ten pontuou, insultada. — A pessoa que te recomendou o doutor não te assegurou da integridade dele? — Ela arqueou a sobrancelha em desafio. — Deixe Sai do lado de fora do quarto. Ele pode entrar se ouvir ou suspeitar de algo.

Itachi não evitou franzir o cenho ao ouvir o nome proferido e encarou o segurança que dava um passo à frente.

Ten-Ten foi rápida ao fechar a porta do quarto e trancá-la. Ela viu Itachi colocar a bolsa na cama e retirar dois testes de gravidez de dentro dela. Engoliu em seco ao se aproximar e segurá-lo pelo braço.

— Não posso fazer esse teste.

— Por que não?

— Não posso. Eles darão positivo, já sei disso, mas Hiashi não pode saber — ela frisou, determinada.

— E o que exatamente eu tenho a ver com isso? É seu problema, não meu — ele disse, frio, ao estender os testes. — Era sobre isso o pedido de ajuda?

— Tenho certeza de que podemos chegar a um acordo — ela sussurrou, o desespero e a determinação se misturando nos olhos chocolates, denunciados pelo leve tremor das mãos. — Diga algo que posso fazer por você, qualquer coisa.

— Deixem meu irmão em paz.

Ela riu, sem humor, e mordeu o lábio, frustrada.

— Impossível. Contudo... uma trégua? O que acha?

— Trégua? — Itachi riu. — Não. Quero que parem de infernizar meu irmão.

Ten-Ten andou pelo quarto, as mãos alisavam o vestido enquanto pensava em uma saída. Itachi a viu parar de andar subitamente, girando sobre o calcanhar em sua direção enquanto o brilho voltava aos olhos e o medo dissipava-se lentamente.

— Que tal uma cooperação? O que seu irmão acharia de derrubar Hiashi e Orochimaru? — ela indagou, segura. — Eu e Neji ajudaremos, é claro.

— Em troca de ele deixar vocês dois em paz? — Itachi perguntou, sarcástico. — Não, não acho que ele teria interesse em algo do tipo.

— Nada disso. — Ela gesticulou, conformada. — Em troca, quero que acoberte minha gravidez e que seu irmão espere derrubarmos Hiashi e Orochimaru antes de vir atrás de mim e de Neji.

— Não acho que ele faria um acordo desses.

— Nem pela amiga dele? — Ten-Ten desbloqueou o celular e caminhou até Itachi para mostrar a tela. — Hiashi sabe que foi ela que publicou aquela matéria caótica, e ele pretende "resolver o assunto". Se aceitar o que proponho, eu dou um jeito de nada acontecer a ela, convenço Hiashi a deixar que eu cuide disso.

— E o que significa deixar você "cuidar dela"? Eu sei que foi você que mandou invadirem a casa do meu irmão!

— Tinham me assegurado de que a casa estaria vazia. Eu mesma mandei que levassem seu irmão à merda da Akatsuki para garantir isso.

— Mas ela não estava! — Itachi rebateu irritado. — Sakura estava lá! Ela podia ter se ferido!

— Eu não recorro à violência, Itachi. Quis assustar o seu irmão revirando a casa dele e até tentei suborná-lo! Mas nunca mandei que o machucassem. Hiashi faz isso, não eu.

— Meu irmão nunca recebeu nenhuma proposta de suborno sua. — Itachi a olhou, desconfiado.

— Não? Então por que ele foi à Akatuski duas vezes com o meu dinheiro? Eu tive que fechar um acordo com o dono daquele lugar para convencê-lo a deixar um jornalista medido a fiscal político entrar lá! — Ela ouviu passos do lado de fora do quarto e abaixou o tom de voz. — Me ouça, Itachi, aceite a oferta, e eu ajudo a mulher e a pegar Hiashi. Não temos tempo, decida, ele não vai demorar a tomar providências a respeito dela. Ele prometeu atacar Sasuke e Naruto mexendo com aqueles que lhes são queridos. Você está aqui como prova disso, então, não vai demorar para ele ir até Sakura, ainda mais depois do que ela fez.

Itachi fixou o olhar no chão e apertou os testes de gravidez. Havia um banheiro anexado ao quarto, e ele chegou a mirar a porta dele por alguns segundos antes de sentir o toque gelado de Ten-Ten em sua mão.

