Blue

By GioviSouza

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"Você era vermelho e gostava de mim porque eu era azul. Você me tocou e de repente eu era um céu lilás, então... More

Boas Vindas!
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 31

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By GioviSouza

Minhas pernas bambearam e eu me posicionei na frente de Nicholas por instinto, sentindo seus braços à minha volta. Os policiais não desfizeram a postura, sabia que miravam em seu peito e cabeça, mas eu nunca deixaria que ele se machucasse. O meu marido.

Ao fundo da igreja, vi Aimée entrando com um lenço nas mãos, vestida em roupas pretas como se estivesse de luto. Noah vinha ao seu lado, apoiando-a e Bianca logo atrás deles parecendo um tanto perdida. Marceline não vinha junto, com certeza Aimée não conseguira influenciá-la porque a mulher acompanhou tudo desde o início.

- Fiquem onde estão! - Um dos atiradores gritou.

- Não machuquem ele! - Choraminguei.

- Saia daí, Blue Blanchett! Venha aqui agora mesmo! - Aimée ordenou, a voz nem um pouco embargada como deveria estar.

Eu podia ver a decepção nos olhos com olheiras profundas de quem costumava ser meu melhor amigo. Bianca só parecia surpresa.

- Não! - Me virei para Nicholas, que tinha os olhos semicerrados em direção ao que costumava ser a nossa família. - Por favor, diga que não é o fim. - As lágrimas brotavam em meus olhos e escorriam enlouquecidas por meus rosto.

Os olhos de Nicholas se voltaram para os meus e eu podia vê-los marejados. Era o fim. Tomei seu rosto em minha mãos e pressionei nossos lábios. Entreabri para que nossas línguas se encontrassem e Nicholas não protestou, acompanhando meu ritmo calmo. Um beijo triste, molhado pelas lágrimas que escorriam de nossos olhos. Seus braços me puxaram para si e eu entrelacei os meus próprios em seus ombros.

O beijo foi desfeito cedo demais, mas como poderia se prolongar se nos encontrávamos em meio ao caos?

Quando me virei, encontrei o delegado bem atrás de mim pronto pra prender um homem inocente. Senti ódio da autoridade e do seu sorriso esperto.

- Nicholas Hayes, você está preso por abuso sexual de menor, por postar material pornográfico pedófilo na internet e por sequestro. Acho que esse casamento também pode ser acrescentado à sua lista, não acha? - Questionou enquanto algemava o meu marido.

Nicholas permaneceu calado e eu fui atrás deles, ainda aos prantos enquanto passava pelos meus amigos e quem eu costumava chamar de mãe. Não deixei que me tocassem ou se explicassem, apenas me embrenhei em meio aos atiradores, correndo para poder alcançar o homem que eu amava.

A imprensa estava por toda a parte. Câmeras fotografando e filmando, repórteres fazendo perguntas incabíveis e eu já não tinha forças para dizer uma só palavra. Parei em frente à viatura que levava Nicholas, tocando o vidro e encontrando o seu olhar. A última coisa que vi foram seus lábios pronunciando um "eu te amo".

Ajoelhei-me no asfalto e cobri o meu rosto. Os repórteres estavam sendo impedidos de chegar até mim através de uma barreira formada por alguns policiais e aquilo me deu alguns minutos. Senti o toque de uma mão nas minhas costas e repeli de imediato, me levantando e vendo os olhos inchados do meu melhor amigo.

- O que foi?! - Gritei, chamando a atenção dos repórteres que ficaram em silêncio. - O que ela te disse? - Empurrei o seu peito. - Fala pra mim! Ela te disse que mentiu pra mim a vida toda? Ela não é a porra da minha mãe! A minha mãe morreu! Morreu! - Os berros ficavam cada vez mais alto. Noah não tinha reação, apenas de olhos arregalados enquanto eu o empurrava pelo peito. - Essa é a minha irmã que achou que ia ser legal mentir para mim e anos mais tarde tirar a única coisa que eu tenho. Ele era tudo o que eu tinha, porra! - Apontei para onde a viatura havia ido.

- Blue, calma... - Bianca veio me abraçar e eu me soltei, me afastando alguns passos.

- Calma o quê?! Por que eu tenho que ter calma?! Vocês... - Apontei para eles, mas sabia que a culpa não era deles. Procurei pelos cabelos loiros na multidão e lá estava ela, na porta da igreja, a expressão de triunfo. - Você! Não sabe o que é amor!

Ela se aproximou de nós e eu vi a posição defensora em que meus amigos entraram, estariam ali para me defender. Por que então fizeram essa maldade?

