27 - Empata Foda.
Respirei bem fundo pondo a mão no coração enquanto Renan parecia pouco se importar com aquilo, ele continuava metendo e metendo e metendo e ahh...
- Lucas! - Natan batia na porta. -Lucas!
- Que bagunça é essa? - uma voz feminina se faz ressoar pelo corredor de fora, pelo tom me parecia uma mulher de meia idade. Quem sabe a gerente do hotel?
- Ele não quer abrir a porta para mim.
- O seu marido? Pelo visto... - a mulher começou.
- Que marido o quê, é o meu irmão gêmeo que está aí dentro com alguém!
- Peço que se acalme, o quarto é dele e ele tem todo o direi...
- Porra nenhuma, tem alguém lá dentro com ele e eu acho que sei quem que é.
Renan que gemia baixo no meu ouvido e mordendo minha nuca diminuiu a velocidade das estocadas e começou a prestar mais atenção na conversa de Natan com a mulher.
- Se o senhor sabe quem é por quê ainda está aqui na frente do quarto de um hóspede do meu hotel gritando logo pela manhã? Será que serei obrigada a chamar o segurança?
Tentei me levantar mas levei uma estocada que foi até o estômago e suas mãos me apertaram firme. Foi como se ele tivesse gritado comigo "NÃO MANDEI SAIR DAQUI", difícil foi não gritar com a dor, tive que tapar a boca e fechar os olhos para não gemer alto, depois disso ele continuou a fazer sexo comigo como se nada tivesse acontecido. Uhum, cachorro.
- Pedro! Seu filho de uma puta, eu vou te matar! - Natan gritou.
- Senhor! Não vou repetir. - a mulher disse mais firme.
- Tudo bem, mas isso não acabou!
Depois aquele silêncio tomou conta, só se ouvia o som do saco escrotal do Renan batendo na minha bunda, bem pumba lá pumba mesmo.
- Empata foda do caralho esse seu irmão em. - disse Renan parando de se mecher, seu membro ainda estava em mim. - Quase me deu vontade de parar.
- Eu não duvido nada que ele vai descobrir que você está aqui. -falei logo para ver qual seria a sua reação.
- Quem liga? Ele não tem coragem de me peitar.
Okay, estamos falando do cabeção Mello do meu irmão ou de qualquer bundão por aí? Com certeza ele nã conhece o meu irmão, não mesmo.
- Você não conhece ele.
- Eu não tenho medo dele.
- A questão não é ter medo, eu é que tenho medo do que vocês podem fazer. Um é cabeça dura, o outro é ogro...
- Pera aí, então eu sou ogro?
- Sim, muitas das vezes você é sim.
- Esqueceu de tudo que já te falei?
- Não é só falar Renan, tem que ser, agir como fala comigo também sabe?
- Ahh para...
Renan saiu de baixo de mim e entrou no chuveiro, eu queria entrar também pois certos lugares que prefiro não citar estavam melados de mais e descomfortável agora que podia juntar as pernas como preferia.
- Você 'tá' dando as costas para mim por quê? - eu falei.
- Eu vou tomar banho ué, quer que eu enxergue o caminho como de costas para ele?
- Não me tira não, o que estamos falando é sério.
- Mesmo? E eu não sabia?
- Ai, com todas as forças do mundo, vai cagar. Não dá para conversar com você ficando irritadinho.
- Quem 'tá' aumentando o tom comigo aqui é você, eu só vim tomar banho.
- Okay, toma o seu banho então.
E me virei de costas para ele.
- Eu não acabei de falar.
- Olha só, que pena. Eu acabei, agora você sabe como irritar dar as costas para alguém.
Ogro.
E pensar que uma pequena D.R. se deu por causa dessa palavra, olha, tem que ter paciência para aturar um bebezão que nem ele e isso Deus não me deu, sou irritadíssimo.
Fiquei sentado na cama olhando para o edredom revirado e fiquei passando a mão nele, eu poderia ter sido o culpado da discussão mas não estava errado. Ou estava?
Renan quando saiu do banheiro apenas me olhou com cara de culpa e abriu a boca para falar mas eu estava irritado de mais com a atitude dele, eu precisava me acalmar para não me arrepender prolongando a nossa discussão, eu queria é chegar logo em casa. Isso sim que eu precisava, ficar quieto na minha cama ou no meu sofá apenas com os meus próprios pensamentos e o quase silêncio que tenho naquele lugar.
A água estava morna, ela queimava onde estava assado e incomodava muito, principalmente quando eu passei o sabonete líquido que uso, parecia um vulcão, o olho do satã.
Nunca mais me permito ficar assada dessa forma ou de qualquer outro jeito, Deus é mais.
Renan estava com sua roupa de ontem e eu me trocava agora, nada falamos nesse tempo. Ele me analisava e eu o evitava, era engraçada como uma coisa boba pode estragar o dia. Pior, eu e ele sabermos que a coisa é boba e não dar o braço a torcer.
Coloquei uma calça skinny branca e um suéter azul marinho por cima de uma blusa preta sem estampa, meu sapato de sempre e aquela cara de tacho.
Arrumei minhas coisas e coloquei na mala, verifiquei se não havia deixado nada fora da mala e a fechei. Renan me esperava na porta e abriu a massaneta para que passássemos mas a passagem estava barrada por duas pessoas:
Larissa e Natan.
Ambos de malas prontas sentados na bagagem de frente com a porta, Larissa parecia incomodada de estar ali daquela forma e olhou surpresa para mim e para o lutador. Já Natan pareceu não acreditar e entrou no quarto, passou pelo banheiro e voltou para fora.
