Um novo amanhã l.s

By AnonimaLarry

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Louis e Harry sentados sob uma árvore... se b-e-i-j-a-n-d-o... Bem, talvez não fosse uma árvore, mas houve di... More

PRÓLOGO
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EPÍLOGO

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By AnonimaLarry




Harry teve aquele sonho novamente. Mas dessa vez, com uma diferença perturbadora.

Como das outras vezes, estava no palco e a plateia gritava seu nome vezes e vezes. Ele lhes fazia uma mesura, emocionado pelo amor que fluía da plateia para seu coração. Foi então, bem nesse instante, que o sonho mudou.

O público havia desaparecido, nem mesmo o eco de seus gritos de adoração permanecera ali. As luzes a cegavam e o calor que emanava das lâmpadas era intenso demais. Ele tentava desesperadamente ver por entre a escuridão da plateia vazia alguma coisa. Alguém.

Mas não havia nada. Estivera sozinho o tempo todo.

Desesperadamente só.

— Harry!

Uma voz profunda surgiu do meio da escuridão.

— Harry.

Uma voz doce e familiar que lhe dava apoio e conforto.

Acordara momentos antes, mas lembrava-se ainda de cada detalhe. Tentava ignorar as implicações malucas daquele sonho.

Não o queria examinar com muita profundidade porque a sensação de Louis chamando seu nome preenchia seu coração tão completamente quanto a admiração de toda uma plateia.

Virou para o lado e olhou para o relógio de cabeceira, espantando-se ao descobrir que já eram quase dez horas. Dormira demais.

Não havia nada que detestasse mais do que desperdiçar uma manhã dormindo, especialmente uma das raras em que não teria de estar no restaurante ao raiar do dia.

Levou apenas alguns minutos para tomar um banho e se vestir. Desceu em busca de Gretchen e Poppy. Um bilhete na mesa da cozinha lhe disse que os dois haviam ido até a cidade comprar algumas coisas.

Serviu-se uma xícara de café, a última deixada na cafeteira e sentou-se à mesa da cozinha.

Repassou o dia anterior e um sorriso chegou a seus lábios. Tiveram momentos maravilhosos e sabia que Gretchen para sempre se lembraria de seu primeiro carnaval.

Esperava que ela fosse capaz de esquecer-se, entretanto, do que dissera a Louis pouco antes do sono envolvê-la. Harry acabara de subir a escada e estivera prestes a entrar no quarto quando ouvira a filha dizer ao pai que o amava.

Aquilo partira seu coração e todas as dúvidas acerca do fato de nada ter dito a Louis sobre a paternidade voltaram a assombrá-lo.

Equivocara-se em manter o nascimento de Gretchen em segredo? Não, recusava-se a considerar sua decisão, tomada tanto tempo atrás, um erro.

Embora as circunstâncias de Louis tivessem mudado e ele já não estivesse rodeado por pessoas que precisavam de seu amparo, a situação de Harry não havia se alterado. Ele ainda queria, precisava, do que Nova York e o palco podiam lhe oferecer.

Não agira mal em não revelar que Louis era o pai de Gretchen. Seu silêncio fora melhor para todos os envolvidos, aconselhou-se com firmeza.

Já havia terminado de tomar o café e lavava a xícara quando Louis entrou pela porta dos fundos.

— Bom dia — disse ele. — Onde está Poppy? A porta da garagem está aberta, mas não vi sua caminhonete.

— Ele e Gretchen foram para a cidade. Quer um pouco de café? Eu posso passar um bem fresquinho.

— Não, estou aqui para dois propósitos específicos. Primeiro, preciso emprestar algumas ferramentas de Poppy. Meu trator está com problemas e eu espero que alguns ajustes possam resolver a questão.

— Fique à vontade com o que puder encontrar na garagem. Sabe que Poppy não se importará.

— O outro motivo de eu estar aqui é porque Margaret telefonou esta manhã. Ela está planejando vir à minha casa esta tarde para uma visita e insistiu em fazermos um churrasco. Achei que seria bom se vocês três se juntassem a nós. Ela adoraria vê-lo novamente e conhecer Gretchen.

Harry hesitou. Louis estava tão atraente naquela manhã, perfeito com calça jeans e camiseta cinza. Uma mancha de sujeira e óleo decorava sua bochecha, mas apenas para acrescentar um charme masculino especial a seu belo rosto.

— Eu prepararei minha famosa costela — acrescentou ele, como para convencê-lo a ir.

Harry riu.

— Eu não sabia que você tinha costelas famosas.

