Entregando-me Ao Capo I Livro...

By lauvsanti

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- 1° Livro da Série Obscuros - Entregando-me ao Capo - Livro completo na Amazon e disponível em kindle... More

SINOPSE
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Série Obscuros
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LANÇAMENTO LIVRO 03

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By lauvsanti

CAPÍTULO 03
MARIA JULIA


Poder sair daquela cama era libertador. Minha mãe se negava a falar comigo, me ignorava por onde eu fosse, e isso estava me incomodando demais.

Meu pai havia mencionado um encontro com o meu futuro marido, daqui a dois dias, haveria uma reunião na casa dos Motta e estávamos convidados, já que eu seria uma futura Sra. Motta, o que me fazia enjoar só de pensar.

- Mãe, a senhora vai me ignorar por quanto tempo? – Pergunto assim que ela passa pelo meu quarto como o flash.

- Eu estou magoada com você, Maria Julia. – Ela diz com os olhos marejados.

- Me desculpa, mãe. Eu sei que fui egoísta. – Falo cabisbaixa.

Ela vem até mim e me abraça, aquele abraço de urso que somente nossas mães sabem dar.

- Nunca mais faça isso, me entendeu? – Ela segurou meu rosto me obrigando a olhar em seus olhos.

- Não farei. – Digo. – Acho que a essa altura, a senhora já sabe que estou noiva. – Falo triste.

- Oh meu amor. – Minha mãe beija o topo da minha cabeça. – Não fique triste por isso, será o melhor para você, ficar sozinha nesta casa não está te fazendo bem.

Fico magoada por minha mãe ser a favor de toda essa baboseira, mas fico quieta, estou cansada de discutir, eu sei que eu posso virar essa casa de ponta cabeça que meu pai não vai voltar atrás na decisão dele. Então eu precisava convencer o tal do Motta babaca a não se casar comigo.

Fico o dia inteiro no quarto, até que decido mandar uma mensagem para Lessa. Ela cuidou de mim quando eu precisei e era a coisa mais perto de uma amiga que eu tinha por aqui. E eu precisava conversar com alguém de fora.

Combinei de encontrar com ela no café no centro da cidade. Me arrumo correndo, coloco uma calça jeans preta e uma blusa cinza, calço meu coturno e solto meus cabelos. Pedi para sair sem seguranças, mas foi em vão, tinham dois brutamontes logo atrás de mim.

O café era extremamente requintado, as coisas lá eram tão caras que me pego pensando se tem ouro em toda comida. Avisto Lessa sentada próxima da janela e peço aos seguranças para manterem distância, eu não queria assusta-la.

- Oi Lessa. – Chamo a atenção dela.

- Maju, foi uma surpresa você ter me ligado. Está tudo bem? – Me sento a sua frente.

- Está sim... – Falo olhando para onde ela está olhando do lado de fora. – Na verdade, não está nada bem... – Assumo.

Lessa tem seus olhos grudados em mim, esperando eu continuar.

- Mas antes, vamos pedir algo para beber. – Aviso vendo que ela estava realmente preocupada.

Pedimos nossos cappuccinos e então volto a olhar para Lessa que tem seus olhos vidrados em mim.

- Sabe que pode confiar em mim, né? – Ela pergunta apreensiva.

Eu sinto que posso confiar nela, mas não é certo falar da máfia para quem é de fora dela, e eu não queria colocar a segurança de Lessa em risco, então decido omitir algumas coisas.

- Vou me casar. – Falo olhando para minhas mãos.

- Isso é ótimo, parabéns. – Lessa me parabeniza toda feliz. – Mas porque me parece que você não está feliz com isso? – Ela pergunta depois de constatar meu desanimo com o assunto.

- É um casamento de interesses. – O moço entrega nossos cappuccinos e um cookie que eu havia pedido.

- Como um casamento arranjado? Isso ainda existe me pleno século XXI? – Lessa pergunta surpresa.

