A cura do Ódio

By CROaquim

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Marcos cresceu numa comunidade do subúrbio do Rio, agora enfrenta o "asfalto" tentando se estabelecer e ter u... More

Prologo
FIM
Inicio
Meio
Jantar
Minha realidade
Segundo encontro
Traição no trabalho
A Serrinha
Surpresas
Segunda Feira
Vírus do Ódio
California
Fim de Semana
Revelações
Presente
Segunda Feira
Antes de partir
Lá fora
Klaus
Desafio
Mikkel
Duvidas
Primeira Briga
Fossa
Reconciliação
Små Hauk
Små Hauk
Ultima noite
Sigrid e o Diabo
Assalto
De Volta
Festa
Domingo
Segunda feira
Primeira vez
De volta a Rotina
Hakeados
Monica
Comunidade
A Sombra e a abelha
Não foi nada
Fim de semana
Fervendo
Leon
Monge
Diabo
O Desafio
O Assassino
Minha querida Lotte
Noites ardentes
Guerra
Bope
Negociação
Heroi desconhecido
Boneca
A Pessoa
Volta
Almoço entre amigos
Maja
Surto
Gravida
O Novo
Arte
Passeios
Bevisstløs
Catarse
Encontros
A verdade
Enganado
A Cura do Medo
Entrevista com o Autor
Biography

Villa

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By CROaquim


_ Jack?

_ É.

_ Porque amor?

_ Uma aluna não conseguir me chamar de Sigrid, me chamar de "secreta",  turma começou me chamar de agente.

_ De agente, tipo agente secreta?

_ É! Depois passar a chamar "permissão para matar". E eu virar matadora.

_ Sei, ai virou Jack, o jack da musica.

SIgrid se levanta e começa a dançar

_ Jack, j-jack matadora, Jack matadora!

_ Porque tá acordada tão cedo?

São sete da manhã no Brasil, em Redwood, meio dia. Marcos ia sair para almoçar.

_ Querer te ligar no seu almoço. Já foi ver Ingrid?

_ Eu não posso simplesmente bater na porta daquela gente Sigrid! O que eu vou fazer?

_ Quem quer ajudar encontrar um jeito. Pensar em um Marcos.

_ Eu vou pensar em alguma coisa.

_ Promete?

_ Eu não te prometi que ia fazer o que você pedisse? Vamos mudar de assunto? Vai fazer o que você agora, me conta do seu dia! Vai trabalhar nas Lotte?

_ Não. Vou a praia com a Thi.

_ Sigrid! Olha, eu gosto que você faça amigos mas... As pessoas vão falar. Você sabe que ela gosta de mulheres?

_ E dai falar? Pessoas falar de tudo amor. Ela ser minha amiga, que nem você e Leon.

_ Mas ninguém acha que eu tenho um caso com o Leon.

_ Você que pensa.

_ Como?

_ Marcos, deixa de ciumes. Ciumes ser insegurança boba, ciume escurece a mente e acaba com o amor, ele uma face do ódio, ciume ser ódio da pessoa amada. Repete comigo: "Eu confio na pessoa que amo."

_ Você me ama?

_ Claro seu bobo! Repete vai!

_ Eu confio na pessoa que eu amo.

_ Vê? Está melhor agora?

Marcos solta um sorriso olhando para a tela do notebook, seu amigo de trabalho aparece por sobre seu ombro.

_ Marcos! Tem uma modelo argentina na portaria querendo te ver! Caralho, é a mulher mais gostosa que eu já vi na vida e... Está conversando com alguém no skype?

_ John, essa é minha namorada, a Sigrid.

_ Puta merda! Você tem mel nesse corpo cara. Prazer, meu nome é John. Deixa eu voltar pra minha mesa.

_ Sigrid, meu amor repete comigo, "eu confio na pessoa que eu amo."

_ Vai ver sua modelo Marcos. Eu ter que encontrar Thifany na praia.

_ Sigrid, não desliga, não...

Marcos olha para a tela do note, que indica conexão interrompida.

_ Valeu John!

 _ Disponha cara.

Marcos desce para a lanchonete da empresa, logo reconhece Natália, a mãe de Ingrid. Ela está incrível, Marcos tem de admitir que John está certo, ela é uma das mulheres mais bonitas que já conheceu.

_ Senhora Natália.

_ Só Natália. Podemos conversar?

Marcos senta com ela em uma mesa afastada.

_ Vim trazer isto, a pedido do meu marido.

Marcos abre um envelope, tem um recibo de doação de mil dólares no seu nome para o "médicos sem fronteira".

_ Não precisava, eu falei por falar.

_ Não precisava doar?

_ Não precisava por o meu nome, e você podia ter me enviado isso pelo correio.

_ Eu quero que você volte na minha casa Marcos, para brincar com minha filha.

_ O que?

_ Eu posso doar uma quantidade muito maior para onde você quiser. Ou para sua conta.

_ Não é uma questão de dinheiro.

Ela fica quieta, depois retira um pote de sombras e começa a retocar a maquiagem enquanto conversa. Parece ainda mais bonita.

_ Me acha bonita?

_ Você sabe que é uma mulher linda.

_ Eu sei. Sempre soube. Eu nasci numa Villa. Sabe o que é isso?

_ Não.

_ Uma favela na Argentina, um lugar onde esse seu relógio Omega e sua bolsa da Hugo Boss seriam uma sentença de morte. Um lugar que um riquinho como você, com sua educação superior teria nojo de entrar.

_ Como é?

