O olhar de fúria de Safira não parecia intimidar os dois homens que a olhavam com curiosidade. Suas mãos continuavam amarradas em frente ao seu corpo, impedindo-a de tentar se libertar, enquanto uma mordaça a impedia de gritar. Batia seus pés contra o assoalho de madeira da cabana em que estava. Ela ainda se recordava do ataque a carruagem, dos gritos e de Hadan tentando lhe salvar mesmo após ser ferida.
A lembrança do sangue de Hadan lhe fazia se sentir pior por não ter conseguido salvá-la. Tudo havia acontecido tão rápido que mal teve tempo para se defender, e quando viu eles já estavam ameaçando Hadan, forçando-a a ir com eles.
É realmente frustrante não conseguir ter uma visão sobre mim mesma. Mas por qual motivo não consegui prever Hadan se ferindo?
Se perguntou, mas não demorou para descobrir a resposta. Ela estava com raiva desde que sairá do palácio. Sempre que suas emoções se alteravam não conseguia prever nada.
— Ela não deve ser uma princesa – O homem com cabelos castanhos sorriu ao olhar para Safira – Nenhuma princesa é arrisca. – O outro homem apenas sorriu em resposta.
Vou mata-los quando sair daqui.
Pensou raivosa ao olhar para o local onde estava. Ela havia sido levada da carruagem e colocada em outra, impedindo-a de saber a sua localização correta. A cabana onde estava possuía apenas uma porta e uma janela. Não havia nenhum móvel. Safira estava preparada para tentar se levantar quando a porta foi aberta. Seus olhos se fixaram na figura esquia do homem tentando reconhece-lo, sem sucesso.
— As histórias são verdadeiras – O homem sorria confiante ao se aproximar de Safira exibindo cabelos longos e loiros. – Me pergunto que tipo de poder alguém tão bela e pequena poderia ter. Quero escutar a sua voz – Sorriu largamente assim que um dos homens retirou a mordaça dela – Safira, que poder possui?
O sorriso de Safira conseguiu deixar um dos homens amedrontados.
— Não deveria ter feito isso – Safira o advertiu – Posso trazer a morte para todos que me toquem, sabia?
O homem loiro empalideceu ao olhar para os dois homens.
— Não sabia? – Safira continuou divertida – Por qual motivo acredita que ficamos escondidos por todos esses anos? Somos perigosos. Trazemos a dor e a ruina para todos. Ainda assim deseja ficar ao meu lado?
O homem loiro sentia seu coração parar ao olhar para a jovem que dizia tantas lamurias com o semblante calmo.
—És uma bruxa?
— Posso ser – Deu de ombros – Deseja descobrir?
O homem negou nervoso ao dar um passo para atrás, mas quando estava prestes a sair algo lhe passou pela cabeça.
— Uma bruxa tentaria me fazer acreditar em suas mentiras assim como está fazendo – Safira permaneceu em silêncio ao encará-lo – Vou correr o risco.
— Celius Irá mata-lo – Sorriu confiante – Assim que me encontrar, ele lhe cortará a garganta lentamente e sorrirá ao ver o seu sangue derramar. Eu assistirei a tudo sorrindo.
— Palavras de uma tola bruxa – Sorriu confiante novamente – Qual o seu poder? Se não me falar irei lhe afligir todo o tipo de dor.
— Comece então – Sorriu ao sentir o seu corpo estremecer. Ela sentia medo pela primeira vez em sua vida.
Alguém me salve. Pediu temerosa ao ver o homem se aproximar dela.
***
A mão de Lucien apertava com força o pescoço de Relton, enquanto todos os guardas ficavam constrangidos ao olhar a cena. No instante em que o rei percebeu o que havia acontecido, não pensou antes de ir atrás de Relton, o único responsável por verificar todos os navios que entravam e saiam de Vantis. Se alguém sabia sobre um invasor seria ele.
Relton não lutara com Lucien quando ele lhe ameaçou e nem quando se viu próximo a morte.
—Se não falar irei mata-lo – Lucien avisou frio ao apertar ainda mais o pescoço de Relton, o qual mantinha um sorriso na face apesar de ser difícil respirar – Não me importarei em mata-lo, sabe bem disso.
— Os sábios não ficarão felizes.
— Posso matar eles também.
Relton enfim percebeu o olhar de Lucien, o qual encontrava-se em chamas. Ele conseguia enxergar toda a raiva e a fúria em seus olhos, e teve certeza que poderia ser morto.