— Por favor, vocês só têm a ganhar... — ela suplicou, a mão sobre o ventre, a voz baixa e rendida.

— Não os deixe entrar — Itachi respondeu ao soltar-se dela, contrariado, angustiado.

Ten-Ten sorriu ao concordar, o alívio tomou conta de suas feições assim que Itachi lhe deu as costas e entrou no banheiro. Ela se aproximou da porta do quarto, ansiosa, e colou o ouvida na madeira. Ouviu a voz impaciente de Hiashi e fechou os olhos. O celular vibrou: Neji. Não leu a mensagem, apenas digitou rapidamente "Confie em mim".

O que faria era arriscado, muito, e tinha boas chances de dar muito errado. Era essencial que planejasse os próximos passos cuidadosamente com Neji para que não fizesse tudo ruir como um frágil castelo de cartas. Era uma faca de dois gumes, mas era preferível cortar-se um pouco para conseguir proteger Neji e a si mesma. E, se tudo desse certo, conseguiria até mesmo um bônus...

* * *

Sasuke fez uma visível careta quando recebeu a mensagem do irmão avisando que se atrasaria. Sakura não pareceu se importar muito, ela pegou a chave do carro e deu de ombros ao fizer que o encontrariam no evento.

Dirigiram até a casa de Naruto, e Sasuke olhou, relutante, para Sakura quando identificou um dos carros estacionados na frente da casa. Sakura respirou fundo ao seu lado e desligou o carro antes de dizer:

— Espero aqui, vá chamá-lo.

Sasuke preferiu não discutir e saiu do carro, rapidamente, caminhando em direção à entrada da casa. Tocou a campainha e verificou o horário no celular. Ouviu a voz de Naruto, escandalosa, e sorriu minimamente ao vê-lo abrir a porta.

— Pronto? — perguntou ao observá-lo.

— Sim. — Naruto colocou as mãos no bolso e, então, pareceu um pouco sem jeito. — Mas teremos companhia se não se importar.

— Ele não tem que se importar com nada. — Ouviram uma voz se pronunciar, e Gaara apareceu ao lado de Naruto. — Já vamos? Ótimo, vou avisar Hinata. Seguiremos o seu carro... Sasuke, certo? Sou Gaara.

Sasuke olhou de Naruto para Gaara e apenas concordou com um leve acenar. Naruto soltou o ar pela boca assim que o amigo voltou para dentro da casa a fim de chamar Hinata e explicou brevemente:

— Hiashi mandou Sai para darem uma surra nele e divulgou nossos contratos. A situação está um pouco...

— Delicada — Sasuke completou olhando para Sakura no carro.

— Ah... ela também recebeu o contrato da Hinata, não é? — Naruto balançou a cabeça, cansado.

— Recebeu. — Sasuke avistou Hinata e Gaara se aproximando. — Vai comigo ou com eles?

— Com você. Preciso sair um pouco do olhar de censura daqueles dois. — Riu, coçando a nuca.

Sasuke sorriu de canto. Naruto parecia lidar com aquela situação com um bom humor atípico, contudo, ele conseguia ler por trás do riso forçado e da postura alegre. Deu um passo para frente, sério. A mão percorreu do queixo à nuca de Naruto, e ele se aproximou lentamente para capturar-lhe os lábios sem pressa alguma apesar de saber que Hinata e Gaara já estavam próximos à porta, aguardando-os. As mãos de Naruto foram ambas para sua camiseta, segurando-se nela na altura do peito enquanto ele o deixava conduzir o beijo. Era tão bom beijá-lo... o encostar dos lábios era como o cair da neve dos galhos das árvores quando a primavera chegava, trazia uma sensação única de florescer, e seria mentira dizer que não se sentia melhor após o gesto.

Afastou-se quando Gaara passou por eles sem se importar com a cena, manteve o olhar em Naruto e entrelaçou os dedos nos dele antes de sair puxando-o em direção ao carro. Passou o braço pelos ombros dele e, a poucos passos do carro, aproximou a boca do ouvido dele.

— Vamos a um discurso de Neji. Você está bem para isso?

Naruto respirou fundo e assentiu.

— Ótimo. Não esquente a cabeça. Vai dar tudo certo. Eu acho. — Sasuke piscou-lhe um olho antes de abrir a porta.