— Ganhei o primeiro prêmio dos últimos três anos.

Ele enrubesceu, orgulhoso.

— Meu molho secreto é a receita mais comentada da cidade.

— Como eu poderia dizer não? A que horas devemos ir e o que eu poderei levar?

Harry lutou contra o impulso de dar um passo adiante e limpar o rosto de Louis. Sabia que sua pele estaria aquecida e macia sob seus dedos.

— Cerca de três Horas e não leve nada. Susie cuidará da sobremesa e eu providenciarei o resto.

— Estaremos lá — concordou.

— Diga a Gretchen que Poppet, o gatinho que mantivemos conosco, mal pode esperar para conhecê-la — disse Louis por fim e partiu.

Harry permaneceu em pé ao batente da porta, observando-o caminhar até o local onde Poppy guardava as ferramentas. Tinha o jeito de andar de um homem confiante, feliz com a própria vida.

"Ele está feliz", pensou Harry. "Feliz em ser um fazendeiro, trabalhar a terra e viver em uma cidade pequena."

Pela primeira vez ele percebeu que Louis jamais teria sido feliz em Nova York. Se o tivesse acompanhado alguns anos antes, um pedacinho de sua alma teria morrido.

Sempre soube que seus sonhos eram diferentes, mas conscientemente recusara-se pensar nas consequências de terem aspirações distintas.

Quando deixou Holmes Chapel, havia ainda resquícios de um garotinho magoado dentro de seu coração, um menino que precisava saber que Louis o amava mais do que a qualquer outra pessoa no mundo. Além das responsabilidades, da família, dele mesmo. Estivera errado em esperar aquilo.

Como poderia culpá-lo por seguir o próprio coração, quando fora exatamente aquilo que ele fizera? E com tal pensamento, uma sensação de paz o encobriu, um perdão final que baniu qualquer traço remanescente de amargura que guardara no coração.

Ainda estava à porta quando Louis retornou carregando diversas ferramentas.

Amava-o. Ontem, hoje, sempre.

A emoção o atingiu como se fosse um tapa em seu rosto, deixando-o sem ar e fazendo-o se apoiar contra a porta. Sentia-se muito fraco.

Achou que o que sentia por ele fosse simplesmente fruto de lembranças antigas de um passado de amor. Achou ter superado sua paixão por Louis.

Ao observá-lo afastar-se percebeu que, sem a amargura, nada havia para deter o amor que inundava seu coração.

Notou também que, em algum lugar no espaço daqueles cinco anos, seus sonhos haviam mudado.

Nova York não guardava a felicidade por que Harry tanto ansiava.

O estrelato jamais seria suficiente para preencher o coração do garotinho que jamais se sentira amado.

Fora isso que seu sonho lhe dissera na noite anterior. Acreditara que os aplausos de uma audiência poderiam afugentar a solidão e o vazio, mas isso não era verdade.

Apenas quando Louis sussurrou seu nome com tamanha suavidade e amor, a solidão foi preenchida pelo calor humano.

Virou-se e se afastou da porta, o coração pesado pela tristeza. Não importava o quanto amasse Louis. Ele não indicava sentir o mesmo.

O barulho familiar de um motor anunciou que Poppy e Gretchen estavam de volta. Foi até a varanda para acolhê-los.

No momento em que a caminhonete parou, Gretchen saiu do assento de passageiros.

— Papai, veja o que Poppy me deu! Fez uma pose para mostrar a roupa que vestia.

— São exatamente como as de Poppy e de tio Louis! — Exclamou orgulhosa.

— Certamente — respondeu Harry.

— Agora eu sou uma garota da fazenda de verdade — disse Gretchen, passando o polegar pela franja da blusa da maneira como Poppy fazia com frequência.

— Estas roupas são práticas para as tarefas do campo — Poppy falou, como se a única razão de tê-las comprado fosse o pragmatismo em vez do brilho maravilhoso nos olhos da bisneta. — E por falar em tarefas... você cuidou dos coelhos esta manhã? — Perguntou para a menina.

— Farei isto imediatamente — respondeu Gretchen, afastando-se correndo.

— Leve aquela cachorra com você! — Poppy gritou para fazer-se ouvir. — Ela precisa correr um pouco.

Gretchen parou e soltou Linda, que começou a pular e a latir excitada. Juntas, as duas desapareceram pátio abaixo.

— Não devia deixar que ela o convencesse a comprar coisas — disse Harry quando entraram na casa.

— Ela não me convenceu a nada — protestou. — A ideia foi minha.

