Ao chegar na escola meu pai e eu seguimos direto para sala do diretor. Ao entrarmos os dois conversaram, meu pai esclareceu minhas faltas, fui orientada à me esforçar mais, e enfim fui liberada para assistir as aulas.
--Venho te buscar as seis?
--Não precisa pai, vou na casa da Ju e depois vou para casa...
--Tudo bem apenas não chegue tarde, ok?-Beijou minha cabeça e se foi.
Ao seguir em direção a sala da primeira aula, peguei meu celular e mandei algumas mensagens para o Nic, mensagens essas das quais ele não respondeu nenhuma.
[...]
Olhei o celular pela milésima vez no dia, nada. Vi quando alguém entrou na sala avisando que não teríamos aula, pós o professor estava doente e nos encaminharam para nossas casas.
--Ele não te avisou?-Ju perguntou organizando suas coisas.
--Não, acho melhor dar uma passada lá né? Vai que ele precisa de mim!-Ela concordou.
--Ok, então fica pra próxima sua ida lá em casa!-Ela sorriu.
--Desculpa Ju...
--Não, não tudo bem! Vou tirar algumas horas com meu namorado.-Me abraçou rapidamente e saiu.
Chequei meu celular mais uma vez, a preocupação dessa vez foi muito maior.
Será que ele estava bem?
Segurei firme em minha mochila ao sentir meu coração palpitar. Toquei dando umas batidinhas e segui rumo a casa do meu homem.
[...]
Abri à porta joguei minha mochila perto do sofá e fui até a cozinha beber um pouco da'gua. Ouvi a porta ser batida com força e fui até a sala.
--Oi amor.-Corri e o abracei, ele me não retribuiu o abraço e se afastou.-O que houve?-Tentei me aproximar, porém ele se afastou me dando às costas.
--Olha...-Ouvi ele suspirar, de repente senti meu estômago embrulhar ao ver suas mãos fechadas brancas pela força.-Acabou...-Sua voz foi tão baixa, que cheguei a pensar que talvez tivesse ouvido errado.
Não!
--Não ouvi, o quê que acabou? você poderia repetir?-Me aproximei, tocando levemente suas costas, vi quando ele tremeu.
--Nós...-Parei de toca-lo, olhei para cima para impedir as lágrimas.-Desde o começo, quero que me desculpe se te machuquei, ou se te iludir de alguma forma...
Não!
Sentei no sofá digerindo toda aquela informação, meus olhos começaram a arder e dessa vez foi impossível conter as lágrimas, e os gemidos, esses de pura dor. Já que em menos de dois meses, o que restava de mim estava sendo destruído nesse instante.
Tudo estava indo embora; primeiro minha mãe, agora ele!
-Desculpe apenas estou fazendo o certo, dessa vez!
Olhei novamente para ele, que continuava de costas para mim percebi que ele também estava chorando. Limpei minhas lágrimas e fui em sua direção entrando em sua frente e segurando seu rosto firme.
Porque ele estava chorando, se era o meu coração que estava sendo aniquilado?
--Vamos resolver isso...-Falei dentre os soluços.-Nós vamos resolver isso juntos...--Ele segurou em minhas mãos me olhando.-Me diz porque, porque vai acabar com tudo?
--Não dá mais!-Me empurrou para longe e limpou suas lágrimas.-Você é jovem, linda, inteligente tem um futuro brilhante pela frente, vai encontrar alguém que realmente te ame...-Olhei dentro dos seus olhos, me aproximei novamente e lhe abracei.-Preciso de uma mulher, e não de uma criança...
Sua frieza me fez chorar ainda mais, e ao digerir suas últimas palavras me afastei dele. O mesmo me olhava, eu apenas lhe lancei um olhar cheio de dor, fui onde deixei minha mochila.
Parei segurando a maçaneta da porta olhei uma para trás, e ele continuou lá me olhando.
--Desculpa...-Sussurrou.
Virei novamente, abri a porta e sai. Esperei alguns segundos, na esperança dele voltar atrás, ao entender que isso não aconteceria segui meu caminho para casa.
[...]
Ao parar em frente a casa do meu pai, vi que seu carro estava lá. Tentei me recompor ao máximo e resolvi correr até meu quarto. Passei correndo por ele e Judi.