- Eu não tenho muita escolha, meu pai está irredutível com o assunto.

- Essa sua cara, não é cara de quem vai aceitar toda essa situação de bom grado. – Ela fala e beberica seu café.

- E não irei, vou tentar convencer o noivo que isso é a maior estupidez. – Falo com raiva da situação.

- Você não pode simplesmente cair fora? – Lessa pergunta irritada. – Isso é ridículo, você é adulta seu pai não manda em você, Maju. – Quem dera fosse assim, penso.

- É mais complexo do que parece. – Falo.

- Se você não tem lugar para ir, você pode ir morar na minha casa, mas não se case com um homem que não ama, isso é horrível. – Lessa fala perplexa e fico feliz que ela ofereceu ajuda.

- Eu agradeço a oferta, Lessa. É tentadora, mas não é assim que funciona, eu vou dar um jeito de sair dessa.

- Se precisar de ajuda, conte comigo. – Lessa entrelaça suas mãos na minha.

Termino de beber meu café e me assusto com uma voz masculina me chamando.

- Sra. Nosi, é um prazer reencontra-la. – Vejo o babaca italiano me encarando, não consigo me lembrar o nome desse.

Me levanto para cumprimenta-lo e apresento Lessa a ele. Lessa come o italiano com os olhos, chegando a me deixar constrangida.

- É um prazer conhece-la, Srta. Lessa. – Ele beija a mão da minha amiga, que parece estar vendo estrelas.

- O que faz por aqui... – Droga, esqueci o nome dele.

- Esqueceu meu nome, bambina? – Pergunta se divertindo com a situação.

- Dane-se. – Falo e me viro para Lessa. – Vou indo nessa, Lessa. A gente se fala.

Saio na frente e os meus seguranças começam a me acompanhar. Sinto uma mão forte agarrar meu braço me puxando para trás e o italiano me prensa contra o carro.

- Nunca dê as costas para mim, bella. – Ele fala controlando a raiva. – Não suporto petulância, muito menos de meninas mimadas como você. – Ele aperta meu rosto.

Mimada? Esse cara não conhece nada sobre a minha vida.

- É com você que vou ter o desprazer de me casar? – Pergunto com desdém.

- Não seja idiota, bella. – Ele fala soltando meu rosto. – Não serei eu a te adestrar, mas estou pensando seriamente em aceitar esse perrengue no lugar de Giovanni.

Giovanni. Ou ouvir seu nome meu corpo estremece, tinha que ser logo ele? O que mais me botava medo? Porque não podia ser o mais normal deles, o tal de Hugo, ele parece ser uma pessoa equilibrada.

- Vejo que está com seus seguranças, faz bem bella. Vou indo, nos vemos na festa então... – Ele diz e sai andando.

- Seu nome... – Rosno.

- Es muito esquecidinha, bambina. Sou Giacomo Motta, não se esqueça mais. – Ele passa o dedo em meus lábios e sai andando na direção de um audi preto.

Chego em casa e não encontro ninguém, decido ir para o meu quarto e ficar quieta vendo TV. Meu celular vibra e vejo uma mensagem de Lessa.

" De: Lessa: Se aquele lá for seu noivo eu te mato por querer acabar com esse casamento. Ele é a perfeição em forma de gente."

Rio com a mensagem, Lessa não é nem louca de se interessar por Giacomo, pessoas da máfia estão fadadas a pessoas da máfia, e é por isso que eu não tinha escapatória. Qual as chances de eu ter uma vida normal?

Um Capo Russo querendo minha cabeça em uma bandeja, um pai que pouco se importa para mim e agora um noivo que fará a mesma coisa. Agora se Giovanni pensa que me fará de cadelinha ele está muito enganado.

