Amor Interceptado - Série End...

By MariaFernandaRibeir2

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É claro que nenhuma mulher gosta de ser largada na cama após a primeira vez, para o cara te deixar pra sempre... More

Prólogo
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Epílogo
Próximas histórias e avisos - atualização 2018

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By MariaFernandaRibeir2

Marianne

—Eu senti! Foi um chute, né? — meu marido gritou por volta das seis da manhã.

Não muito depois de termos ido dormir, o bebê acordou e eu acordei o Sebastian pra sentir, já que ele queria sentir o segundo chute.

—Foi.

—Eu vi o Zack recebendo o primeiro chute, nunca odiei tanto alguém que eu gosto.

—Você estava longe demais. — respondi triste.

Ele esfregou o peito nu nas minhas costas.

—Estou perto o suficiente agora?

—Está perfeito.

—Ele gosta de se mexer, hein? Ei campeão, é hora de dormir.

—E se for uma menina?

—Você já pode fazer o exame para descobrir? — a esperança era clara na voz dele.

Comprimi os lábios.

—Não vou fazer o exame.

—Como assim? Como vamos organizar as coisas? Como vamos saber qual nome dar? E se ele sumir logo depois de nascer, o que vamos dizer pra polícia?

A última sentença me fez rir, e a carranca dele se aprofundou.

—Primeiro, podemos muito bem fazer um quarto unissex e não precisamos estar com tudo preparado até o dia do nascimento, e não, ele não vai ser sequestrado porquê tenho certeza que você estará em cima dele o tempo todo. Na hora que ele nascer a gente escolhe como o chamaremos, ter um nome já cria toda uma expectativa e como enfermeira devo dizer que as expectativas causam as piores quedas.

—É só um nome, Mary-Ann...

—Ele pode não nascer. — completei.

Ele grunhiu.

—Temos mesmo que ver esse lado ruim agora? Você é saudável, eu também, portanto as maiores chances são dele nascer com saúde. Se você não quer saber o sexo tudo bem, mas não diga que o bebê vai morrer. Ele não vai. Confio no meu instinto paterno, e ele está me dizendo que o bebê vai nascer ok. Temos coisas mais importantes pra discutir, como por exemplo: onde vamos morar?

—No Nebraska.

O espertinho arqueou a sobrancelha.

—Eu trabalho no Missouri.

—Ah, droga. É mesmo. Mas é só por seis meses!

—Docinho, teremos um bebê. Ficar levando as coisas pra lá e pra cá será estressante.

—Eu trabalho no Nebraska. — respondi baixinho, tendo certeza que já perdi essa luta.

—Vamos procurar algo pra você em Kansas City, se esse é o problema. — beijou meu ombro — Só precisarei adaptar algumas coisas em casa para ele, não é muito seguro para uma criança. Outra coisa, obstetra. Você tem um?

—Tudo bem, o Kansas não me parece ruim, é um estado interessante. Tenho o do hospital.

—Peça a ele a recomendação de um no Kansas. Por último, o que você não pode ingerir?

—Álcool, leite não pasteurizado e carnes cruas. Sushi, por exemplo.

—Ok. Isso é mais fácil do que pensei. Você não tem que ficar deitada como uma boneca de porcelana o dia todo, né?

—Não, grandão, eu não tenho. Isso acontece em gravidezes de risco, e eu não estou nessa.

—Se não está, por quê fica supondo o pior?

—Porquê minha vida é cheia dele.

Passado

Havia um tempo não muito longo desde que eu tinha feito a promessa de não deixar brincarem com o meu coração e já tinha dado merda.

Minha tia mais nova veio me visitar, e aproveitou que o Zack estava dormindo na escola em um evento anual, para me levar à uma festa. Peguei o endereço, e lá estava o garoto prodígio do futebol, Anthony Richardson, um cara bom de papo e companhia agradável.

—Você cursa o quê? — gritou sob a música.

—Enfermagem!

—Deve ficar quente num jaleco!