Fitou-o com um ar de desafio.

— Pensei que eu pudesse comprar para minha bisneta alguma coisa sem ter de me explicar.

— Certamente pode — Harry concordou sorrindo.

Poppy pareceu relaxar, como se diante de uma briga que não aconteceria. Sentou-se à mesa da cozinha e respirou profundamente.

— Eu diria que esta... Esta srta. Bagunceira poderia levar um homem à morte com facilidade.

Harry riu.

— Ela é muito sociável. E por falar em ser sociável, fomos convidados para um churrasco esta tarde na casa de Louis.

— Ele fará costelas? — Perguntou Poppy, e quase sorriu ante o gesto afirmativo. — Ótimo. Louis é o melhor cozinheiro de costelas desta região.

— Foi exatamente o que me disse.

Dessa vez Poppy realmente sorriu.

— É um bom homem, Harry. Não há outro melhor.

— Eu sei — respondeu com suavidade. — Mas a mulher ou homem que ficar a seu lado terá de considerar suficiente o que ele tem a oferecer para que dê certo.

Poppy o fitou por um longo momento, então levantou-se.

— Vou dar uma caminhada. Eu nunca fui muito capaz de suportar tolices.

Harry o encarou e o observou afastar-se. Seria ele um tolo? Haveria uma possibilidade de felicidade ali com Louis?

Pela primeira vez considerou a totalidade dos fatos. Estaria o destino lhes dando uma segunda chance para que seguissem juntos?

Fechou os olhos, por um momento capaz de imaginar como seria. Acordaria nos braços de Louis todas as manhãs, dormiria a seu lado todas as noites. Seria o paraíso. A realização de seus sonhos.

Talvez, apenas talvez, fosse hora de ele tornar seu verdadeiro sonho realidade. E dizer a Louis qual era seu novo sonho.

— Puxa, Harry, você está exatamente como cinco anos atrás! — Exclamou Margaret ao abraçá-lo.

— Eu gostaria de poder dizer o mesmo sobre você — respondeu rindo. Deu um passo para trás e observou a jovem com genuína afeição. — Na última vez em que a vi, você tinha treze anos de idade e estava com os cabelos todos tortos porque havia se aventurado a cortá-los sozinha.

Margaret riu.

— Eu quase tinha me esquecido daquele corte de cabelos.

Inclinou-se para apresentar-se a Gretchen.

— Olá, sou Margaret, irmã mais nova de Louis.

A menina riu.

— Você não parece ser pequenininha para mim! — Exclamou faceira.

— Vamos ficar o dia todo tagarelando ou vamos nos sentar e ficar confortáveis? — Perguntou Poppy.

Margaret riu e, para surpresa de Harry, deu um beijo na bochecha de Poppy.

— Venha, Poppy, reservei-lhe sua poltrona favorita.

Piscou para Harry ao pousar o braço no ombro dele.

— Louis espera por nós no quintal.

Caminharam juntos pela lateral da casa até os fundos, onde Louis, com calça jeans e avental, estava em pé diante da churrasqueira. Fez um aceno para cumprimentar a todos, sorrindo.

— Tio Louis — falou Gretchen —, veja, tenho roupas iguais às suas!

A menina aproximou-se, ansiosa por mostrar seus trajes de fazendeira. Poppy a seguia, aproximando-se de sua espreguiçadeira favorita, posta próxima ao local onde Louis trabalhava.

— É uma linda menina! — Falou Margaret.

— Obrigada. Tenho muito orgulho dela — respondeu Harry.

Observou a mulher bonita de cabelos escuros.

— Soube que está para começar a ter aulas na Universidade de Nebraska.

— Começam em duas semanas.

Margaret fez um gesto em direção à mesa de piquenique e as duas se sentaram.

— Mas eu estive lá por cerca de um mês. Não ficarei em um alojamento. Minha melhor amiga e eu estamos partilhando um apartamento, assim poderemos ir antes para nos instalarmos e encontrarmos empregos de meio período.

— Parece que será divertido.

— Será. Embora eu vá sentir falta de Louis e Susie. Felizmente estou próxima o bastante e tenho uma programação de aulas que me permitirá vir para casa pelo menos duas vezes por mês.

— Será bom. É muito difícil ficar longe de casa.

Harry lembrou-se nitidamente das noites em que sentiu saudade.

— Sim.

Margaret sorriu e seu olhar pousou no irmão.

— Embora Louis jamais vá admitir, acho que ele está sofrendo.