_ Eu catava lixo com minhas irmãs para poder sobreviver. Brincava de pirata nadando no meio do esgoto e quando tinha sorte, mas muita sorte achava um hambúrguer meio comido no lixo pra ser meu almoço. Um dia cansei, desci a favela e fui procurar quem comprasse meu corpo por um pouco de comida de verdade pra minha família. Sabe o que eu achei Marcos?

_ Nem imagino.

_ Uma pessoa decente. Como isso é raro. Ele me deu um emprego e uma carreira e eu aproveitei a unica chance que a vida me deu. Eu provei pra ele que eu era uma boa aposta, tornei ele muito rico, mais do que já era.

_ Não sei aonde você quer chegar com essa historia.

_ Porque não me deixou acabar. A unica coisa que eu tinha era a beleza. Temos que jogar com as cartas que a vida dá, essa é a lei da natureza. Eu criei um Império! Batons, calcinhas de renda, sombras e até uma linha de vinhos. Perdi a conta das coisas que levam meu nome. Acha que eu esqueci de onde venho?

_ Não conheço sua vida. Não posso saber.

_ Eu ajudo todos que eu posso. Viajo pelo mundo para acabar com a fome, com a pobreza, com as doenças. Eu faço porque eu passei, eu sei na pele o quanto doí ter fome e não ter comida na mesa, sabe o que é passar fome, mas fome de verdade Marcos?

Marcos abaixa a cabeça, nunca tinha passado fome, teve uma vida simples, verdade, mas nunca faltou comida em sua mesa. Mas ele sabe o que é a fome, fome de verdade.

Ele, Leon e Thifany distribuíam quentinhas quando eram crianças, era tarefa dos três. Sua mãe fazia comida extra, com ajuda dos vizinhos e, dizem, até dos "donos das bocas" para quem não tinha nada. Era uma lição de vida. "Não esqueçam nenhuma casa, se esquecerem elas vão passar fome até amanhã."

_ Imaginei que não. Olha isso.

Marcos sai de suas lembranças com a voz acida de Natalia, ela havia tirado da bolsa a xerox de um artigo de jornal intitulada "O Castigo da vaidade".

_ Essa pessoa mesquinha escreveu como Deus me castigou pela minha vaidade com o nascimento da minha filhinha. Esse escroto que vive do dinheiro de pessoas ainda piores que ele escreve que meu pequeno milagre é uma aberração, um monstro de circo enviado para me castigar pelos meus pecados contra Deus! O que eu fiz de tão Grave? Não morri de fome? Tentei me prostituir pra comprar comida? Ou será que o Deus dele me castiga pelo tempo que eu uso tentando deixar essa merda de mundo que ele criou um pouco melhor?

_ Isso é só um artigo, esqueça.

_ Um artigo? Isso foi uma campanha! Uma campanha contra mim, contra minha filha, contra minha família! No final Ivan cansou, vendeu a empresa que seus avós construíram e saímos da Argentina só para ter um pouco de paz, mas mesmo aqui as crianças são cruéis com a Ingrid só por ela ser diferente.

 _ Não tem como fazer uma operação?

_ Ela tem muitas alergias, cirurgias estéticas são desencorajadas em pessoas alérgicas como ela. Mesmo que não fosse, causaria cicatrizes e muitas dores. Vale a pena? Resolvemos que ela vai tomar essa decisão quando tiver mais idade.

_ Porque eu?

_ Ela só fala de você. Desde que entregou a boneca...

_ A Lotte.

_ Como quiser! Desde que você entregou A Lotte ela só fala de você. 

Natália guarda a maquiagem na bolsa e olha diretamente para Marcos. Ele fica perturbado com aquele olhar.

_ Por favor Marcos, se for preciso eu imploro de joelhos, aqui mesmo. Faço tudo pela minha filha.

_ Não precisa, eu vou. Eu gostei muito dela. Não fiz muitos amigos por aqui. Sábado? Sábado depois do almoço?

Ela confirma com a cabeça e se levanta para ir embora.

_ Natália, eu também cresci numa favela.

Ela faz um carinho em sua bochecha.

_ Até parece seu riquinho mimado.

Marcos observa Natália sair do refeitório, enquanto todos os homens do recinto, e as mulheres também, olham ela passar. Logo seu colega de trabalho senta do seu lado.

_ Caralho cara, olha essa revista aqui, é ela! Unica playboy que ela saiu.

_ John, como você conseguiu essa revista tão rápido?

_ Eu mantenho minha coleção sempre a mão, sabe, a gente precisa relaxar depois de um código pronto.

_ Cara, eu não quero ouvir isso! Você consegue ser mais escroto que minha companheira de trabalho no Brasil.

_ Lei da atração cara, alguma coisa você tá fazendo errado, mas não muda nada porque as mulheres que você atrai... Meu Deus!

_ Esquece isso, vamos almoçar.

_ Não dá não, o Klaus quer te ver.

_ O chefe? O nosso chefe?

_ Isso. O carrasco nazista. Ele mesmo.

"O meu dia só melhora."

_ Já vou.

Marcos mexe no celular e encontra uma floricultura em Ipanema.

_ Alô? Por favor, eu quero mandar um buque de flores pra minha namorada, isso, podem entreguem agora? O tamanho? Um que diga "Eu te amo"!  Espera, posso mandar uma caixa de bombons junto? Melhor, dá pra enviar um urso de pelúcia no lugar dos bombons? Não! Mudei de ideia, quero enviar os três, as flores, o urso e a caixa de bombons. Tem como ser agora?  Porque você acha que eu aprontei alguma coisa? Alô?


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