KÜSS MICH #01 BÜRKI

By autoraclara

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Kate Hemmings retorna para Dortmund e como jornalista esportiva responsável por acompanhar o time do Borussia... More

00 • All too well
01 • Code blue
02 • Ahora dice
03 • Into your arms
04 • Señorita
05 • Si tú la ves
06 • Mi religión
07 • Mess
08 • Silhouette
10 • HWY
11 • Sin ti
12 • SUTRA
12.1 • The zone
13 • Heaven
14 • Mine
15 • Silence
16 • Pray
17 • Tenerife Sea
18 • You don't know
19.1 • Spotlight
19.2 • Spotlight
20 • Por perro
21 • El farsante
22 • Girl crush
23 • The one
24 • Only angel
25 • Bright
26 • The anchor
27 • Everything has changed
28 • Daddy Issues
29 • Love me now
30 • All we are

09 • Encantadora

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By autoraclara

🌀 Informações importantes:

Instagram da Kate: katebuerki

Ir para Hanover parecia uma boa ideia para aquele final de semana, principalmente pelo fato que Kate adorava passar um tempo com os pais de Sebastian. Sabine ainda preparava as melhores comidas do mundo inteiro e Dominik foi quem a ensinou a jogar cartas em um dos vários finais de semana que viajou para a cidade. Eles sempre a trataram como parte da família e seu apego era consequência do gesto carinhoso.

Nina também aceitou a viagem de última hora e tiveram algumas horas de diversão. Sebastian era quem dirigia e a jornalista teve a sensação que conversaram o caminho inteiro. Optou por ser manter distante das redes sociais naquelas horas que ainda teriam pela frente e esqueceu o celular dentro de uma das suas bolsas. Nina ainda se mostrava entretida com o seu e hora ou outra parecia se focar na troca de mensagens. Kate a observava de soslaio e rolava os olhos sempre que um sorrisinho apaixonado acabava tomando conta do rosto da irmã mais velha — mesmo que ela o negasse.

Era como uma volta ao tempo.

Tinha a sensação que poderia se desligar do mundo quando acontecia e se desligar do mundo passou a ser uma das ocupações preferidas da jornalista nas últimas semanas.

Era bom ter um tempo apenas para si mesma em alguns momentos.

Estava se dando conta de coisas que por tempo pareceram despercebidas.

— Por que você sempre prepara a torta preferida da Kate quando ela aparece por aqui?

Nina questionou em um falso tom indignado.

Sabine havia acabado de colocar uma fatia da torta floresta negra bem diante da mais nova e comentou que preparou por se lembrar que costumava ser a sua preferida. O sorriso da mulher parecia refletir aquele mesmo sorriso carregado de carinho dado por Sebastian e contribuía para tornar o local bem mais acolhedor.

— Desde quando você também gosta de torta?

— Desde quando você elegeu a Kate como a sua neta preferida — Nina exclamou e Kate mostrou a lingua em sua direção — Isso é um pouco ... injusto.

— Em nenhum momento falei algo parecido com essas suas palavras — Sabine colocou ambas as mãos em sua cintura e estreitou os olhos verdes na direção da neta com cabelo claro e cortado abaixo dos ombros — Esse exagero todo é algo de família ou?

Kate sorriu novamente e aproveitou para cortar o primeiro pedaço da torta a sua frente, não gastando muito tempo para que levasse até a boca. Sentiu o chocolate se derreter praticamente no mesmo instante e não pode evitar com que um baixo gemido escapasse pelos seus lábios em um claro sinal de satisfação e consequente aprovação.

Sabine Weiss definitivamente estava na sua lista de pessoas preferidas do mundo e ainda era a responsável pelo preparo da melhor tradicional torta floresta negra.

— Como andam as coisas para as minhas garotas preferidas em Dortmund?

Questionou em um tom cheio de curiosidade quando parou ao lado de Kate, acariciando o seu cabelo solto em um gesto carinhoso.

Sabine nunca se colocou contra o segundo casamento de Sebastian e em todas as lembranças de Kate as duas sempre pareceram próximas o bastante uma da outra. Dominik se comportava da mesma maneira e costumava levar as garotas para algumas das várias feiras espalhadas pela cidade. Lugares como aqueles costumavam atrair diversos turistas. Principalmente quando o Natal estava se aproximando. Tornava-se facilmente uma das atividades de todos que passavam por Hanover naquela época.

