- NÃO FALA ISSO - gritou Louis.
- Não grita Lou, eu tô bem aqui - falou Harry, fazendo uma careta.
- O Connor não pode ser o morto dessa temporada.
- Eu não sei quem é, Lou. Eles não falaram ainda, o Connor é só uma teoria.
- Mas não é ele - os lábios de Louis se formaram em um biquinho.
Os dois tinham acabado de assistir à quatro episódios da série. Já eram mais de cinco horas da manhã e Louis estava animado demais pra cogitar a possibilidade de ir dormir, mas Harry já estava morrendo de sono.
- Vamos dormir Lou?
- Mas ja? - ele falou manhoso.
- Já! Vai amanhecer.
- Eu sei, mas... Já? - continuou fazendo manha.
- Mais tarde a gente continua.
- Você vai dormir aqui?
- Não acho uma boa ideia eu ir embora dirigindo morrendo de sono.
- Tá bem - Louis deu um sorriso.
- Eu vou pra um quarto de hóspedes.
- Quarto de hóspedes?
- Sim.
- Harry você é idiota ou se faz?
- Como assim?
- Por que não dorme no meu quarto?
- Sei lá, porque só tem uma cama?
- Uma cama de casal enorme e espaçosa, na qual eu ocupo um terço do espaço.
- Er...
- Para de ser bobo, somos amigos, não somos?
- Amigos não dormem na mesma cama.
- Não é como se a gente fosse transar ou algo do tipo - Harry ficou vermelho com isso. Ele lembrou do sonho molhado que havia tido com Louis. Droga, ele tinha que segurar pra não contar isso.
- Tá bem Lou. Eu durmo lá.
- Então vamos.
Eles subiram as escadas rindo, porque Harry havia tropeçado e quase caído. Ao chegar no quarto - imenso - de Louis, os dois se arrumaram, sendo que o menor emprestou uma roupa pro outro e deitaram-se na cama. Os dois estavam de lado, com as mãos juntas próximas ao rosto, olhando nos olhos um do outro.
- Obrigado por ter me chamado - falou Harry.
- Foi um prazer - falou Louis com um sorriso.
Como que por impulso, Harry levou sua mão até o pescoço de Louis, acariciando ali e levado o polegar até a bochecha do menor, alisando a pele macia.
- Você é lindo.
- Harry...
- Eu sei. Estou apenas dizendo, caso você se esqueça disso. Mas é o que eu acho, honestamente.
- Obrigado Harry.
- De nada - disse dando um sorriso, sem parar de acariciar o rosto de Louis - sua pele é tão macia... Parece pele de neném.
- Bela frase.
- Desculpa - falou e tirou a mão de perto de Louis, passando ela por debaixo do travesseiro.
- Harry?
- Sim?
- Vamos naquele circo que tá na cidade?
- Hoje?
- Hoje.
- Vamos - Harry deu um sorriso.
- Eu vi o horário, então...
- Tudo bem. Eu vou adorar ir à um circo com você.
Louis mordeu o lábio inferior. Não esperava a resposta. Ele queria sim ir aquele circo, mas era uma oportunidade para conhecer Harry melhor. Ele sentia que devia fazer isso, não pelo maior gostar dele e sim porque ele também se sentia atraído por Styles, mas queria ir com calma. Claro que isso ele não falaria pro de olhos verdes, pra não alimentar qualquer esperança que ele tenha. Mas isso não impedia Louis de chamá-lo pra dar uma volta.
E assim eles adormeceram. O de olhos azuis primeiro, permitindo que Harry ficasse observando-o enquanto o mesmo dormia. Cada traço de Louis fazia o coração do garoto querer ele mais e mais. O nariz de botão, os lábios finos e delicados, seus olhos tão claros e tão intensos. Cada curva em seu corpo, o toque suave de suas mãos.
Na tentativa de esquecer o fato de que queria puxar Louis e abraçá-lo pra dormir, ele virou-se parado lado oposto e fechou os olhos, permitindo-se sonhar com isso.
•🌸🌸🌸•
- Olha Harry! - gritou Louis, com um saco de pipocas nas mãos e um sorriso infantil nos lábios, apontando pra um balão de ar que havia atras da grande tenda do circo.
Os dois haviam chego cedo, prontos pra pegar um bom lugar. Não estava lotado, mas sabiam que até a hora do espetáculo começar, aquilo estaria entupido de gente.