— Adorei o "acho" — Naruto ironizou e entrou no carro.

— Sakura? — Sasuke chamou ao se sentar no banco do passageiro e colocar o cinto. — Podemos ir. Hinata e Gaara irão nos seguir até lá.

Sakura não respondeu, ela apenas ligou o carro enquanto observava Hinata lhe sorrir docemente antes de entrar no próprio carro. Suspirou e estalou a língua no céu da boca começar a dirigir. Não sabia que Hinata iria junto com eles e, ao encarar Sasuke em busca de respostas, pareceu-lhe que não havia sido ideia dele.

O que faria? Não era a hora certa para conversar com ela, não era o momento ideal para a conversa que teriam. Aliás, nem sabia o que dizer! O choque já estava passando, sim, mas era pedir demais que ela simplesmente aceitasse aquilo tudo como Sasuke estava fazendo!

O coração pesava literalmente, ele marcava sua presença pulsando nos dedos que apertavam forte o volante, nas têmporas que, depois, lhe confeririam dor de cabeça, no peito, em tudo! Não podia falar com Hinata ainda, mas também não era certo ficar fugindo dela! Se ao menos tivesse ficado sabendo por ela...

Estacionou o carro depois de um bom tempo. Percebeu Sasuke olhar para Naruto no banco de trás e o ouviu pedir que ele fosse na frente. Quando Naruto saiu do carro, acenando para o carro de Hinata, Sakura pegou o celular: nenhuma nova mensagem de Itachi... Justo naquele momento Itachi tinha que ter outro compromisso?

— Sakura?

— Minha vontade é de dar meia volta — ela sussurrou ao cruzar os braços. Ele não respondeu. — Não sei como encará-la agora... parece que tudo o que tínhamos avançado foi resetado, sabe? Estamos do zero de novo, e eu odeio isso.

— Vai falar com ela?

— Vou, quer dizer, eu ia, mas aqui?

Sasuke concordou e abriu a porta do carro.

— Eu vou avisá-la de que você já sabe. Não, calma, eu não vou dizer nada além disso, mas não é justo deixá-la achando que está tudo bem — ele explicou, pronto para sair, mas se conteve. — Ah, só para você saber, Naruto havia me mandado uma mensagem de manhã avisando que eles três pediram demissão daquele lugar.

Sakura arregalou levemente os olhos antes de baixá-los e encarar o assoalho do carro. Sasuke saiu do carro e caminhou até onde Naruto estava com os amigos. Hinata estava séria, pensativa, e Gaara parecia mais irritado do que quando o havia cumprimentado mais cedo. Naruto lhe deu um sorriso fraco e, antes mesmo que perguntasse o que tinha acontecido, Hinata perguntou:

— Sakura não vai sair do carro? Ela irá me evitar agora que sabe?

A voz dela estava firme, embora a decepção e a conformidade estivessem visíveis flutuando pelo tom usado. Os olhos perolados refletiam o abalo pela rejeição, e Sasuke tentou pensar no que Itachi faria. Por ele, explicaria tudo da forma como havia acontecido, apontaria que aquela situação também era culpa de Hinata por ela ter escondido a profissão de Sakura, mas, se fizesse isso, tanto Sakura quanto Naruto não aprovariam sua atitude. Assim, era melhor agir como Itachi.

— Ela virá, mas ela prefere conversar sobre isso a sós com você, não aqui, não hoje — respondeu, calmamente. — Pode esperar um pouco?

Gaara bufou e passou o braço pela cintura de Hinata.

— Vamos entrar logo — ele disse. — Vão nos explicar o que viemos fazer aqui, Naruto?

— Lá dentro falamos disso — Sasuke interferiu. — Vamos? Já deve estar começando. É um discurso de Neji.

— Ah não... ver duas vezes esse cara no mesmo dia é demais para o meu estômago — Gaara resmungou, e Sasuke arqueou a sobrancelha ao se virar para Naruto.

— Duas?

— Lá dentro falamos disso — Naruto devolveu, passando o braço pelo de Sasuke e começando a andar até a entrada onde Sakura os esperava. — O que viemos fazer aqui exatamente, Sasuke?

— Itachi descobriu uma coisa, e eu quero que Neji confirme — respondeu, sério de repente. — Quero saber até onde eles foram juntos nessa.

