Reviver (SR #1)

Galing kay Amanda_Bittencourt

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Conteúdo inadequado para menores de 18 anos. Série Renascer | Livro 1 Nicholas Hoffman é um homem acostumado... Higit pa

C O N H E Ç A O S P E R S O N A G E N S
P R Ó L O G O
C A P Í T U L O 1
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C A P Í T U L O 3
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C A P Í T U L O 20
E P Í L O G O
Sequência de Reviver

C A P Í T U L O 10

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Galing kay Amanda_Bittencourt

O despertador sequer chega a tocar. Apenas sinto frio na cama porque em uma única noite juntos, meu corpo já se acostumou ao seu calor. Levanto-me ás pressas quando noto a ausência da Ellen ao meu lado. Se ela tiver ido embora, eu pelo menos sei onde ela está, mas torço para que ela ainda esteja no banheiro ou na cozinha para que eu possa leva-la á cafeteria na qual ela vai trabalhar. Mas ela não está mais aqui. Olho na casa inteira e do lado de fora e sinto sua ausência de todas as maneiras possíveis. No quarto, suas sacolas de compras ainda estão lá, mas não todas. Imagino que ela tenha levado algumas para usar durante o dia.

O despertador toca às seis e meia e eu o desligo com um soco. Agora? Maldito inútil. Sei que não deveria, mas estou de mau-humor. Em uma escala de zero a dez, meu bom humor está em dez negativo. Ela não foi embora Nicholas, apenas está morando em outro lugar, repito para mim, mas isso não alivia o estresse. Eu a quero aqui comigo, tomando café, falando sem parar e me fazendo companhia no meu dia solitário. Eu quero tê-la por perto em todos os minutos do meu dia. Caralho, isso não é saudável. Eu não posso estar tão dependente dela, eu ainda não a conheço direito. Somos apenas amigos. Fecho os olhos e levanto a cabeça para o teto. Porra, eu sou um fodido apaixonado do caralho.

Meu celular apita com o alerta de uma mensagem. Penso em ignorar, mas por fim acabo pegando-o para ler. A imagem na tela põe um grande sorriso no meu rosto. É uma foto da Ellen assistindo o filme ontem comigo no sofá e com a boca aberta. Tirei essa foto bem na hora que ela estava gritando como uma arara. Coloquei como a foto que aparecerá todas as vezes que nós nos interagirmos eletronicamente. Bobinho estranho, saí mais cedo do que deveria. Estava com pressa. Você deveria ver a sua cara quando dorme. Fica tão fofinho que tive pena de te acordar ;-) Meu sorriso se alarga com a sua mensagem. Essa garota está puxando todas as cordas do meu coração, com certeza. Acho que meu humor acabou de subir pelo menos vinte pontos na escala.

Após ler a mensagem, e rir da mensagem, várias vezes, eu tomo um banho bem demorado para retirar todo e qualquer resquício de mau humor que possa ter sobrado. Com a boa escolha de look para o meu dia, como rapidamente algo na cozinha e saio para a Universidade. Não é novidade quando sou alvo de brincadeira por parte do Alex logo que eu chego. Bastardo.

— Nicholas, Nicholas, Nicholas, onde estava o Nicholas? — ele canta quando me sento na minha mesa na sala dos professores — Sentimos sua falta ontem.

— Imagino que sim. Você principalmente, não? — entro na brincadeira para não dar demasiada atenção a esse idiota. Ah, o demoniozinho de antes me incentiva a fazer algo mais. Ele se senta na cadeira à minha frente e cruza as pernas nos tornozelos. Põe as mãos com os dedos cruzados no colo e olha para mim ficando irritado.

— Não entendo o que o Charlie vê em você, Nicholas. Você não merece o cargo que está exercendo. Ser professor é uma responsabilidade séria. Você não tem doutorado ou mesmo mestrado. Você anda chegando atrasado e agora está faltando ás aulas... — ele estala a língua em desaprovação — O que me fez pensar em uma coisa. Com quanto você subornou o reitor para conseguir lecionar nessa Universidade?

Raiva? Alex ainda não me viu com raiva. E nem verá, porque o que estou sentindo agora não é raiva. Parece-se muito com uma fúria assassina. Porra, eu estudei como um condenado durante anos. Fiz estágios importantíssimos enquanto era acadêmico nessa mesma instituição e em outras. Projetos de extensão, pesquisas de campo, estudos de vários casos, tenho artigos publicados em várias revistas importantes, algumas delas lidas no mundo todo, e esse imbecil vem falar que subornei alguém para conseguir esse emprego? Apenas porque ainda não concluí a porra do mestrado e ele sim. Vou fazê-lo engolir goela a baixo seu mestrado de merda quando apresentar no fim do ano meu trabalho de mestrado que eu estou tirando. Mas enquanto isso, eu posso fazê-lo simplesmente engolir os dentes. Calma, Nicholas. Você está no trabalho e aqui não é lugar de briga.

— Se você insinuar uma coisa assim outra vez, eu juro que faço engolir seus dentes um por um. — digo com a voz baixa, mas nem um pouco temerosa. Esse idiota não me conhece. É melhor para ele nunca atiçar meu lado ruim ou ele poderá ver algo que se eu não quero ver, ele muito menos.

Com um olhar lançando espadas de fogo na sua direção, eu o expulso da minha área e por alguns minutos tento recuperar o humor com o qual eu cheguei. Não consigo. Meu humor azedou. Ele obviamente não sabe, e nem por isso vou lhe dar um desconto, mas mexer com o meu intelecto e o meu prestígio como profissional é um gatilho para mim. Eu não admito que me faltem com o respeito na minha profissão. Eu estou aqui porque mereço, porque posso, e não vai ser um professorzinho barato que vai manchar a minha vida docente com comentários maldosos. Se ele abrir a boca por aí, não vai faltar quem acredite em absurdos como esse, e aí sim, ele vai conhecer um Nicholas que ele não iria gostar de encontrar nunca na vida.

[...] O sangue estava fervendo na minha cabeça. Estava prestes a explodir com toda essa conversa dos meus pais sobre as minhas escolhas. A vida é minha, porra. E eu faço o que bem entender com ela. Meu pai era um canalha que só pensava em dinheiro e minha mãe era uma vadia ordinária que faria de tudo para ter o status de mãe do ano. Qual é? Não passava nem perto.

— Filho, será que você não vê que essa vidinha medíocre de fisioterapeuta — minha mãe falou fisioterapeuta como se tivesse nojo — não é algo para um Hoffman?

