Th narrando
- Bom, você ja conhece tudo -George parou dando um sorriso cínico e juntando as mãos a frente de seu corpo-
- Há uma sala no terceiro andar da qual você pulou, o que tem la? -perguntei sério cruzando os braços-
- Essa informação não interfere no seu serviço Thiago
- É Th, e sim, interfere. Mas se você não quer me apresentar, pode deixar que eu mesmo dou meus pulos -disse virando as costas e saindo-
Eu tinha estudado toda a corporação e todos os ambientes que George havia me apresentado eu sabia de cor, exceto aquela maldita sala no terceiro andar. Era a mais vigiada e mesmo manipulando as câmeras, eu nunca via ninguém entrar la.
Inerte em meus pensamentos acabei esbarrando em uma mulher.
Ela parece ter travado ao me ver e rapidamente abaixou pra pegar suas coisas. Fiz o mesmo para ajuda-lá e ao voltarmos a nossa postura normal ela retornou a me olhar intrigada.
- Perdão, eu estava distraído -disse a encarando minunciosamente-
- Ah, não, não, tudo bem -respondeu meio atrapalhada e ia saindo mas eu a segurei com leveza-
- Nos conhecemos? -estreitei os olhos e vi por um instante um receio em seu olhar-
- Não, provavelmente não -disse e se soltando de mim saiu andando com rapidez-
A observei por um segundo e continuei meu trajeto.
Meredith, era o nome no crachá. Não havia nenhum sobrenome nem nada mais que eu pudesse me apegar para descobrir o que de fato aconteceu ali. Mas eu acharia.
No elevador encontrei o superior de todos ali e sorri cinicamente me posicionando ao seu lado.
- George te apresentou a corporação?
- Sim, mas faltou algo -disse ja sabendo que ele entenderia-
- A sala do terceiro andar é privada, ninguém entra, são regras.
- Ninguém mesmo? -joguei com ele-
- O que está querendo Thiago? -se virou pra mim-
- É Th -me virei pra ele também- Pode até ser que ninguém entre lá, mas você sabe o que tem la dentro, e eu quero saber o que é
- Isso é só curiosidade de principiante, logo você aprende que regras devem ser seguidas
- Se trata de confiança Antônio, se eu não conhecer esse lugar e as pessoas que por aqui circulam, como vou confiar minha vida a vocês?
- Não estou aqui para brincadeiras Alvarez -disse sério enquanto pronunciava meu sobrenome-
- Claro que não
A porta do elevador se abriu e eu sai antes que cometesse alguma besteira e colocasse tudo a perder.
Essa provavelmente seria a coisa mais difícil e terrível que eu faria. Enganar a corporação exigia uma tática infalível e eu pretendia ter essa tática.
Eu sei bem que vingança não é la a coisa mais sensata do mundo e nem foi o que aprendi durante minha juventude. Mas eu sentia a necessidade de vingar a morte do meu pai, não era justo que por alguém que se julgava amigo dele, ele tenha morrido.
Fui para o meu quarto a fim de tomar um banho gelado enquanto tentava incansavelmente esfriar a cabeça.
Eu precisaria mudar um pouco meu foco, mas sempre que pensava em outra coisa, era de Ane que eu me lembrava.
E a vontade de voltar e tê-la nos braços era quase irresistível, mas eu sei bem que essa missão ia ficar indo e voltando na minha mente, como quem veio pra foder a vida da pessoa. Eu não conseguiria ficar em paz com Anitta se não resolvesse os meus problemas.
A água fria me fez bem de certa forma. Claro que não fez milagre mas ajudou.
Sai do banheiro com a toalha enrolada em meu quadril e dei de cara com Meredith em frente a porta do meu banheiro.
- Eu deveria perguntar o que faz aqui? -olhei sério para ela que me analisou de cima em baixo-
- Desculpe, eu não deveria ter entrado, vim entregar seu cartão de entrada na corporação e você não atendeu a porta então resolvi me certificar de que estava tudo bem.
Eu ri debochado.
- Não se pode tomar um banho mais e as pessoas ja pensam que você morreu -disse estendendo a mão para ela e pegando o cartão- Obrigado.
- Eu vou indo -disse enquanto se virava para sair dali-
- Espera
Meredith parou e permaneceu de costas para mim por alguns segundos antes de perguntar se poderia ajudar em alguma coisa.
- Pode me dizer de onde nos conhecemos -eu falei tentanto arrancar dela alguma Informação-
- Não nos conhecemos.
- Não mesmo? Porque eu poderia jurar que lembro de você de algum lugar -dei passos em sua direção e vi ela ficar tensa-
- Está enganado Alvarez
- Th -cheguei mais perto dela que deu um passo grande pra trás se afastando- Me diga, de onde você é?
- Sou daqui
- Não, não é. Seus traços desmentem tal informação. Se não nos conhecemos, o que te custa me dizer? É de Portugal? Espanha? Vai, diz. -voltei a ficar próximo dela não a dando saída pois a parede estava logo atrás de seu corpo-
- Por que quer saber sobre mim?
- Porque sei que está mentindo -passei a mão pelo teu rosto acariciando e senti seu corpo ficar mais tenso-
- Não estou e mesmo que estivesse eu não tenho a obrigação de te falar nada -olhou firme nos meus olhos e eu sorri aproximando meu rosto do dela e chegando perto de seu ouvido-
- Não preciso te obrigar a nada Meredith -pousei minha mão em sua cintura e sua respiração ficou mais profunda-
Voltei a olhar seu rosto e a prendi contra a parede e meu corpo. Ela fechou os olhos e respirou fundo.
- Abra os olhos -a encarei esperando que o fizesse- Vamos, abra os olhos Meredith -falei firme e apertei minhas mãos em sua cintura-
- O que quer de mim?
- A verdade. Já fomos pra cama juntos?
Ela me olhou e permaneceu calada.
- Vamos, me responda de uma vez.
- Sim
Olhei para ela que aparentemente dizia a verdade e a soltei me virando e passando as mãos no cabelo.
- Quando aconteceu?
- Há dois anos
- Onde te conheci?
- Num bar
- George's Buffirmen -disse me recordando- Você dança bem
- Eu sei, disse isso muitas vezes aquela noite
- Dançou pra mim
- Sim eu o fiz, mas você não me deixou terminar, me levou pra cama e transamos
- Durante a noite toda
- Exato, posso ir agora?
- Estava lá por que a corporação te mandou?
- O que? Acha que eu transaria com alguém porque a corporação mandou? Sério?
- Então quer me dizer que foi um acaso?
- Não, apenas disse que não foi pela corporação. Ja havia te visto antes, fui atrás pra saber quem era e fiz acontecer por conta própria.
- Me procurou pra transar? -olhei pra ela surpreso-
- Bom, vamos dizer que os boatos são verdadeiros.
- O que? Quem te falou de mim?
- Ah, por favor ne Th, sejamos sinceros, um homem feito você que faz o que você faz entre quatro paredes, acha mesmo que quem ja teve a sorte de curtir esse teu corpo ia ficar calada? Me poupa, eu tenho trabalho a fazer.
Dito isso ela se virou, abriu a porta e saiu. Sentei na cama e lembrei de Ane.
Eu sou um fodido da porra, se esses boatos chegarem nos ouvidos de minha morena ela literalmente nunca mais vai querer olhar na minha cara.