Kate realmente os considerava como sendo os seus avós e ambos pareciam ocupar um lugar um espaço enorme e significativo em sua vida.

Eles estavam em suas memórias preferidas de infância.

— Estou trabalhando mais que nunca — Nina respondeu ao questionamento anterior.

— Também ando bastante ocupada com as coisas relacionadas ao trabalho — Kate lamentou quando se preparava para provar outro pedaço da torta — Parece que tenho passado mais tempo envolvida com o Borussia que com minhas próprias coisas.

— Isso significa que minhas duas garotas bonitas estão solteiras?

Kate e Nina trocaram um breve olhar e optaram não responderem ao questionamento. Era engraçada que nenhuma delas soubesse como definir seus respectivos status de relacionamento e Nina parecia saber bem mais como lidar com aquilo em especial. Para ela as coisas pareciam bem daquela maneira e não seria uma conversa que o traria a tona.

Os pensamentos de Kate eram ocupados por apenas uma pessoa na maior do tempo. Entretanto, ainda não se sentia confortável em falar sobre e preferia bem mais respeitar o seu próprio tempo para que aquilo acontecesse.

Sabine saberia quando as coisas enfim estivessem resolvidas.

Kate faria questão de ser a pessoa que contaria pessoalmente.

O seu cabelo foi cortado logo acima dos ombros e havia sido pintado recentemente, sendo algo que não surpreendia nenhuma das garotas. Ela sempre pareceu gostar de coisas do tipo e parecia manter uma relação próxima o bastante com cada um dos netos quando surgia oportunidade para tal coisa.

Deveria ser um dos principais motivos pelos quais todos acabavam optando por irem para a cidade quando as férias chegavam. Kate soube a quem Nina puxou desde que ficou frente a frente com ela pela primeira vez e a adorou desde aquele dia em especial. Os seus avós americanos costumavam ser um pouco mais tradicionais. Sabine e Dominik seguiam mais a linha modernos e estavam presentes em todas as redes sociais, além de estarem por dentro de todos os assuntos que interessavam aos netos.

— Estive olhando o status de relacionamento das duas recentemente no Facebook e confesso que acabei sendo pega de surpresa com aquele solteiras em destaque. Isso significa que não conheceram ninguém nos últimos tempos?

— Eu acho que os caras de Dortmund fogem de nós duas quando nos encontram — Nina brincou quando roubou um pedaço da torta de Kate para si — Estamos em uma calçada e eles devem mudar para a outra quando se dão conta da nossa presença.

— Então eles são uns tolos por pensarem dessa maneira — Sabine exclamou indignada — Porém continuou de olho nas duas nas redes sociais e nada me passa despercebido.

Kate se encolheu involuntariamente quando notou o olhar acusador sobre si. Roman e ela não estavam sendo exatamente discretos em algumas das interações e qualquer pessoa bem observadora se daria conta do pequeno clima que os rondava. Deveria saber que Sabine perceberia e por isso deu apenas um breve sorriso em sua direção.

Ela a lia com facilidade e era algo admirável.

— Eu apenas não insistirei porque desconfio que ainda não tenha nada para me contar. Mas, caso precise de uma opinião pessoal, acho que os dois combinam bastante. Tenho a sensação que você é exatamente o que ele precisa nesse momento e esses olhinhos brilhando em minha direção se tornaram a resposta da qual eu precisava.

Kate sorriu as bochechas corarem em constrangimento com as palavras ditas pela avó. Sabine sempre parecia saber o que falar para que levasse um pouco de tranquilidade e calma aos seus pensamentos. Era bom saber a opinião de alguém que simplesmente observava as coisas do lado de fora e que acabava por se tornar impessoal no meio de todo aquela furacão a qual se tornou a sua vida.

Mas ainda tinha aquele leve receio de não ser o que Roman precisava.

Tinha medo de não continuar ser o bastante depois de todo aquele tempo.

Uma daquelas modelos da Capa da Vogue pareciam ser a sua melhor opção e era um pensamento a qual ela lutava constantemente contra. Os jogadores pareciam preferir aquele padrão e a ideia a incomodava constantemente. Roman continuava o mesmo de sempre, mas não sabia o que esperar de um futuro não muito distante caso acabasse arriscando todas as suas fichas naquele relacionamento.