- Você achou que era amor, Blue Blanchett? O que você sabe sobre amor? - Seu tom era desdenhoso.

- Mais do que você, Aimée Blanchett. - Sibilei.

- Você acabou de sair das fraldas e acha que sabe mais da vida do que eu? - Uma gargalhada que me fez arrepiar. Às vezes ela se parecia com uma bruxa má dos desenhos infantis.

- Eu sei o que é amor. Amor é o que eu e Nicholas sentimos um pelo outro. Nós que decidimos enfrentar o mundo para ficarmos juntos. Decidimos voltar à realidade depois de casados e vocês... - Olhei para Bianca, Noah e Aimée mais uma vez. - Vocês destruíram tudo. Esse é o problema do ser humano: ele não escuta o que o outro tem a dizer. Toma para si a sua verdade absoluta. "Você é muito nova", é o que eles vão dizer. "Você não sabe o que é amar", "Isso vai passar". Não vai. Eu nunca vou poder ser feliz por causa dos julgamentos que começam dentro da minha casa e no meu núcleo de amigos.

Mais lágrimas brotaram dos meus olhos enquanto eu me afastava, as mãos cobrindo o rosto enquanto andava para longe deles. Aos prantos, olhei para um policial e o cutuquei, obtendo sua atenção. Por mais que eu soubesse que todos eles prestavam a atenção em mim, o homem resolver parecer educado e desviou o olhar enquanto eu me aproximava. Alguns repórteres se aproximaram com seus microfones e eu tive que falar um pouco mais alto para ele poder me ouvir.

- Você pode, por favor, me levar até a delegacia? Eu provavelmente preciso dar o meu depoimento. - A voz embargada dificultou o processo, mas fiz o que pude para ser ouvida.

Não demorou para que eu estivesse em uma viatura. Nenhum dos três voltou a me importunar e eu agradeci à Deus naquele momento, não queria ter que olhar nos olhos dos meus traidores.





- Muito bem, senhorita Blue Blanchett. - O mesmo delegado que havia prendido Nicholas se aproximou com uma pasta contendo alguns documentos. Provavelmente o depoimento de Nicholas já deveria estar ali computado e impresso. - Por que não começa a me contar do começo?

Revirei os olhos e cruzei os braços, me recostando na cadeira.

Então eu contei tudo desde o começo. A primeira vista, como evitamos o sentimento, como tentamos esconder, a separação, os conflitos familiares, a traição, a fuga até o casamento. E eu contei mostrando que Nicholas não era um pedófilo, que ele não havia me forçado a nada, nunca me forçou, sempre fez as minhas vontades, sempre me amou como nenhum outro fez. Contei a delícia de desfrutar de um sentimento recíproco.

Mas será que era o bastante para tirá-lo dali?

Quando saí da sala de interrogatório e me sentei na sala de espera com pessoas desconhecidas, fiquei mexendo na barra do vestido enquanto pensava onde ele estaria, se poderia vê-lo, como passaria a noite. Eu não teria coragem de ir embora, não o deixaria e também não queria enfrentar a imprensa lá fora. Me levantei, me aproximando do mesmo policial que me levara até ali. Estava tomando café e eu me permiti um pigarro para que seus olhos encontrassem a minha figura.

- Pois não?

- Será que eu vou poder vê-lo? - Questionei, brincando com as mãos.

O homem ponderou por um momento e falou em um rádio, trocando meia dúzia de palavras com alguém do outro lado e desligando em seguida.

- Venha comigo. - Pediu, se levantando e me encaminhando até os fundos da delegacia.

Ali ficavam algumas celas, umas vazias e outras com duas ou três pessoas. Nicholas tinha uma cela especial, provavelmente por ter poder, e isso me deixou mais aliviada. Grudei na grade e chamei por seu nome. Nicholas levantou de imediato, vindo ao meu encontro e repetindo meu gesto na grade fria.

- Blue, você está bem? - Nick tinha preocupação no tom de voz e aquilo me fez derreter. Mesmo naquela situação, ele se preocupava comigo.

O policial ainda continuava parado ao nosso lado, mas já não importava tanto. Nós estávamos envoltos na nossa bolha e nada mais importava se não a presença um do outro.

- Eu estou melhor agora, meu amor. E você? Cuidaram bem de você? - Toquei deu rosto, procurando por alguma lesão, mas ele estava em perfeito estado como sempre estivera.

- Estou bem, minha princesa. Me desculpe pelas nossas primeiras horas de casados serem assim. Eu imaginava diferente. - Nicholas encostou a testa na grade e apertou as mãos nas minhas.

Soltei a grade de imediato e entrelacei nossos dedos, dando forças à ele.

