Nos dias que se passaram, notei pequenas diferenças em meus outros sentidos e também em meu corpo.
Um deles é uma marca estranha em meu pulso, que mais se parecia com uma pequena teia de aranha. Eu evitava tocar nela, por pensar que poderia ser alguma infecção, mas a curiosidade tomou conta de mim.
Ao me certificar de que estava sozinha em quarto, tomei coragem e toquei a marca estranha. E qual minha surpresa? Uma teia saiu de meu pulso, fixando-se no pé da cama.
E foi difícil descobrir como tirá-la de mim.
Se saem teias de mim, então eu posso subir em paredes assim como o Homem-Aranha, pensei comigo mesma.
É, eu tenho que tentar.
— Gwen, seus amigos estão aqui! — Gritou meu pai da cozinha.
— Estou indo!
Peguei uma blusa de frio em meu guarda-roupa, a mais longa por sinal, e desci as escadas rapidamente, encontrando com Peter e Michele na sala.
— O que fazem aqui?
— Qual é a do casaco? — Perguntou Michele apontando para mim.
— Ah, isso? Última moda, não sabia? — Fiz pose.
— Na Antártida, né?
— Michele, deixa ela. — Disse Peter, em tom de voz firme deixando a nós duas surpresas.
Mi e eu nos entreolhamos. Peter estava estranho e não era recente essas atitudes um tanto grosseiras conosco, suas amigas. Mas Michele e eu não tínhamos coragem de perguntar.
-— Bom, vocês ainda não responderam minha pergunta. O que fazem aqui?
— Você nunca mais apareceu na lanchonete como sempre fazíamos depois da escola. E o Peter sempre arruma desculpas para sair. O que está acontecendo com vocês?
Michele recostou-se na poltrona, cruzando os braços.
Eu precisava inventar uma desculpa, eu não poderia dizer que estava explorando o meu "novo" corpo aracnídeo, ou ela e Peter surtariam.
— Não vão dizer? — Insistiu.
— Desde quando se interessa pelo o que nós fazemos? — Rebateu Peter.
— E quem disse que me interesso? Eu só estranhei o fato de a Gwen não me contar nada, já que ela é uma "tagarela".
Cruzei os braços, um tanto incomodada.
— Primeiro, eu não sabia que contar todos os seus segredos para sua melhor amiga, era chamado de "tagarelice". E já que não fui mais a lanchonete nesses dias, que tal irmos agora e colocar o papo em dia?
— Por mim tudo bem. E pra você, Peter? — Perguntou Michelle.
— Claro.
— Ótimo, então vamos.