— O que a faz pensar isto? — Harry perguntou, curioso.

— Oh, não sei. Algumas vezes, quando conversamos ao telefone, ele me parece estar tão solitário. Gostaria que encontrasse uma pessoa interessante, se casasse e enchesse esta velha casa de crianças.

Olhou para Harry, calorosamente.

— Houve uma época em que eu achei que esta pessoa seria você. Sempre apreciei a ideia de tornar-me sua cunhada.

Antes que Harry pudesse responder, Susie e seu marido apareceram. Logo todos estavam envolvidos em novas apresentações e abraços.

A tarde transcorreu com rapidez, as horas consumidas pelo riso, comilança e lembranças.

Harry sentia-se deliciado não apenas em conversar com as irmãs de Louis, mas também em notar o óbvio amor e respeito que as moças sentiam pelo irmão.

Ficou pensando em como sua vida poderia ter sido diferente se tivesse uma família, pais amorosos e tudo o mais. Teriam sido suas chances diferentes se ele tivesse sido rodeada por amor e não perseguido pela apática desaprovação de Poppy?

Invejava o que Louis tinha ali. Enquanto Harry nutrira sonhos de alcançar o estrelato, ele construíra uma família... E ele queria desesperadamente fazer parte daquilo. Queria não apenas para si mesmo, mas por Gretchen também.

— Você parece estar muito pensativo — disse Susie ao acomodar-se ao lado de Harry na mesa de piquenique.

Já haviam tirado os pratos sujos. Momentos antes, Louis havia trazido um jogo e todos, exceto Susie e Harry brincavam no gramado.

— Estou apenas apreciando a noite.

— Nada melhor do que um dia passado em família.

— E eu soube que sua família está prestes a aumentar. Parabéns!

— Obrigada. Estamos muito animados. Tocou o ventre, como para acariciar o bebê.

— Richard e eu esperamos ter muitos filhos.

Olhou para o marido, um jovem atraente e alegre.

— Richard parece ser muito simpático — observou Harry.

O rosto de Susie se iluminou.

— É mais do que isto. É minha alma gêmea.

Alma gêmea. Seria Louis sua alma gêmea? Olhou para onde ele estava, jogando, rindo. Sim, fora sua alma gêmea e não podia imaginar como cometera a estupidez de afastar-se dele.

Um homem simples, sim. Nunca precisou de muito para sentir-se feliz. Harry lembrava-se de como as noites haviam sido belas. Ele deitada em seus braços, os dois conversando sobre os sonhos que tinham... Sonhos que incluíam churrascos e familiares, o desejo de uma família e crianças.

Poderia Harry abraçar o sonho de Louis como sendo seu também? Deixar para trás suas aspirações de fama e estrelato?

Louis não o amara o suficiente para impedi-lo de partir anos atrás. Nas últimas semanas, teriam seus sentimentos por ele se aprofundado?

Seria possível que, se permanecesse ali tempo bastante, Louis passaria a amá-lo tanto a ponto de querer passar o resto da vida a seu lado?

Para descobrir, Harry teria de colocar seu orgulho em jogo, o que nunca lhe fora fácil fazer.

Conforme a noite caía, lançando sombras lilases que tornavam impossível o jogo de bola, todos foram para a varanda dos fundos saborear o sorvete feito em casa e o bolo.

— Está gostoso! — Elogiou Gretchen ao terminar o sorvete e estender a vasilha pedindo mais.

— Nada melhor do que sorvete caseiro em uma noite quente de verão — falou Louis ao lhe servir mais uma porção.

Assim que sua vasilha foi reposta, Gretchen sentou-se no colo dele como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo a ser feita.

O coração de Harry disparou ante a visão de pai e filha apreciando a presença um do outro.

Seria possível que o que sentiam fosse um empurrão inconsciente dos genes que partilhavam? Embora suas mentes não fizessem ideia da conexão, era possível que seus corações percebessem?

— Há apenas uma coisa mais que tornaria esta noite realmente perfeita — observou Susie ao olhar para o irmão mais velho. — Você poderia pegar o violão e nos cantar algumas músicas?

— Não acho que seja necessário — respondeu Louis.

— Por favor, tio Louis — falou Gretchen, aparentemente deliciada ante a ideia. — Eu posso cantar, também. Poderíamos cantar juntos.

Louis sorriu para a menina, seu coração e seus olhos mostrando o afeto que sentia.

— Não posso dizer não para você, pequenina.

Gretchen desceu de seu colo, ele ficou em pé e entrou na casa. Reapareceu momentos depois com seu violão.

