Entreabri os olhos de leve, a luz estava incomodando de um jeito quase inexistente, mas ainda assim incomodava.
Thomas dormia pacificamente ao meu lado, os cabelos por cima do rosto e o lençol cobria parte de seu corpo. Ele tinha um sorriso quase inocente, parecia feliz por estar dormindo. Parecia em paz, como eu não tinha visto até mesmo nas missas que eu era obrigada a assistir nos últimos dias.
Transar com Thomas tinha sido errado. Eu sabia muito bem disso. Era egoísmo meu querer tanto algo simplesmente para deixar ele fora da bolha que ele criara em sua vida. Mas essa bolha era opção dele e essa questão era a que me tornava a vilã maior de toda a história.
– Thomas. – Digo baixo, cutucando-o e esperando algum sinal vindo dele. Mas nada acontecia, se ele não respirasse tão alto eu diria que estava morto. Beijei sua testa levemente e me afastei, tomando cuidado com as partes de seu corpo que tocavam as minhas. Procurei algum papel entre suas coisas e anotei algumas palavras quando achei.
Me arrumei e fui para casa. Thomas ainda não tinha acordado.
"Thomas,
Sinto muito por tudo o que aconteceu, mas eu vou ser sincera e covarde: eu não gosto de você. Não gosto como você acha que é dono do mundo é muito menos como acha que é o único certo. Como quer me ensinar coisas que eu já sei e como acha que eu sou uma criança mimada, temos uma novidade: eu sou.
E é por isso que você estava na sua cama alguns segundos atrás e sem roupa. Porque você dormiu comigo e lembra muito bem disso. Porque você queria pecar e adorou ser o pecado de Summer O'Hare.
Você foi um jogo muito bem jogado.
Espero que não ligue por ter sido usado e muito menos para bons jogadores. Que nunca mais eu veja você.
Com amor,
Summer."
O ônibus já estava pronto e meus óculos me salvavam do clima ruim. Ajeitei meu cabelo olhando para a cidade pelo vidro e soltei uma gargalhada vendo a igreja. Aquele era meu último dia naquela maldita cidade.
E ela nunca mais voltaria.