Eu acordei com o despertador do meu telemóvel a tocar e eu desliguei-o, realmente amaldiçoando-o por ele não ter avariado durante a noite, ou por não se ter desligado com falta de bateria, ou por eu simplesmente não poder voltar atrás no tempo, porque eu realmente estava a dormir bem e não me queria nada levantar.
- Emily… - A voz de Louis soou, enquanto ele me puxava mais para ele e me abraçava com os seus braços fortes e me aquecia ao meu tempo, aumentando ainda mais a minha falta de vontade de sair da cama.
- Hm?
- Não te levantes.
- Louis é segunda-feira.
- Podes sempre faltar.
- Não vou faltar.
- Então eu não te vou deixar ir. – Ele disse apertando-me ainda mais contra ele.
- Louis!
- Ok, ok! – Ele disse soltando a minha cintura e levantando-se apenas com os boxers vestidos. – Emily se continuas a olhar assim para mim eu acho que… é melhor nem dizer. – Ele disse fazendo-me corar, enquanto se aproximava de mim. – Tu ficas mesmo fofa corada. – Ele beijou a minha bochecha e eu sorri. – Melhor, tu ficas fofa de qualquer maneira…
- Mentiroso.
- Acredita em mim.
- Devias de ter visto as minhas fotos no… hm… segundo ano. Ias mudar de opinião de certeza. – Eu disse e ele riu-se.
- Adorava ver. – Ele riu. – Diz-me uma coisa.
- O quê?
- Com quantos anos é que entraste para a escola?
- Com cinco anos.
- Porque é que foste para a escola mais cedo?
- Por causa do meu pai. – Eu disse e suspirei, trazendo à memória os meus tempos de criança. – A minha mãe achava que, pelo menos, enquanto eu estivesse na escola, eu estava segura e livre de ver tudo o que o meu pai fazia e… sofrer com isso… como naquela vez…
- Oh. – Foi tudo o que ele disse, momentos antes de me abraçar fortemente. – Desculpa.
- A culpa não é tua Lou.
- Eu sei, mas eu fiz-te lembrar dessas coisas e eu não quero que sofras enquanto estiveres comigo. Eu prometi.
- Obrigada. Eu amo-te.
- E eu ainda mais.
(…)
Eu estava a sair da minha primeira aula, quando vejo a Kahlan a correr na minha direção como se tivesse ganho a lotaria, o que me estava a assustar, de certa forma. Assim que ela chegou ao pé de mim abraçou-me.
- Kahlan, o que é que se passa?
- Oh meu Deus! Oh meu Deus! Oh. Meu. Deus.
- Kahlan respira.
- Ok. – Ela respirou fundo. – Estou a respirar. Oh meu Deus! – Ela soltou um guincho, o que fez com que algumas pessoas olhassem para nós.
- O que é que se passa?
- Os Union J vão dar um concerto aqui. Não aqui. Quer dizer, sim aqui. Quer dizer, não na escola. Mas aqui. Na cidade.
- A sério? – Ela abanou a cabeça e eu soltei um pequeno guincho como o que ela soltara há poucos minutos. – Oh meu Deus!
- Eu sei! Oh, mas espera, eu tenho melhores noticias. Eu não sabia se querias ir ou não, mas eu não quis arriscar porque, quer dizer, tu és minha amiga desde sempre e nós sempre gostámos desta banda e tu começas-te a gostar deles no momento em que eu te falei neles e depois nós prometemos que uma só ia se a outra fosse e então eupasseiporláecompreidoisbilhetes.
- Huh?
- Eu tenho bilhetes.
- Oh meu Deus! A sério?
- Sim!
- Oh meu Deus! Quer dizer, que bom! Quando é que vai ser o concerto?
- Daqui a um mês. Vai ser tão fixe!
- Eu consigo ouvir os vossos gritos lá fora. O que é que se passa? – John disse, aproximando-se de nós.
- Oh meu Deus! – Kahlan começou e eu ri-me.
- Os Union J vêm cá. – Eu expliquei antes que a Kahlan voltasse a explodir, o que até era compreensível, nós sempre tivemos o desejo de ir a um concerto deles, mas eles nunca antes tinha vindo aqui e nem a minha mãe, nem a mãe da Kahlan nos deixava sair para muito longe.
- Quem são esses? – Ele perguntou e eu arregalei os olhos.
- Tu nunca ouviste falar neles?
- Não, mas começo a achar que devia.
- Claro! – A Kahlan disse… ou melhor gritou. – Deixa-me que te apresente o JJ, o Josh, o Jaymi e o George…
O meu telemóvel vibrou, era uma mensagem do Louis, que me fez sorrir instantaneamente.
“Vem ter cá fora, vamos à pastelaria da outra vez. ;)”
- Eu já venho, até já.
- Onde é que vais? – John perguntou?
- Hm… vou com o Louis a uma pastelaria.
- Que pastelaria? – Ele perguntou de novo.
Estranho.
- Hm… eu não sei bem o nome, mas o Louis diz que faz os melhores croissants do mundo.