— Sua mãe tem razão Nicholas, escute-a. — meu pai veio para perto de mim enquanto eu olhava para a cidade lá embaixo da minha cobertura na 5ª Avenida — Não volte para Miami filho, fique aqui. Eu conversei com o Decano e ele aceitou que você comece em Harvard no próximo semestre.

— Eu não vou para Harvard pai. — disse sem olhar para ele.

— Então pelo menos fique na Columbia. Eu tenho um acordo com o reitor para segurar sua vaga até o fim do ano.

— Não pai. Eu já disse que não.

— Mas filho, você não vê que entrar em uma Ivy é tudo que uma pessoa como nós tem que fazer? Harvard é a melhor universidade do país e você entrou. A Columbia também seria perfeita para você. Não pode jogar isso no lixo por causa da Universidade de Miami.

— A Universidade de Miami é uma das melhores do país.

— Pode até ser, mas não é uma da Liga. — ele me olhou de cima — Eu estudei em Princeton e sua mãe em Yale. Seu avô fez Harvard, seus primos, amigos, todos entraram em alguma Ivy e você quer ir para a Flórida ser um medicozinho de merda? Pense filho, pense. Use a cabeça.

— Eu não estou nem aí pra Liga e para todas as suas filhas. — eu me virei para ele gritando — Eu não estou nem aí para Harvard, Yale ou a porra toda onde minha família estudou ou vai estudar. Eu quero a minha vida para mim, para que eu possa tomar as rédeas dela e não vocês. Eu sou dono da minha vida e não vocês. Eu não quero ser a sua sombra.

— Você não será a minha sombra. Você será mais do que isso. Você comandará a empresa da família filho. — ele ficou na minha frente e olhou bem dentro dos meus olhos com a cara séria — Mas se você for para Miami, você será um ninguém. Não vai merecer nem sequer ser chamado de minha sombra. [...]

— Terra chamando Nicholas. — Hã? Acho que viajei uns minutinhos aqui. — Está tudo bem Nick?

— Oi, — olho para cima e vejo o sorriso da Jenni na minha frente — Jenni você me assustou. — sorrio para ela, me ajeitando na cadeira.

— Desculpe, não foi minha intenção.

— Tudo bem, eu só estava um pouco distraído.

— Eu percebi, parece que você esteve na lua nos últimos minutos. — ela senta na cadeira antes ocupada por Alex.

— Não sei se era bem na lua, mas com certeza em algum lugar distante e... — interrompo minhas palavras ao sentir meu celular vibrar no bolso da calça. O identificador de chamadas mostra uma linda garota de olhos verdes — Desculpe Jenni, eu tenho que atender.

Saio da mesa até uma parte mais vazia da sala dos professores. Jenni fica sentada no mesmo lugar, olhando enquanto eu me afasto.

— Oi senhorita "saí cedo porque estava com pressa". — digo sorrindo.

— Oi senhor "bobinho estranho". — nós dois rimos.

— Sabe, você poderia ter esperado até eu acordar. Assim eu poderia ter te levado até essa cafeteria.

— Eu já disse estava com pressa. Precisava chegar cedo para a Sra. Wilson me passar os macetes do lugar.

— Entendi. Então me fala, como está sendo o seu primeiro dia?

— Ainda não abrimos. Eu estou pegando o jeito com as bandejas enquanto não tem ninguém. Ela me ajudou a usar a máquina de café. Os outros empregados são bem legais. Nós conversamos um pouco. Quando você pode vir aqui e me dar uma boa gorjeta depois que eu te servir? Você está muito ocupado hoje? Você... — ela parece uma daquelas metralhadoras que atiram trezentas balas por minuto.

— Calma aí Nicki Minaj. — digo com um grande sorriso igual ao do gato de Cheshire — Eu não entendo muito bem frases ditas em rápida sucessão.

— Eu estava falando muito rápido? — Posso dizer que a cara dela é igual.

— Estava, o que não é nenhuma novidade. Sabe apesar do nosso encontro bastante silencioso da primeira vez, você se mostrou bastante falante depois disso, e quando eu falo bastante quero dizer bastante mesmo.

— Bobão. — ela cai na risada e eu também — Espere aí, você disse Nicki Minaj? Poxa Nick, eu fiz uma metáfora com o Eminem quando era você quem estava falando rápido e você me rebaixa a uma Nicki Minaj?

— Ué, não gostou? Ela é muito boa.

— Talvez, mas não é o Marshall Bruce Mathers III. — posso até imaginá-la fazendo beicinho quando diz isso.

— Tudo bem, minhas desculpas senhorita. — olho um instante ao redor e percebo que alguns professores estão olhando para mim, inclusive a Jenni. Deve ter sido por causa da minha risada um tanto exagerada. — Me fala o endereço completo daí, e quando eu sair da faculdade, eu passo aí para te dar um "olá".

— Ok, eu te mando uma mensagem. Como está sua manhã?

— Está ficando melhor. Eu queria falar com você desde que acordei, que bom que você ligou.

— Porque queria falar comigo?

— Por nada, só queria ouvir sua voz.

— Eu também, por isso liguei. Não te atrapalhei em nada não é? — ela pergunta com uma pontada de preocupação.

— Não, em nada.

— Certo, agora que já nos falamos, eu vou desligar. Acho que vamos abrir. Deseje-me sorte.

— Você não precisa.

— Acredite eu preciso. Eu sou péssima em preparar cafés. — ela fala sussurrando e eu sorrio imaginando porque diabos então ela foi aceitar um emprego em uma cafeteria.

— Bom nesse caso, boa sorte.

Desligo o celular e volto para minha mesa. Nem percebo que Jenni está olhando para mim embasbacada. Ao notar seus olhos em cima de mim, tento conter um pouco minha expressão, mas falho miseravelmente.

— Eu achei que veria cachorros voando e não veria Nicholas Hoffman apaixonado.

— Apaixonado? — peço fingindo que não sei do que ela está falando.

— Se você estava falando com alguém, que eu presumo ser uma mulher, só existe um motivo para você voltar pra cá com um sorriso tão idiota no rosto, e esse motivo se chama paixão meu amigo.

Correção, minha linda. Esse motivo se chama Ellen. A paixão apenas está associada, mas ela é a única capaz de me fazer tão ordinariamente idiota no meu trabalho. Dou um sorriso tímido para ela e ela cai na gargalhada.

— E ainda por cima está tímido? A coisa parece ser séria.

— Eu a conheci há pouco tempo. — digo como se devesse uma explicação a ela por conta do que tivemos... Duas vezes, aliás.

