Um novo amanhã l.s

By AnonimaLarry

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Louis e Harry sentados sob uma árvore... se b-e-i-j-a-n-d-o... Bem, talvez não fosse uma árvore, mas houve di... More

PRÓLOGO
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EPÍLOGO

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By AnonimaLarry




  Louis adorou aquele dia. Foram horas tranquilas passadas em clima alegre com seus amigos e familiares, cheias de riso e calor humano. Seu coração parecia transbordar de felicidade.

Preocupava-o pensar em como seria sua vida quando Harry e Gretchen retornassem a Nova York. Não havia imaginado a força desse temor até os dois chegarem à sua casa e preencheram todos os espaços vazios.

Quando Harry partiu havia longos cinco anos, Louis ignorou a perspectiva de sentir solidão, preocupado demais em criar as queridas irmãs. Mas quando Susie se casou e Margaret foi estudar fora da cidade, a sensação de isolamento surgiu com uma intensidade torturante. Até mesmo suas visitas a Poppy não eram capazes de dissipá-la.

Virou-se quando Harry entrou na cozinha e sorriu.

— Onde estão todos? — Perguntou ele.

— Foram embora. Poppy levou uma certa garotinha cansada para casa. Eu decidi ser justo e ficar para ajudá-lo a limpar as coisas, já que você fez toda a comida.

— Ótimo. Detesto ter de enxaguar pratos e colocá-los na máquina de lavar.

Secou as mãos, deu-lhe uma esponja, então sentou-se à mesa e fez um gesto na direção da pia.

Harry riu.

— Eu esperava um pouco mais de luta — murmurou ao dedicar-se à tarefa.

— Não quando o assunto é este — respondeu-lhe.

Acomodou-se melhor na cadeira, feliz por ele ter decidido ficar.

— Foi um dia e tanto, não foi? — Indagou Louis, pensando se Harry sentia a mesma magia em seu coração.

— Sim, foi.

— O que acha de uma xícara de café?

Louis queria fazê-lo ficar, gostaria que os dois se sentassem juntos à mesa e conversassem sobre o dia como se fossem casados havia muito tempo. Gostaria de ter essa ilusão, prolongar um bocado a magia.

— Parece-me uma boa ideia.

Em minutos o café estava sendo coado, o cheiro forte invadindo a cozinha. Harry colocou a última travessa na lavadora de pratos e Louis serviu uma xícara de café a cada um.

— Que tal retornarmos à varanda? — Sugeriu ele. — Detesto desperdiçar uma linda noite.

Seguiu adiante e os dois se acomodaram em confortáveis espreguiçadeiras postas lado a lado.

Louis estava plenamente consciente do calor das coxas de Harry contra as suas, algo capaz de transpor até mesmo o tecido grosso da calça jeans.

O perfume delicado dos cabelos cacheados era trazido pela brisa e ele lutava contra a onda de desejo que chegava a tirar-lhe o fôlego.

Observou-o beber o café, então fitar sonhador a noite escura.

— Acho que as estrelas ficam bem próximas da Terra nessa região de Londres, mais do que em qualquer outro lugar do mundo — disse suavemente.

Louis sorriu.

— Lembra-se de quando éramos jovens e acreditávamos que vagalumes eram estrelas caídas do céu?

Harry riu, o som chegando diretamente ao coração de Louis.

— Havia me esquecido disto. Raramente se vê estrelas em Nova York. As luzes e a poluição fazem crer que as estrelas desapareceram para sempre.

"Fique aqui", pensou ele, seu coração implorando para que as palavras fossem proferidas.

"Fique no lugar onde as estrelas sempre estão no céu. Fique e faça parte de minha vida."

Louis mordeu a língua para manter-se calado. Nada ganharia ao penhorar seu coração. Sabia que Harry retornaria a Nova York, em busca dos sonhos que dirigiam sua vida... Sonhos que sempre estariam entre os dois.

Afastou os pensamentos, recusando-se a lidar com as circunstâncias infelizes que não poderia alterar. No momento, simplesmente queria apreciar os momentos a seu lado, sem recriminações amargas do passado e sem visões fantasmagóricas de um futuro sem sua adorável presença.

Pousou um braço sobre seus ombros e Harry se inclinou contra seu corpo, assim como fizera centenas e centenas de vezes antes, tempos atrás.

Não havia nada sexual naquele gesto, apenas uma proximidade serena, calcada na confiança e nos laços profundos da amizade.

— Margaret e Susie estão maravilhosas, Louis. Você fez um trabalho e tanto com as duas.

