Amor Interceptado - Série End...

By MariaFernandaRibeir2

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É claro que nenhuma mulher gosta de ser largada na cama após a primeira vez, para o cara te deixar pra sempre... More

Prólogo
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Epílogo
Próximas histórias e avisos - atualização 2018

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By MariaFernandaRibeir2

Meus ex's e oh's,
Eles me assombram.
(Ex's & Oh's - Elle King)

Marianne

Novembro se arrastou como o tempo de um criminoso no inferno. Devagar, dolorosamente, e muito, muito frio. Tá, a última característica não é própria do lugar em questão, mas cada dia que saí de casa eu sentia minha pele queimar de uma maneira diferente, o que, presumo, traz uma semelhança. O Zack pegou a mania de ver os jogos do Chiefs também, não bastasse os Chargers. Ele via os do time do Kansas só pela Brittainy, que só vê pelo irmão. A garota é namorada dele, ele só não admite. A pior parte dessa nova mania foi a que passei a ser obrigada a ver a cara do Sebastian todo domingo. Nem Jesus eu via todo domingo e tenho que ver ele.

—Ah cara, não, por aí não! — meu irmão gritou vendo o jogo.

Desci para ir trabalhar e consegui a atenção do Zack.

—Você vai trabalhar de novo hoje? Quando vai tirar férias?

—Não sei, tenho a sensação de que precisarei delas para alguma coisa em breve. Se cuida!

Foi uma noite movimentada. Os pacientes do código preto estavam na minha ala, então os atendi bastante. Tinha um cara bonito pra caramba, cujo fui ajustar o cateter.

—Você já teve a sensação de que sua vida estava perdida, enfermeira? Que você não pertence a nenhum lugar e nem a ninguém?

—Ainda estou perdida, não é uma sensação. — sorri tristemente.

—Eu estava indo pedir minha namorada em casamento. Pouco antes do acidente, um amigo mandou uma mensagem dizendo que a amava, e que sentia muito por mim, mas que ele tinha pedido primeiro e ela aceitado. Entrei no ônibus em busca do resto da minha vida, e foi a morte quem me abraçou.

Geralmente me desligo da falação dos pacientes, mas me identifiquei com esse.

—Há alguns anos conheci alguém especial. — contei — Pensei que era pra sempre, desejei que fosse, me entreguei de corpo e alma, para ser dispensada como nem uma pessoa que trabalha com isso mereceria, depois que ele tirou minha virgindade. Me perguntei demais onde foi que errei, e porquê as coisas não podiam dar certo pra mim. Nunca tive a resposta, mas não precisei. Conseguir acordar todos os dias já era o maior trunfo. Afaste quem faz parecer que acordar é um martírio, é a dica que te dou.

—Quem foi o louco? Você é bonita e legal, enfermeira. Não deixe esse cara estragar a história que o mundo guarda pra você. Esse acidente me mostrou que eu não posso me prender às pequenas coisas ruins, porquê você pode estar preso à uma quando partir. E acredite em mim, pelo menos dez pessoas naquele ônibus guardavam um tipo de rancor. É meu maior medo, sabe?

Dei uma risadinha.

—Morrer irritado com alguém? É a primeira vez que escuto isso. Geralmente o maior medo é só da morte ou de agulhas.

—Acredito que levar um sentimento ruim para o outro lado não seja uma coisa boa.

—Eu também não. Por isso já perdoei o louco. Seu cateter está pronto. Não encoste nele, por precaução.

—Enfermeira? Se o louco não te quiser, saiba que moro aqui perto. Na verdade não é tão perto, mas não é no Canadá também. Procure por mim se algum dia você for pra Kansas City. — piscou.

Ótimo, vida. Ótimo.

—Se por ventura eu for parar em Kansas City, procurarei sim, Leo. Descanse um pouco agora.

Recebo convites do tipo todos os dias, mas um convite de um cara tão bonito e legal é a primeira vez. Quem sabe eu não o procure em um dia que o Sebastian estiver na Chechênia? Quando entrei em casa de manhã, o Zack estava na sala.

—Zack, onde fica a Chechênia? — perguntei por curiosidade.

—Rússia. Por quê? Tá querendo se mudar pra lá?

—Não, não. É muito difícil enfiar uma pessoa num avião? A Rússia é longe o suficiente, né?

Ele me deu um beijo na testa e me olhou.

—Você e suas ideias malucas. Vá dormir um pouco.

—Ei, eu mando aqui.

—Não quando você passou a noite toda de pé e chega em casa querendo saber da Chechênia. Ah, você recebeu flores. Diga para o cara da Rússia que, se ele quebrar seu coração, você tem um irmão de dois metros de altura. — brincou.