— Então eu adoraria conhecê-la e dar os parabéns por conseguir uma proeza tão gigante. — Ela me pisca um olho e sai.

Jenni e eu nos conhecemos há mais de um ano. No meu último ano como estudante aqui na Universidade de Miami, ela chegou transferida da Universidade Estadual da Carolina do Norte e nós cursamos duas matérias juntos. Nos demos bem desde o início e ela percebeu como eu vivia a minha vida, pegando uma mulher diferente a cada dia. Ela não se candidatou a ser uma das que eu comia, e eu não dei em cima porque gostava dela como amiga. Mas foi só nos formarmos e ela começou a me sondar. Nesse ano resolvi deixar essa história de respeito de amigos de lado e parti pra cima quando ela deu brecha. Duas vezes e aí acabou. Saí de férias e quando voltei, ela ainda mostrou interesse. Interesse esse que eu não correspondi. Fico feliz que ela tenha deixado pra lá os foras e que tenhamos continuado amigos. Gosto dela.

Pego minha bolsa com o meu material de aula e vou para a primeira turma do dia. No corredor, meu celular vibra e eu o pego para ver do quê se trata. É a mensagem de Ellen com o endereço da cafeteria. Barbieri's Coffee, SW 27th Avenue, 1254. Te espero aqui :-) Respondo no mesmo instante. Devo chegar aí por volta do meio dia ;-) O que é isso Nicholas? Uma carinha? Estou mesmo fodido. Mandando uma mensagem com uma carinha piscando?

Pff... Ora foda-se, eu estou apaixonado.

▬▬ ▬▬

Ás onze e meia eu deixo a Universidade para ir á cafeteria da Ellen. No caminho, passo ao lado do Versailles e vejo que o meu carro ainda está estacionado na esquina do restaurante. Saco meu celular e chamo o reboque para que o leve. Depois ligo para o Versailles e me identifico com um dos seus clientes. O Maître lembra-se de mim, é claro pelas gorjetas gordas que sempre deixo quando passo por lá. Peço para que ele mande alguém aguardar o reboque ao lado do meu carro como um favor pessoal. Ele não me nega.

Problema resolvido, eu me concentro em chegar logo ao Barbieri's Coffee. Estou com saudade da Ellen. O nome sugere que o dono do lugar seja italiano. O bairro onde fica a cafeteria é muito bom, com casas bonitas e prédios de boa imagem. Estaciono em frente ao lugar e entro fazendo soar um sininho na porta.

Sento-me em uma das mesas e espero para que Ellen apareça. Existem poucas pessoas no lugar, logo tem muitas mesas vagas. Escolho uma que está perto de uma grande janela de vidro no canto superior. Após alguns minutos, eu a vejo vindo em minha direção com um avental vermelho com listras verdes e brancas cruzadas. Sim é um lugar italiano. Ela não me vê quando vem porque está prestando atenção na bandeja de café para a outra mesa. Depois de entregar o pedido da mesa vizinha á minha, ela ainda de cabeça baixa se aproxima da minha.

— Posso anotar o seu pedido senhor... — ela levanta os olhos, — Nicholas? — e sorri.

— Claro senhorita, — olho no seu crachá como se não soubesse seu nome — Ellen.

Ela olha para trás um momento para ver se tem alguém olhando para nós e então se abaixa rapidinho e me dá um beijo doce e suave na bochecha. Ah como eu queria que esse beijo fosse na minha boca! Sim, estou com saudade da sua boca na minha Ellen. Sorrio pra ela e ela senta-se na ponta da mesa.

— E então, como foi sua manhã? — pergunta ela deixando a bandeja no colo.

— Nada de especial. Ah sim, uma aluna deu em cima de mim.

— Sério? — suas sobrancelhas quase chegam ao couro cabeludo.

— Sim, eu estava dando aula e aí quando precisei dar uma demonstração de algumas coisas, ela se ofereceu e deu em cima de mim descaradamente.

— E eu aposto que você odiou. — ela diz tentando esconder um riso.

— Na verdade sim. Não gosto muito das minhas alunas dando em cima de mim. Se alguém mal intencionado ver, pode pensar outras coisas e eu posso ser demitido.

— Uau, que bicho te mordeu? — sua cara está séria, mas sei que ela está brincando.

— Você, que não está cumprindo direito o seu dever de me perguntar o que eu quero.

— Na verdade eu já perguntei. Você que ainda não disse.

— Sendo assim, eu quero que me traga um café com leite sem espuma e um sanduíche de peito de peru.

— Achei que não tomasse café. — ela observa bem.

— E não tomo, mas já que você resolveu trabalhar em uma cafeteria, eu acho que vou acabar me tornando um adepto porque esse agora é meu novo point favorito.

Ela sorri, escrevendo meu pedido em uma caderneta. Depois disso ela vai para o balcão fazer o pedido. No caminho até lá eu vejo que um cara barbudo olha por tempo demais para a sua bunda. Na verdade, ele olha para ela toda desde que ela passou á sua frente até chegar ao balcão. Filho da puta. Estou completamente ciente da ruga na minha testa quando ela volta com o meu pedido.

— Porque está chateado? — ela pergunta colocando o café na minha frente e dando uma mordida no meu sanduíche. Olho para ela levantando as sobrancelhas, esquecendo momentaneamente minha raiva pelo cara na outra mesa. — O que foi? — ela tem a audácia de perguntar com a boca cheia.

— Nada. Vou dizer ao seu patrão que você consume o pedido dos clientes, assim eles te mandam embora.

— Você é um idiota. — ela fala com uma cara mais lavada do mundo.

Minha risada se assemelha á dela, mas logo some do meu rosto quando vejo novamente o cara olhando e comendo ela com os olhos. Ela percebe e procura com os olhos o foco da minha visão.

— Aquele cara está olhando para a sua bunda Ellen, eu não gosto disso. — ela fica olhando para ele.

— E você acha que eu gosto? Mas... — ela se vira para mim — Desde que ele não me faça nada, eu tenho que aguentar.

Não acho que gosto disso nem um pouco. Estou a ponto de ir até ele e exigir que ele tenha compostura e pare de devorar a minha garota com essas porras de olhos. Minha garota, Nicholas? Sim, minha garota. Ela ainda não sabe, mas ela é minha. É desde o dia em que nos conhecemos.

— Era disso que eu estava falando quando disse que esse emprego não era tão bom pra você.

