1. Corvo da Meia-Noite [DEGUS...

By BC_Siqueira

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Duas dentre as seis nações de Kether estão em guerra. Noite, Dia e Terra formavam uma grande potência denomin... More

!Recado da Autora!
Epígrafe
Prólogo
1 - A Guerra
2 - Jogo da Lua
3 - Jantares Incômodos
4 - Um novo dia
5 - Amizades
6 - Festa da Colheita
7 - Reencontros
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8 - Hora de Agir

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By BC_Siqueira

A guerra piorou significativamente desde o rapto. Sofreram diversas avarias ao Ninho do Corvo e duas pequenas aldeias da Noite foram incendiadas. Akbal fez o melhor que podia, assumindo o lugar da general, porém os ataques do Dia mostraram-se implacáveis. Tinham que reagir diante desse quadro desfavorável, além disso, o conselho exigia a vitória em alguma batalha.

Na verdade, a morte do rei diurno seria mais do que bem-vinda, afinal Midnight pôde conhecer a índole de seu filho e se ele mantivesse as promessas que fez, se tornaria um rei que o pai jamais foi. Ela desejava acreditar nisso, queria poder vivenciar dias de paz como aqueles que experimentou no Reino da Terra, proclamar a parceria com Ewaric Auringon e trazer novamente a glória para o Triângulo Norte. Mas isso seria possível apenas se ele mantivesse o pacto de amizade, ou então teriam que permanecer lutando até o fim de suas vidas.

Não deveria perder mais tempo especulando coisas fora de alcance, então decidiu ocupar-se com algo urgente. Convocou a Elite para uma reunião imediata em uma das salas do castelo. Os membros não demoraram a aparecer, acomodando-se nos assentos, em expectativa.

— Os reuni aqui porque estou decidida a matar o Rei Ciro o quanto antes.

— Tem toda razão, general. Não podemos aguentar mais um ataque desses —falou Donnovan.

— Com todo respeito, general. Nossas ofensivas não estão sendo bem-sucedidas — Akbal opinou.
Era um risco a correr, mas pelo menos estariam fazendo algo e por ora seria o suficiente para calar o conselho.

— Compreendo, Capitão Stardark. Desta vez tentaremos uma abordagem diferente, apenas a Elite me acompanhará. Vamos até o Dia, escondidos, será mais fácil assim do que levar um exército e confrontá-los diretamente. — Fez uma pausa para os soldados assimilarem. — Temos um prisioneiro diurno conosco, ele era um dos guardas pessoais do rei. Capitão Hardarth, quero que o interrogue e tire dele todos os detalhes daquele castelo.

— Como quiser, general — assentiu Donnovan.

— Assim que terminar, teremos os pontos fracos da fortaleza e será fácil invadi-la. — Correu os olhos prateados pelos soldados. — Nem todos da Elite entrarão no castelo, precisarei somente de Akbal, Daren, Luna e Donnovan, os outros ficarão escondidos em algum local próximo para nos apoiar, entenderam?

— Sim, general — responderam, prontamente.

Donnovan foi interrogar o prisioneiro, enquanto isso Midnight aprimorava a estratégia de invasão juntamente de Akbal. Detalharam o máximo possível para que não houvesse margens para falhas e aguardaram o regresso do outro. Horas depois, ele os encontrou com satisfação no rosto.

— Você não o matou, não é? — Midnight perguntou.

— Eu jamais agiria sem uma ordem da milady, mas devo admitir que ele ficou bastante machucado. — Sorriu, com brilho nos olhos.
Deve ter feito o diurno cantar feito um pardal, arrancando até o último resquício de informação que o prisioneiro tentasse proteger.

— Conte-nos tudo.

Midnight apoiou os cotovelos sobre a mesa e descansou o queixo nas mãos, aguardando o relato. Ônix pousou no ombro dela como se também estivesse pronto para escutar; já Akbal restringiu-se a alisar a densa barba cinzenta.

— Bom, demorou, mas consegui fazê-lo falar bastante. — O rapaz coçou a cabeça raspada e depois bateu as mãos no corpo, procurando algo.