- Vai dar tudo certo. - Disse, mas sabendo que a promessa poderia ser quebrada.

Seus olhos encontraram os meus e ele assentiu uma vez, acreditando nas minhas palavras tanto quanto eu. Eu não o culpava e nem julgava. O estado dele não era dos melhores.

- O amor vai vencer, senhor Hayes. - Selei nossos lábios demoradamente, sabendo que não passaria daquilo. - Eu vou lá fora enfrentar a imprensa, mostrar pra eles que você não é um monstro.

O sorriso de Nicholas se alargou, mas ainda assim via a preocupação estampada na sua feição.

- Vá lá, menina Blue. Mostre para eles que nunca houve amor tão grande quanto nosso. - Ele colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha. - Mas tome cuidado, OK? Ah, menina! É tão difícil estar aqui dentro, não proteger você de todo mal que ronda esse mundo.

Deitei a cabeça em seu mão e beijei a palma.

- Eu vou ficar bem. Volto pra te soltar. - Apertei sua mão com força.

Com toda a força de vontade que eu tinha, me separei dele e deixei que o policial me acompanhasse até a entrada da delegacia. Precisava ser escoltada para que os repórteres não viessem até mim e ele não se importou em me seguir até a entrada, mesmo sem eu dizer uma só palavra. Provavelmente prestara a atenção na minha conversa com Nicholas.

Quando a imprensa me viu, os burburinhos recomeçaram, as câmeras voltaram a se posicionar e eu me senti à vontade para falar. Caminhei os poucos degraus até a barreira de policiais ao fim desta e respirei fundo. Ia começar a falar quando uma voz conhecida me chamou.

- Blue! Espera!

Me virei a tempo de ver Noah descer com Bianca em seu encalço. Aimée não estava por perto para a minha felicidade. Não me importava onde ela estava, só queria que ela retirasse as queixas repletas de inverdades.

Ergui a mão na sua direção e me virei para falar para as câmeras dispostas ali, os microfones muito bem posicionados também estavam ali preparados. Não queria que ninguém me interrompesse agora que eu havia criado coragem para falar tudo o que tinha para falar.

Respirei fundo e comecei:

- Eu não sei o que as pessoas viram na mídia, não sei qual tipo de mentiras minha irmã, Aimée Blanchett, espalhou para vocês, mas eu posso contar a verdade. - Engoli em seco, tomando fôlego antes de voltar a falar: - Meu nome é Blue Blanchett, eu me apaixonei por um homem maravilhoso e vinte anos mais velho que eu, Nicholas Hayes. Sim, amor, paixão e não qualquer outra baboseira não consentida que estão espalhando por aí. Nós negamos esse amor, principalmente porque ele era o pai do meu... melhor amigo. - Olhei para Noah que agora se postava ao meu lado, tomando a minha mão entre as suas. Dei um meio sorriso na sua direção, fazendo o mesmo para Bianca quando senti sua mão em meu ombro. - A pior parte foi lutar contra esse sentimento pelo julgamento das pessoas. Amigos, familiares e estranhos. Mas do que adiantou lutar? Fomos expostos nas redes sociais e depois mentiras foram contadas pela pessoa que mentiu para mim a vida toda. Aimée dizia ser a minha mãe, mas na verdade era minha irmã. Sofri por anos achando que não tinha o amor da minha própria mãe, fui tirada do meu luto por meus pais. - Umedeci os lábios, engolindo o choro antes de continuar. - Foi nela que vocês acreditaram. Mas eu não julgo, eu fugi bem quando deveria dar a cara à tapa. E o que eu deveria fazer? Não queria perder Nicholas. Eu o amo, ele me ama e... Droga, será que ninguém pode aceitar esse relacionamento de uma vez por todas? Deixar que nós sejamos felizes! Nicholas é a pessoa mais doce que eu já conheci, que eu tive o prazer de me relacionar. Nenhum homem jamais me amou como ele ama. Não é uma coisa passageira... Você sabem como esse julgamento todo tá doendo? - Coloquei a mão do lado esquerdo do peito. - Vocês não...

E então eu estava aos prantos.

Um silêncio sepulcral se instalou depois do meu desabafo, ninguém tinha coragem sequer de respirar enquanto eu me desfazia em lágrimas, recebendo o apoio dos meus amigos.

- Blue? - A voz de Nicholas preencheu o silêncio.

Me virei rapidamente, os olhos arregalados na direção da porta da delegacia enquanto atrás de mim ouvia os flashes das câmeras fotográficas profissionais. No topo das escadarias estava ele: Nicholas Hayes. Meu amor estava livre.


xxx



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