//•//

O dia da festa chega mais rápido do que eu imaginará, até mesmo o amanhecer tinha perdido a graça, o sol parecia cinza ao meu ver. Minha mãe estava todo empolgada para a festa, ela reencontraria com Rosalina, elas são amigos desde pequenas, cresceram na máfia e casaram com grandes e influentes Capo, a diferença é que Rosalina casou com um cara que a ama, mamãe casou com papai por ela diz que o ama, agora ele não ama ninguém.

- Filha, já sabe que roupa irá usar hoje? – Mamãe pergunta animada e eu reviro os olhos.

Papi me encara do outro lado da mesa e já me repreende.

- É melhor que você se comporte nesta festa, Maria. Não me faça chegar em casa e ter que espancar você.

- Pablo! – Mamãe o repreende.

- Perdi a fome. – Falo e subo para o meu quarto.

O que eu mais odeio na minha relação com meu pai, é o fato de ele as vezes ainda conseguir meter medo em mim. Fico deitada, pensando na vida e meus pensamentos voam até Ana.

Se ela estivesse aqui, ela saberia o que falar. Saberia me orientar e me faria rir no meio de todo esse caos. Ouço meu celular apitar tirando-me de meus pensamentos.

"Desconhecido: Aproveite enquanto pode, eu vou achar você e vou matá-la da forma mais cruel possível, sua vagabunda. –Ank"

Estremeço com a mensagem, era questão de tempo até Anouk me achar, eu sabia disso, eu o provoquei, eu lhe contei a verdade, e ele não deixaria a vida do irmão sem vingança. Mas ele me tirou Ana e eu também não deixaria a vida dela sem vingança, minha raiva por Anouk era tão grande, que eu não consegui mais sentir medo dele, e sim uma fúria insana.

- Maria. – Ouço meu pai chamar da porta do quarto.

- O que você quer aqui?

- O que você disse a Anouk aquela noite? – Ele pergunta sério.

- Nada demais. – Minto.

- Ele está invadindo muitas coisas da minha máfia no México, eu estou passando a bola para Giovanni, mas ele não sabe disso, então eu espero que você não abra a boca.

- Está me dizendo que não consegui lidar com Anouk? – Pergunto rindo. – Cadê o poderoso Pablo Nosi?

- Não me ofenda, menina. – Ele caminha a passos largos até minha cama. – Tenho duas máfias atrás de minhas coisas, eu preciso dessa aliança com a máfia italiana.

- E pretende fazer isso mentindo? – Pergunto.

- Não menti, eu omiti a parte do ódio de Anouk pela noivinha intrometida dele. – Meu pai diz. – A propósito, desça e encontre sua mãe no carro.

- O que ela quer? – Pergunto sem dar muita importância.

- Faça o que eu mandei, Maria Julia! – Vejo então o maldito sair do meu quarto.

Me troco correndo e vou até o carro parado na frente da mansão. Minha mãe já estava dento do carro toda arrumada.

- Aonde iremos? – Pergunto assim que o carro arranca.

- Iremos comprar um vestido para você ir nessa festa, você tem que estar deslumbrante. – Mamãe diz e eu reviro os olhos.

Depois de um tempo no carro, o silêncio passo a me incomodar.

- Mãe, você sente falta dela? – Pergunto ingênua.

- Parece que perdi uma parte de mim. – Minha mãe fala revoltada.

- Papai deixou que levassem o Alex, mamãe eu não sei o que fazer... – Falo já chorando.

- Minha forte Maria, você sempre foi diferente de Ana. Ana sempre foi doce e frágil, você é forte e decidida, minhas duas meninas. – Ela fala mais para ele mesma do que para mim. – Eu nunca perdoarei seu pai por isso, mas tenho fé que Alex voltará para nós.

- Sua fé não basta, mãe! – Falo brava. – E eu não vou ficar sentada esperando.

Sinto minha mãe ficar rígida, ela vira meu rosto para ela, segurando-o entre as mãos.

- Maria, prometa para mim que não fará nenhuma estupidez? – Perguntou preocupada.