Ele puxou do bolso um papel amarelado, desdobrando-o sobre a mesa. Nele havia um esboço da planta do Castelo da Fênix, ao qual Midnight inclinou-se para ver melhor. Ela sabia que Donnovan seria perfeito para a tarefa, ele tinha uma memória fantástica e sabia desenhar; talentos valorosos, se utilizados corretamente.

Midnight ficou satisfeita com o trabalho, os traços eram limpos e de fácil compreensão, era mais do que o necessário para desenvolverem uma boa invasão.

Juntos traçaram um roteiro, em que primeiramente teriam que pular os muros do castelo, encontrar a abertura que havia nos fundos em um alçapão; e a partir disso chegar ao quarto do Rei Ciro para enfim matá-lo.

Passaram mais alguns dias reunindo-se para a estruturação do plano. O conselho não pareceu feliz com a investida, mas Midnight decidiu ignorá-los, por mais que ela se esforçasse eles sempre reprovavam suas decisões.

Chegada à data de partida, montaram nos cavalos e avançaram por entre as vilas noturnas, parando para descansar somente nas florestas de Breandan. Aguardaram o anoitecer do dia seguinte para continuarem, de acordo com o planejamento tinham que chegar a Sol Poente antes de o sol surgir. Cavalgaram durante a noite toda, seguindo a estrada principal, o céu já exibia tons alaranjados quando alcançaram a fronteira.

— Finalmente. — Suspirou Daren ao encostar o cavalo ao lado do de Midnight.

Abandonaram o resguardo proporcionado pelas árvores e foram até a terra ressequida da divisa.

— Elite, vamos descansar!

Midnight viu os rostos e ombros dos soldados relaxarem, em alívio. Montaram os abrigos e já estavam preparando-se para dormir. Ela terminava de ajustar a própria tenda enquanto refletia sobre a segurança deles. Sol Poente era árida e despovoada por servir de campo de batalha; uma faixa extensa de poeira clara e vegetação espinhenta que faziam o acampamento noturno destacar-se feito uma vela acesa na escuridão.

— Ônix — chamou, colocando-se de pé.

A ave que já estava por perto, não demorou a pousar no antebraço da dona.

— Vigie o acampamento, por favor. — Beijou o topo da cabeça do corvo. — Confio em você — sussurrou, com ternura.

Ônix piscou algumas vezes e voou, cumprindo as ordens de Midnight.

— Você está bem? — Daren apertou seu ombro de leve, sem que ela sequer tivesse notado a aproximação.

— Estou. — Tentou sorrir.

— Tudo ocorrerá corretamente, você verá. — Devolveu o sorriso, e o dele possuía o dobro de confiança.

— Espero que sim.

— Ei. — A encarou, os olhos prateados se assemelhavam a aço. — Estamos juntos nisso, não tenha medo.

— Não estou com medo. — Mas ela estava, sim. Se não obtivessem a vitória, Lesath a tiraria do exército e ela não suportaria isso após anos de dedicação. — Vamos dormir, tem que estar totalmente descansado amanhã.

— Descanse você também. — Deu um puxão na trança dela antes partir.

Foi o que Midnight fez, bem, foi o que tentou fazer. Ela sempre acordava sobressaltada com qualquer ruído imaginando que fosse algum inimigo.

Ao cair da noite seguinte, deixaram as montarias em Sol Poente e adentraram o Dia, escondendo-se por entre as sombras. Pulavam nos telhados, percorrendo a cidade, longe dos olhos das patrulhas.

O Reino do Dia, mesmo durante à noite, parecia estar banhado em sol por conta do dourado que revestia as casas e pela imensa quantidade de girassóis plantados em todos os lugares. Algumas das construções também eram feitas de rochas ígneas, subprodutos do vulcão inativo que fazia parte daquela nação; local onde assentava-se o tempo do Sol.

Avistaram as bandeiras com um brasão de uma fênix emergindo das chamas, com os dizeres “Poder e Soberania”, era o símbolo da família real diurna e isso significava que estavam próximos da morada dos Auringon.

— Mais rápido — Midnight orientou.

Decidiram manter distância ao contornar o castelo, ou então acabariam sendo flagrados pelo sentinela da atalaia. Atrás da fortaleza do Dia, assim como na da Noite, existia uma densa floresta e a utilizaram como refúgio.

— Fiquem aqui — dirigiu para a metade da Elite. — Tenham cuidado, pois devem haver rondas constantes.
Assentiram, confirmando que tinham entendido.