—Enfermeiros não usam jaleco!

—Oh, é mesmo. — ele bebeu mais um longo gole da cerveja dele.

—Você não deveria estar bebendo. — o lembrei.

—Essa é a graça. Vem cá, vamos pegar uma pra você.

Tentei recusar, mas o som ensurdecedor da música não deixou.

—Você transa com o Moore, né?

Recuei um passo.

—Era amiga dele, sim. Por quê?

—Ele é meio tenso, né? Já peguei a namorada, que disse que ele não faz nada além de jogar. Amo jogar, mas a gente tem que curtir a vida, sabe? Nunca sabemos quando ela vai acabar. Aqui, beba isso.

Ele pegou um copo com uma garota, e a mancha azul na borda do copo me deixou desconfiada, então troquei-os sem que ele percebesse. Ele bebeu tudo e eu também.

—Outra?

—Não, obrigada.

Me esgueirei pra fora e me vi no meio dos fumantes de todos os tipos de droga. Que tipo de festa é essa? Meu celular vibrou no bolso em uma mensagem. "Onde você está?" da minha tia. "No lugar onde você marcou, casa do Anthony, dã. Estou indo embora."

Andei um pouco, e outra mensagem. "Anthony? Ele mora muito longe, tipo muito longe mesmo. Droga, já sei onde você está. Estou indo te buscar. FIQUE LONGE DO QUARTERBACK!!!"

Fique longe do linebacker do Kansas Jayhawks também, completei pra mim. O Anthony era legal, tinha um charme encantador e parecia generoso, nada como o cara que me deixou sozinha na cama. Ela me buscou, me inspecionou procurando algum ferimento e arrancou o carro.

—Nunca mais leia uma mensagem só pelo número. Peça a alguém que leia pra você.

—O GPS do taxista nos mandou pra cá. Eu mostrei o endereço que você mandou pra ele.

—Ele confundiu o 4 com o 9. Vamos para a festa de verdade.

Fomos, curtimos e dançamos, até alguém desligar a música e aumentar o volume da televisão em uma sala. Fui até lá, curiosa.

"Anthony Richardson, declarado a próxima estrela do futebol profissional, acaba de falecer em um acidente de carro. A polícia disse que havia ecstasy na boca dele, e amigos disseram que ele estava procurando, hm, desculpem-me. — o cara forçou uma tosse — A enfermeira bonitona. É o que a droga faz com a cabeça dos jovens."

Presente

—Não vale, Marianne. Por Deus, o cara era mais viciado em drogas do que a Brittainy é em biscoito. Era uma questão de tempo até alguma coisa acontecer com ele, e você não tem culpa dele ter pegado o carro. Você fez o melhor pra você.

—Você acha? Minha amiga disse que eu deveria falar com a polícia, porquê o matei.

Algo me dizia que ele não tinha culpa. Ok, a festa era na casa dele e tudo mais, mas não consigo culpa-lo.

—Tá, o cara tentou te drogar e a culpa é sua? E a sua amiga ouviu o resultado da autópsia dele, que saiu dois dias depois? Ele teve um ataque cardíaco enquanto dirigia, culpa de uma outra droga, nem daria tempo da mistura que ele fez fazer efeito. Nem compare isso com a sua gravidez. O bebê não vai pegar um carro e batê-lo contra um muro.

Senti um chute de concordância e relaxei.

—Essa casa é sua ou da Indiana?

—Minha. A família dela vive por aqui, mas eu comprei a casa.

—Então você pode pegar água pra mim? Já que a casa é sua.

—Lá vou eu começar a atender seus desejos.

—Água é uma necessidade, não um desejo! Mas já que você falou, quero um daqueles doces cheios de glacê e chocolate.

Vestido só da calça, ele desceu. Sorri para o teto, finalmente sentindo a verdade.

Eu me casei com o Sebastian! A Leslie tem que saber disso o mais rápido possível. Pois como se tivesse lido minha mente, ela me ligou. Ele trouxe o celular cantante do outro quarto, e minha mala também, depois que voltou com a água e o doce. Atendi, o observando colocar minhas peças da mala no guarda-roupas.