E se tudo aquilo fosse apenas uma empolgação momentânea?

E se os dois novamente se perdessem no caminho?

Kate tinha medo e ela tinha medo justamente por não saber como lidar com decepções de frente, e quando essas decepções chegavam acompanhadas por um coração partido, as coisas se tornavam bem piores que antes.

O rumo da conversa entre as três acabou mudando e logo estavam falando sobre o seu período morando e estudando nos Estados Unidos nos meses anteriores. Falava com Sabine quase todos os dias naquela época e ainda assim ela parecia interessada em cada pequeno detalhe sobre. As comparações existentes entre Dortmund e Nova York se tornaram inevitáveis em certo ponto da conversa e Kate não pode evitar sorrir.

Sebastian e Charlotte chegaram acompanhados por Dominik não muito tempo depois e Kate aproveitou a brecha para usar a desculpa que subiria para tomar um banho.

Deitou sobre a cama de casal no quarto de hóspedes que dividira com Nina e decidiu que estava na hora de verificar as mensagens que se acumularam ao longo do dia. Retirou o tênis em seu pé e sentiu-se bem mais confortável daquela maneira. O papel de parede tinha tons claros e rosas frescas foram colocadas logo ao lado da cama. Uma cortina vermelha encobria as janelas de vidro e bem ao lado havia uma pequena mesa e o único som que preenchia o ambiente era o da respiração da jornalista.

Entre todas as mensagens encontrou algumas de Roman e acabou sorrindo antes mesmo que abrisse o aplicativo e lesse cada uma delas.

Uma das últimas foi a que mais chamou a sua atenção.

Roman Bürki enviou um link para você.

Era o vídeo de uma música e não levou muito tempo para que preenchesse o ambiente. Preferiu não responder e deixou com que os dois tracinhos ficassem azuis.

— Eu acho que você quer me deixar louca — murmurou para si mesma, rolando sobre a cama e escondendo o rosto no travesseiro, ainda podendo escutar a melodia da música e não se importando com os batimentos fora de ordem a cada novo e pequeno verso.

Kate mordeu a tampa da caneta e observou a tela do computador diante de si.

Concentrar-se naquele final de tarde não estava sendo exatamente uma das coisas mais fáceis do mundo e sabia que a qualquer momento Heidi ligando para que cobrasse algumas das coisas que acabaram se acumulando naqueles últimos dias. Foi o principal motivo pelo qual não esticou a noite em um happy hour com alguns dos amigos.

Sua vida social estava bem mais movimentada que o previsto inicialmente e eram poucas as semanas nas quais não acabava sendo arrastada do seu apartamento direto para alguma poucas horas de diversão com seus antigos ou novos amigos.

Naquela noite resolveu focar em coisas que eram realmente necessárias.

Terminaria uma parte do trabalho e adiantaria uma outra ainda pendente.

Pediu alguma coisa para jantar e não seria novidade para ninguém encontrar algumas caixas de pizza espalhadas pelo pequeno apartamento naquele horário. Parecia a melhor opção quando Sofie e Gabrielle bateram em sua porta sem que avisassem nada. Uma visita inesperada e que acabou garantindo algum tempo agradável com duas das amigas. Realmente sentia falta de passar um intervalo de tempo maior na companhia das duas.

Costumavam ser inseparáveis um tempo atrás e era bom saber que nem mesmo o tempo ou a distância foi capaz de fazer com que as coisas mudassem.

— Então é definitivo que retornará para casa?

Kate questionou, desviando os olhos da tela do computador e encarando-a finalmente. O cabelo escuro de Sofie continuava abaixo dos ombros e o olhar divertido ainda presente. Ela estava sentada sobre o carpete, mantendo as pernas esticadas e com uma fatia de pizza pela metade presente em suas mãos. Gabrielle estava sentada logo ao seu lado e a espionou rapidamente — desviando por poucos segundos a atenção do celular.

— Os meus pais acham que eu deveria esperar pelo final do semestre — Sofie lamentou, com uma discreta careta surgindo em seu rosto — Sabe quando parece que você passou a observar a sua vida passando atrás da janela de um daqueles trens?