- Esse lugar está demais - falou Harry olhando pra todos os cantos e esticando a mão pra pegar um pouco de pipoca, mas Louis bateu em sua mão - OUCH!
- Voce devia ter comprado um pra você - falou fazendo biquinho.
- Eu só quero um pouquinho Lou.
- Não!
- Vai, deixa eu pegar um pouco de pipoca.
- Não!
- Você é muito mal.
- Eu sou - falou, orgulhoso de si.
- Tá bem... Mas deixa eu pegar um pouco de pipoca - falou com uma voz manhosa e Louis hesitou antes de dar o saco de pipoca pra Harry, que sorriu satisfeito.
- Você é muito chato.
- E você é muito gostoso - falou, arregalando os olhos. A essa altura ele já deveria estar acostumado a falar todo tipo de verdade pra Louis, mas isso não quer dizer que ele não se sentia envergonhado - desculpa.
- Acho que todo mundo gosta de ouvir algo assim.
- Você gosta? - perguntou erguendo uma das sobrancelhas.
- Sim. Eu não gosto de ser chamado de nomes femininos, porque acho desnecessário, mas me chamar de gostoso é bom - falou dando um sorriso.
Eles entraram na grande tenda e se aconchegaram em um lugar na arquibancada.
- Qual foi a maior mentira que você já contou? - perguntou Louis.
- Uh... Não sei - falou, pensativo - talvez quando eu disse pra minha mãe que não sentia sua falta. Ela ficou bem triste.
- Por que falou isso?
- Sei lá. Eu tinha quinze anos e ainda não entendia as coisas. Não entendia que ela fazia de tudo pra me agradar e me puxar pra perto dela. Eu não aceitava o fato dela não ter ganho do meu pai na guarda e depois ter simplesmente desistido.
- Ela não desistiu.
- Eu sei. Mas na minha mente era o que havia acontecido e eu não queria ter contato com alguém que não lutou por mim.
- Você era um bobo - falou Louis com um sorriso.
- Sim, eu era. Até eu crescer e entender tudo o que ela fez, e tudo o que meu pai fez. Se for colocar no papel, ele tem mais culpa no cartório do que ela - Louis olhou com curiosidade, então ele continuou - ele era um bom homem, não posso negar isso. Mas ele me criou como se fosse um dos seus soldados. Meu pai era capitão do exército, então era acostumado com essa vida. Eu não. Eu não queria isso e ele queria me forçar. Foi um choque quando ele soube da escola de medicina.
- Você não se arrepende?
- De que?
- De ter sei lá, entrado na escola de medicina?
- Não - ele pareceu pensativo - na verdade era tudo o que eu sempre quis. Desde pequeno. É o que eu amo. Eu quero fazer isso pro resto da vida, cuidar de pessoas, salvar vidas.
- Isso é bom. Digo, fazer o que gosta.
- Você deveria fazer música.
- Que?
- Voce me disse que sua paixão é a música. Você deveria fazer.
- Isso não leva ninguém a lugar algum Harry.
- Quando você tem amor ao que faz, talvez te leve mais longe do que imagina.
- Mas eu gosto da Medicina.
- Mas não tem paixão por isso.
- Talvez eu tenha.
- Ou talvez só esteja fazendo por medo de seus pais reprovarem o que você ama - falou Harry, com tranquilidade. Louis sabia que o mais velho estava certo, mas não admitiria isso.
- Olhe! Vai começar.
- Louis? - O menor olhou pra Harry, mas viu que não fora ele quem o chamou, então procurou ao redor por alguém conhecido.
- Droga - ele falou, segurando firme no braço de Harry, que ficou alerta.
- Que foi Lou? - perguntou, sem se mover.
- Liam. Ele tá aqui. Com Niall. Por que eles estão aqui?
- Talvez eles queiram ver o espetáculo... O circo fica até hoje na cidade.
- Brilhante Harry - ele falou e viu Niall acenar pra ele, mas Liam continuava mudo, apenas parado no mesmo ponto, olhando pra Louis.
- Liam não para de olhar pra você.
- Eu já percebi - ele apertou mais o braço do maior. Harry pensou em pedir pra ele soltar, mas sabia que Louis estava nervoso, então deixou - o que eu faço?
- Não sei. O que quer fazer?
- Não sei, por isso perguntei.
- Louis, você tem que fazer o que acha certo e não o que eu disser pra você fazer.
