Blue

By GioviSouza

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"Você era vermelho e gostava de mim porque eu era azul. Você me tocou e de repente eu era um céu lilás, então... More

Boas Vindas!
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 22

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By GioviSouza

Blue

Eu não poderia dizer que estava totalmente curada de Nicholas Hayes. Ficar com seu filho, a sua cópia, não ajudava em nada.

Passei a semana entre beijos e abraços pela escola com Noah, o que não pareceu ser surpresa para ninguém. Recebi olhares atravessados, em sua maioria de líderes de torcida, me perguntava sempre porquê.

Bianca havia se afastado e eu fiquei triste, em parte por ela nunca parecer disposta a revelar o porquê daquela situação. Por vezes insisti, mas ela dizia que estava indisposta e as olheiras mal cobertas não a deixavam mentir. Algo a incomodava e dessa vez não era comigo que ela desabafaria. Temi pelo fim da nossa amizade.

Perguntei para Noah durante a semana e ele também parecia incomodado com a situação, mas não tomou nenhuma atitude. Foi por isso que na tarde da sexta feira, um dia antes da minah grande festa de aniversário, eu me dirigi até a casa da ruiva.

Toquei a campainha insistentemente. Sabia que ela estava em casa porque o carro estava estacionado na sua vaga. Ninguém atendeu ou parecia disposto a atender.

- Bianca! - Bati na porta. - Bianca, abra a porta! Eu sei que está aí!

Mas eu não estava preparada para uma das criadas abrir a porta.

- Boa tarde, Blue. - A mulher baixa e loira sorriu, enxugando as mãos no avental.

- Boa tarde. - Lhe sorri, esquecendo completamente o seu nome. - Bianca está? Gostaria de falar com ela, se possível.

- Ela pediu para não receber visitas. Peço desculpas, só recebo ordens.

Assenti uma vez.

Nem a minha presença ela queria, então seria melhor que eu me afastasse.

Magoada demais e sem entender nada, me afastei até o carro, dirigindo para longe dali.

Eu estava perdendo minha melhor amiga e nem sequer sabia o porquê.

Cheguei à minha casa com lágrimas nos olhos e acabei por encontrar Marceline no meio do caminho. Parei por um momento, nossos olhares se fixando para logo depois se desgrudarem cheios de mágoa. A mulher tomou fôlego para dizer algo, mas desistiu e se afastou.

Eu perdera tudo o que um dia tivera.

Perdi minha segunda mãe.

Perdi o amor da minha vida.

E agora perdi minha melhor amiga. Eu não tinha mais ninguém.

Deitei-me na cama, abraçando um travesseiro e chorando tudo o que precisava. A dor no meu peito não queria amenizar, quanto mais eu chorava, mais doía.

Ouvi meu celular apitar com uma mensagem. Peguei de imediato, limpando as lágrimas que ainda estavam ali. Era uma mensagem de minha mãe. Mais um jantar com Nicholas. Era tudo o que eu mais precisava!

Joguei o celular de lado, bufando frustrada enquanto alguns soluços ainda me sobravam. Esfreguei o rosto, respirando fundo e tentando me acalmar. Eu sabia que tinha que fazer algo para tirar Nicholas da minha vida, do meu coração.

Não tinha o que fazer, essa era a minha sina: sofrer por Nicholas e perder as pessoas que eu amava.




Tomei meu banho e passei uma maquiagem leve para esconder que havia chorado durante a tarde toda. Logo Noah estaria aí e ele era o único que me restava. Sorte a minha tê-lo aceitado na minha vida, maldita hora que pensei que uma transa estragaria nossa amizade.

Desci as escadas assim que a campainha tocou e esperei pelos Hayes na ponta das escadas. Meu vestido era preto dessa vez, indo até os joelhos e com sapatilhas combinando. O cabelo preso em dois rabos de cavalo atrás da cabeça me deixava com o ar ainda mais inocente.