- Não se preocupe, mãe. Como a senhora mesmo disse, sou forte e decidida. – Falei.

- Mas ainda assim é de carne e osso. – Minha mãe fala e encerra o assunto.

Depois de termos chegado ao enorme shopping, minha mãe fez eu entrar em umas cinco lojas e experimentar quase todo o estoque. Ela ficava repetindo que queria um vestido especial e saberia quando fosse o certo. E na verdade o vestido era para mim e eu pouco me importava com o que eu vestia nessa festa de cobras.

Depois de andar incansavelmente pelas lojas, mamãe se encantou por um vestido vinho comprido com pedras de brilhante em suas laterais. Quando ela disse que era o vestido certo, eu vibrei mentalmente, não aguentava mais andar.

O vestido era realmente lindo, mas eu jurava que eu tinha experimentado vestidos mais bonitos em lojas anteriores, só que eu não falaria isso, vai que Dona Glória, comece sua busca novamente.

Voltamos para casa e eu chamei a Lessa para sair, mas infelizmente ela estava de plantão. Então tive que me contentar com a TV novamente.

Meu pai chegou em casa revoltado e junto dele Marcos, que estava com a cara estourada. Levantei rapidamente ao ver a situação do consigliere de meu pai, e corri até ele.

Eu não gostava muito de Marcos, não por ele ser chato ou qualquer outra coisa, eu não gostava dele por ele querer ser como meu pai, a pessoa que mais desprezo nessa vida.

- O que aconteceu com você? – Pergunto fitando sua cara.

- Não se intromete em assuntos da máfia, Maria. – Ele diz rude.

- Bem que eu queria, mas eu faço parte de toda essa merda. – Devolvo no mesmo tom.

- Não se intrometa em assuntos que não lhe dizem respeito. – Pegou meu braço e me empurrou para longe.

- Qual o seu problema? – Rosno para ele.

- Já mandei não se intrometer, porra! – Ele me olha com um olhar predatório. – Afinal, nós dois sabemos que Ana está morta, por você ser uma menina enxerida.

Paraliso ao ouvir isso, como ele sabia? Marcos sabe de tudo? Um medo cresceu dentro de mim. Segui Marcos para dentro da enorme sala de negócios dentro da mansão. Ao me ver ele estampou uma carranca e me enxotou de lá.

- Você sabe? – Perguntei temerosa.

- Do que especificamente, chica? – Perguntou revirando os olhos.

- Que é minha culpa a morte de Ana. – Sussurrei.

Admitir isso em voz alta era ainda mais doloroso. Marco volta seu olhar para mim, e sua carranca some e ele solta um longo suspiro.

- Não é culpa sua Anouk não ter alma. – Ele diz.

- Nenhum de vocês têm. – Admito e Marcos ri.

- E é melhor assim. Agora saia, tenho coisas para resolver.

Sai correndo da sala, era como se aquele lugar estivesse me sufocando. Entrei no quarto e me tranquei lá. Eu odiava minha vida, eu odiava ter nascido no meio dessa merda toda.

Eu só queria paz para mim e para minha irmã, e olha só o que aconteceu. Ana está morta e eu estou noiva de um sádico doente Capo da máfia.

As horas passam voando e com elas meu medo cresce cada vez mais, eu não estou me sentindo corajosa para enfrentar meu noivo, mas eu tinha que fazer ele desistir desta ideia absurda.

Tomo banho e me troco, coloco o vestido e me sinto mal quando me olho no espelho. Faço uma maquiagem com olho esfumado e um batom nude. Meu pai está de olho em mim desde quando comecei a me arrumar, como se eu fosse fugir a qualquer momento.

- Vá se arrumar, pai. Eu não vou fugir daqui. – Falo revirando os olhos.

- Não confio em você, Maria.

- Posso dizer o mesmo, pai.

