Jakuara, a mãe velha, da Aldeia Chumbo falou para Bauhy que ele deveria consultar o oráculo e assim descobrir o que poderia destruir as irmãs diabólicas.
- Somente o oráculo poderá revelar esse grande enigma que nos assola - disse Jakuara, esperançosa. - No entanto, alguém terá que ser oferecida em troca dessa revelação, uma alma virgem, uma linda mulher.
- Impossível! - contestou Bauhy - não podemos sacrificar a vida de nenhum dos nossos.
- Essa é a única alternativa - falou a mãe - leve Reuyny.
- Reuyny?
- Sim - disse Mãe Velha. - Ela é a única que o oráculo irá se apaixonar. Ele vai falar tudo o que você quiser saber. Leve-a. Faça isso o mais rápido possível.
Reuyny era a filha mais nova da mãe velha. Reuyny era linda, meiga e simpática com todos. Era uma das poucas virgem que haviam na aldeia. Ela era apaixonada pelos animais e pela floresta. Reuyny cuidava de todos e todos gostavam dela. Era como um anjo da guarda. Uma espécie de espírito protetor.
E assim, foi feito. Bauhy e seus homens seguiram para a Montanha Negra Flamejante dos Últimos Suspiros. Um vento frio e sombrio se espalhava pela região. Criaturas negras e horrendas voavam entre as montanhas gritando palavras agourentas e negativas. Alguns dos homens ficavam hipinotizados e se jogavam da montanha. Outros se matavam cortando os próprios pescoços.
Reuyny estava nervosa, mas continuou seguindo Bauhy. Era como se ela soubesse do seu destino cruel.
- Tampem os ouvidos - disse Bauhy, colocando um tufo de folha nos ouvidos.
Ao final da montanha sombras se projetavam cada vez mais perigosas. Algumas delas pareciam a própria morte. Elas faziam as pessoas lembrarem de coisas tristes e de muito sofrimento. De repente uma voz se projetou no ar, era uma voz grave e potente.
- O que querem?
Bauhy respondeu:
- Trouxemos uma oferenda, grande oráculo.
- Uma oferenda?
- Sim!
- E o que querem? - perguntou o oráculo, aparecendo em frente Bauhy. Era uma criatura obscura. Tão gelada quanto a mais densa escuridão. Ninguém conseguia sentir amor, apenas aflição, medo e pavor.
- Onde está a oferenda? - perguntou o oráculo, agora com uma voz ainda mais grave.
- Está aqui - mostrou Bauhy.
Reuyny se apresentou.
O oráculo rodopiou a jovem. Que ficou arrepiada, mas ela não estava com medo.
- E o que quer saber? Pergunte, irei falar o que quiser - falou a criatura asquerosa.
- Como podemos destruir as irmãs diabólicas? - perguntou Bauhy, esperançoso.
- Hahahahaha!!! - riu o monstro, voando ao redor de todos - Então é isso? Só isso mesmo?
A criatura parecia esconder algum segredo pior do que o das irmãs.
- Sim! Só isso! - disse Bauhy.
- Ouçam com atenção: para matá-las terão que arrancar-lhes o coração. Só o Athame poderá fazer essa função - sussurrou a criatura.
- Mas onde iremos encontrar esse Athame? - perguntou Bauhy.
- Uma das irmãs guarda um. Isso é tudo?
- Existe outra forma de matá-las? - perguntou Bauhy.
- Sim!
- Diga, oráculo.
- Sangue de Unicórnio - disse a criatura sombria.
- Sangue de Unicórnio?
- Sim - sussurrou a criatura - as irmãs... foram amaldiçoadas... o Rei fez amor na Pedra dos Deuses, na Lua Vermelha, somente sangue de Unicórnio pode quebrar a maldição. Na verdade, elas tem um destino cruel para cumprir. Recomendo que não as deixem se matarem. Se isso acontecer o destino de todos será incerto. Recomendo que quebrem a maldição. A Bruxa, Mãe Velha, pode quebrar a maldição, ela sabe as palavras.
- Era só isso que queríamos saber - falou Bauhy. - Agora já vamos.
A criatura começou a dar gargalhadas e Bauhy olhou para trás.
- Vocês não poderão ir agora - disse o monstro.
- Como assim? - perguntou Bauhy, nervoso.
- Terão que fazer um favor para mim - disse o monstro.
- E o que seria?
- Sacrifício! - berrou o monstro.
Houve uma pausa.
- Cortem a cabeça dela - pediu o Oráculo.
Uma lágrima desceu dos olhou de Reuyny, porém, ela sabia que sua história já estava escrita e que tudo aquilo era apenas uma passagem, pois o fim estava bem próximo. Ouviu-se uma batida e a cabeça de Reuyny desceu montanha abaixo.