Vi minha mãe selar os lábios com Nicholas logo depois de abrir a porta. O olhar do senhor Hayes encontrou o meu e ele arrumou o blazer antes de se aproximar, claramente desconcertado.

- Boa noite, senhor Hayes. - Soprei no seu ouvido quando seu rosto se chocou com o meu.

Quando ele se afastou, vi ali o arrependimento. Estava arrependido de mentir para mim?

Ele se afastou para o lado da minha mãe, não sabendo lidar bem com a situação enquanto a minha expressão se tornava de rude à convidativa. Abracei Noah, sendo erguida por ele enquanto me girava. Por um vislumbre pude notar que minha mãe dizia algo ao senhor Hayes enquanto o homem parecia chateado com a cena que se desenrolava à sua frente, por isso eles começaram a se afastar.

- É hoje? - Perguntou Noah me tirando dos meus devaneios.

- Hoje? - Franzi o cenho.

- É, Blue. Nós vamos contar aos nossos pais que estamos...

- Noah, nós não estamos nada. - O censurei com o olhar.

- De novo isso, Blue? - Cruzou os braços na frente do peito. - O que nos impede?

Parei por um momento, engolindo em seco tudo o que tinha para colocar para fora. Ele nunca poderia saber.

- Eu só não estou... É cedo, OK? - Fiquei na ponta dos pés e selei nossos lábios. - Eu queria poder te dizer, mas estou tão confusa quanto você. Tem Marceline, Bianca e...

- Blue! Noah! Venham jantar! - Aimée gritou da sala de jantar.

- Continuamos essa conversa depois. - Beijou minha testa e me puxou para a cozinha.

Eu estava aliviada por isso ou acabaria soltando algo que me arrependeria amargamente no momento seguinte.

Sentei-me ao lado do meu melhor amigo e de frente para Nicholas. O homem que um dia pensei conhecer não conseguia nem olhar na minha direção, estava preocupado demais em fingir prestar atenção no que minha mãe falava.

Durante o jantar, eu e Noah ficamos aos cochichos e carícias por debaixo da mesa. Nicholas parecia estar percebendo uma movimentação estranha, mas não tinha coragem o suficiente para fingir notar.

- Crianças, temos algo a dizer. - Minha mãe começou logo após os pratos principais serem retirados.

Olhei para ela imediatamente e senti meu estômago se embrulhar. Era alguma coisa ruim, tinha certeza disso. Senti a comida voltar e fiz uma careta, tomando um gole d'água.

- Diga logo! - Falei sem pensar, recebendo um olhar repreensor de minha mãe e um surpreso de Nicholas.

- Tenha modos, Blue Blanchett! - Minha mãe me repreendeu. - Pois bem, onde estávamos? Ah! - Minha mãe ergueu a mão esquerda e um brilhante repousava no seu dedo anelar. Senti meu coração parar de bater. - Estamos noivos.

Eu tinha que conter o choro.

Eu tinha que conter a vontade de gritar.

Eu tinha que conter a revolta.

Eu tinha que conter as perguntas.

Eu tinha que me conter ou acabaria acontecendo uma desgraça nessa família.

Não que a desgraça para mim já não estivesse feita.

O olhar de Marceline encontrou o meu, com certeza percebendo que eu estava contendo a fúria. Ela parou a meio caminho com a sobremesa em mãos. Engoli em seco e respirei fundo.

Eu sabia o que tinha que fazer e tinha que fazer agora.

- Eu e Noah estamos juntos.

Consegui falar sem fraquejar, olhando nos olhos de Nicholas. Aqueles olhos que um dia eu amei e hoje odiava com todas as forças.

- Achei que... – A voz de Noah invadiu o ambiente.

- Isso é uma maravilha! - Minha mãe bradou. - Isso merece uma comemoração com estilo. Marceline, por favor, nos traga taças que hoje beberemos champanhe. Não é maravilhoso? Mãe e filha com pai e filho? - Perguntou em toda a sua inocência.