Ele sai da porta do meu quarto e eu dou uma última olhada no espelho. Apesar de toda a produção e um vestido maravilhoso, a tristeza é visível em minha face. Desço as escadas e vejo Marcos dentro da sala de negócios do meu pai.

- Irá na festa? – Pergunto me apoiando no batente da porta.

Ele me olha e fica me encarando por um tempo, o olhar malicioso dele entrega seus pensamentos, e eu reviro os olhos fazendo Marcos rir.

- Sim eu irei. – Ele responde e termina de guardar os papeis que estavam em suas mãos. – A propósito, você está magnifica. – Ele passa por mim e me dá um beijo na bochecha me deixando constrangida. – Sempre ingênua, Maria. – Ele diz já longe de mim.

Bufo.

O caminho para a mansão dos Motta é longo então decido encostar a cabeça no vidro e tirar uma soneca.

- Nem pense em dormir, Maria! Irá estragar sua maquiagem. – Minha mãe me repreende.

Vou a viagem todo ouvindo as baboseiras dos meus pais, meu pai cínico e falso e minha mãe besta por acreditar nas palavras daquele velho.

Quando avisto a enorme mansão fico perplexa, é enorme. Devia ser proibido ter uma casa tão grande como essa, dá para construir uma pequena cidade aqui.

Somos recebidos pelo Sr. Rico, sempre cativante. Ele cumprimenta meus pais e quando coloca seu olhar sobre mim, um enorme sorriso estampa em seu rosto.

- Minha querida Maria. – Ele me abraça. – Não sabe a imensa felicidade que tive ao saber que fará parte de minha família. – Dou um sorriso amarelo para ele.

- Claro. – Falo sem jeito.

Cumprimento a Sra. Rosalina e me perco na festa, na verdade me escondo no meio das pessoas para que eu não esbarre com nenhum dos irmãos gostosura. No meio da minha fuga sou parada por uma mulher loira, linda, porém quando me vê parece que ela chupou limão azedo.

- Você deve ser a Mariana. – Ela fala com desdém.

- Maria... – Corrijo. – E você seria...

- Ah claro. Sou Angelina, namorada de Giovanni. – Fala ela me provocando, doce ilusão, porque eu não me importo nem um pouco.

- Você é namorada do meu noivo? – Pergunto me fazendo de surpresa. – É um prazer conhecer uma das putas dele. – Debocho.

- Sua petulante... – Ela diz chegando mais próxima de mim.

- Isso era para ter me ofendido? – Pergunto rindo.

Angelina me empurra me fazendo bater no peito de alguém, quando me viro para me desculpar vejo Giovanni encarando a mulher à sua frente.

- Gio, meu querido. – Ela fala melosa, reviro os olhos pra tanta falsidade.

- Saia daqui, Angelina. – Ele ordena fazendo ela e eu estremecer com sua voz.

- Mas Gio... – Ela tenta falar, mas Giovanni lança um olhar mortal para a pobre vaca.

Ele me olha intensamente me fazendo corar, droga. Ele é muito lindo, mas eu tenho medo desse homem, parece que a qualquer momento ele irá explodir e me matar. Tá, talvez eu esteja exagerando, mas ele é sério demais.

- Está radiante, bella. – Ele diz passando a mãos em meus cabelos me deixando sem jeito.

- Hm, você também não está nada mal. – Falo.

- Não pedi sua opinião. – Me surpreendo com a resposta.

- Você não precisa se esforçar nem um pouco para ser um babaca, né? – Pergunto e saio andando na frente.

Sinto as mãos de Giovanni agarrar meu braço e me puxar pela multidão, ele entra em uma pequena sala, onde posso reconhecer seus irmãos e mais dois caras.

- Fratello, até que enfim apareceu. – Giacomo fala sem notar minha presença.

- Saiam todos. – Giovanni ordena e me joga para frente, e só assim eles notam minha presença.

- Bambina... – Giacomo passa por mim e passa a mãos em meus cabelos, recebendo um olhar reprovador do irmão.

