Fronteira da Caveira

By RenatoSever

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O livro é baseado na década de 1980, Em dois países fictícios na América dos Sul, e um deles vivem em um regi... More

Nota
Prólogo
Um.
Dois.

Três.

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By RenatoSever


01 de setembro de 1980.

Deixaram a caverna um pouco antes de raiar o sol, esta manhã estava muito frio, alguns trechos da trilha tinham alguns focos de neve, a medida que foram descendo a montanha, os focos de neves foram ficando cada vez mais raro.

Após quatro horas interruptas de caminhada em cima do lombo das mulas, já podiam avistar vestígios de vida humana, eles margeavam um rio e do outro lado podia ver uma estrada de chão batido.

Logo mais, avistaram uma pequena ponte de madeira, atravessaram por ela até a estrada, seguiram por alguns minutos até que aproximarem de uma pequena cabana.

De uma pequena chaminé saia um fio de fumaça, prenderam os animais, e todos eles entraram. Helena reparou que a cabana tinha um cômodo somente, algo parecido com uma cozinha com fogão a lenha e alguns bancos de madeira.

Enquanto todos almoçavam, algo aconteceu, todos pausaram o garfo no ar para concentrar e escutar o barulho lá fora, barulho de pneus derrapando com freadas na terra batida, no mesmo instante Pablo e Ruan jogaram o que tinha na mão pro alto e saíram da mesa tropeçando no que tinha a frente até o centro da cabana onde tinha um tapete de pele de animal.

Helena e Rubens olharam a cena sem entender nada, viram que os dois homens levantaram o tapete e de um alçapão tiraram duas espingardas. Enquanto os dois empunhavam as armas, surgiram mais dois homens e entraram na cabana e Pablo apontou o alçapão para eles, mas desta vez do buraco do chão saíram duas metralhadoras do estilo usado pelos gangsteres americanos.

De fora da cabana veio uma voz metalizada, provavelmente proveniente de um megafone.

- Aquí es la policía militar de Castela, los hombres se van con las manos en alto.

Dentro da cabana total silêncio, Helena e Rubens olharam um para o outro, em seguida olharam para Pablo, este apontou e pediu para se protegerem.

- Se protegen! – Disse Pablo apontando um canto da cabana.

Sem questionar a ordem, foram para um canto da cozinha entre o fogão a lenha e uma coluna que sustentava o telhado da cabana e ali ficaram sentados.

Enquanto eles se agachavam ouvia-se a voz metalizada repetir a frase:

- Aquí es la policía militar de Castela...

A cabana tinha uma pequena janela, um dos homens rastejou até ela, tirou o chapéu, e olhou rapidamente pra fora, por três vezes, fez alguns sinais com a mão para Pablo, o que Helena entendeu foi que ele gesticulou o número 2 com os dedos, depois fez gesto colocando uma mão sobre a outra e uma das mãos deslizou sobre a palma da mão, depois repetiu o número 4 com os dedos por duas vezes, e gesticulou com dois dedos sobre a palma da mão como se fosse duas perninhas. Helena tentava entender, quando Pablo disse em meia voz para os outros homens.

- Son dos a uno.

Helena entendera perfeitamente agora, tinha dois homens para um, que significava que existiam oito policiais lá fora, e o primeiro gesto provavelmente era que existiam dois veículos lá fora.

Enquanto ela pensava e visualizava toda a cena, o policial lá fora terminava de repetir pela terceira vez.

- ... hombres se van con las manos en alto.

"Vou pedir aumento quando voltar!", "Que merda! Como disse meu chefe: É uma viagem tranquila!", "Não quero nem saber, vou pedir aumento, pelos cagaços que estou passando!". Helena indagava em seu próprio pensamento.

"Porque estes loucos não falam que, estamos indo escrever uma matéria? Inventa qualquer outra merda! Que eles são guias turísticos? Quero saber por que estão armados..."

Antes de terminar sua inquisição mental, uma saraiva de balas atingiu a pequena janela, os vidros estilhaçaram no chão. Foi o convite para a festa que os homens que estavam dentro da cabana aguardavam, cada um dos dois outros homens posicionaram de uma maneira na janela e dois ficaram de guarda na porta.

O tiroteio começou, Pablo entreabriu a porta e enviou o cano da espingarda pra fora e disparou, o mesmo aconteceu na janela, os canos das metralhadoras cuspiam fogo pra fora.

Parecia cena de filme de faroeste.

Alguns minutos depois, Pablo abriu totalmente a porta, Ruan que estava a uns 2 metros da porta, agachou atrás de tronco de árvore usado como banco, apoiou a espingarda no banco, e efetuou alguns disparos também, o barulho era intenso, até que Ruan foi atingido, este caiu de costas no chão gemendo, Pablo fechou novamente a porta e correu para socorrer o amigo.

Rasgou um pano e pressionou o ferimento de Ruan, com um retalho envolveu a barriga de Ruan e apertou forte, este gritou de dor, depois arrastou ele deixando um rastro de sangue no chão até o canto onde estavam Helena e Rubens, pediu para os dois revezassem para pressionar o ferimento e estancar o sangramento.

Voltou para porta e continuou a empreitada, disparando alguns tiros, entre pausas para recarregar e mais tiros.

A intensidade foi diminuindo por parte dos policiais, consequentemente dentro casa foi acompanhando, um tiro ou outro eram trocados entre eles, foi assim até que sessou completamente e ouviram-se os carros afastando da cabana.

- Tenemos que salir ahora! – Disse Pablo para todos fazendo gestos com as mãos.

- Sí jefe – Respondeu um dos homens.

Pablo foi até Ruan e verificou o ferimento.