Kate assentiu em confirmação e mordeu os seus próprios lábios, ao mesmo tempo em que procurava por palavras que pudessem tranquilizar um pouco a amiga. Sofie era dona de uma personalidade impressionante e parecia detestar quando as coisas simplesmente não saiam conforme o planejado anteriormente — e a garota era uma daquelas pessoas que pensava por um longo período até que a escolha fosse feita.

Entendia que ela ficasse frustrada quando não conseguia ir em frente com algo.

— E o que fará nesse período? — Gabrielle quis saber.

— Eu acho que provavelmente vou trabalhar com a minha mãe na livraria e tentar algo que me agrade a ponto de querer concluir dessa vez. Não pretendo ficar em casa estalando os dedos e indo aos jogos na Veltins-Arena aos finais de semana.

Gabrielle esticou as suas pernas e inclinou-se ligeiramente para que servisse a si mesma com uma das poucas fatias de pizza que ainda restavam na caixa. Seu cabelo loiro estava preso bem no alto da cabeça e ela usava as suas roupas de academia. Kate sabia que as duas acabariam passando a noite por lá e que consequentemente pegariam suas roupas. Não era algo que a incomodava e sempre apreciava a companhia de ambas. Era bom para manter a sua mente ocupada e evitar que continuasse tão dispersa.

— Sorte de vocês duas que já passaram por essa fase e não precisam passar o dia inteiro escutando conselhos de alguns familiares que visitam uma vez a cada cem anos — Sofie protestou em um tom repleto de drama — Deve ser muito bom ser formada e trabalhar.

— Depende do ponto de vista — Kate respondeu de modo divertido, brincando de girar de um lado para o outro na cadeira que ficava diante da mesa do computador — Passo a maior parte do meu tempo em um centro de treinamento e em alguns momentos ainda preciso lidar com algumas piadinhas vindas das arquibancadas.

— E eu tecnicamente trabalho para os meus pais — Gabrielle exclamou em seguida — Mas definitivamente não estou reclamando do fato de ter conseguido um emprego.

— O seu pai costuma descontar do seu salário as suas faltas?

Sofie questionou de modo curioso, estreitando os olhos na direção da garota de cabelo claro e parecendo esperar por sua resposta.

Gabrielle administrava uma academia que o seu pai tinha em Düsseldorf havia um tempo — sendo que era apenas uma das várias que ele tinha espalhada pelo país. Era ela quem lidava com toda a parte burocrática e financeira. Kate sabia que para a amiga era algo realmente importante. Ela era o tipo de pessoa que apreciava sua própria independência e aquele havia sido apenas um dos primeiros passos.

Gabrielle Schmitz era bem mais que aquela aparência de modelo teen e, apesar de parecer ser fria e distante para a maioria das pessoas, Kate a classificaria facilmente como sendo uma das pessoas mais importantes da sua vida. O cabelo parecia sempre impecável e os olhos claros se mantinham atentos a qualquer detalhe.

— Não costumo faltar assim com tanta frequência e quando isso acontece normalmente é por algum compromisso realmente importante relacionado a própria academia.

— Isso tudo é empolgação por estar indo trabalhar com a sua mãe na livraria?

Kate a observou de modo desconfiado.

— Preciso apenas descobrir um pouco mais sobre esse mundo dos trabalhadores — Sofie deu de ombros duas vezes e a jornalista não pode evitar o discreto sorriso que tomou conta do seu rosto quase que em seguida — Pensei que meus pais surtariam mais com isso e adiei a hora de contar até o último segundo.

Gabrielle bocejou de modo sonolento antes que pudesse questionar novamente, apoiando a sua cabeça contra o sofá e de modo que pudesse manter os olhos focados na amiga.

— O que Max tem falado sobre isso tudo?

— Ele concorda que é uma decisão apenas minha e tem me aturado desabafar sobre como as coisas estão horríveis desde que coloquei os pés para fora da cidade. Estaria realmente perdida sem toda essa paciência dele com minhas reclamações constantes.

— Eu acho fofinho o fato de vocês serem tão amigos assim.

— Um relacionamento não deveria significar exatamente isso? — Sofie franziu as suas sobrancelhas perfeitamente desenhadas na direção da garota.

Gabrielle sorriu e fechou os seus olhos, para que então retomasse a fala.