Antes mesmo que Giovanni possa falar algo, todos já estão deixando a sala. E quando percebo que está somente eu e o sádico italiano, um medo percorre minha espinha.

Ele vem em minha direção com um olhar sombrio no rosto e me prensa contra a parede. Seu rosto está tão próximo do meu que posso sentir sua respiração, o medo é tão intenso que sinto que minhas pernas vão me trair e me deixar na mão.

- Como ousa falar comigo daquela maneira? – Ele rosna. – Nunca, levante a voz para mim, Maria. – Sua voz é dura e seu olhar pétreo.

- Acho que você não... – Ele me cala tampando minha boca.

- Você não tem que achar nada. Eu só concordei com essa porra de casamento porque é benéfico para meus negócios ter a máfia mexicana ao meu lado. Então não se meta comigo, miele. – Ele grunhe.

- Você acha que eu quero essa merda? – Me solto de suas mãos.

- Você não tem que querer nada, Maria. – Sua voz é grossa e faz com que um calafrio percorra meu corpo me deixando alerta.

- Acha que vou aceitar suas ordens e ser sua cachorrinha? – Começo a rir igual louca. – Se você quer uma cachorrinha Sr. Motta, eu aconselho o senhor a ir em um Pet Shop.

Giovanni me olha surpreso e sorri de lado, um sorriso lindo e medonho ao mesmo tempo.

- Eu sei que seu pai precisa mais de mim do que eu dele, bambina. Não estrague as coisas para ele.

- Eu quero mais que você e meu pai se fodam. – Grito e isso deixa Giovanni nervoso.

Ele me agarra pelos braços e me chacoalha, fazendo minha cabeça girar.

- Nunca grite comigo, ouviu bem? – O encaro com tanta raiva que meus olhos chegam a doer.

- Eu perguntei se você ouviu, Maria! – Ele rosna.

- Sim, eu ouvi. – Falo desgostosa.

Quando ele me larga ele caminha para o outro canto da sala passando as mãos pelos cabelos visivelmente nervoso.

- Desista do casamento. – Falo quebrando o silêncio fazendo Giovanni olhar pra mim.

Ele está sorrindo e eu fico sem entender sua reação.

- Não farei isso, já fiz um acordo com o seu pai e sou um homem de palavra. Não sou um mentiroso como seu pai. – Fala sério.

- E eu não quero me casar com você, eu farei da sua vida um inferno. – Ameaço e Giovanni ri da minha cara.

- Nunca me ameace, bambina. – Ele fala rindo, não me levando a sério. – Até porque, eu posso adestrar você e você é gostosa pra cassete, vou fazer bom proveito da filha do Capo Mexicano.

Fico paralisada com o que eu ouvi, minha vontade é de correr dali e é exatamente o que eu faço. Saio daquele lugar o mais rápido que eu posso.

Eu queria poder ir embora, mas essa festa não parece que vai acabar tão cedo. Tem o jantar ainda e eu não sei se vou sobreviver a isso. Penso em o que Ana faria se fosse ela no meu lugar, eu na verdade sei o que ela faria, mas eu nunca vou aceitar esse casamento.

Fico escondida na sacada olhando o céu estrelado, até meu pai aparecer para perturbar minha paz.

- Vejo que a conversa com seu noivo não foi muito boa. – Ele fala com desdém.

- Coisa que você se importa. – Falo revirando os olhos.

Meu pai se vira com tudo me dando um pelo de um tapa na cara, tenho certeza que meu rosto ficou roxo. A dor se alastra por toda minha cara, fazendo meus olhos lacrimejarem.

- Não me desrespeite! – Ele ruge e me pega pelo pescoço me levantado na parede.

Sinto o ar deixando meu pulmões e começo a bater em seu braço para que ele me solte.

- Senhor Pablo. – Ouço uma voz masculina chamar atrás de meu pai, não consigo identificar seu dono, já que minha visão estava ficando embaçada.