— Eu apenas sinto que mamãe não esteja aqui para vê-las. Teria se sentido muito orgulhosa delas e também de você.

Harry suspirou, um suspiro muito suave contra o pescoço de Louis.

— Eu gostaria de conseguir me lembrar melhor de meus pais — disse ele. — Isto costumava me apavorar. Os dias se passavam e minhas lembranças se tornavam mais fracas e frágeis, até que um dia eu mal pude me lembrar da aparência dos dois. Então houve uma vez em que eu fiquei feliz por não me recordar, porque estava muito bravo com eles.

— Bravo?

— Eles me abandonaram. Era assim que eu sentia. Sei que é irracional, mas eu não estava bravo porque haviam ido embora e jamais retornado, mas porque haviam me deixado com um homem que era incapaz de me amar.

Ficou silencioso por um momento e então continuou:

— Poppy jamais conversou sobre meus pais. Nós nunca mencionamos a existência deles durante todos os anos em que morei com meu avô.

Louis ficou em silêncio, sabendo por instinto que Harry precisava conversar sobre aquele assunto, mas intrigado com essa nova faceta de sua personalidade, uma visão que ele jamais havia lhe mostrado antes.

Em todos os anos de amizade compartilhada, de devoção um ao outro, o então namorado nada falou a respeito de seus pais. Fora o único tópico que Louis sempre soube estar além do limite do relacionamento.

— Conte-me do que se lembra — pediu-lhe.

Harry mais uma vez olhou para as estrelas.

— Coisas poucas e inconsequentes, apenas isto. Como o cheiro do perfume favorito de minha mãe e a maneira como sua mão passava em minha testa. Lembro-me do riso de meu pai. Era um som forte... eu adorava.

Fitou Louis, o verde de seus olhos se escurecendo devido à emoção intensa. Seria apreensão? Medo?

— Harry... O que é isto?

Ele terminou de beber o café e então pousou a xícara no chão.

— Crescer sem os pais sempre deixa um vazio, não é mesmo?

Louis pensou em seu próprio pai, que falecera quando ele tinha quinze anos e então na perda da mãe, quando contava vinte e dois. Ambas as mortes haviam definitivamente deixado para trás um espaço difícil de ser preenchido.

— Sim, mas as coisas acontecem. As pessoas morrem.

— Seria algo terrível manter uma criança e um pai longe um do outro se ambos estivessem vivos — Harry afirmou enigmaticamente.

Louis sentiu um estranho desconforto. Onde ele pretendia chegar com aquilo? O que estaria se passando em sua mente?

— Harry, o que você quer dizer com isso?

Ele ficou em pé e caminhou pela varanda, dando-lhe as costas. Louis podia notar a tensão nas linhas rígidas daquele corpo e uma ansiedade crescente tomou conta de seu ser.

— Converse comigo, Harry.

Obedecendo ao apelo, ele se virou, mas não o fitou diretamente. Concentrou a atenção em algum lugar por sobre o ombro de Louis, como se achasse impossível encará-lo de fato.

— Gretchen é sua filha, Louis.

Foi como se tivesse falado em outro idioma. Por um momento, as palavras não lhe fizeram sentido e Louis arregalou os olhos, tentando compreender a realidade.

Gretchen era sua? Como era possível? O que Harry estava tentando fazer?

Engoliu em seco, lutando contra a estranha combinação de emoções.

— O que quer dizer? — Perguntou-lhe, a voz ríspida até mesmo para seus próprios ouvidos.

— Ela não tem três anos. Tem quatro. Foi concebida na noite anterior à minha partida para Nova York. É sua filha — repetiu.

Uma alegria intensa invadiu o coração de Louis. A pequenina era sua... sua filha, sua garotinha. Pudera sentir uma conexão tão forte com a menina, a despeito de sua própria relutância em agir daquele jeito.

Instantaneamente a alegria foi substituída pela raiva, uma raiva intensa ao perceber o quanto da infância de Gretchen ele perdera.

Não, perdera não. Fora-lhe tirada. Roubada por Harry.

Caminhou em sua direção, parando a centímetros de distância de seu corpo.

— Como você pôde? Como conseguiu manter isto longe de mim o tempo todo?

A expressão dele mostrava o quanto lamentava o que fizera. Estendeu-lhe as mãos como em uma súplica.

— Louis, eu já estava em Nova York quando percebi que estava grávido.

— Por que não me telefonou? Escreveu ou me contou? Eu tinha o direito de saber.