— Prefere ser morto? – A voz repleta de frieza causou calafrios em Relton, o qual permaneceu quieto – Morra em silêncio então – Lucien disse ao apertar o pescoço com ainda mais força, somente parou quando Relton começou a balbuciar coisas desconexas. – Diga – Falou ao soltá-lo.
Relton sorriu levemente, enquanto tossia ao sentir o ar entrar pelos seus pulmões livremente.
— Não sei quem os enviou – Começou a falar com calma – Vi um barco estranho atracar, e eles não possuíam permissão, mas me ofereceram algo em troca.
— O que?
— Me ofereceram um reino assim que conquistassem todos os reinos.
— E qual o motivo lhe levou a acreditar nisso?
— Isso terá que descobrir por si mesmo – Deu de ombros – Pode me matar, mas nada me fará falar.
Lucien estreitou o olhar antes de fazer um sinal para os guardas o levarem. Seu olhar direcionou-se para o local onde estava ficando curioso por ninguém ter se aproximado deles. Eles se encontravam no meio do porto.
—Aquele desgraçado já havia montado tudo – Lucien respirou fundo ao sentir a adrenalina envolver o seu corpo. A cada segundo se sentia ainda mais entusiasmado para conseguir encontrar Safira – Cacem todos que sejam estranhos no reino e busquem evidencias.
Os guardas concordaram ao começar a ronda.
***
Safira sentiu o gosto de sangue em seus lábios. E sem perceber um sorriso se formou em seus lábios ao sentir o seu rosto queimar devido ao tapa que o homem havia lhe dado. A única coisa que ela fazia era tentar conseguir tempo até alguém ir lhe resgatar.
Olhou determinada para o homem que sorria ao se divertia.
— Deveria saber o nome do homem que está tentando me afligir tanta dor, não concorda? – O homem sorriu com os olhos semicerrados.
— Todas as jovens nobres estariam chorando e implorando clemencia.
— Não sou como elas.
— Estou percebendo, princesa de Landivia. Tornarei tudo mais interessante – Aproximou-se dela, a qual ainda se mantinha amarrada sentada no chão da cabana – Meu nome é Desmon.
— E a que reino pertence?
— A qualquer um que me pagar mais – Revelou sorridente – Obviamente fui contratado por um reino e devo leva-la até eles assim que descobrir que poder possui. Se facilitar posso lhe ajudar.
— Como? Me entregando a quem oferecer mais?
— Posso avisar ao rei de Vantis, e imagino que ele queira pagar para tê-la novamente. O que me diz princesa?
— Qual motivo lhe faria fazer isso?
— Sou curioso como todos.
Safira o observou atentamente em busca de algo, mas nada conseguiu. Ela não conseguia ver nada. Ela sentia o seu coração bater cada vez mais forte, a sua respiração se tornar ofegante, e na tentativa de enxergar o futuro fechou os olhos, concentrou toda a sua energia afim de controlar seus batimentos cardíacos e sua respiração. A dor em sua face dificultou, entretanto ela conseguiu. Avistou uma nuvem negra, sangue e o homem a sua frente ajoelhado.
Ele vai morrer, mas quem vai mata-lo? Pensou angustiada ao não conseguir enxergar o seu salvador, o qual se encontrava como uma nuvem negra em sua visão.
***
No palácio, Richiston se mantinha impassível ao saber dos acontecimentos. Olhou para Garsiel, o qual se manteve ao seu lado desde que Lucien sairá.
— Espero que esteja satisfeito com o que fez – Garsiel disse frio ao olhar para Richiston, o qual se encontrava sentado em seus aposentos. Ele não havia sido permitido de sair até o retorno de Lucien – Se ela estiver morta quando ele a encontrar, irá se encontrar com o Deus do Sol antes que pense.
Richiston engoliu em seco ao perceber a verdade nas palavras do primeiro príncipe.
— Não fui culpado por nada – Richiston se defendeu.
— Lucien não se importara com isso.
— Eu sei.
— Todos sabem – Deu de ombros. Para ele, aquele seria o preço que Richiston deveria pagar por ter sido obcecado. – Ele não lhe perdoará.
Richiston nada disse ao olhar para a parede. Ele possuía pouco tempo para descobrir o que havia acontecido e salvar a si mesmo.
Continua...
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Então pessoal.. espero que tenham gostado do pequeno capitulo.. e o que imaginam que irá acontecer agora? Estou muitoooo curiosa com suas teorias..
Beijosss