— Parece um pouco estranho que você seja bem mais experiente para essas coisas que qualquer uma de nós. Minha vida amorosa parece prestes a entrar em colapso e você e o Max se comportam como se ainda estivessem naquela fase inicial do relacionamento.

— Pensei que você fosse adepta a lei do desapego.

Kate sorriu da discreta alfinetada presente na frase dita por Sofie e optou por guardar aquela observação apenas para si mesma durante a conversa das duas. Mas não poderia deixar de concordar com o fato que Sofie parecia bem mais preparada para lidar com um relacionamento que qualquer uma dela.

Ela era sensata e as coisas pareciam funcionar.

Kate jogou o cabelo escuro por cima dos ombros e sorriu para a câmera do celular que foi apontado em sua direção apenas alguns poucos segundos antes. Eileen passou um dos braços ao redor da sua cintura e pediu que colocasse o seu melhor sorriso no rosto. Kate acabou seguindo a sua instrução e foi liberada sem precisar esperar muito.

Era a noite do aniversário de Roman finalmente e ela ainda sentia as suas mãos suadas em expectativa pelo momento no qual acabariam esbarrando um com o outro.

O vestido preto deixava parte dos seus ombros a mostra e o batom vermelho em seus lábios acabava atraindo facilmente atenção de qualquer outra pessoa. Nina e Gabrielle foram as responsáveis — ao menos em parte — por sua escolha e precisava admitir que ficou satisfeita com o resultado quando encarou a si mesma diante do espelho.

Para quase todos os lados que olhava naquela noite poderia encontrar algum jogador do Borussia Dortmund acompanhado por algumas por suas esposas ou namoradas.

Nina e Eileen realmente cuidaram de cada pequeno detalhe para a festa e quem ficou responsável pelas músicas parecia ter feito um trabalho ainda melhor. Gabrielle a arrastou para a pista alguns minutos antes e 2ON renovou suas energias a medida em que conseguiam acompanhar cada pequeno verso acompanhando o ritmo da música.

— Mmm ... você parece ainda mais bonita hoje — Daniel exclamou quando se aproximou e estendeu um copo colorido na direção da jornalista, abrindo um sorriso travesso antes de completar a sua fala — Quais os planos para essa noite?

Kate rolou os seus olhos escuros e aproveitou o tempo para que provasse da bebida, umedecendo os lábios antes que pudesse responder ao questionamento anterior.

— Eu acho que apenas aproveitar a festa parece uma boa ideia.

— Matar o Roman do coração também é uma delas e estou ansioso por esse momento — Daniel comenta em tom irônico e Kate escuta Eileen sorrir ainda ao seu lado.

— Daniel é o líder daquele clubinho que apoia o casal e você deveria estar acostumada — Eileen se manifestou antes que Kate possa falar qualquer coisa em sua própria defesa

— Eu acho que ele já bebeu bem mais que deveria — Kate murmura mais para si mesma e provou uma quantidade maior do coquetel em seu copo logo em seguida — Por um acaso algum de vocês saberia me informar onde a Nina se meteu?

Kate questionou para que mudassem o rumo da conversa por ao menos um minuto.

Desencontrou-se de Nina desde o instante em que passaram pelas portas e desde aquele instante não conseguiu avistar a irmã mais velha em nenhum dos cantos do lugar. Gabrielle e Sofie continuavam perdidas na pista de dança montada e Kate sabia que as duas apenas sairiam de lá quando os pés estivessem implorando por socorro.

Eileen foi quem passou a maior parte do tempo como sendo a sua companhia e ela ainda parecia estar sob controle.

Kate gostou da maneira como seu cabelo parecia cheio de cachos naquela noite e da forma como o seu vestido prateado aderiu perfeitamente ao seu corpo — com grande parte das suas costas estando amostra para qualquer pessoa.

— Eu nem sei porque você ainda força a sua mente adivinhar onde a Nina se meteu — ela foi quem respondeu em um tom carregado de sarcasmo.

— Nicolas?

— Eles estavam aparentemente discutindo quando esbarramos alguns minutos atras — Daniel explicou quando adotou uma postura mais séria, coçando a sua nuca para que pudesse continuasse a falar — Sabem como eles mudam o status toda hora.

— Mudam o status toda hora? — Kate indagou quando não entendeu o comentário.