As palavras explodiam e ele parecia se encolher ante as acusações. Louis deu um passo para trás, o coração pesaroso.

— Você tem razão. Tinha direito de saber, mas naquela época havia diversas razões para eu não lhe contar.

— Que razão você poderia ter tido?

— Você sempre foi um homem honrado. Eu sabia que insistiria para que fizéssemos a coisa certa, nos casássemos. Naquela época, você cuidava de sua mãe e tentava criar as duas irmãs. A última coisa de que você precisava era de mais uma responsabilidade... Mais dois fardos.

— E você sabia que eu insistiria para que retornasse — acrescentou com amargura. — Você teria de desistir de seus sonhos.

Ele assentiu levemente, como se o pensamento lhe causasse dor. Ao menos não havia negado aquilo.

— Talvez isto tenha mesmo pesado. Já não tenho mais certeza.

Por um momento, nenhum dos dois disse uma palavra sequer. Ele permaneceu apoiado à amurada, na defensiva e Louis lutava contra a raiva profunda que ainda o assolava, um ódio misturado com uma sensação de júbilo.

Gretchen era sua. Nascera com seus genes, uma continuidade da linhagem de sua família. Era uma criança não apenas de seu corpo, mas de seu coração.

— Louis... sinto muito — sussurrou e colocou uma mão em seu braço.

Ele afastou seu toque.

— Sente muito? Você tem ideia do que me roubou? Eu nunca a carreguei recém-nascida, jamais terei outra chance de ver seus primeiros passos. Momentos preciosos de sua infância se perderam para sempre para mim.

Harry soluçou e seus olhos se encheram de lágrimas, mas Louis permaneceu alheio às suas emoções, confuso demais com as próprias.

— Louis, eu estava apenas tentando fazer o que era melhor para todos, porque eu o amava.

Ele riu. Um som amargurado e rouco.

— Amor? Harry, você não tem ideia do significado desta palavra.

Lágrimas turvavam a visão de Louis e ele deu outro passo para trás, precisando manter alguma distância para procurar compreender o que acabara de saber.

— Não vê o que fez? — Indagou ele, o tom de voz indicando a dimensão de sua incredulidade.

— Como pôde passar todos aqueles anos a meu lado e não saber o quão importante isto seria para mim? Noite após noite ouviu meu relato sobre os sonhos de ter uma família, ser pai.

Mais uma vez emoções conflitantes o tomaram, com muita força, a ponto de impedi-lo de falar.

Lutou bravamente, piscando com força para deter as lágrimas.

— Você teve meu sonho exatamente em suas mãos durante os últimos cinco anos, mas o manteve longe de mim. Isso não é amor, Harry! E eu não sei se um dia poderei perdoá-lo.

— Sinto muito — disse ele suavemente.

Hesitou por um momento, como para acrescentar alguma coisa, mas então saiu da varanda e desapareceu na escuridão da noite.

Não deveria ter-lhe contado. Minutos mais tarde, Harry sentava-se em meio à escuridão de seu quarto, olhando janela afora, lágrimas caindo por seu rosto. Culpava-se por ter contado a verdade a Louis.

Nutrira esperanças de que, naquela noite, finalmente se tornaria parte da vida de seu amado.

Achara que de alguma maneira conseguiriam deixar o passado para trás e começar a construir um futuro juntos.

Como fora tolo!

No exato instante precisava decidir seu futuro, se deveria permanecer em Holmes Chapel ou retornar a Nova York.

As palavras de Louis ecoavam em sua cabeça, dizendo-lhe que talvez jamais fosse perdoado.

Seu coração estava despedaçado. Como poderia ficar ali e vê-lo todos os dias, observá-lo namorar outras mulheres, talvez até casar-se?

Como poderia testemunhar a construção de um futuro que não a incluiria? Morreria por dentro.

Sem Louis, o que lhe restava naquele lugar?

Seria melhor que retornasse a Nova York, continuasse a perseguir os sonhos que um dia o haviam motivado e sustentado. Lá não haveria Louis, o peso de sua decepção, sua amargura, a assombrá-lo.

Quando o sol começou a nascer, Harry já havia tomado uma decisão. Nada havia para ele naquele lugar. Poppy jamais se importara com sua existência e atualmente ele não poderia contar com o amor de Louis para contrabalançar a antipatia do avô. Talvez pudesse encontrar alguma espécie de felicidade na cidade grande, afinal.

Embora preferisse guardar um pouco mais de dinheiro, decidiu ser melhor partir logo no dia seguinte. Aquilo lhe daria tempo para fazer as malas e ter uma boa noite de sono.