Sentou-se e Gretchen acomodou-se a seus pés, a vasilha cheia de sorvete esquecida ao observá-lo produzir os primeiros sons.

Harry acomodou-se melhor na cadeira e apreciou os movimentos dos dedos habilidosos a iniciar uma harmonia singular. Os insetos da noite se aquietaram, como se quisessem ouvir com precisão os tons doces da música que preenchia o ar.

Gretchen aproximou-se mais e pousou a cabeça no joelho de Louis, fitando-o com adoração.

Harry sempre acreditou ser suficiente para Gretchen. Pensou ter amor bastante para suprir as necessidades da filha e preencher a ausência do outro pai em sua vida. Naquele momento percebeu como se enganara.

Conforme Louis começava a cantar uma velha balada, Harry fechou os olhos e foi permitindo que o tom profundo de sua voz o dominasse.

Houve uma época em que julgou que sua voz seria o passaporte dele para o estrelato, enquanto a capacidade de ser ator seria o seu.

Nesse instante, entretanto, percebeu como ele estivera certo o tempo todo. Harry observou a filha ouvi-lo cantar e soube, com intensa certeza, que a voz de Louis fora feita para canções de ninar.

De alguma maneira, no espaço das últimas semanas, os sonhos dele haviam se tornado mais atraentes para Harry.

Depois de um dia passado na companhia de suas irmãs, sentindo o amor que existia entre eles, percebeu que Louis atingira uma espécie de estrelato à sua moda, algo mais durável do que aquele que Harry tentava alcançar.

Passava das dez horas quando Margaret entrou em seu carro para retornar à escola. Nesse horário Harry já havia decidido que antes que a noite findasse, iria abrir seu coração e sua alma para Louis. Era hora de ver se o destino lhes daria uma última chance de encontrar a felicidade juntos.

Susie e Richard estavam prestes a partir, beijando todos calorosamente antes de entrarem no carro. Louis desapareceu casa adentro, carregando tigelas sujas de sobremesa e xícaras de café para a cozinha.

— Acho que a srta. Bagunceira está pronta para encerrar o dia também — falou Poppy para Harry, fazendo um gesto em direção ao local onde Gretchen estava sentada, lutando contra o sono.

— Você se importaria de levá-la para casa? Eu vou ficar e ajudar Louis com a louça suja e então irei a pé depois.

Poppy o estudou por um longo momento.

— Está na hora mesmo — disse o avô. — Hora de você contar àquele garoto que ele tem uma filha.

Harry o fitou, espantado. Poppy simplesmente balançou a cabeça de um lado a outro, tristemente.

— Não sou o velho tolo que presume que eu seja, embora eu tenha começado a pensar por quanto tempo você seria um jovem tolo.

Após dizer isso, virou-se e chamou por Gretchen.

Harry ficou observando o carro de Poppy afastar-se. As luzes permaneceram visíveis durante todo o trajeto. Poppy estacionou diante de sua casa e desligou o motor.

Então seu avô soubera o tempo todo que Gretchen era filha de Louis. Não fora enganado pela mentira quanto à idade da menina.

Harry sorriu. Aparentemente Poppy não mentira quando dissera que poucas coisas lhe passavam despercebidas.

Podia ouvir o assobio alegre de Louis ao entrar pela porta dos fundos trazendo mais pratos sujos. Em seguida ele abriu a torneira da pia. Certamente ficaria feliz quando soubesse. Era evidente como se afeiçoara a Gretchen nas últimas semanas.

Pela primeira vez Harry sentiu muito medo de fazer uma confissão para aquele que fora seu melhor amigo. Será que ele ficaria feliz em saber?

Os dois teriam uma segunda chance de encontrar a felicidade?

O futuro de Harry combinaria com o de Louis, ali em Holmes Chapel?

Era curioso. Cinco anos atrás ele jamais imaginaria construir sua vida ali. Mas desde seu retorno, a cidade e suas pessoas haviam-no acolhido como se fosse um filho pródigo retornando ao lar.

Desde então, Harry tivera a agradável sensação de pertencer ao mundo local, algo jamais experimentado antes.

O pensamento de retornar a Nova York já não mais lhe aprazia. As únicas estrelas a lhe despertar interesse eram aquelas que esperava ver brilhar nos olhos de Louis.

Estaria seu futuro naquele lugar?

Havia apenas uma maneira de descobrir. Respirando profundamente, ele deu um passo adiante e entrou na cozinha




Espero que estejam gostando do rumo da história

até logo

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