— Significa que eles estão em off agora e que isso deve durar alguns dias — Eileen explicou com um sorriso discreto nos lábios — Costumamos definir o relacionamento dos dois em duas fases: on e off, e, no momento, eles certamente entrarão na fase off.

Kate arqueou uma das sobrancelhas e uma pequena careta tomou conta do seu rosto.

Era uma pessoa confusa com relacionamentos.

Mas detestava quando eles passavam a ser definidos daquela maneira. Era quase como se beirasse ao desgaste emocional e todos os envolvidos acabavam atingidos facilmente alguma hora, principalmente quando o grupo de amigos parecia envolvido com toda aquela intensidade que cercava o relacionamento de Nina com Nicolas. 

— Por que tenho a impressão que isso é algo rotineiro deles?

— Porque é e nem adianta você falar nada sobre isso. Quantas vezes você acha que já puxamos a orelha dos dois e tentamos melhorar tudo isso?

— Isso significa que devo apenas sentar na janelinha e apreciar a turbulência?

— Isso significa que você deve preservar a sua sanidade mental — Daniel se intrometeu quando acabou com o que ainda restava da sua bebida — Eles são adultos e bloqueiam qualquer tentativa de intromissão nesse relacionamento as avessas.

— Daniel e Nicolas já discutiram feio por causa disse algum tempo atrás.

— E o Roman no meio disso tudo?

— Roman apenas vai intervir se as coisas saírem do controle e já deixou isso bem claro.

Kate estreitou os olhos diante da fala de Eileen e optou por dispersar os pensamentos e deixar aquela breve conversa sobre o relacionamento de lado pelas horas seguintes. Nina era fechada em relação ao assunto e a jornalista por vezes se sentia no escuro sobre. Precisava organizar seus pensamentos de alguma forma e então tentaria novamente.

Daria um tempo até que a sua mente entendesse perfeitamente como tudo funcionava e deixaria a preocupação de lado para que aproveitasse a sua noite livre.

Também merecia um pouco daquilo.

Kate acabou sorrindo após brindar com Gabrielle e Sofie naquela noite.

Havia se passado certo tempo desde que chegaram a festa e desde então passou a se sentir bem mais tranquila entre todas aquelas pessoas. Sorria de alguma piada feita eventualmente por Gabrielle e repetia para si mesma que não poderia se entregar tão facilmente aos efeitos que o álcool facilmente causaria em seu organismo. A música eletrônica continuava tocando e seu riso pareceu ter se tornado mais fácil que antes. Entretanto, ainda tinha consciência de tudo aquilo que acontecia a sua volta.

Não era o tipo de pessoa que perdia o controle tão facilmente e quando se dava conta que aquilo estava prestes a acontecer barrava a si mesma — sendo uma maneira eficaz de evitar qualquer dor de cabeça que a acometesse no dia seguinte.

Não conseguia lidar tão facilmente com as coisas como a sua irmã ou as suas amigas.

— Parece que estou pactuando com o inimigo.

— Como?

Gabrielle questionou Sofie e cruzou ligeiramente as sobrancelhas em sua direção.

— Estou em uma festa repleta de jogadores do Borussia Dortmund. Como ficará minha imagem em Gelsenkirchen?

— Por isso que eu sou livre para amar a todos eles — Gabrielle cantarolou em um tom repleto de diversão e Kate sorriu baixinho diante das suas palavras — Eu não seria louca de deixar com que um time de futebol delimitasse tanto a minha vida.

— Como confiar em pessoas que não gostam de futebol?

Sofie fingiu murmurar para Kate e Gabrielle mostrou o dedo do meio em resposta.

Gabrielle Schimitz não era uma das pessoas mais adeptas a ir a estádios nos finais de semana e não se importava em declarar-se como neutra quando o assunto era futebol. Era mais adepta a esportes como Futebol Americano ou qualquer coisa semelhante. O fato de ter nascido em um local que respirava o futebol era um pouco decepcionante e revirava os olhos constantemente quando as amigas passavam a falar sobre o assunto. Torcer pelos Patriots era bem mais interessante que qualquer outra coisa.

— Estive pensando em quando finalmente iria conseguir esbarrar com você essa noite.

Kate sentiu os poros da base do seu pescoço se arrepiarem em resposta quando Roman Bürki se aproximou e passou um dos braços ao redor da sua cintura, não se importando em aproximar os lábios do seu ouvido para que ela pudesse entender.