— Vamos — chamou a outra metade que a acompanharia.

Correram para o muro, alguns guardas o resguardavam, mas foram rapidamente neutralizados; os noturnos vestiram suas armaduras douradas antes de matá-los e escondê-los.

Escalaram com destreza, enfiando as mãos e os pés nas reentrâncias de pedra, sendo essa uma característica de soldados da Noite; eram melhores em agilidade e os diurnos em força. Isso era relacionado como tipo físico, os noturnos eram esguios, enquanto os oponentes eram robustos.

Saltaram para o outro lado sem fazer barulho ao pousar no chão. Logo encontraram a entrada do alçapão que o prisioneiro relatou, como planejado Akbal ficaria lá fora vigiando.

Progrediram pelo caminho traçado através da passagem que os levou até a cozinha, que permanecia vazia por conta de a criadagem estar dormindo. Tentavam avançar sem serem vistos, mas quando acontecia, agiam com precisão, eliminando o guarda antes que os delatassem.

O Castelo da Fênix exibia muita suntuosidade, as paredes eram de ouro e tecidos nobres da cor escarlate o adornavam. Existiam diversas estátuas da ave representante da monarquia, que os assistiam presunçosas com seus olhos de rubi, enquanto sua casa era tomada.

Chegaram a um ambiente amplo repleto de pilastras ornamentadas que utilizaram para se ocultarem; de onde estavam era possível ver a escadaria principal que os levaria ao andar dos quartos da realeza. Havia um número de guardas superior ao que tinham suposto e não podiam prosseguir sem chamarem atenção.

— Há outra entrada por ali. — Sinalizou Donnovan, escorado em uma coluna.

O acompanharam até uma escada lateral um pouco mais afastada. Midnight engoliu em seco, a volta que tiveram que dar tomou muito de seu precioso tempo, mas ela tratou de acalmar-se e dar andamento ao plano.

Apenas um guarda distraído cuidava daquela passagem e Luna o anulou com um golpe no pescoço. Luna e Daren foram incumbidos de vigiar a escada, enquanto Donnovan e Midnight terminavam de subir. Deram-se em um corredor longo que levava até a porta do quarto do rei; a gravura de um imenso sol anunciava a importância de seu proprietário.

Surpreendentemente não existia a presença de guardas do lado de fora. Isso era no mínimo incomum; Ciro não poderia ser tão descuidado com a própria vida, a não ser que tivesse um nível de confiança em si mesmo muito alto. Midnight testou a maçaneta que abriu sem protestar, ela quase não podia crer no quão fácil estava sendo.

Donnovan ficou resguardando a porta e ela entrou furtivamente. A respiração de Midnight estava mais alta do que ela gostaria, mas toda a adrenalina causou seu efeito. Havia muitos castiçais acesos no cômodo, fazendo seus olhos arderem. Era um espaço grande que continha até mesmo um sofá o dividindo; do outro lado estava a cama rodeada por dossel rubro aveludado que ocultava seu interior.

O coração de Midnight batia rápido, ela finalmente mataria Ciro, o puniria pela guerra, pela morte de seu pai e pela dor que todos passaram, porém, um pensamento inoportuno lhe veio em mente: Ewaric. Ele a odiaria, claro que odiaria. Midnight era capaz de vislumbrar os olhos dourados tristes pela morte do pai, podia ver a si mesma criança quando perdeu o seu.

Afastou aqueles pensamentos, materializou uma adaga de energia negra e a apertou nos dedos, sentindo o toque frio a acalmando e limpando a mente.

— Rápido, general! — Donnovan gritou da porta.

Midnight atravessou o aposento e puxou o dossel, mas não havia ninguém lá. Um arrepio lhe percorreu corpo e lhe embrulhou o estômago.

— Ele não está aqui! — falou, desesperada.

Não obteve resposta, vários guardas preenchiam o cômodo como uma tempestade barulhenta e destrutiva. Midnight sentiu a garganta fechando, era o medo a estrangulando.

— Por qual lugar eles vieram? — perguntou para Donnovan, em meio ao combate.

— Pela escadaria principal.

Isso significava que Luna e Daren ainda não foram descobertos, mas assim que Midnight pensou nisso, os dois apareceram no quarto.

