Quando moramos sozinhos viajar nem sempre é algo fácil, explico; não tenho animais de estimação, mas possuo plantas e precisaria de alguém para rega-las, o que torna minhas viagens sempre curtas. O fato é que dessa vez (morando em uma nova cidade) ainda não construí um bom círculo de amizades para que isso aconteça, deixar as chaves de casa nas mãos de pessoas ainda desconhecidas não é uma alternativa que me agrada muito. Não gosto da ideia de pessoas mexendo em minhas coisas como um enxerido bisbilhoteiro.
Morar sozinho é algo que me atraia realmente muito, hoje cozinhar, lavar e limpar a casa não é tão incrível. As roupas que deixo espalhadas pelo quarto, quando acordo atrasado, atropelando tudo que vejo pela frente as seis da manhã, incrivelmente continuam lá do mesmo jeito que as deixei quando chego, assim como a pia cheia de louça e a toalha molhada no banheiro.
Viver sozinho implica responsabilidades que são burocráticas para mim, que definitivamente sou esquecido, faz com que tenha a porta da geladeira como um quadro de avisos onde penduro as contas de internet, luz e água para não esquecer de pagá-las. Também implica autonomia, claro é a melhor parte, morar sozinho traz aquele gosto de liberdade de levantar no domingo as três da tarde sem ninguém da família presente para perguntar se eu havia morrido ou a segurança e comodidade de levar aquele cara que tu mal conheceste na noite para uma transa incrível e nada além disso. Troca de fluídos corporais também é necessário, poxa!
Viver sozinho é ter um canto na casa para estudar e ter a certeza que nada será movido do lugar naquela semana em que se está fudido de tanto projeto para escrever e provas para estudar. O silêncio é algo que favorece as leituras na madrugada.
Morar sozinho é ter um estoque de miojos no armário, biscoitos, doces e na geladeira menos verduras e mais produtos industrializados. Sempre quando viajo, e é sobre isso que comecei a escrever, sinto um estranho na casa dos outros, fico ansioso para voltar para casa, para a minha cama e meus cobertores que quanto mais velhos, mas me sinto apegado a eles. Tenho envelhecido rápido demais e percebo que a solidão até que me cai bem.
Janeiro/2013