- Você...??
- O que tem cara?
- Você e meu irmão...??
- Natan, eu falei para respeitar as decisões do seu irmão...
- Pera aí, eu preciso processar. Eu tô ficando maluco, e eu pensando que o maior filho da puta era a porra do Pedro e tem... Você! - ele apontou para Renan que o olhava com superioridade.
- Fica calmo brother, eu e seu irmão...
- São ficantes? Amantes? Namorados?
- Nenhum dessas alternativas. -ele falou seco. - A gente pode conversar depois que todos nós estivermos calmos pode ser?
- É Natan, só você não consegue ver que eles estão brigados... -disse Larissa o segurando.
Natan estava com o olho roxo e uma faixa na cabeça, seus olhos ferviam de raiva mas em nenhum momento ele olhava assim para mim.
Renan deu um passo e Natan se pôs na frente, ele então foi para a direita e o mesmo fez o meu irmão:
- Onde você vai? - ele perguntou.
- Cara, não é uma boa hora para me tirar do sério....
- Renan... - falei pela primeira vez.
- Natan... - Larissa alertou.
- Você é gay também cara? Qual que é a sua? O que ele falou para você Lucas?? Com certeza as mesmas ladaínhas que aquele escroto fez...
- Caralho mano, entenda de uma vez. Não é uma boa hora!
- Fala logo cara, você é ou não?
- Para Natan! - eu falei.
- Sou homem assim como você! - e empurrou meu irmão que estava tão ruim que cambaleou para os lados, sorte que Larissa estava ali para poder segurar ele.
- Foge mesmo seu filho da puta! Come e cai fora! - meu irmão gritou.
Foi a gota d'água essa frase, bati na cara de Natan chorando e peguei minha mala, fui pelo elevador de funcionários enquanto Renan foi na de hóspedes.
O caminho todo para casa eu predero não comentar, foi um climão que só, eu chorei em silêncio enquanto o lutador se remoía por dentro também, Larissa queria falar comigo mas tinha que controlar meu irmão. Uma bosta enorma isso tudo!
Duas semanas depois, segunda-feira, dia comum para uns e péssimo para mim. Tinha aula e não estava nem um pouco a fim de ir, se eu faltasse eu teria de aguentar meu irmão o que não estou conseguindo.
Me sobra mesmo ir para a escola e tentar disfarçar a minha tristeza, eu não falava com Larissa, nem com Natan e muito menos Renan. Das poucas vezes que nos vimos ele ficava indeciso se vinha ou não falar comigo, ele e meu irmão brigavam quase todos os dias, cada dia era um com um ematoma diferente e isso estava virando um inferno.
Inferno que eu não terei de aturar, não mesmo.
Caminhando pelo corredor da faculdade eu encontro com Priscila encostada na parede mechendo no seu celular, ela sorria para a tela com aquela cara de safada. Só podia ser uma coisa, um baita de um boy magia.
Vou até ela.
- Pri! - ela levanta um dedo para que eu esperasse e depois de terminar de digitar ela olha em minha direção.
- Viado! - ela sorri e guarda o celular. - Desculpa não ter te respondido ontem é que eu fui fazer aquele negócio...
- ... Que você não podia me contar, acredito que tem a ver com esses sorrisos e caretas para o celular. Tudo bem, todos temos segredos miga.
- Aiê, soou sarcástico! Mas sim, tem a ver sim com esses sorrisos e eu tenho que dizer aos poucos pois você vai tombar quando ficar sabendo com todo o conjunto.
- Querida, mais tombadeira que eu não tem como ficar. Já fui da lama pra titica de galinha em segundos querida, tem como ficar pior que isso?
- Tem. Mas agora eu tenho mais uma aula de anatomia, graças a Deus que não é mais um pé! Beijinhos.
- Vai lá, beijos.
Fui para a minha aula e segui assim até a última, sem muitos alardes e poucos mimis. O bafo aconteceu mesmo quando eu vi o Pedro na frente do ponto de ônibos que eu vou para casa.
De jaqueta de couro fechada e jeans escuros eu até o acharia bonito mas passei dessa fase, agora sou uma pedra. Uma pedra de gelo como já dizia a nossa querida Demi.
Tentei não parecer surpreso com ele ali mas ele me fitava desde onde não sei, era impossível disfarçar algo assim! Andei de vagar, procurei por sua moto e não a achei. Fechei os olhos e respirei fundo imaginando como que seria a minha viagem de volta para casa...
- Lucas! E aí? Faz tempo não é mesmo?
- Teria tempo se tivesse marcado algo na minha vida, desculpa esse lugar que você está na frente 'tá' desocupado?
- Amm... Cláro, pode sentar. Como você está?
- Não interessa. - bem seca mesmo, embora com a voz fonha possa ter soado engraçado.
Algumas pessoas do ponto que eram da faculdade começaram a olhar lara nós dois quase que discutindo, quer dizer, eu querendo discutir com ele já.
- Se não interessasse eu não estaria perguntando não é mesmo Lucas? Qual é, quero conversar só.
- Uma pena, eu passei dessa fase.
- De conversar?
- É, conversar com você.
- Olha eu...
- Pedro, eu realmente sinto muito mas eu não estou bem, eu preciso de espaço e olha lá o meu ônibos!
Quem diria em, eu dando um fora no Pedro. Salvo pelo gongo! Obrigado ônibos!
- Esqueceu que eu vou para o mesmo lugar que você Lucas?
Ai não...
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