Marceline depositou a sobremesa e correu para a cozinha sem coragem de me olhar. Ela não sabia no que eu havia me transformado, sabia que ela reprovava minha atitude, mas não me importava. Eu estava destruída e queria destruir.

Virei-me para Noah e enlacei meus braços em seu pescoço enquanto sentia seus braços em minha cintura.

- Você é incrível. - Falou, roçando nossos narizes. - Surpreendente.

Ri baixo e selei nossos lábios, pelo canto do olho vendo minha mãe falar com Nicholas enquanto este fitava a cena de romance de seu filho. Parecia o homem mais infeliz do mundo.

Estava infeliz, então por que fizera tudo o que fizera?

Nicholas cavou a própria cova e tinha plena consciência disso.

- Ao amor! - Minha mãe anunciou de pé, erguendo sua taça.

- Ao amor! - Falamos em seguida, chocando nossas taças.

Ao chocar a minha com a de Nicholas, fixei nossos olhares e o vi fazer uma pequena reverência. Não tinha certeza do que aquilo significava. Talvez "parabéns por ser uma babaca".

Beberiquei minha taça e selei meus lábios aos de Noah mais uma vez.

- Mãe, preciso que Noah durma aqui hoje para me ajudar amanhã com a festa. - Revelei, agora sentada e sentindo ele entrelaçar nossos dedos por debaixo da mesa.

- Tudo bem. Preciso dizer juízo? - Minha mãe tinha uma sobrancelha erguida.

- De jeito nenhum. Sei cuidar da sua filha. - Senti o beijo de Noah nos meus cabelos.

Nicholas tinha os olhos fixos em nós dois. Ele conhecia alguém que cuidava melhor do que o próprio filho.




Acordei um pouco atordoada no dia seguinte.

O dia anterior havia sido conturbado, mas terminara com mais uma transa na minha cama com Noah. Dormimos completamente nus e foi assim que acordei em meio aos lençóis, enroscada no meu melhor amigo.

Não dei tempo de Nicholas me tocar naquela noite e acabar com a minha libido. Acenei para ele e subi para o meu quarto com Noah em meio a risadas e beijos. Eu acabara com a noite dele. Azar dele e da minha mãe.

Levantei-me, saindo dos braços de Noah e indo abrir a janela. Hoje era o dia da minha festa, a tão esperada glow party que Bianca planejara com afinco. A questão era: ela apareceria naquela noite?

Eu precisava dela, precisava da minha melhor amiga. Sem ela, sem Marceline, eu estava totalmente desolada, desestruturada.

Senti braços me envolverem e deixei de me apoiar na janela apenas para tocar os braços de Noah. Seus lábios tocavam minhas costas nuas e suas mãos cuidavam de acariciar meu ventre. Sorri com o gesto e me virei para ele, ambos completamente nus ainda.

- Feliz aniversário. - Desejou, selando nossos lábios. - Você está especialmente mais bonita hoje.

- São seus olhos. - Sorri e selei nossos lábios mais uma vez. - Vamos tomar café, temos muito que fazer hoje.

- Não sem antes...

A campainha.

Franzi o cenho e me debrucei na janela apenas dando para ver fios ruivos balançando contra o vento.

- É Bianca! Bianca está aqui! - Gritei.

Era isso. Era esse presente de aniversário que eu precisava.

Vesti-me rapidamente e joguei algumas roupas que Noah sempre acabava deixando em minha casa para o mesmo.

- Vamos, vamos! - Abri a porta e fugi do sexo matinal que teria com ele.

Por quê? Não sei. Só sabia que naquele momento eu poderia estar conseguindo a minha melhor amiga de volta.

Pulei em seus braços assim que a vi conversando com Marceline. Eu estava chorando?

- Blue! Parabéns! - Falou, animada, tentando me abraçar enquanto segurava uma caixa de papelão cheia de coisas que pareciam destinadas ao meu aniversário.

- Você veio! - Me afastei dela, enxugando algumas lágrimas.

