Terceiro Tempo

By queenbrubs

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Manuela Pimenta acaba de descobrir que sua vida inteira foi uma mentira. Ela nunca acreditou que a realidade... More

#1 TEMPORADA
Bem-vindo a Costa Malva!
Qual é o time?
Estamos Apresentando: Maria do Bairro
Estamos Apresentando: Rosalinda
Estamos Apresentando: A Usurpadora
Estamos Apresentando: Carrossel
Estamos Apresentando: Rebelde
Estamos Apresentando: A Feia Mais Bela
Estamos Apresentando: Rubi
1x01 - Balas Fini
#1
1x02 - Garota Nova
1x04 - Controle
#2
1x05 - Filho Pródigo
1x06 - Amizade
#3
1x07 - Ressaca
PIMENTA DAY! + novidades
Terceiro Tempo na Amazon!

1x03 - Bem-vinda

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By queenbrubs

Como assim ele não estava de acordo com a minha mudança? – a garota se ouviu dizer em um grito esganiçado.

Sua tia só poderia estar de brincadeira com ela. Talvez fosse um trote de boas-vindas?

Os rapazes as deixaram sozinhas na sala de estar e foi quando Jana começou a rodear, rodear, rodear, até... Bem, até dizer esse monte de absurdos que não faziam o mínimo sentido. Quer dizer, como poderiam?

― Você me disse com todas as letras que ele estava ansioso pra me conhecer também e que só não me aceitou no facebook porque não usa regularmente as redes sociais e queria ter o primeiro contato comigo em pessoa – Manu fez questão de relembrar cada palavra da sua tia, como se quisesse se certificar de que não havia inventado nada e nem estava ficando maluca.

Parece que há mentirosos compulsivos entre nós.

Será possível que não existia um adulto na vida dela que não fosse um completo desastre?

Manuela Pimenta estava estupefata.

― Calma, calma. Não precisa se exaltar assim – tia Jana pedia, conciliatória. – Vamos conversar sobre isso.

Ah, tá bom, pensou a garota enquanto respirava fundo sentada no sofá da sala, mordendo o palito do pirulito com tanta força que já estava destruído. Ela piscou seus grandes olhos castanhos tentando raciocinar, a franja grudada na testa por causa do suor. Agora que parava para pensar, se sentia uma besta quadrada por ter acreditado tão facilmente em todas as desculpas esfarrapadas que a tia usou para justificar a ausência de contato de Matheus durante todo o tempo em que as duas vinham se falando.

Vou te contar. O ser humano quando quer muito acreditar em uma coisa fica completamente cego.

― Algo que você precisa saber sobre seu irmão é que ele é um gajo muy fechado.

Manu fechou a cara para a tia e se levantou do sofá, porque seu corpo todo já estava vibrando com a energia acumulada. Veja bem, ela até podia ser uma garota pequena, mas havia espaço para todo o tipo de temperamentos que precisavam ser extravasados de alguma maneira, ou então o tempo se fechava também e a casa caía.

― E você decide esperar eu atravessar a porcaria do oceano pra resolver começar a me contar essas coisas? – Manu indagou com as mãos na cintura e uma pose de quem não estava para brincadeira. Seu coração estava acelerado.

Tia Jana, pelo menos, parecia estar com o maior peso na consciência, mas tal percepção não mudou em nada a indignação da garota mais nova. Aquilo era um completo ultraje, se não coisa pior.

― Quem é que faz uma coisa dessas? – a menina se exaltou, frustrada. Foi exatamente essa mesma pergunta que ela fizera quando seu avô, também sentado em um sofá, lhe disse oito semanas atrás que ela tinha um irmão gêmeo que nenhum dos dois conhecia mais.

A história começava com a morte dos seus pais quando eles eram bebês e deveria ter terminado no momento em que Matheus foi levado embora para Costa Malva pela família do pai (mais conhecida como tia Jana). Mas dezesseis anos depois um fato crucial fez com que o avô dos dois irmãos separados abrisse a boca.

― Sinceramente, me levem logo para o Casos de Família.

Tia Jana franziu as sobrancelhas.

― Casos de Família? – ela estava confusa, afinal não conhecia os programas televisivos brasileiros. Não que isso importasse no momento. – Isso não importa – foi o que disse, balançando a cabeça e recuperando o foco. – A questão é que se eu tivesse te contado, você não teria vindo pra cá. Eu conheço meu sobrinho, sei que ele precisa de tempo, mas com você aqui vai ser tudo mais fácil.

Fácil pra quem, eis a questão.