— Nick, eu não posso me intimidar por causa de um carinha á toa que me olha. Eu sei como me defender. Lembra? Sou faixa azul em Taekwondo. Ninguém vai se meter a bobo comigo. O único bobo que eu permito me irritando é você. — ela diz e me dá mais um beijo na bochecha antes de sair para atender a um casal que acabou de chegar. Minha face imediatamente se aquiesce.

Como meu lanche o mais devagar possível só para vê-la desfilar para lá e para cá por mais tempo. Meu horário na clínica só começa ás duas, então posso ficar aqui o suficiente para, pelo menos, não pensar nela a cada minuto da minha tarde de trabalho. O cara barbudo vai embora depois de um tempo, mas dá um risinho safado na direção dela antes de sair. Eu preferi ignorar para evitar uma confusão, porque minha vontade foi ir lá e arrancar aquele sorriso do rosto dele na base da pancada.

— Ellen? — a chamo quando já falta meia hora para pegar no pesado — Aqui. Fica com o troco.

Entrego a ela uma nota de cem dólares como pagamento da minha conta. Ela olha e semicerra os olhos para mim.

— Ah, ah, de jeito nenhum. Eu vou lá no caixa e vou te trazer o troco. Seu lanche não deu nem vinte dólares. — ela protesta.

— Pode ir. Quando voltar eu não vou estar mais aqui. — digo sorrindo e girando a chave do meu carro no dedo. — Vou nessa. Estou atrasado. — beijo sua bochecha assim como ela fez comigo antes e saio.

▬▬ ▬▬

No fim do expediente na clínica, ás sete horas, eu ligo para o Robert e o chamo para tomar algumas cervejas comigo. Não sou muito fã desse tipo de bebida, mas eu vi em um panfleto, que peguei do lado de fora da cafeteria que a Ellen está trabalhando, que o lugar funciona como cafeteria apenas durante o dia. Á noite, ele é um barzinho comum. Se a Ellen vai trabalhar em um lugar onde todo tipo de gente pode consumir bebida alcoólica, eu quero estar por perto para ver se ela não vai ter problemas.

Passo no consultório dele lá pelas sete e meia e ás oito e quinze já estamos no Barbieri's. Ellen ao nos vê sorri, mas revira os olhos para mim. Ela sabe exatamente porque eu estou aqui.

Somos servidos tanto por ela como por outras garçonetes. Tem uma loira que a cada vez que passa por mim, me joga olhares de "foda-me agora ou depois, você escolhe". Não sabe ela que eu não tenho olhos para nenhuma outra mulher que não seja uma certa garçonete baixinha, com os cabelos negros e olhos esmeralda.

— Cara você está fodido mesmo. — Rob me fala bebendo um longo gole da sua sexta cerveja. Eu estou na quarta ainda. — Em outra época, você já teria levado essa loirinha para os fundos daqui, ou para o seu carro, ou para qualquer lugar e comido ela. Você está totalmente domado.

— Não acho que a palavra seja "domado", mas é que eu não tenho mais vontade de sair por aí com qualquer uma. Eu diria que apenas comecei a exigir mais dos pratos que eu consumo.

— Sei, sei. E o sabor inestimável tem pele branca e olhos verdes penetrantes. Eu entendi.

— Eu diria que aperfeiçoei meu paladar. — dou a ele um sorriso sacana.

— Isso tem cara de amor sabia?

— Não sabia, mas tenho descoberto isso aos poucos. E sabe o que mais eu descobri?

— O quê?

— O sexo é apenas o tempero de uma relação. O amor é o prato principal.

— Isso foi realmente profundo. — ele caçoa — Um brinde a sua breguice. — ele ergue a garrafa dele.

— Um brinde. — batemos nossas garrafas uma na outra.

E é nessa hora que eu vejo uma situação que eu sabia que mais cedo ou mais tarde aconteceria, mas que eu estava torcendo para que não acontecesse. O cara barbudo que estava aqui á tarde está aqui novamente. Ele chegou e eu nem percebi, envolvido na minha conversa com o Robert e em prestar atenção aos passos da minha garota.

O cara olha bem para a bunda da Ellen enquanto ela abastece a mesa onde ele está com alguns amigos. Quando ela olha para o outro lado, ele mete a mão na bunda dela em cheio. É tudo que eu posso ver aqui sentado. Sem aviso prévio ao Robert, eu me levanto a toda velocidade. O lugar está cheio e eu sou barrado por algumas pessoas que estão se levantando das suas mesas. Me esgueiro pelos espaços entre as pessoas bem a tempo de ver a Ellen tirar a mão dele com um tapa. Ele teima e coloca a mão no mesmo lugar novamente e é aí que eu entro na conversa.

— Tira a mão dela agora. — eu grito para o cara me controlando para não arrebentar esse imbecil agora mesmo.

Ele me olha de cima a baixo e ri bufando. Seu hálito repulsivamente nojento invade minhas narinas. — O que disse garoto?

— Disse para tirar a porra das suas mãos dela. Agora.

— E quem é você? O cafetão dessa putinha? — ele se levanta.

— Não, mas sou o cara que vai quebrar todos os seus dentes se você não calar a boca. — Controle-se Nicholas.

— Essa vadia passou o tempo todo olhando para mim. Eu e ela vamos ter uma conversinha mais tarde, não é vadia? — Foda-se a porra do controle. Eu vou matar esse desgraçado.

Parto pra cima do cara sem a menor consideração com qualquer um presente nesse lugar. Vou fazer esse porco imbecil engolir seus dentes um por um. O pego pela gola nojenta da sua camisa e o arremesso com força contra a parede. No movimento, alguns copos de cerveja que estão sobre sua mesa caem no chão, deixando-o com um cheiro bastante desagradável.

— Quero ver se você é homem o suficiente para repetir o que você disse. — solto com raiva quase o enforcando com as mãos.

— Tire as mãos de cima de mim playboy de merda. — ele tenta se soltar, mas daqui ele não sai. Ele está muito bem preso.

Um grupo de pessoas começa a nos cercar e um dos amigos do cara vem para cima de mim, mas Robert que veio atrás de mim, coloca o braço para impedir sua progressão.

— É mano a mano, amigo. Deixe que eles se resolvam sozinhos.

— Manda ver então seu molenga. — ele me atiça falando bem perto do meu ouvido — O Earl acaba com você em um piscar de olhos.

O momento em que eu desvio o meu olhar do tal do Earl para o amiguinho nojento dele, é o momento em que ele aproveita para me dar uma cabeçada, soltando-se. Sinto uma dor aguda entre as sobrancelhas, mas isso só aumenta minha raiva. Ele não fica alegrinho por muito tempo, porque assim que eu me recupero do golpe, o que leva apenas alguns segundos, eu fecho o punho e o acerto no rosto. Precisamente entre o lábio superior e o nariz. O sangue jorra logo do lugar rasgado. Dou-lhe mais dois golpes gêmeos.