- Claro que eu viria. Minha semana depressiva-por-causa-de-macho-filho-da-mãe está finalizada. Agora sou toda sua. - A garota abriu um sorriso imenso com os lábios muito bem pintados de vermelho.

- Feliz aniversário, menina. - Marceline me abraçou fortemente.

Senti vontade de chorar mais uma vez, mas me limitei a agradecer.

- Obrigada, Marceline.

- Bom dia, meninas. - Noah saudou, sério demais. Será que era pelo sexo recusado?

Seu braço enlaçou minha cintura enquanto seu rosto ia de encontro com o de Bianca para que se cumprimentassem. Foi frio e tenso. O clima pesou e eu não entendi. A culpa era minha? Era a minha relação com Noah?

Suspirei e me afastei.

- Marceline, por favor, me diga que teremos bolo para o café da manhã.

- Teremos sim, menina.

Gritei e bati palmas. Fazer aniversário até que era bom.

- Sua mãe não passou a noite em casa, mas pediu que eu lhe entregasse este presente. - A mulher estendeu um pequeno embrulho na minha direção.

Estava sentada com meus melhores amigos na sala de jantar enquanto Marceline nos servia um bolo de chocolate. Agora eu tinha um embrulho e desfiz o laço para que visse o que tinha no seu interior: uma joia com um cartão. Era uma safira linda e delicada presa em um anel dourado.

O cartão dizia:

"Esperamos que goste. Foi da minha mãe e agora pode ser seu. Cuide bem.

Nicholas e Aimée.

PS: Espero que goste, foi tudo ideia de Nicholas."

Mordi o lábio inferior.

É lógico que tinha sido ideia dele. Algo precioso, simples e cheio de significados.

Beijei a aliança e vesti. Suspirei, me lembrando de vovó e olhei para o teto como se ela pudesse ouvir meu agradecimento mental. Só então tive forças para continuar, desvinculada do meu próprio momento.




Bianca havia amado meu presente e dizia que o dela - um abajur em formato de árvore - não era nada perto daquilo. Já Noah me presenteara com um quadro com nossa foto, apenas nós dois, juntos no seu aniversário. Convencido, disse que a sua era melhor do que todas, o que rendeu bons xingamentos de Bianca.

Foi naquele momento que eu senti que tudo poderia voltar aos eixos.

Arrumamos a casa toda para a festa que seria na casa da piscina, nos fundos.

- Espero que caibam todos aqui. - Bianca analisou seu trabalho finalizado com as mãos na cintura.

- Quantas pessoas você convidou? - Questionei, arregalando os olhos.

- Umas trezentas. - Deu de ombros. - Vou tomar banho.

- Trezentas?! Você ficou maluca?

- Ela sempre foi. - Noah murmurou.

Bianca se afastou, ignorando completamente o que dizíamos.

Fui atrás dela apenas para esperar a minha vez de tomar banho. Disse à ela que poderia ficar na minha cama, que eu passaria a noite na cama da minha mãe, recebendo um sorriso amarelo como resposta. Pedi para que Noah tomasse banho na suíte da minha mãe para que eu e Bianca pudéssemos nos arrumar.

Quando Bianca terminou de fazer minha maquiagem, eu me sentia mais mulher. Ajeitei meu vestido branco colado ao corpo e me virei. Abracei minha amiga e sorri abertamente.

- Obrigada.

- Você está maravilhosa. - A garota de cachos ruivos me olhou de cima à baixo. - Vamos que hoje eu preciso sentar em alguém.

- Bianca! - Arregalei os olhos.

- O que foi? É a realidade. - Deu de ombros. - Pedi para todos virem de branco porq...

Deixei que ela falasse enquanto saía do quarto, ciente de que Noah estava atacando bebidas e comidas.

O frio na minha barriga não me abandonava, como um pressentimento. Algo iria acontecer naquela noite e eu não sabia se seria bom ou ruim.


xxx



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