― Não é fácil pra mim saber que eu não sou bem-vinda, afinal de contas – Manu cuspiu as palavras antes mesmo de pensar sobre elas. Não queria demonstrar fraqueza, queria ser racional e só gritar com tia Jana pela traição, mas a verdade é que tudo o que ela estava procurando quando decidiu se mudar era estabilidade. Algo no qual pudesse se agarrar.

Ela não podia negar que ficou chocada quando soube da verdade, e ainda não tinha perdoado o avô por ter mentido por todos esses anos. Mas a ideia de ter uma pessoa vivendo nesse planeta com o seu mesmo DNA a deixara completamente fascinada. Ela se lembra de ter perguntado para o avô como foi que ele conseguiu viver esse tempo todo sem sequer ter notícias do Matheus, sabendo que ele existia.

― Se eu procurasse por informações sobre ele, não iria aguentar – o senhor respondeu. – Essa foi a decisão mais difícil que já tomei na vida e me pergunto todos os dias se foi o certo. Mas então eu olho pra você e me sinto aliviado por te ter por perto. Se eu não tomasse essa decisão, corria o risco de ficar sem nenhum dos dois.

Pelo modo angustiado como tia Jana olhava para ela agora, algo dizia a Manu que o sentimento da mulher não era tão diferente quanto do seu avô.

O quanto será que ela pensou sobre a sobrinha desgarrada durante esses dezesseis anos? Qual seria o tamanho da sua vontade de fazer com que sua família se reunisse novamente? Não estava nos planos dela que Lúcio (o avô) contasse toda a verdade para Manuela, mas ele havia entrado em contato com Jana antes de trazer tudo à tona. Havia explicado toda a situação que o fez tomar tal decisão e, agora, quando a mulher olhava para a sobrinha, tudo o que ela queria era poder abraça-la.

Manu não queria dar o braço a torcer, mas foi inevitável se sentir balançada por tis pensamentos. Ela praguejou internamente, amaldiçoando a si mesma. Se ao menos fosse tão fácil assim perdoar o avô quanto era lidar com Janaína.

― Você é bem-vinda, meu suspiro! – Jana a segurou pela mão e a puxou para que se sentasse no sofá novamente. Relutante, Manuela obedeceu, encarando a tia ainda decidindo se podia mesmo confiar nela. Não que ela estivesse em condições de resistir muito no momento, porque a quem ela queria enganar! Era óbvio que o mais importante era se conectar com seu irmão, mesmo que fosse ser mais difícil do que imaginava.

Homens. Sempre causando problema desde que o mundo é mundo.

― Perdão por não ter sido sincera sobre o Matheus, mas eu estou a tentar fazer com que aquele rolha ouça a voz da razão! E isso só vai ser possível com você aqui.

Manu assentiu, embora não soubesse o que "rolha" significava naquele contexto. Ela podia entender a revolta do irmão com toda a situação, porque, verdade seja dita, não era lá a coisa mais fácil do mundo processar a nova realidade. Primeiro de tudo, era preciso reconhecer que a única família que você conheceu havia mentido durante sua vida inteira, e que outro ser humano havia se alimentado do mesmo cordão umbilical que você quando eram fetos.

Isso muda a vida de uma pessoa.

O que Manuela não conseguia entender era:

― Mas por que exatamente ele não quer me conhecer? – perguntou, assim como quem não quer nada. Na verdade ela queria tudo, e com os devidos juros!

― O moçoilo está em negação, eu tenho certeza.

Uma trovoada de frustração soou acima da cabeça da garota, que tinha uma ruga no meio da testa de tanto que a franzia, tensa Sua cabeça estava doendo de tanto pensar, mas a única conclusão a que ela chegava era ERROR 404.

A vida, ela não era nada justa. Bem quando ela achava que seria tudo mais fácil agora, eis que surge um paredão de impedimento na sua frente. Ela gostaria de ter uma marreta mágica capaz de destruí-lo num piscar de olhos, mas não podia ser tão fácil assim.

Manuela suspirou, as engrenagens do seu cérebro trabalhando de modo a vencer sua decepção momentânea. Não era hora de se deixar abater.

― Eu vou morar aqui, nós vamos pra mesma escola... Não é como se ele pudesse me evitar pra sempre, né? – em sua voz podia ser ouvido um fio de esperança. Seus olhos brilharam com um tom renovado de determinação que era capaz de fazer paredes tremerem. Verdade seja dita, quando Manuela Pimenta colocava alguma coisa na cabeça, pena era o sentimento por aqueles que tentavam se meter no seu caminho.

Além do mais, a garota não conseguia lidar com a perspectiva de que Matheus estava tentando fugir dela. Esse "moçoilo" ela não deixaria escapar das suas mãos, ah mas não deixaria mesmo.