--O que houve Liz-Perguntou Judi quando passei correndo por eles.
--Filha?--Ele gritou me chamando, ignorei e tranquei a porta do meu quarto.
Entrei em meu banheiro, já que meu pai estava batendo em minha porta, eu tinha certeza de que ele abriria a mesma, tranquei a porta do banheiro sentei no chão, e chorei até adormecer...
POV NICOLAS
Ela sabia que isso iria acontecer desde o começo, por isso todo seu desespero no dia do cinema.
Olhei para o celular, a chamada ainda em curso, coloquei ele sobre o ouvi e pude ouvi a risada daquela vaca.
-- Satisfeita?
--Você não imagina o quanto!
--Vá pro inferno!
Joguei meu celular para longe, sentei em frente a porta e novamente voltei a chorar.
O que foi que eu fiz?
[...]
Dias depois...
Sai do banheiro, peguei uma toalha e enrolei na cintura. Depois de me vesti peguei minha bolsa, algumas pastas a chave do carro e sai de casa.
Antes de chegar na escola, passei por um Starbucks comprei; um café com puro, e uma gigantesca caixa de donuts de chocolate e doce de leite.
Ao parar na escola ainda no estacionamento, comi uns três donuts e bebi todo meu café - não é um grande almoço mas da para segurar.
Sai do carro, dei boa tarde a todos os alunos que encontrei no caminho. Entrei na sala dos professores com a caixa na mão e distribuir entre os meus colegas, fiquei conversando com o Diego e a Fernanda, que por acaso estavam conversando sobre um show de talentos.
--A menina canta demais, conheci o pai dela quando ele tinha uma banda juvenil. Acho que o talento é de família...
--De quem vocês estão falando?-Sorri para eles.
--Liz Carter do terceiro F°...
[...]
Dei uma olhada no meu horário e vi que tinha os dois últimos períodos no terceiro ano F, justamente a turma dela. Respirei fundo e segui para a sala de aula...
Ao fim das aulas que não me fariam ter um ataque cardíaco, suspirei pesadamente antes de entrar na última turma da tarde...
--Boa tarde!-Falei e todos me olharam, menos ela.
Dei uma explicada nos assuntos, e conversei um pouco com eles sobre cursos, e faculdades. Ao notar que ela estava completamente alheia ao assunto, pós estava utilizando seu celular.
--Senhorita Carter, guarde o celular por favor...-Falei, tentando chamar sua atenção, nem assim me olhou.
--Sinto muito.-Falou baixo.
--Espero que isso não se repita!
--Claro professor...
Eu posso lidar com isso...
--Então galera vamos fazer um trabalho em duplas, mas se sobrar alguém faremos em trio. Ok? Podem escolher suas duplas.
Passei a atividade enquanto eles se acomodavam, expliquei como fazia e me sentei. Peguei meu celular, vi a galeria aberta e à primeira foto que lá tinha era uma nossa.
Ela tirou quando fomos a praia, estávamos sorridentes olhando um olhando para o outro.
Fiquei olhando a foto, até perceber a Juliana ao meu lado, falando algo.
--Professor não estamos conseguindo fazer essa...-Me mostrou a questão.
--Liz é tão boa nesse assunto.-Falei e nos dois olhamos para ela.
--Ela anda distraída...-Seu tom de voz, demostrava que ela não estava nenhum pouco feliz de estar falando comigo.
--Entendo.-A culpa estava me matando.
Expliquei para ela, a mesma voltou a sentar e eu continuei olhando nossa foto...
No fim dos dois períodos, todos os alunos me entregaram os trabalhos e saíram da sala, observei que a Juliana saiu da sala ficando apenas eu e ela ali sozinhos.
Comecei a organizar minhas coisas, quando percebi que ela estava vindo em minha direção.
--Aqui.-Ela foi saindo, porém segurei seu braço.
--Espera...
Ela parou e continuou de costas para mim, soltei seu braço e fui para a sua frente.
--Não precisa ser assim.-Falei e ela me olhou com raiva.
--Quem escolheu assim foi você, agora me dá licença que a criança aqui tem hora para chegar...-Me empurrou e saiu me deixando arrasado.
Tenho minha parcela de culpa...
Eu sei, estou ferrado.