— Porra. — ele grunhe levando a mão até o seu ferimento.

— Vamos lá, o que está esperando? Cai dentro. — eu incito.

— Nick o que está fazendo? — paraliso em um instante quando escuto um sussurro ao meu lado e é só nesse momento que eu me recordo de que Ellen está perto de mim.

— Ellen, eu...

— O que você pensa que está fazendo? Eu podia dar conta disso e... — ela se cala e olha para trás fazendo cara feia quando percebe que duas pessoas, que eu suponho sejam seus patrões, aparecem.

Cosa sta succedendo qui? — o senhor mais velho pergunta em italiano. — Che il rumore è questo? — Ellen olha para ele com os olhos confusos, em parte por provavelmente não entender uma palavra do que ele diz, em parte pedindo para que ele não a associe a toda essa baderna.

— O Matteo está perguntando que barulho é esse. — a senhora um pouco mais jovem que o homem pergunta a todos. Ninguém faz o mínimo barulho agora. — Cortaram a língua de vocês? — Os que aqui estavam aglomerados começam a se dissipar por entre as mesas. Sobramos em pé apenas eu, Ellen, Robert e o tal de Earl.

— Senhora Wilson, me desculpe foi tudo um mal entendido aqui. — Ellen tenta explicar enquanto me olha feio por sobre o ombro — Esses senhores já estavam se retirando, não é Nicholas?

Eu não respondo nada. Não moverei um músculo do lugar se não for com ela. Porque ela quer que eu vá embora quando tudo que eu estou fazendo é protegê-la?

— Senhor, pode dizer o que aconteceu aqui? — a senhora Wilson olha diretamente para mim e para o porco com o nariz sangrando. Nós não respondemos. — Minha cafeteria não é um ring. Já para fora os dois.

— Eu não saio daqui sem ela. — digo apontando para Ellen — Vamos Ellen.

— Nicholas o que está fazendo? — seu sussurro é baixo e disfarçadamente controlado — Senhora Wilson, por favor, não considere o que ele está dizendo. Eu vou pegar algo para limpar tudo aqui.

O quê? Não dê mais nem um único passo mocinha. Você vem para casa comigo agora. Ela tenta sair para ir atrás de algo para fazer a limpeza, mas eu a impeço segurando no seu cotovelo.

— Você não vai.

— Nicholas pare. Eu vou ser demitida. Por favor, amanhã nos falamos, vá embora. — ela olha o meu amigo por ajuda. — Robert?

— Robert não vai ajudar você Ellen. — eu olho para ele e com os olhos o mando ficar bem quietinho onde está — Ele sabe que eu saio chutando ele daqui até Washington se ele me impedir de levar você.

Con licenza mio ragazzo. — o senhor italiano me chama — La ragazza deve tornare al lavoro , si prega di andare via. — Mas nem por todo o dinheiro do mundo eu a deixo ficar.

— Calma aí vovô, eu vou levar a minha garota comigo. — digo para ele puxando a Ellen para o meu lado.

Cosa vuoi dire, ragazzo?

Voglio dire che devi ottenere un'altra cameriera. — respondo em seu idioma. Sim meu velho, arrume outra pessoa para trabalhar pra você. — Vamos Ellen.

— Eu não vou com você, Nicholas. — ela fala lançando um olhar fuzilante para mim.

— Sim, você vem comigo, Ellen. Você só pode estar de brincadeira comigo se acha que eu vou deixá-la aqui por mais um minuto que seja.

— Não, eu não vou com você, Nicholas. — Deus, me ajude aqui.

— Sim, você vem comigo, Ellen. Nem que eu tenha que te jogar em cima do meu ombro e te tirar à força, você vem. — seguro sua mão e a puxo para mim, mas antes de sairmos eu me viro para os donos do lugar — Vocês deveriam ter o controle de quem entra no seu estabelecimento e não deixar qualquer porco imundo chegar aqui e assediar suas empregadas.

Tiro-a quase que á força da cafeteria. Robert me segue. Quando estamos na calçada, Ellen se liberta do meu aperto e vira-se para mim com os olhos arregalados de raiva e soltando o ar com força como um touro bravo.

— Você é um idiota Nicholas, um perfeito idiota. — ela grita — Perfeito não, porque não existe ninguém perfeito no mundo, mas se existisse seria você em idiotice.

— Idiota? Eu acabei de te livrar de um porco nojento e você diz que eu sou um idiota? — eu grito de volta.

— Eu poderia ter me livrado muito bem dessa situação. Estava tudo sob controle.

— Pois é, — eu zombo — pela forma como ele agarrava a sua bunda eu vejo como realmente estava tudo sob controle. — dou um soco na parede do lado de fora e vejo que ela se espanta, mas logo se recupera do susto.

— Eu não posso ter você me protegendo de tudo Nicholas, eu posso lutar as minhas batalhas sozinha.

— Não precisará fazer isso enquanto eu estiver por perto.

Um silêncio ensurdecedor se instala entre nós depois da minha última sentença. Encaramo-nos de forma desafiadora. Olhos verdes me olham com raiva. Olhos marrons devolvem em moeda de mesmo valor. Eu estou com tanta raiva que nem sei como explicar, mas escondida por baixa dessa camada de fúria está a luxúria. Estou excitado. Porra. Estou muito excitado. Toda essa situação despertou um desejo que está me levando ás raias da loucura. E ela? Os olhos dela apesar de mandarem agulhas em minha direção, também apresentam uma pitada da mesma essência que eu vi no domingo de manhã. Ela também está excitada. Meu olhar para ela agora é no mínimo indecente e o dela para mim, segue a risca.

Ela respira com dificuldade e eu sinto meu pau ficar totalmente em pé. Ele está engatilhado e pronto para atirar. Só preciso do alvo. Seja meu alvo Ellen. Talvez eu deva investir nisso e ir com tudo pra cima dela aqui mesmo, agora nesse momento. Talvez em algum beco ou mesmo no meu carro. A ideia me surge tão natural que eu mostro um sorriso diabólico na direção dela. Ela cora ciente dos meus pensamentos.

De repente nos damos conta de que não estamos sozinhos aqui. Robert finge uma tosse e nos trás para a realidade. Pelo menos me traz para a realidade. Ellen desvia os olhos de mim e eu ando na direção do carro estacionado logo perto de onde estamos.