Ela já havia atingido a cota de pessoas que iam embora.

― É isso o que eu estava a dizer o tempo todo! – tia Jana se empolgou. – Com você aqui ele não vai ter outra escolha senão te encarar. É a estratégia perfeita, estou a dizer! –piscou um dos seus olhos castanhos e apertou a mão da brasileira. Ficou satisfeita quando a viu esboçar um sorriso pensativo e precisou abraçá-la de novo. Manu retribuiu, se deixando ser envolvida pela tia. – Ah, eu não acredito ainda que você chegou, nem nos meus mais loucos sonhos! Estou tão empolgada!

Manu sorriu de lado de novo e suspirou, sentindo o peso nos seus músculos depois de horas de voo e viagens de carro.

― Tudo o que eu queria nesse momento era conhecer a minha cama. Porque, olha, minhas costas estão me matando – confidenciou, o que fez Jana rir de puro deleite só por ouvir a sobrinha falar.

Ela conseguira detectar só nesses poucos meses que se conheciam quais as características do seu falecido irmão que Manuela tinha herdado, ainda mais agora que a estava vendo ao vivo e a cores. Eram coisas que nem mesmo Matheus havia herdado, como esse jeito de falar espontâneo e o temperamento forte, mas, ao mesmo tempo, tentando ser sensato.

Bem, mais ou menos.

― Vem, vamos, vou te levar até o seu quarto! – Jana se levantou, remexendo-se com o entusiasmo. Foi puxando Manu e suas coisas em direção à saletinha de entrada. – Como não há outras raparigas a viver aqui, seu quarto é somente seu e eu deixei as paredes brancas pra você poder escolher a cor que quiser – disse ela enquanto as duas subiam as escadas com as malas. – O Matheus gosta de azul, é a cor preferida dele desde pequeno.

― É a minha cor preferida também! – disse, exultante por essa característica em comum que poderia até ser boba, mas significou muito para Manuela naquele momento. – Já fiz até mechas azuis no cabelo, igual ao filme Aquamarine, mas acabou ficando um verdadeiro desastre.

― Está vendo só, eu disse que daria tudo certo. Tenho certeza de que o Matheus vai deixar de ser um rolha quando te conhecer.

Manuela sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo. Assim eu espero.

Ela balançou a cabeça, tentando manter a positividade enquanto arrastava sua mala pelo piso de madeira do segundo andar da casa. Se agarrou à sua capacidade de sempre conseguiu o que queria, e nada a faria soltar.

― O que significa rolha afinal? – perguntou.

A tia parou um instante pra pensar.

― Como se diz no Brasil... – estalou os dedos atrás da resposta. Então seu rosto se iluminou. – Ah! Cabeça rija? – arriscou.

― Cabeça dura? – Manu riu. As pessoas de Costa Malva falavam de um jeito tão engraçado.

― Isso mesmo!

As duas riram uma com a outra e então pararam de frente para uma porta. Jana girou a maçaneta e a abriu, dando passagem para que Manuela entrasse primeiro. A garota sentiu o coração acelerar quando olhou lá para dentro, como se encarar o quarto fosse a maior confirmação de que ela estava mesmo ali para ficar.

― Seja muito mais do que bem-vinda, Manuelita – tia Jana disse.

E então, respirando fundo, a garota entrou.


Hey, Folks!!! Então, algumas pessoas perguntaram qual era a agenda de postagens da história e é o seguinte: pretendo postar os capítulos toda quinta! Eu adotei a quinta como meu dia de postagem oficial desde Sob o mesmo teto, então vou manter. A ideia é postar toda semana, mas não sei se conseguirei, então peço a compreensão de vocês <3 quanto aos extras que posto antes do capítulo de verdade, to tentando ver outro dia pra postar eles, daí teria post duas vezes na semana ao invés de no mesmo dia *pisca*

Outra coisa: alguns de vcs expressaram a vontade de fazer um grupo no whatsapp pra gente conversar! Eu fiquei de ressuscitar o grupo dos meus leitores e colocar vocês lá, então quem quiser mesmo participar é só me mandar os números por aqui #UHU

MAS VAMOS AO CAPÍTULO. Acho que foi o com mais informação até agora e to LOKA p saber o que ces tão achando, quais são as dúvidas que brotaram nas suas cabecinhas, o que ces acham que vai acontecer *risada maléfica* hahaha BOATOS de que no cap que vem o narrador vai acompanhar outra pessoa. Quem será?

A música de hoje foi That's my girl - 5th Harmony. Vejo vocês semana que vem, keridos.

Beijos e queijos, câmbio desligo.

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