—Marianne Ann Derren, onde diabos você se meteu por tanto tempo?

—Bom dia pra você também, meu amor. Senti saudades. — falei irônica e ganhei um olhar curioso do Sebastian.

—Eu não, você esteve aqui há pouco tempo. Estou limpando sua casa, seu quarto é um lixão.

Dei uma risadinha.

—Leslie, nem tente limpar meu quarto. Ou mantenha o celular perto, para chamar os bombeiros quando você precisar sair.

—Já deixei meu neto avisado, ele é bombeiro. — eu me lembro de você tentando me empurrar pra ele, pensei. — O que você estava fazendo? Achou um bonitão pra você aí, hm?

Sorri.

—Achei. Ele é tão bonito, Leslie, você não faz ideia. Sabe o que ele está fazendo agora? Arrumando minhas roupas. Não, ele já acabou.

Ele deitou atrás de mim, e me puxou pra perto.

—Qual o nome dele?

—Sebastian.

—Oh, como o do outro?

—É ele.

—Quem?

—O Sebastian. O outro é este.

—Você está na cama com o noivo? Marianne! Como você conseguiu? — tive que rir. Minha vizinha é muito estranha.

—Eu sou o marido dela agora. — ele se pronunciou.

—Ah! Eu sabia que vocês ficariam juntos. O bebê é seu! Ele é lindo, veja as fotos que ela tem. Não são muito boas, mas dá pra ver.

—Fotos? Quero ver.

—Leslie, tenho que desligar. Pra eu achar essas fotos aqui, acho que precisarei do seu neto.

—Ligarei pra ele, então. Tchau.

Revirei a mala, e me senti um pirata achando um tesouro quando as encontrei. Pulei na cama, e ele arregalou os olhos.

—Sem movimentos bruscos, o bebê está dentro de você.

Sorri, me desculpando. Esqueço disso. Entreguei a primeira foto.

—Não dá pra ver muito, é a primeira que ganhei. Um mês de gravidez.

Até as do segundo mês ele não ficou muito animado. No terceiro mês, reconheceu as mãos e pés. No quarto — e último das fotos, porquê estou no final deste — viu o bebê colocando o dedo na boca e chorou.

—Eu não acredito que também fiz essa coisinha. — falou — É tão perfeito. Olhe essa mão. Ele tem seu nariz. Quando ele sai?

—Você quis dizer quando ele nasce? Faça as contas. Estou no finalzinho do quarto mês e estamos em junho.

—Novembro? É algum tempo até lá. Dá tempo de organizar tudo e termos aulas.

—Aulas? De quê?

—De como cuidar de um bebê.

—Sebastian, — falei rindo — é como quando você cuidou da Brittainy. Não há segredos.

—Eu deixei ela cair duas vezes.

—Nesse caso, você vai às aulas. Eu trabalho com bebês quase sempre no hospital, não preciso de aulas. Me desculpa. — e não preciso de mais tempo em pé.

—Você vai me deixar sozinho nessas aulas? — grunhiu.

—Olhe seu tamanho, homem. Você consegue enfrentar gigantes, e aulas de paternidade sozinho não?

—Gigantes falam o que os irritam e o que querem. Bebês só gritam e choram!

Sorri.

—Você vai às aulas justamente para entender o que cada som é.

—Marianne, você vai mesmo me obrigar a fazer isso?

—Não estou te obrigando, você sugeriu e eu sei que você vai.  Será o pai mais babão desse país.

—Serei mesmo, mas esse é nosso segredo, ok? Se alguém do time descobre isso, minha paz já era.

Homens, sempre preocupados com coisas tão estranhas.

Sebastian

Só levantamos a tempo do brunch, e mesmo assim meio atrasados. Minha família ainda estava aqui, e o cozinheiro mostrava ao Zack como fazer um macarrão.