Onde estavam seus dois metros quando precisei deles? Ah é, seis anos longe de nós. Fiz o que ele mandou, dormi um pouco. Dez horas depois eu já estava na sala, ouvindo notícias sobre o tal acidente. As fotos fizeram meu estômago embrulhar. A medicina de emergência não me prepara para fotos onde há ursos de pelúcia manchados de sangue. Meu celular interrompeu a falação dos jornalistas, e só então vi que ele tinha mais mensagens do que nunca.

"Marianne?"

"Marianneeeee?"

E cada vez mais letras "E" eram acrescentadas. Haviam outras mensagens com conteúdo que não entendi o que era, todas do Sebastian. Por desaforo por ele ter mandado coisas escritas, fucei o perfil dele antes de responder. Descobri que ele estava noivo de verdade, e a mulher era tudo que eu nunca seria: formada em um curso de engenharia — e descobri isso pelo bonequinho que ela segurava na foto da formatura, elegante e companheira do Sebastian. E bonita. Muito bonita. Droga, o que ainda estou fazendo no perfil dela? Eu ia sair de lá, mas vi algo e ativei o modo tortura. Um álbum deles dois. Haviam fotos deles em cada cidade que ele jogou na última temporada. Fechei o computador e fiquei encarando a parede.

Querem saber? Ele que aproveite o que ela tem pra dar, porque eu vou aproveitar o que a vida tem pra me dar. Resolvi ir ao lugar onde os médicos do hospital iam nas noites de folga.

—Onde você vai toda arrumada tão cedo? — o Zack perguntou, reprimindo um sorriso.

—Me divertir. Você não coloque fogo na casa enquanto eu estiver fora.

—Que horas que a chuva de canivetes está marcada? Você não sai pra divertir desde... sempre?

—Você que acha. Tchau.

—Qual o nome do lugar? Só para o caso de eu ter que te rebocar para casa antes de ir para a escola.

Levantei o dedo do meio pra ele, que riu. Cheguei no lugar e entrei sem enfrentar a fila, agradecendo a Deus por ter sido colega de curso da dona daqui, o que me deu entrada VIP vitalícia. Digamos que eu tenha salvado ela de um engasgamento. A encontrei no bar, ainda vazio.

—Olhem só quem resolveu sair da toca. É outono, querida, tempo de se recolher.

—Nah. Tempo de me divertir. O hospital tem me prendido bastante.

—Você é dos hospitais, é mesmo. Cresceu, hein? Virou um mulherão. Uau.

—Alguma hora isso tinha que acontecer, não é? Qual é o seu cardápio aqui?

—Bebidas só a partir das 21:00, mas temos água e alguns lanches. Peça o que você quiser e faço pra você.

—O que eu quiser? Um sanduíche de pasta de amendoim.

—A garota sai dos tempos da faculdade, mas os tempos da faculdade não saem da garota.— brincou.

Comi dois sanduíches só pra forrar o estômago e parti para a pista de dança. Com alguns minutos de dança ganhei a companhia dela, e o lugar foi enchendo, o que fez ela ter que sair. Uma das minhas músicas preferidas, da Elle King, tomou o lugar com a batida forte. Como se tivesse obedecido a letra, o Sebastian entrou no momento do primeiro refrão. O olhar dele me queimou na hora em que me encontrou, e me abaixei no meio da multidão. Sumi dentro do banheiro, e o lugar estava lotado. Fingi estar arrumando o cabelo.

—Ouvi dizer que é um relacionamento por conveniência.— uma garota disse para outra— E que os dois ficam com outras pessoas quando não há jornalistas perto. Uma fachada para a mídia.

—Indiana Carlisle é mais sonsa do que pensei. O cara é podre de rico, bonito, e parece saber o que fazer na cama. E é Sebastian Moore, pelo amor de Deus. Conveniência é bobagem. E ele nem dorme na mesma cama dela, sabia? Vi na People.

As olhei como se tivessem descoberto a cura do câncer, tamanha surpresa por saber dessa novidade.

—Tá surpresa, gata?— uma delas me perguntou— Aposto que não sabe que ela paga para os paparazzis não a seguirem quando ela vai ficar com o namorado de verdade.

Por que diabos o Sebastian está nisso?

—Essas revistas mentem o tempo todo.— falei mais pra mim do que pra elas e saí dali.

—Truque do banheiro, docinho?— falando no diabo.

—Truque? Do que você tá falando?

—De você ter sumido quando me viu entrar. Dança comigo?

—Danço, só pra você ver que não fiz truque nenhum.

Ele sorriu e me puxou para a pista de dança.

—Eu te conheço como a palma da minha mão, docinho.

Não respondi, dancei. Ter passado grande parte da minha vida fazendo balé serviu para alguma coisa, afinal. Fui acompanhada na dança e gostei de ver como ele estava mais solto. Swedish House Mafia vibrou o local, e dei um gritinho.

—Você ainda gosta dessa música.— ele riu.

—Tem como não gostar?

—Me pergunto o mesmo sobre você.

Eu ia responder com uma tirada, mas ele foi mais rápido, e se abaixou até que a boca colasse na minha.

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