- Es grave... Puede volver con nosotros? - Perguntou Pablo a Ruan.

- Sí, no me dejes aqui.

- Como assim voltar? Não estou entendendo nada! Porque esta troca de tiros e agora vamos voltar? Explique-se, por favor, Pablo! – Disse Helena com um tom a mais na voz e um pouco tremida, devido o nervosismo.

- Nos encontraron... Denunciaron... No podemos continuar el viaje! – Falou Pablo para Helena e Rubens.

- Mas como assim? Porque entramos clandestinos pela fronteira? -Indagou Helena.

- Era necessária troca de tiros? – Perguntou Rubens.

- Isso mesmo, poderíamos nos render, assim seriamos deportados, agora acredito que você colocou-nos em uma situação muito complicada aqui! Precisamos de respostas!

- Bien... Si usted desea permanecer aquí... la vontade! – Retrucou Pablo com ironia. - El hecho de que utilizamos este pasaje para el suministro de la revolución con las armas y equipos.

- O que? Entendi direito? Você está me dizendo que usa estas viagens para abastecer a revolução com armas?

- Si... Tenemos que ir! Si la detención, es la pena de muerte.

Rubens olhou para Helena, esta desabou no chão, estava incrédula. Sentou com a cabeça entre os joelhos e começou a chorar. Ela sentiu uma mão ao seu ombro e levanta-la, era Rubens.

- Vamos Helena, temos que sair desde lugar o mais rápido possível.

Saíram da cabana, foram até onde deixaram os animais, não tinham mais nenhum amarrado. Continuaram a pé pela estrada, dois homens ajudando o Ruan, quase arrastando-o pela estrada. Helena não sabia nenhuma técnica de fuga, mas até para ela que era leiga, dava pra perceber que eles estavam sendo atrasados pela situação que se encontrava Ruan.

Mas não durou muito, Pablo tinha prolongado demais a situação, até que parou e conferiu o seu parceiro. Colocaram-no encostado a uma árvore na beira da trilha que estavam seguindo, um dos homens cobriu-o, ele não estava morto ainda, mas não por muito tempo, então seguiram em frente deixando o homem para trás.

Helena já a certa distancia, olhou para trás, não deixou de sentir pena no homem, iria morrer ali sozinho e abandonado. Infelizmente não podia fazer nada por ele.

Os três homens restantes depois de um trecho rochoso começaram uma corrida leve, apesar de ser leve Rubens e Helena tiveram dificuldades em acompanhar, faltava ar.

Depois de quase seis horas e uma longa caminhada entre pequenas corridas e andar rápido, estavam próximo à Fronteira da Caveira. Quando entravam pela "rua" calçada de pedras, o sol quase indo embora completamente, estava quase escuro, com alguns raios de sol avermelhados que atravessavam a copa das árvores.

Quando estava descansando, tomando o fôlego, Helena percebeu o que estava acontecendo, os policiais não tinham ido embora ou fugido mais cedo na cabana, eles fingiram que foram embora e prepararam uma emboscada a eles aqui, no único lugar que eles poderiam voltar pra ir embora.

Pablo viu o primeiro policial entre uma árvore, pulou para o lado procurando abrigo entre uma pedra, disparou duas vezes contra o policial, a resposta foi imediata, os outros dois parceiros fizeram a mesma coisa, procuraram abrigo e responderam no mesmo nível.

Helena e Rubens não esperaram nenhuma instrução, pularam no chão e rastejaram para o meio do mato, queriam ficar longe do fogo cruzado. Escutou um barulho de helicóptero, olhou pra trás, viu uma luz muito forte, equipado deste potente holofote, começaram caçar os homens um a um.

Rubens já estava uns quatro metros a frente dela, ela resolveu que não iria ficar ali pra ver o que acontecia, levantou-se, por acreditar que já estava longe do foco, correu mata adentro, passou por Rubens que ainda rastejava este a imitou. Correram como um coelho foge de seu predador, desesperados. Sem noção do tempo que correram, só pararam quando estavam exaustos.

Helena colocou a mão no rosto que ardia, sem perceber, na corrida e na adrenalina da fuga, enquanto corria galhos e espinhos batiam em seu rosto, estava todo machucado e alguns dos ferimentos sangravam.

Tudo indicava que eles subiam a montanha, pois cada vez mais ficava mais difícil a caminhada, a vegetação cada vez mais sumindo, deixando lugar para neve, apesar de estarem cheios de adrenalina e estarem até pouco tempo atrás correndo, percebia o frio que fazia ali.

Resolveram que era hora de procurar um abrigo, depois de minutos de procura, sem sucesso, também a visibilidade era pouca, por fim, entraram em um senso comum, que iriam descansar alguns minutos para depois recomeçarem a caminhada, não poderiam ficar parados, por causa do frio e risco de morrerem congelados ali.

Sentaram em uma pedra, de costas, um para o outro, ficaram ali pensando no que poderiam fazer, nenhum dos dois sabiam nada de sobrevivência, de localização, não tinham nem ideia de onde estavam e onde deveriam ir, em resumo, estavam completamente perdidos.

O efeito do ar rarefeito já causavam prejuízos a eles, estavam totalmente sonolentos, respiração com dificuldade e uma fadiga enorme, não tinham forças para levantar e continuar, um pouco antes de Helena pegar no sono, ainda fez um pequeno comentário para Rubens.

- Se ficar o bicho pega se correr o bicho come...

Rubens não pode deixar de rir da frase que Helena disse, que fazia referência a situação que eles se encontravam.

- Verdade Helena...

Disse ele, mas já era tarde, ela pegara no sono. Na sequencia ele dormiu também.


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