— Vamos. — abro a porta para que ela entre, mas ela não se move. — Ellen, vamos.

— Não posso. — ela está petulante.

— Porque não? — Passo a mão no rosto e nos cabelos, bagunçando-os. Ah não, minha raiva, olha ela aqui de novo.

— Tenho que ir pegar as minhas coisas no quartinho lá em cima. — ela aponta para o suposto lugar — Eu tenho sorte pelo senhor Barbieri e a senhora Wilson não terem subido depois que saímos e terem jogado elas de lá de cima aqui para baixo.

— Não se preocupe com isso, compraremos mais amanhã. Agora vamos.

— Eu quero as minhas roupas Nick. — Voltamos ao Nick? Ela suspira e fecha os olhos brevemente antes de abri-los e mostrar um rosto um pouco mais calmo. Só um pouco. — E você deveria pelo menos pedir desculpas a eles. Agiu como um idiota lá dentro.

— Você só tem esse adjetivo para me qualificar? — pergunto meio divertido.

— Ele parece combinar com você. — ela fala divertida também, mas não tanto quanto eu.

— Ok, você pode ir pegar. Robert vá com ela. — me viro para o meu amigo e ele concorda com a cabeça — Eu vou me desculpar com o dono do lugar.

— Obrigada. — ela diz com reprovação em seu tom.

Ellen tira um pequeno molho de chaves do bolso do avental e começa a subir algumas escadas que ficam na parte lateral da cafeteria. Eu os acompanho com o olhar até que eles sobem no último degrau, ela abre a porta e os dois entram.

Sorrio e começo a andar para ir lá dentro me desculpar pelo meu comportamento lamentável no estabelecimento desse senhor, que até me pareceu uma boa pessoa apesar de ter que melhorar sua freguesia. Quando coloco a mão na porta para abri-la para dentro, ela abre-se para fora porque alguém a empurrou. Mas não é qualquer alguém. É o cara barbudo, porco nojento.

— Ora, ora, ora. É bom que você ainda esteja aqui moleque, você vai pagar pelo meu nariz.

— Eu não quero confusão. — Por favor, me ouça e me deixe em paz.

— Tarde demais garoto. Quando eu acabar com você, eu vou atrás daquela putinha e vou transar com ela até ela gritar. Ela é muito gostosinha. — Ele diz de uma forma pervertida. Oh cara, você não deveria ter dito isso.

O barbudo me dá um soco no olho que me faz ver estrelas. Imediatamente os outros vêm pra cima de mim quando caio no chão. Sinto pelo menos três pessoas me chutando nas costelas enquanto estou caído. Porra, isso vai ficar roxo. Acho bom alguém parar com isso ou vai ter gente morta aqui.

— Saiam todos. Saiam. — ouço a voz do porco — Ele é meu. Ninguém se mete.

O cara me vira com a cara pra cima e começa a socar meu rosto repetidas vezes. Eu tento como posso me proteger e por um momento consigo. Ele erra um soco que acaba acertando o chão quando desvio a cabeça para o lado. Ótimo. Um estalo. Um único momento de vacilo dele e nossas posições se invertem. De maneira mais que ágil, eu dou-lhe uma cabeçada e ele pende para trás. Eu me levanto e vou até ele com uma fúria dos infernos. Ah seu porco filho da puta, você escolheu o homem errado para irritar.

Dou-lhe uma sequência de socos no meio da sua cara e por fim uma rasteira que faz com ela caia de bunda no chão. Eu tenho consciência de que deveria me virar, pegar a Ellen e ir embora, mas eu não me controlo. Parto para cima dele no chão e apoio um joelho sobre seu peito enquanto com uma das mãos eu o pego pela camisa e com a outra eu continuo minha punição de socos precisos e fortes.

— Seu bastardo de merda. Você mexeu com o playboy errado. — cuspo na sua cara e continuo batendo — Mexeu com a garota errada também, seu filho da puta. — digo com ódio e perdendo as contas de quantos golpes eu acerto nele.

Quero parar, mas sinto minha mão pesada e não consigo subi-la da cara desse imprestável verme. Uma imagem se passa na minha cabeça como um clarão de luz.

[...] — Eu confiei em você. Você é um filho da puta, Mike. [...]

Outro soco.

[...] — Como você pôde tocar nela? Você a acha gostosa é isso? Então eu vou arrancar seus olhos para que eles não possam mais olhar para ela. [...]

Um soco mais forte agora. O sangue jorra da sua cara. Vejo meu presente se assemelhando a um passado nebuloso do qual eu não me orgulho nem um pouco. Penso em parar, mas nem é preciso, porque outro braço me força a sair de cima dele. Viro-me com os punhos cerrados e um olhar assassino para ver que quem evita que eu cometa um crime grave é Ellen.

— Nick... — ela parece cautelosa e se afasta alguns centímetros quando nota a raiva no meu rosto. Ela parece assustada por um minuto, mas logo se recupera e se põe entre mim e o porco imundo.

— Ellen, me desculpe por me ver fazendo isso, eu... — olho perturbado para o chão onde o cara parece estar inconsciente e depois para ela pedindo desculpas com o olhar.

— Calado Nicholas. — ela me lança um olhar frio. Opto por fazer o que ela manda. — Você seu verme, — ela se dirige a um dos amigos do barbudo que estavam só olhando — chame uma ambulância para o seu amigo, acredite ele vai precisar. E vocês dois, — agora ela se volta para mim e para Robert que acabou de chegar perto de mim — vamos.

Porra.

▬▬ ▬▬

Robert vai para a minha casa comigo e com a Ellen, mas não fica muito. Ele apenas dá algumas instruções a ela do que fazer para cuidar dos machucados no meu rosto e nas minhas costelas. Eu sei bem por que. Se ele ficar, ele irá descarregar toda a merda que ele quer me dizer por causa de hoje. Ele veio o caminho todo calado, apenas com uma ruga entre as sobrancelhas. Não me assusto tanto com o Robert falante, mas o Robert calado me dá calafrios.

— Aaai. — reclamo quando Ellen toca um corte acima do meu olho esquerdo com uma gaze embebida de álcool.

— Desculpa, mas está um pouco profundo. — ela fala de forma doce, mas sinto um certo temor na sua voz e nos seus movimentos. Droga! De todos os meus gatilhos que poderiam ser ativados no decorrer da minha vida, esse tinha que ser o escolhido. E pior, na frente dela. Ela deve estar com medo de mim agora.