Cada vez que derrotavam um inimigo, mais cinco surgiam no lugar. Estavam sendo encurralados contra a parede; os guardas brandiam armas feitas de fogo e o calor em si já era o bastante para enfraquecê-los. O desfecho estava claro para Midnight, seriam capturados ou mortos. Bem, se fossem capturados acabariam mortos, então, na verdade, havia um único fim para aquilo.

Um movimento chamou sua atenção, um diurno conseguiu ferir Luna na cabeça, o sangue se espalhava tingindo os cabelos prateados de vermelho. A garota caiu, sendo puxada por Daren, que a colocou entre ele e a parede, usando o próprio corpo como escudo.

— Maldição. — Midnight rangeu os dentes. — Fujam! — gritou, tentando sobrepor o caos.

Daren e Donnovan negaram com a cabeça, mas eles também não aguentariam muito tempo, já exibiam queimaduras demais e sinais de exaustão Além disso, de que adiantaria todos ali morrerem? Eles eram bons soldados e quem dera Midnight conseguisse ao menos diminuir perdas. Bastava uma única pessoa ficar para trás, então que fosse ela mesma: a responsável pela missão.

Também havia o fato de que ela seria a distração perfeita, afinal, por qual motivo os diurnos correriam atrás de soldados anônimos quando teria em mãos a herdeira da Noite?

— Saiam daqui, isso é uma ordem! — berrou.

Daren retesou o maxilar, depois de ponderar uns segundos assentiu a contragosto e jogou Luna por cima do ombro, a ajeitando da melhor forma possível enquanto os defendia. Donnovan abriu caminho até a janela e Midnight dava cobertura a eles, até que finalmente conseguiram atirar uma cadeira contra o vidro e escaparam.

Midnight foi atingida na coxa e a laceração queimou em uma dor aguda que pulsava e espalhava-se por toda a perna; ela soltou um gemido e caiu no chão. Outro guarda, aproveitando-se dessa fragilidade, a pegou pela trança desfeita e bateu sua cabeça contra um móvel.

— Parem! — o que aparentava ser o líder, declarou. — Vamos levá-la até Auringon, ele saberá o que fazer.

— Não! — contorceu-se, tentando escapar do aperto dos guardas.
Poderia até morrer, mas não pelas mãos de Ciro!

— Ah, sim. — Aquele asqueroso sorriu e passou a língua sobre os dentes.
Midnight puxou as mãos em vão, não conseguiria se soltar, porém, não desistiria sem lutar.

— Quieta, cadela. — Chutou a perna ferida e Midnight gritou.

A arrastaram para fora do quarto, sangue vertia do corte em sua testa e cobria o olho esquerdo, dificultando que visse o caminho, mas isso pouco importava diante da possibilidade de morte iminente. Lágrimas lhe turvaram ainda mais a visão, no entanto, ela não permitiu que caíssem.

Estava prestes a encarar o assassino de seu pai e sequer teria chance de defender-se. Como ele a mataria? Com uma espada cravada no coração, assim como fez com seu pai? Ou a torturaria em busca de segredos?
Sentiu um amargor permeando-lhe o paladar, realmente sempre imaginou que a morte tivesse um gosto amargo.

Pararam diante de uma porta e o líder dos guardas diurnos bateu algumas vezes. A cada som oco da batida ela sentia-se mais próxima do fim, numa contagem regressiva cruel.

— Entre — ordenou uma voz abafada pela porta.

— Com licença. — O líder a abriu.
Midnight abaixou a cabeça dolorida, sentia-se prestes a desmoronar.

— Essa vadia foi encontrada no quarto do rei... Os outros fugiram.
Ela esboçou um sorriso ao ouvir isso, a Elite era fantástica, um peso foi removido de seus ombros.

— Esses malditos noturnos conseguiram matar e esconder mais de dez homens dentro do castelo, felizmente um dos guardas os viram no andar de cima e nos avisou.

Como puderam deixar passar um guarda? Um mísero guarda acabou destruindo todo o plano. Dias de preparação atirados aos pombos.

— Olhe para ele, puta. — O cabelo de Midnight foi puxado com força, obrigando-a encarar o homem que estava à sua frente.

Ewaric.

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