Naruto não entendeu, mas uma mulher apressada chocando-se com seu corpo o impediu de perguntar. O lugar era aberto. Havia um palanque montado próximo ao lago do parque e as pessoas ao redor se aglomeravam. Dava facilmente para ver algumas pessoas com camisas do partido de oposição ao do Neji, a mídia também estava ali, preparada para gravar tudo, à frente estavam aqueles que apoiavam o prefeito, acenando e tirando fotos com ele como se fosse uma celebridade. Ao fundo, um coro, uma música qualquer inventada pela população apenas para protestar contra os desvios de verba de que Neji era acusado.

— Está mais cheio do que eu esperava — Sasuke comentou, baixo. — O que acha de uma foto?

— O quê? — Naruto arregalou os olhos e chegou a firmar os pés no chão quando Sasuke deu a ideia.

Sakura ao lado abriu a bolsa e pegou o celular, parando, atenta, quando percebeu o olhar de Neji sobre si.

— Sasuke... ele está me encarando ou é impressão? — ela indagou, recuando um passo e tocando o ombro do amigo.

Sim, estava. Neji tinha visto Sakura e parecia tê-la reconhecido. Ele saiu do grupo onde estava e chamou dois seguranças para acompanha-lo enquanto se distanciava do palanque com um sorriso educado no rosto. Sasuke analisou-o. Com certeza, Neji sabia que Sakura era a pessoa que havia feito o artigo e era por essa razão que ele caminhava tão espontaneamente na direção deles.

— Vamos — Sasuke chamou, segurando a mão da amiga enquanto Naruto praguejava ao seu lado e gesticulava para Hinata e Gaara.

Neji sabia que tinha olhos demais naquele lugar, porém, à sua frente, estavam justamente os dois jornalistas que infernizavam sua vida acompanhados de Naruto e aqueles malditos amigos dele. Ajeitou o terno e, quando se aproximava do grupo, indicou com a cabeça a área reservada à esquerda montada pelo partido. Ainda era aberta, todos poderiam vê-los, mas haveria uma distância mínima entre eles e a multidão e, além disso, o primeiro convidado logo começaria a falar, atraindo a atenção de todos. Com sorte, os jornalistas não se interessariam tanto por ele naquele momento e lhe dariam alguns minutos.

Pegou a água que a secretária lhe oferecia e agradeceu enquanto via o pequeno grupo parar à sua frente.

— Sakura Haruno, não é? — perguntou após tomar um gole. — Sua matéria de hoje foi... interessante.

— Fico feliz que tenha gostado — ela respondeu, esforçando-se para se manter séria e no lugar.

Neji riu, irônico, e pegou o celular ao senti-lo vibrar. Ten-Ten... Franziu o cenho ao ler a mensagem curta, Sai havia há pouco lhe avisado que Hiashi tinha levado um médico para casa a fim de averiguar o estado de saúde dela, então esperava bem mais que um "Confie em mim" para diminuir sua preocupação. Bloqueou o aparelho e voltou-se ao grupo.

— Gostar não seria a palavra, mas posso dizer que me entreteve — ele explicou, sereno, ciente dos telespectadores que podiam ter ao redor.

— Até porque gostar de uma notícia que o ataca indiretamente não é do feitio de um político corrupto, não é? — Hinata falou, sentindo Gaara apertar sua cintura em um pedido para que não fosse muito longe.

— Me ataca? Não vi onde a notícia me ataca. A notícia era sobre Orochimaru, certo, Sakura? — ele perguntou e bebeu mais um gole de água, incomodado com a forma analítica que Sasuke o observava. — Algum problema... Sasuke Uchiha, não é?

— Sim, tenho um problema e acho que você pode resolvê-lo — Sasuke respondeu, direto. — Há algum tempo, minha casa foi invadida e me disseram que foi a sua esposa que mandou que fizessem isso. Não, não precisa negar, Kiba Inuzuka, alguém que deve conhecer bem suponho, já nos assegurou dessa informação. O que eu quero saber é: quem contou a ela que minha casa estaria vazia naquele dia?

Neji deu de ombros, apoiando-se na mesa que havia atrás de si.