— Ellen me desculpa por aquilo. — digo baixinho — Eu não sei o que me deu. Eu não queria parecer um monstro na sua frente, eu só... — abaixo a cabeça, envergonhado.

— Nick, você nunca precisa se desculpar comigo por mostrar para mim quem você é.

— Mas esse é o problema. Eu não sou assim. Eu... — levanto e olho para ela bem dentro dos seus lindos olhos esmeralda — Eu já fui assim, mas não hoje. Eu tenho um lado na minha vida que eu não quero que você veja porque é bem feio. Eu não preciso que você tenha medo de mim. Na verdade eu quero que você confie em mim.

— Achei que tinha deixado claro desde o primeiro dia que você não faz medo algum. — ela diz sorrindo.

— Você parece tensa.

— Com a situação, não com você. Eu não sei o que te deu para ficar tão violento, mas na certa aquele cara mereceu cada pedaço da sua ira. O que ele disse a você?

— Ele... — não consigo dizer a ela. Posso falar sobre o gatilho? É claro que não. Se ela não está apavorada comigo agora, com certeza ficará se eu contar a ela.

Ela espera um pouco e quando vê minha relutância, sorri e assente.

— Ok, não precisa me contar agora. Quando você estiver pronto...

— Desculpa.

— Não se preocupe.

Ellen me deixa um pouco e vai até o aparelho de som. Não vejo o que ela está procurando, mas logo o som do Red Hot Chilli Pepers invade meus ouvidos, eu sorrio. Quando ela volta, eu olho para ela totalmente divertido. Ela sorri e pega a gaze novamente.

— O que foi? Porque essa cara de bobo?

— Nada, é que eu achei que você fizesse parte do estereótipo de garotas que ama o One Direction e mataria um para se casar com o Robert Pattinson. — ela faz careta.

— Olha, não tenho nada contra esses aí, mas meu lance é outro.

— Sério? E qual é?

— Eu adoro rock e hip hop, então minhas músicas favoritas vêm do Linkin Park, do Good Charlotte, do Eminem, do Justin Timberlake, do Dope...

— Oh! Isso é uma novidade. Bem interessante por sinal.

— Pois é. Você não vai me ver com maquiagem de guaxinim e de preto ou com calças folgadas e boné para trás, mas sim esses são os meus estilos de música favorita. E quanto a se casar com o Robert Pattinson, não me leve a mal, mas eu prefiro bem mais um Vin Diesel, um Dwayne Johnson ou um Jason Statham. — eu sorrio amplamente.

— Essa é uma indireta para dizer que os carecas são seu tipo?

— Carecas e musculosos. — ela pisca o olho para mim — Se bem que de um tempo para cá... — ela sussurra.

— De um tempo pra cá o quê Ellen? — levanto uma sobrancelha.

Ela olha para mim meio tímida e balança a cabeça. — Nada. — Depois volta a concentração ao meu corte, agora colocando um Band-Aid.

Acabado o tratamento de enfermeira no corte do meu olho esquerdo, ela começa com o direito. Tratamento de enfermeira, é? Acho que devo tirar esse pensamento da minha cabeça, porque é uma fantasia bastante perturbadora para alguém que quer manter uma relação de amizade com outro alguém.

— Está quase pronto. Eu não vou mais tocar nesse assunto com você porque eu acho que você é bem grandinho para saber o que faz, — ela dá uma pausa para que eu olhe pra ela e então continua — só vou dizer que você deveria ter cuidado. E se alguém tivesse chamado a polícia? Você poderia estar preso agora.

— Não com o dinheiro que eu tenho, garota. — digo com um sorriso um tanto arrogante. Nesse momento ela pressiona mais a gaze no meu corte o que gera um grande ardor em mim. — Aaah, aaai.

— Você é um idiota detestável, sabia disso? — ela fala entre os dentes, mas logo sorri.

— Eu sei. — sorrio e ela passa o polegar pelo lugar ferido acima do meu olho.

Encaramo-nos por vários minutos.

— O que houve com você?

— O que quer dizer? — enrugo a testa e balanço a cabeça não entendendo sua pergunta.

— No domingo á noite quando eu conversei com o Robert depois que você saiu daqui, eu perguntei algumas coisas sobre você, — arregalo os olhos e ela percebe — mas não se preocupe, ele não falou muito. Tudo o que ele disse foi que você precisa de mim. Por quê?

Porque eu preciso dela? Acho que devo mostrar por que eu preciso dela. Ficarei feliz em fazer isso. Levanto-me da cadeira na sala onde estamos, mas não tiro os meus olhos dos dela. Com a intensidade do meu olhar, ela vacila e dá dois passos para trás. Eu dou os mesmos passos para frente mantendo a mesma distância de antes. Repetimos isso até que ela não tem mais para onde ir. Aos poucos entramos na cozinha e suas costas ficam contra a porta da adega. Ela ofega quando nossos rostos ficam a meio centímetro um do outro.

— Quer saber por que eu preciso de você? — ela não fala, apenas me observa com a respiração entrecortada — Eu preciso de você, porque você é a única capaz de me fazer sentir coisas que há muito tempo eu afastei da minha vida. Eu preciso de você, porque você é a única que me dá esperança de ser algo mais que uma foda divertida pra alguém. Eu preciso de você porque você é a única coisa realmente boa na minha vida.

— Nick... — ela põe a mão no meu peito para me afastar. Eu a pego e levo aos meus lábios para beijá-la. Depois com a outra mão, eu acaricio sua bochecha, meus olhos nunca deixando os seus. As costas da minha mão resvalam no seu queixo e com o polegar e o indicador eu o seguro e levo meus lábios aos dela. — Nick, nós não devemos...

Eu a calo com um beijo tão suave quanto uma pena. Livro-me da sua mão na minha para que com as duas mãos eu possa segurar seu rosto e aprofundar nosso contato. Logo que faço isso, ela leva as duas mãos aos meus cabelos e os massageia gentilmente, mas seu toque me queima como brasa e eu gemo baixinho na sua boca.

Minhas mãos deixam seu rosto e vão para sua bunda. Não as mantenho lá por muito tempo porque assim que faço isso, desço um pouco o meu corpo para erguê-la e a faço me abraçar com as pernas. Em nenhum momento o nosso beijo é quebrado, ao contrário, fica cada vez mais intenso. Após mantê-la presa entre mim e a porta com as pernas em volta da minha cintura, eu tenho as mãos totalmente livres para tocá-la á vontade. E é exatamente isso que eu faço. Começo por suas coxas e vou subindo através das suas roupas para sua cintura e seios. Sinto meu pau totalmente desperto e ansioso por ela.