- Isso ficou extremamente confuso Harry.
- So faz o que achar que deve fazer.
- Tá- eu- - antes de ele terminar a sentença, Niall estava ali na sua frente, mas seu foco era o outro que ainda não havia subido na arquibancada.
- Oi Lou - falou o loiro com um sorriso enorme, como sempre - como está? Que coincidência nós aqui no mesmo dia.
- É, até demais - por um segundo Louis olhou pra Niall e então desviou para Liam, que não sabia como iria se sentar junto aos garotos sem ser desconfortável. Na verdade era impossível - o que ele tá fazendo aqui?
- Ele quis vir comigo, me acompanhar - falou Niall - eu disse que não precisava, mas ele insistiu, então... Sinto muito Lou - disse ele - vocês ainda não estão bem, né?
- Não faz nem uma semana, Niall - ele falou e finalmente soltou o braço de Harry. Quando viu, havia deixado marcas quase roxas na pele branca do garoto. Louis levou as mãos na boca - Harry! Me desculpa! Eu não percebi que estava apertando tão forte.
- Tudo bem Lou - falou passando a mão no braço vermelho.
- Não! Meu Deus eu me sinto um estupido - ele pegou no braço de Harry e acariciou a marca com a ponta dos dedos - desculpa - falou num sussurro, sabendo que o maior escutaria.
- Tudo bem Lou. Sem problemas - falou e deu um sorriso, tranquilizando o mais novo.
- Eu pago o lanche quando nós sairmos daqui, pra me desculpar.
- Você não precisa Lou.
- Mas vou, sem discussão.
- Er- - eles ouviram uma terceira voz e lembraram que o loiro ainda estava ali - perdi alguma coisa?
- Não - Louis percebeu que estava completamente virado para o lado de Harry, então ele sentou-se direito e corou. Sabia o que Niall estava pensando, mas não era nada daquilo.
- Sou o Niall - disse, esticando a mão. Harry fez o mesmo e apertou a mão do garoto.
- Harry - deu um sorriso.
- Vim te dar um oi apenas Lou, vou lá com o Liam. Eu queria te dizer algo antes...
- Sim?
- Conversa com ele Lou
- Não acredito que tá me pedindo isso.
- Eu só- - ele suspirou - eu só não quero meus melhores amigos brigados, tá bem?
- Niall. O Liam. Me. Traiu. Você entende a gravidade disso? Eu nunca mais vou confiar nele.
- Mas-
- Não. Eu não posso.
- Você já seguiu em frente, tá até com namorado novo! - falou, fazendo com que Louis e Harry ficassem vermelhos de tanta vergonha.
- Que? No-novo namorado? Tá louco? Eu e Harry- Nós não - ele olhou pra Harry e apontou pros dois, fazendo uma expressão de incredulidade - nós não temos nada. Você genuinamente acha que temos alguma coisa?
- Pelo jeito que vocês falam um com o outro e se olham, eu pensei que-
- Não! Harry e eu não tenho nada! Meu Deus - Styles apenas observava enquanto Louis se atrapalhava todo. Ele deu uma risada alta.
- Niall, eu e Louis somos apenas amigos.
- Bons amigos - falou Louis.
- Melhores amigos - falou Harry, seguido de uma risada.
- Oh- Eu pensei que- - começou Niall - desculpem - ele ficou um pouco corado, mas sorriu pra ambos - vocês dariam um belo casal.
- Não fala isso! - Louis quase gritou - droga.
- Daríamos mesmo - falou Harry.
- Niall acho melhor você ir embora, eu vou procurar um lugar pra esconder minha cara. Quem sabe eu dê sorte e vire um avestruz.
- Boa sorte com isso - falou Niall, dando uma risada junto com Harry - nos vemos depois Lou - ele se levantou e saiu de perto.
- Por que você falou aquilo? - perguntou Louis, vermelho de uma mistura de raiva e vergonha.
- Porque é verdade - deu de ombros - não posso mentir, lembra?
- Você disse que somos melhores amigos.
- Até onde eu sei, isso não é mentira.
- Mas- - ele não terminou, apenas pensou bem e não falou nada, bufando e cruzando os braços.
- Vai começar, querido - falou dando uma risada e beijado o rosto de Louis, que deu um tapa no braço de Harry. O maior não parava de rir, e fingiu que o tapa havia doido.