— Lamento que sua casa tenha sido invadida, mas como eu poderia saber quem fez isso? Aliás, não é educado acusar minha esposa sem provas. Quanto a... você disse Kiba? Desculpe, não sei de quem se trata. — Sorriu, frio, e a expressão de Sasuke tornou-se perigosa quando ele deu um passo à frente. — A conversa não está o agradando? Desculpe, também tive conversas bastante desagradáveis pela manhã. — Direcionou o olhar para Naruto. — Conversas essas, acho, que até mesmo foram gravadas.

— Não estamos gravando — Sasuke cuspiu, irritado. — E eu quero a minha pergunta respondida.

— É uma pena... eu só os chamei aqui para cumprimentar Sakura e para dizer que lamento saber que tenha sido demitida logo após uma excelente matéria. Além disso, também queria perguntar a Gaara se esse braço vai estar bom a tempo da exposição de Ino Yamanaka.

— Isso não é da sua conta — Gaara respondeu, indiferente. — Não sabia que se importava com a minha saúde.

Neji fez-se de indignado e levou a mão ao peito.

— Como não? Achei que eu até mesmo tivesse te ajudado a pagar uma dívida com pessoas que te matariam se não fossem pagas, não é? Eu só perguntei do braço porque imagino que não queira aparecer num evento tão conceituado com esse gesso. Já imaginou se aquela revista News recebe uma informação anônima de que foi um dos seus clientes que quebrou seu braço e lhe deixou esses hematomas? Tenho dó da artista... eu até que gosto dos quadros dela. Uma pena... não bastasse estar andando vigiada o tempo todo, agora teria um escândalo...

— O que quer dizer com "vigiada"? — Naruto espantou-se. — Neji...

— Me poupe, você me conhece melhor que isso. — Neji revirou os olhos. — Eu só fiquei sabendo que a garota da revista conseguiu o endereço de Ino e que agora está seguindo nossa pobre artista para ver se tira alguma informação do misterioso modelo. E, não, não tive nada a ver com isso, já estão atrás de Ino desde o dia da exposição.

— Já chega, eu não vim aqui para isso — Sasuke interferiu. — Me responda o que te pergun- — Parou de falar ao ouvir o toque do celular. Olhou a tela rapidamente: Itachi.

— Vá em frente. Nós esperamos. Parece que você não é o único com quem tenho assuntos, sabe? — Neji sorriu, cínico.

Naruto apertou a mão de Sasuke e se sentiu aliviado quando ele deu as costas a Neji para atender o telefone. Sem disfarçar, a expressão de Sasuke foi da raiva à incredulidade.

— O quê? Por que está aí? Como? — Ainda ao telefone, Sasuke se virou para olhar Neji que, naquele exato instante, atendia o celular também.

Naruto não entendeu. Sasuke desligou o celular pouco tempo depois, e Neji parecia tão chocado quanto Sasuke estivera segundos antes.

— O que houve, Sasuke? — Sakura perguntou, olhando para a expressão contrariada do amigo.

— Itachi — ele respondeu como se aquilo bastasse.

— O que tem ele? — Naruto questionou, confuso.

— Ele fez um acordo. — Sasuke riu, sem humor, com a raiva visível enquanto encara Neji.

— Com quem? — Hinata franziu o cenho.

— Com Ten-Ten — Neji respondeu ao desligar o telefone e massageou as têmporas. — Não acredito nisso...

— O que isso quer dizer exatamente? — Naruto elevou a voz ao perguntar.

— Quer dizer que ainda temos assuntos a resolver, Naruto, e que, agora sim, podemos ter uma conversa como você queria, Sasuke. — Neji ajeitou o terno e desencostou-se da mesa. — Se me dão licença, está quase na hora de eu me pronunciar. Ah, Sasuke, se não se importa, eu adoraria que fossem embora. Como seu irmão deve ter te falado, é "trégua", e isso quer dizer que não vamos repetir o que Hinata e Sakura fizeram com Orochimaru no seu discurso, não é?

Sasuke permaneceu parado, sem resposta, enquanto Neji passava ao seu lado e os deixava. Respirou fundo e fechou os olhos, engolindo a raiva e todo a fúria que seu coração bombeava para seu cérebro. Estava difícil manter a máscara de sob controle depois daquilo... Era bom Itachi ter uma explicação para aquilo, uma muito boa explicação, uma que não envolvesse "para sua segurança" de preferência!



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