Decisão tomada, desceu à cozinha para fazer café, sabendo que seria impossível dormir. Foi para a varanda com uma xícara, querendo ver seu último nascer de sol perto de Louis.

Observou o horizonte ser tingido de diversas cores, mas em seu coração tudo era negro.

Subitamente percebeu que fora trazido de volta pela ridícula esperança de que ele e Louis pudessem retomar o que haviam rompido anos atrás. A alegria e plenitude de estar seguro naqueles braços jamais foi superada por qualquer outra experiência de sua vida.

Louis tinha razão. Ele lhe roubara um sonho. Um arrependimento muito grande o tomou ao se lembrar das palavras que ouviu. Sempre soube o quanto ser pai esteve presente nos sonhos de Louis.

Fora egoísta e temeroso. Receara perder Gretchen. Ficar sem ninguém. Desde o momento de seu nascimento, a menina fora a única pessoa de sua vida a lhe oferecer amor incondicional, comprometimento total.

Era estranho, mas não havia considerado que, ao manter Gretchen distante de Louis, estava privando a filha de um relacionamento muito importante, do amor de um pai especial.

Precisava enfrentar o fato naquele momento. Admitir que, agindo de maneira egoísta, não quisera partilhar sua filha com ninguém. Receara que, se fizesse aquilo, lhe restaria menos amor.

Como era fácil notar os erros quando já era tarde demais para consertar as coisas. Seu olhar migrou do esplêndido nascer de sol para a casa de Louis.

Ele o odiava. Vira aquele brilho em seus olhos.

Nada seria capaz de mudar o que havia feito. Entretanto, o prejuízo poderia ser menor se ele lhe desse algum tempo com Gretchen.

Quando retornassem a Nova York, Harry lhe escreveria, fariam algum acordo quanto à custódia.

Os dois poderiam lidar com aquele assunto como se fossem um casal divorciado. Gretchen passaria diversas semanas durante o verão e feriados ocasionais em Holmes Chapel com Louis.

Estabeleceriam um acordo civilizado, para que ambos tivessem espaço na vida da filha. Espaços na vida de Gretchen.

Aquilo soava tão frio, tão civilizado.

Harry terminou de tomar o café e retornou à cozinha, surpreendendo-se ao ver Poppy sentado à mesa.

— Não o ouvi descer a escada — murmurou ao lavar a xícara.

— Tenho estado acordado há algum tempo. Não dormi bem.

— Deve ser esta gripe que está pegando todos — respondeu secamente.

Guardou a xícara no armário e virou-se para encarar o avô. Ele lhe pareceu estranhamente velho e cansado naquela manhã e por um momento Harry relutou em lhe dizer qualquer coisa.

Mas Poppy teria de saber mais cedo ou mais tarde de seus planos e era melhor que lhe fosse dito imediatamente.

— Gretchen e eu partiremos amanhã.

— Por quê?

— É hora de retomarmos nossas vidas.

— Você falou a Louis sobre a menina?

— Eu lhe disse.

— E ele permitirá que a leve embora?

Harry enrubesceu de raiva.

— Não tem opção. Ela é minha filha e irá aonde eu for.

— Mas Louis é o pai.

— Eu providenciarei para que ele tenha oportunidade de ver Gretchen e passar algum tempo a seu lado — respondeu-lhe. — Darei um jeito para que minha filha volte para cá para visitas ocasionais.

Poppy levantou-se e foi até a pia. Encheu um copo de água e bebeu enquanto Harry lutava contra as lágrimas.

O que havia de errado com ele? Partir era a decisão correta, a melhor. Então por que sentia uma dor tão profunda em seu coração?

Estava apenas cansado, exausto, aconselhou-se.

Poppy se virou, os olhos cheios de uma tristeza que o fez sentir-se pior do que estava.

— Gretchen não quer partir.

— Ela é uma criança, não sabe o que é melhor — ponderou Harry.

— Mas não terá uma vida decente — argumentou Poppy, colocando o copo com força sobre o balcão. — Viver em uma cidade grande cheia de concreto e barulho... isto não será adequado a uma criança.

— Muitas são criadas na cidade de Nova York, crescem e se tornam adultos felizes e bem ajustados.

Poppy praguejou e Harry sentiu sua raiva aumentar.

— Não torne as coisas mais difíceis para mim do que já estão. Não posso ficar. Não posso ser feliz aqui.