— Parecia que você estava muito ocupado com seus convidados — a jornalista exclamou em resposta quando se virou para que ficassem frente a frente um para o outro.

— Eu ainda posso ter as minhas prioridades.

— Obrigada pela consideração — Gabrielle exclamou em alto e bom tom, fazendo com que o goleiro espionasse por cima dos ombros da jornalista e desse um sorriso apaziguador como resposta.

— Eu acho que não somos mais necessárias — Sofie entrou na brincadeira e Kate sentiu as suas bochechas corarem em constrangimento — Divirtam-se e não se comportem.

Kate as espionou por cima dos ombros e deu seu melhor falso olhar indignado antes que as duas garotas pudessem sumir do seu ponto de vista em tempo recorde.

— Você por um acaso esteve se escondendo esse tempo todo?

— Por que eu faria isso? — respondeu quando o encarou, ignorando momentaneamente todas as pessoas a sua volta e o fato que se tornariam alvo de atenção facilmente.

— Estou apenas me certificando que ando mais paranoico que o normal ultimamente — Roman murmurou como se não fosse uma confissão agradável, levando seus lábios até a sua testa e deixando um beijo demorado como complemento daquela sua resposta.

Alles Gute zum Geburtstag, Römu.

Kate Hemmings falou ao adotar um tom mais ameno e carregado de carinho, espalmando ambas as mãos contra o peito do jogador e mantendo os olhos fixos nos seus. Eram escuros e a jornalista o compararia facilmente com um filhotinho fofinho, de tão adorável que era o seu olhar sobre si em momentos como aquele.

— Espero que goste do seu presente.

— Você me deu o melhor presente que eu poderia ganhar tem um tempo e acho que nenhum outro pode ultrapassar o valor ou significado desse.

— Deveria parar de me deixar sem palavras dessa maneira — Kate mordeu os seus lábios e fingiu brincar com os botões da camiseta preta de abotoar do Suíço.

Roman sorriu roucamente a puxou para um abraço demorado, mantendo os braços ao seu redor e permitindo que a jornalista fechasse os olhos por alguns segundos e buscasse uma maneira de normalizar novamente a sua respiração desconcertada. Era bom estar nos braços de Roman daquela maneira e a sensação de estar em casa continuava presente de maneira bem mais intensa que alguns meses antes.

— Será que podemos conversar sobre tudo o que tem acontecido? — Roman questionou receoso quando se afastaram e Kate estreitou os olhos em sua direção.

O olhar presente no rosto e a cabeça ligeiramente inclinada entregava antecipadamente a sua resposta e — por alguns segundos — Roman sentiu a frustração tomar conta de si. Ele queria conversar e implorava mentalmente que aquela também fosse a sua vontade.

— Esse ainda não é o momento — negou.

— Por que ainda não seria? Não me diga que estou imaginando coisas, Kate, porque não é possível que todos esses sinais sejam falsos ...

— Hoje é o seu aniversário e não quero que torne essa data importante por outros motivos — ela espalmou uma das suas mãos contra a face do jogador e acariciou a barba por fazer lentamente e de maneira carinhosa — Mas acredite que vamos conversar.

— Quanto tempo?

— Bem menos que você imagina — garantiu de modo mais sincero que poderia para o momento e colocou um sorriso em seu rosto antes de prosseguir — Por que não podemos apenas deixar esse assunto de lado por um tempo e aproveitamos o hoje?

Kate se deu conta de como Roman pareceu lutar contra os próprios pensamentos para que concordasse com aquilo e levou um tempo mínimo para que sorrisse em resposta. Eles conversariam quando achasse um momento mais apropriado para algo do tipo.

Não se importou em ser a sua companhia para o resto da noite e nem mesmo com o fato que passaram a maior parte do tempo de mãos dadas. Roman a inseriu em conversas com seus amigos e ela precisou se esforçar para deixar o tom profissional de lado.

Não duvidaria que o sorriso de um refletia facilmente o do outro.

Eles estavam em sincronia e qualquer pessoa poderia notar aquilo.

Roman não precisava de respostas e apenas ele não se deu conta do que estava óbvio.

Kate ficaria e não se tratava da hora certa para tomar aquela decisão, mas sim da pessoa certa que apenas somaria a sua vida.

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