—Como é o nome do cozinheiro? — a Mary-Ann perguntou.

—Joseph.

—Hey Joseph! Cuidado pra ele não tirar o sal, a pimenta e a graça da comida! — provocou o irmão.

—Vá à merda, Marianne. — respondeu, e a Gwen saltou da cadeira e pegou um pote de dinheiro.

—Palavra feia!

Ele suspirou e tirou um dólar do bolso.

—Que diabos é isso? — perguntei sobre o pote.

—Mamãe, "diabo" é uma coisa feia também, não é? — perguntou à mãe, que assentiu.

Ela veio até mim com o pote.

—Caramba, menina. Você tem uns mil dólares aí! — menti. Se tinha cem já era muito.

—Se você falar palavra feia comigo perto, coloca um dólar aqui.

—E o que você vai fazer com esse dinheiro depois?

Comprar bonecas, brinquedos, equipamentos para o futebol, foi o que pensei. Mas a resposta me surpreendeu:

—Vou dar pra tia Marianne cuidar dos pacientes dela.

—Para o hospital, ela doará ao hospital.

A criatura tem menos de um quarto da minha idade e já faz o trabalho filantrópico que faço de vez em quando. Fomos comer, e a Marianne se esquivou de quase tudo, a salada de peixe, o queijo e iogurte caseiros, a mousse de maracujá, a manteiga caseira, acabou comendo só uma fatia de pão puro.

—É uma dieta que você tá fazendo ou o quê? — perguntei.

—Alimentos não pasteurizados, crus e esse peixe eu não posso comer. O bebê pode ter problemas.

—Você quer uma panqueca? Eu faço.

—Por favor.

Marianne

Eu tinha certeza que morreria do tamanho de uma baleia. Em três dias de casamento já ganhei um quilo — pela comida do Sebastian, e por odiar exercícios. Mas com o incentivo dele hoje cedo, o acompanhei para academia. Parecia uma sala de tortura.

—Pra você tem a esteira e a bicicleta. — apontou — Musculação não é recomendada.

Fui na bicicleta porquê podia ficar sentada. Não pedalei nem 5km direito e já estava morrendo.

Talvez o Zack estivesse certo e sou a visão do sedentarismo.

—Já tá ofegante, docinho? — ele franziu o cenho, largou os haltere e me ofereceu água.

—Eu te disse que odeio isso.

—Você fez 5km, está bom. Vá relaxar na piscina ou tire uma soneca no quarto. Descanse os músculos. — ganhei um beijo.

A piscina era tentadora, mas a soneca venceu. Desapareci do planeta por quatro horas inteiras, e só acordei porquê havia uma gritaria lá fora. Os três jogadores e a Gwen estavam jogando. Apesar de ainda ser verão, a mata que circulava a fazenda deixava o fim de tarde frio. Vesti o suéter que trouxe e sentei na escada externa, quase caindo em uma curta crise de labirintite. O barulho do meu desespero em ficar equilibrada chamou a atenção deles.

—Acordamos você? — o Sebastian perguntou, me levando de volta àquela tarde onde ensinava o Zack.

—É.

Ele sorriu.

—Vem cá, docinho, estou sendo derrotado por eles e preciso de reforços.

Levantei e fui até ele.

—O que faço?

—Segura a bola e corre. — sorriu.

Falar fazia parecer ser fácil. Mas pra mim foi. Ninguém queria interceptar uma mulher grávida. Levantei a bola quando marquei o primeiro touchdown da minha vida. Todos comemoraram comigo. O Sebastian me abraçou apertado, mas a Gwen o cutucou.

—Ela é minha pima, eu também quero abraçar. — tropeçou na palavra. — Ela chegou primeiro pa mim.

Ninguém a corrigiu sobre isso, ela não precisava saber do que aconteceu antes dela nascer. A abracei apertado.

Gwen é tão inocente que nem dá pra sentir algo ruim por ela <3 Na tag da AJ vai ter sorteio de marcadores, então fiquem ligados e não esqueçam de participar! :)

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