Poppy ficou em silêncio, assim como em tantas vezes durante o passado de Harry. Era um silêncio crescente que se expandia e preenchia todo o ar.

Estava decepcionado. Um silêncio de decepção, jamais de amor.

Como antes, Harry estoicamente sofria com a ausência de palavras, resignada ante o fato de que Poppy jamais o amaria. Mas subitamente o silêncio opressivo causou efeito diferente e o fez falar.

— Eu sei que o senhor não me quer aqui. Eu achei surpreendente que tenha conseguido amar Gretchen quando nunca foi capaz de me amar.

— Não julgue o que eu sinto ou deixo de sentir! — Exclamou Poppy.

— Eu não tenho de julgar — Harry falou, a voz em tom alto conforme velhas emoções e amarguras o tomavam. — Eu testemunhei tudo isto. Convivi com seus silêncios e sua frieza. Passei cada dia sabendo que não me queria aqui, mas não havia lugar para onde eu ir, ninguém mais me queria.

Lágrimas quentes caíram por seu rosto, conforme externava mágoas antigas, sentimentos guardados durante uma infância repleta de desamor.

— Harry...

Ele ergueu a mão, não querendo ouvir nada do que o avô tinha a dizer. Quaisquer palavras de conforto que ele pudesse arranjar não seriam legítimas, espontâneas. E pelo menos até aquele momento, Poppy jamais havia mentido para ele.

— Gretchen e eu vamos partir amanhã de manhã e nada do que disser mudará este fato.

Sem aguardar por resposta, saiu pela porta dos fundos, batendo-a atrás de si com força. Correu para o milharal.

Uma vez entre fileiras de pés de milho, deixou-se cair ao chão, soluçando a tristeza guardada por tanto tempo.

Todas as lágrimas que se recusara a deixar fluir na infância naquele instante foram libertas.

Pela primeira vez, chorou a morte dos pais em um trágico acidente de carro.

Chorou pelo garotinho que fora, alguém que tão desesperadamente precisara do amor de um homem velho que nada lhe oferecera.

Finalmente, chorou pelo homem que se tornou. Finalmente percebera que seus sonhos verdadeiros eram ficar ao lado de Louis. Esperara poder tornar-se parte de sua vida. Mas era tarde demais para ele. Tarde demais para os dois.

Sentiu um vazio enorme, um espaço em seu coração completamente desprovido de calor e vida.

Antes, tivera seus sonhos para sustentá-lo, mas atualmente eles haviam sumido, assim como Louis.

Harry não soube quanto tempo permaneceu escondido no milharal, permitindo que antigas tristezas e novas decepções o possuíssem.

Finalmente secou a última lágrima e passou a buscar uma força que sempre foi sua.

Não mais choraria. Já derramara lágrimas suficientes em coisas que não poderiam ser alteradas.

Era hora de caminhar adiante. De arrumar suas coisas e se preparar para a viagem.

Ficou em pé e começou a caminhar de volta à casa. Já havia percorrido metade do caminho entre o milharal e a residência quando Gretchen apareceu à porta dos fundos, ainda de pijama.

— Papai... Há algo errado com Poppy! — Gritou a menininha. — Ele está dormindo no chão da cozinha e não acorda!

Um medo mortal passou pelo corpo de Harry. Por um momento, parecia que seu coração havia parado.

— Oh, não! — Gritou finalmente e correu para a porta dos fundos.

Irrompeu na cozinha, seu olhar instantaneamente pousando no avô.

Ele estava estirado no chão, o rosto acinzentado. Imóvel.

— Poppy! — Gritou e ajoelhou-se a seu lado.

— Papai! — Chamou Gretchen, a voz demonstrando o medo que sentia.

— Tudo vai ficar bem, querida — falou Harry ao abrir rapidamente os primeiros botões da camisa de Poppy e o colocar em posição para fazer massagem.

Ele estava imóvel, terrivelmente imóvel.

— Quero que você seja uma menina grande e telefone para o tio Louis. Diga-lhe que Poppy está doente e que ele precisa vir para cá imediatamente.

Gretchen correu para o telefone. O pai lhe disse qual era o número e a menina cuidadosamente discou.

Harry mal ouviu a filha relatar o recado a Louis. Fazia as massagens cardíacas como um autômato e rezava para que o confronto que havia tido com o avô não o tivesse matado




Estou curioso! Deixem aqui suas opiniões sobre cada personagem por favor.

Louis

Harry

Poppy 

Quero saber o que estão achando de suas ações nesta história :) 



DOIS CAPÍTULOS PARA O FIM, beijos.


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