- Já sei qual é. – Ele sorriu.
Para quê tantas perguntas?
- Eu tenho mesmo que ir.
- O quê? Não me vais ajudar aqui?
- Ajudar em quê? – John perguntou confuso.
- Boa sorte. – Eu disse-lhe e meti-lhe a língua de fora.
Eu afastei-me deles, enquanto a Kahlan contava a John como é que os Union J se tinham formado e todo o seu percurso no Factor X e, se eu a conhecia, o intervalo não ia chegar. Eu sorri lembrando-me da tarde em que ela chegou a minha casa eufórica por ter descoberto os Union J.
- Porque é que estás a sorrir? – Louis perguntou assim que eu cheguei ao pé dele.
- Recordações.
- Hmm… - Ele disse e abraçou-me beijando-me a testa.
- Sabes quem são os Union J?
- Ugh, sei. – Ele respondeu fazendo uma expressão de enjoado, enquanto me fazia sinal para entrar no carro. É claro que alguém como o Louis não ia gostar de uma banda daquelas. – Porquê?
- Por nada.
- Diz lá. – Ele insistiu arrancando com o carro e dirigindo até à pastelaria que tinha os croissants de chocolate.
- Vou ao concerto deles. – Eu disse tentando não soar muito entusiasmadas, o que não correu muito bem, porque ele olhou para mim com uma sobrancelha erguida.
- Tu gostas deles?
- Sim.
Nós saímos do carro e entrámos na pastelaria. Eu sentei-me numa mesa a um canto, enquanto Louis foi fazer o pedido, voltando para a mesa logo de seguida.
- Tu gostas mesmo deles?
- Sim.
- Deus.
- O que foi?
- Eles são um grupo de g-
- Aqui tem o seu pedido. – A empregada sorridente interrompeu, trazendo duas canecas de chocolate quente e dois croissants com chocolate.
- Nem precisas de acabar, eu já sei o que é que vais dizer.
- É verdade.
- Não. Não é. – Eu contrariei dando uma trinca no meu croissant.
- Mas um deles é.
- Isso não faz com que os outros sejam. Mas como é que tu sabes isso?
- Eu não sei.
- Sabes sim.
- Emily. Não insistas. – Ele disse num tom bastante rígido, ficando sério de repente.
Eu observei-o durante alguns segundos e peguei na minha caneca fumegante bebendo o chocolate quente e comendo o meu croissant em silêncio. Louis não voltou a dizer mais uma única palavra. Quando acabámos de comer, eu levantei-me para ir pagar e essa foi a única vez que Louis voltou a falar, para dizer que ele pagava. Eu suspirei frustrada e saí ficando à espera que ele pagasse.
O que é que aconteceu? Será que eu disse alguma coisa de mal? Porque é que ele está assim? Eu não gosto nada de quando ele está calado.
- Vamos?
- Sim.
Eu entrei no carro e encostei a cabeça ao vidro, suspirando.
- Desculpa. – Ele pediu e eu olhei para ele. – Eu sabia isso, porque a minha irmã é uma fã deles. Ou pelo menos era, desde a última vez que a vi.
- Oh. – Foi a única coisa que eu consegui dizer. Ele nunca me tinha dito que tinha uma irmã. – O que- O que é que lhe aconteceu? – Eu perguntei sem ter muito bem a certeza de se deveria ter feito esta pergunta ou não.
- Está com a minha mãe. Acho.
- Devias de a tentar ver-
- Não.
- Porquê?
- Não me ouviste? Ela está com a minha mãe.
- Isso não quer dizer que não possas ver a tua irmã.
- Se eu tentar ver a minha irmã, de certeza que ela vai lá estar. Não a vou ver, nem a ela, nem a ninguém que esteja relacionado com ela. – Ele disse, com raiva a toldar-lhe as palavras.
- Não devias de fazer isso, devias de conseguir superar, não é bom ficar sem a família.
- Tu não percebes o que é ter que olhar para a cara dela, nem o que é ficar sem família! – O tom de voz dele aumentou assustando-me.
- Tens mesmo a certeza?
Como é que ele podia dizer aquilo quando ele sabia o meu passado e que eu já não via a minha mãe há semanas?
- Desculpa, eu… não gosto de falar na minha família.
- Eu só estava a tentar ajudar. – Eu suspirei.
- Eu sei.
- Desculpa.
Ele pegou na minha mão e apertou-a e abanou-a gentilmente. Eu observei-o, enquanto ele conduzia, sem tirar os olhos da estrada e pude ver um sorriso a crescer nos seus lábios.
- Vais furar-me a pele. – Ele provocou e eu apertei a sua mão.
- Parvo.
- Eu sei que tu me adoras.
- Não. Eu amo-te.
Ao olhar de relance pela janela do seu lado, eu vi um carro contra a mão, a vir na nossa direção. Depois disso, eu não me lembro de mais nada a não ser ele a gritar o meu nome e a dizer para eu me segurar e o estrondo de um carro a bater contra o carro de Louis com toda a velocidade.