Meu pai me solta me fazendo cair no chão, levo minhas mãos ao meu pescoço e tusso sem parar. Meu pai sempre foi violento e eu já tinha acostumado com isso, até mesmo já me ameaçou de me mandar para um de seus prostibulos mais sujos.

- Como vai, Giacomo? – Meu pai pergunta fingindo que nada aconteceu.

- Acho que meu irmão não vai gostar nada de saber que o senhor está enforcando sua esposa, Sr. Nosi. – Giacomo fala com uma voz ameaçadora.

Até parece, acho que se meu pai me matasse agora, ele e Giovanni fariam um churrasco como comemoração.

- Isso que acabou de acontecer não lhe diz respeito, Sr. Motta. Antes de Maria ser esposa de seu irmão ela é minha filha, e ainda pertence a mim. – Meu pai fala no mesmo tom de Giacomo.

Quando vejo Giacomo trincar os dentes penso em correr dali, não quero ver o que vai sair disso. Para o meu azar Giovanni aparece para a festinha. Ele me olha jogada no chão com seu olhar incompassivo.

- O que está acontecendo aqui? – Giovanni pergunta ao meu pai.

Me levanto com muita dificuldade e eu mesma respondo o sádico a minha frente.

- Nada que lhe diz respeito, Sr. Motta. – Meu pai me olha com orgulho nos olhos e eu devolvo com ódio.

Saio de lá, deixando os três babacas sozinhos. Vou ao banheiro e vejo que meu pescoço ficou marcado pelas mãos de meu pai, meu rosto ficou levemente inchado devido ao forte tapa, ou seja, estou acabada.

A hora do jantar chega e me sento na frente de Giovanni, que me encara com o os dentes trincados, os olhares que ele lança ao meu pai é de puro ódio. Todos na mesa me encaram vez ou outra devido ao estado que meu rosto e pescoço ficaram.

Todos já haviam ido embora, apesar de tudo acho que esse jantar poderia ter sido pior. Todos da família Motta me encaram como se eu fosse coisa de outro mundo. O olhar de Rosalina para mim é de pena, ela me lança sorrisos sem jeito.

Os irmãos de Giovanni me encaram sem esbanjar nenhuma reação, e quando meu pai chega perto de mim para avisar que vamos embora, vejo todos apertarem os olhos. Meu pai sustenta os olhares direcionados a ele, mas eu me encolho com medo da situação.

- Eu levarei minha noiva para casa hoje. – Giovanni anuncia me fazendo arregalar os olhos.

- Não será neces.,. – Meu pai me corta.

- Como quiser, Sr. Mota. Faça-me o favor de adestrar essa mulher. – Meu pai dá um sorriso de lado.

Olho para minha mãe pedindo socorro com os olhos, mas ele me pede desculpa e vai embora com meu pai. Fico ali parada com o olhar de toda aquela família em cima de mim, e o pavor toma todo meu corpo.

Passo meus braços ao meu redor e encolho os ombros, os olhares calculistas dos irmãos Motta estavam me deixando sem jeito.

- Você está bem? – Hugo pergunta com uma feição preocupada.

- S-sim. – Minha voz falha.

- Bambina, seu pai marcou mesmo seu pescoço. – Giacomo vem até mim e passa a mão por toda extensão do meu pescoço.

- Não toque nela. – Ouço Giovanni grunhir atrás do irmão.

O sorriso no rosto de Giacomo diz que a intenção era mesmo irritar o irmão, que nem sequer gosta de mim, mas acha que me tem em sua posse. Fodido de merda.

Vejo o olhar de divertimento na cara dos irmãos e um sorriso bobo na cara de dona Rosalina.

- Vamos, Maria. – Giovanni me chama da porta.

Olho para todos me despedindo e Zola me dá um sorriso cafajeste me fazendo revirar os olhos, esses italianos são todos iguais.

•••

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