Seus lábios são suaves, mas suas mãos mostram seu desejo por mim. Ela está puxando meus cabelos como se quisesse arrancá-los da minha cabeça e eu estou ficando completamente louco aqui com essa garota. Mordo seu lábio inferior intercalando com lambidas suaves e sucções na sua língua.

Deixo sua boca por um tempo e levo meus lábios ao seu pescoço e ela o joga para trás ao primeiro contato. Alterno entre beijos, chupadas, mordidas e lambidas. Passo a ponta da minha língua na sua jugular e ela estremece nos meus braços. Em seguida mordo o lóbulo da sua orelha e ela geme. Com exceção desse gemido e do meu primeiro, estamos calados. O único som que se ouve é o da nossa respiração que está cada vez mais difícil.

Afasto-me relutantemente dela para que possa tirar sua blusa sobre a sua cabeça. Sinto algo subindo pelo meu peito como uma corrente elétrica misturada a algo quente. Não sei nem mesmo explicar direito as sensações no meu corpo, só sei que estão me pondo maluco. A próxima peça de roupa fora dos nossos corpos é a minha camisa, que segue a dela ficando no chão, amontoadas. Mal termino de tirá-las e nossas bocas colidem mais uma vez em um beijo mais ardente que o anterior.

Não dizemos uma palavra. Não é preciso. Nossas ações já dizem tudo. Eu quero senti-la por toda parte. Gostaria de ter mais do que duas mãos para poder tocar o seu corpo todo de uma só vez ao invés de ter que abandonar um lugar para tocar outro. Suas mãos acariciam minhas costas e de vez em quando, ela crava as unhas de maneira brusca e possessiva. É a hora. Não posso esperar mais para tê-la completamente nua embaixo de mim. Não é só desejo. Não é só luxúria. É uma necessidade primordial. É quase como se eu precisasse dela para respirar. E agora na verdade eu acho que preciso.

Seguro Ellen pelas coxas e a levo de volta para a sala, nunca cortando o contato das nossas línguas. Coloco seu delicioso corpo sobre o sofá e me apoio com um joelho entre suas pernas. Nossas calças jeans estão impedindo nosso contato mais íntimo, mas não por muito tempo. Abro seu botão e zíper e a desço por suas pernas, deixando apenas em sua calcinha. O sutiã saiu do seu corpo no trajeto da cozinha para cá. Assim como a dela, eu me livro da minha calça junto com a minha boxer. Sim, estou totalmente nu na frente dela e seria muito educado ela retribuir o favor. Mas antes de forçar sua saída pelas suas pernas, eu me curvo sobre ela e a beijo. Quero provar seu corpo por um momento, porque a sua calcinha eu vou tirar com os dentes.

Levo uma mão a um dos seus seios e rolo seu mamilo entre os dedos polegar e indicador. Ela geme. Minha outra mão desce pelo seu corpo e para na sua calcinha. Entro com um dedo, tateando para encontrar o seu clitóris. Um gemido rouco e alto sai da minha garganta quando eu sinto o quanto ela está molhada. Minha boca deixa a sua e encontra o vale dos seus seios, mordendo um e depois o outro mamilo para arrancar dela um grito de puro prazer enquanto meu dedo brinca com o centro do seu desejo.

Vou descendo minha língua pelo seu corpo, sentindo o gosto salgado da sua fina camada de suor. Paro um pouco na pequena abertura do seu umbigo, mas não me entretenho muito nele porque o melhor sabor está um pouco mais abaixo. E em instante eu chego. Coloco minhas mãos em concha na sua bunda e do jeito que eu imaginei, com os dentes, pego sua calcinha e arranco dela.

Mordendo e chupando, eu volto o caminho para seu centro. A pequena protuberância está completamente inchada e implorando por meus cuidados. Eu estou mais do que feliz em atender ao chamado. Colo meus lábios no lugar onde se concentra sua luxúria e ministro todas as minhas armas para levá-la ao orgasmo em um grito abafado enquanto ela puxa meus cabelos.

Quando me levanto para pegar um preservativo na minha carteira no bolso da minha calça, ela ainda está com os olhos fechados e as pernas tremendo. Rolo impaciente o conteúdo da embalagem prateada no meu comprimento e volto para cima dela. Abro mais as suas pernas, me apoio nos antebraços e aos poucos começo a entrar nela. Ela fecha os olhos e aperta meus braços. Vou devagar, ciente do seu estado de quase virgem. Ela só transou uma vez, há dois dias, mas se depender de mim, ela terá sexo todos os dias da sua vida.

Seu sexo me abraça totalmente e eu solto o ar com força com essa sensação tão gostosa. Meus movimentos dentro dela são pacientes e lentos. Não estamos fodendo. Estamos fazendo amor. Sim, estamos fazendo amor. Ellen não é qualquer uma. Ela é a garota mais doce, amável, linda, gostosa, meiga... Não posso escolher só um adjetivo para descrevê-la e com certeza não posso demonstrar com palavras o quanto ela já importante para mim. Talvez eu não devesse me apegar tanto a ela. Talvez eu devesse mantê-la á distância de um braço. Talvez eu devesse me resguardar, mas agora eu não vejo como no mundo eu posso ficar longe dela.

Suas pernas abraçam minha cintura e seus calcanhares me incentivam a ir mais forte. Suas mãos me abraçam e suas unhas ferem minhas costas. Sua boca procura pela minha. Nossos tórax estão colados. O gênio que disse que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, claramente deveria fazer uma releitura da sua teoria porque eu tenho certeza que nesse momento, nós dois estamos tão juntos que somos um só.

Uma estocada. Uma contração. Um gemido. Outra estocada. Outra contração. Mais um gemido. Longo dessa vez. Uma forte estocada e uma terceira contração antecedem o orgasmo devastador que nos consome. Antes mesmo de acalmarmos nossas respirações, eu a puxo montada no meu colo e juntos vamos para o tapete da sala onde eu a abraço e a mantenho junto de mim, pelo que vejo, por um longo tempo.

***###***

HELLOOOO MENINAS, TUDO COM VOCÊS???? O QUE ACHARAM DO NOVO CAPÍTULO? AS COISAS PEGARAM FOGO DE NOVO COM A ELLEN E O NICK RSRSRSRS... DEIXEM SUAS OPINIÕES AÍ NOS COMENTÁRIOS E NÃO SE ESQUEÇAM DE VOTAR TAMBÉM, EU AMO ESTRELINHAS ♥ BEIJOS E ATÉ AMANHÃ!!!!

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