Jogo de Máscaras

By AliceHAlamo

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Não era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se... More

Capítulo 1 - Vista sua Máscara
Capítulo 2 - Tire sua máscara de inocente
Capítulo 3 - Tire sua máscara de puritano
Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo
Capítulo 5 - Vista sua máscara de bom partido
Capítulo 6 - Tire sua máscara de cara paciente
Capítulo 7 - Vista sua verdadeira máscara
Capítulo 8 - Vista sua máscara de felicidade
Capítulo 9 - Tire sua máscara de insegurança
Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara
Capítulo 11 - Tire a máscara dos outros
Capítulo 12 - Vista sua máscara de enfermeiro
Capítulo 14 - Vista sua máscara de Mentiroso
Capítulo 15 - Vista sua máscara de protetor
Capítulo 16 - Vista sua máscara de Sasuke
Capítulo 17 - Vista sua máscara de honestidade
Capítulo 18 - Tire a máscara do seu adversário
Capítulo 19 - Vista sua máscara de Apaix-..., quer dizer, de viciado
Capítulo 20 - Vista sua máscara de cumplicidade
Capítulo 21 - Tire sua máscara de sob controle
Capítulo 22 - Tirem suas máscaras sociais
Capítulo 23 - Vista sua máscara de traído
Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos
Capítulo 25 - Vista sua máscara de bom entendedor
Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo
Capítulo 27 - Vistam suas máscaras de aliados
Capítulo 28 - Tire sua máscara de encurralado, ainda há saída
Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger
Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal
Capítulo 31 - Vista sua máscara de desespero
Capítulo 32 - Vista sua máscara de Giselle
Capítulo 33 - Vista sua máscara de precaução
Capítulo 34 - O cair das máscaras

Capítulo 13 - Tire sua máscara de frieza

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By AliceHAlamo


Apesar de manter os lábios quase colados aos de Ino, não a beijou. Precisava da resposta dela para prosseguir, precisava que a artista aceitasse claramente, explicitamente, para não ter problemas depois com Jiraya. Diferente de Naruto, que era impulsivo e confiava em alguns clientes, como Neji, Gaara preferia manter a cautela. Mesmo tendo passado dias com Ino, tê-la visto agir espontaneamente, não ter sido menosprezado ou tratado mal por sua profissão, não a conhecia. Sabia que ela era, pelo menos aparentava ser, uma pessoa gentil, alegre, doce e criativa, mas nada disso o salvava de uma reclamação dela para Jiraya, por qualquer motivo que fosse. Era uma relação profissional, devia se lembrar disso e, sendo assim, não a beijou como faria se estivessem fora daquele estabelecimento.

Ino suspirou e abriu os lábios para puxar o inferior de Gaara com delicadeza. Desejava-o, não mentiria sobre isso. E, se já estava ali, naquele lugar, com Gaara a sua frente oferecendo-lhe sexo, por que negar? Já havia pago por aquilo de qualquer forma, quer dizer, não, não era isso! Tinha pago porque queria desenhá-lo, queria observá-lo mais, queria passar mais tempo com ele e rir de seus comentários ácidos! Não queria dormir com ele ali; por algum motivo, não queria que ele achasse que ela tinha pago por uma noite com ele. Bobagem, talvez, mas não parecia certo, não ali, não quando ele acharia que ela o estava comprando como muitos outros faziam e a quem ele tanto desprezava por gastarem dinheiro com algo tão superficial.

Ele a desprezaria? A pergunta fez Ino parar as mãos nos ombros de Gaara e afastá-lo minimamente.

— O que foi? — Gaara perguntou, sem entender a atitude.

Ele tocou as mãos em seus ombros e as segurou entre as suas enquanto Ino parecia travar um dilema interior. As sobrancelhas claras estavam quase que unidas de tão concentrada que ela estava, e o bico que a boca formou só a deixou mais adorável.

Adorável. Quantas malditas vezes aquela palavra tinha-lhe cruzado o caminho, Gaara já não sabia, mas era frequente o adjetivo para descrever a artista.

— Não — ela respondeu, decidida.

Gaara arregalou os olhos e até mesmo esqueceu como falar ao ouvir a negativa.

— Não? — ele repetiu ao soltar as mãos dela lentamente.

— Não vim aqui para isso se é o que está pensando — ela se afobou ao explicar diante do olhar de decepção dele. — Quer dizer, já havia pensando em algo assim, mas não aqui... É, definitivamente, não aqui. Quer dizer, não é que eu não queira, mas aqui você vai ficar pensando em monte de bobagem, e eu não quero ser vista como mais uma que te obrigou a fazer sexo.

Gaara manteve-se indiferente enquanto o rubor voltava ao rosto de Ino. Ela falava de modo apressado, sem pausa alguma, e gesticulava também, derrubando o carvão no chão e até mesmo o desenho que fazia. Nessa hora, parava de falar para xingar-se baixo e, depois, retornava o olhar para ele, ansiosa por uma resposta, medrosa pelo que viria. Ele apoiou os dedos sobre os olhos e riu, singelo, ao se afastar dela e sentar-se no chão mesmo.

Ah, Ino...

— Então, o problema é o lugar? — perguntou, voltando a ficar sério.

— Não! Não é o lugar! — Ela bagunçou os cabelos e olhou ao redor em busca de ajuda. — Em parte, é, mas não pelo lugar em si, mas pelo que significa!

— Ah — ele se forçou a não rir. —, então é por estar em um puteiro?

— O quê? — Ela arregalou os olhos e se levantou, indignada. — Não! Não distorça as coisas!

— Você que disse que é pelo que ele significa.

— Não é pelo que ele é, mas é porque não quero que pense que estou te obrigando ou te comprando para isso! — ela gritou sem querer.

Gaara balançou a cabeça negativamente e se levantou para ficar próximo dela. Seus braços envolveram-lhe a cintura e a mantiveram colada ao corpo dele enquanto a boca tocava-lhe o rosto e se arrastava ao ouvido.

— E que disse que estaria me obrigando?

Ela arfou. Gaara chupou-lhe o lóbulo do ouvido enquanto as mãos acariciavam até a parte posterior das coxas e subiam pelos quadris apertando o corpo feminino.

— Eu quero. Pode ter certeza que quero e muito — sussurrou rouco ao passo em que movia o corpo na direção do dela e a fazia sentir a ereção que se formava sob a calça. — Aqui, no seu ateliê, na sua cozinha bagunçada, na sua sala naquele tapete macio, não importa onde... Eu quero, mas, se é tão importante não ser aqui, podemos sair, sabe disso. Você pagou, pode dizer que está me levando para terminar seus quadros, podemos ir para onde quiser pelo resto da noite.

Ino ergueu os braços, lentamente, as mãos contornaram do pescoço dele à nuca, e os dedos não demoraram a se infiltrar nos fios avermelhados.

— Para onde eu quiser? — ela perguntou e sorriu com o arrepio que percorreu o corpo com a respiração quente dele contra sua pele.

— Sim.

— Ótimo. — Ela sorriu e roubou-lhe um rápido tocar de lábios antes de afastá-lo. — Vista-se, então. Te espero em dez minutos lá em baixo.

Gaara viu os olhos azuis o miravam decididos enquanto ela recolhia o caderno de desenhos, o carvão e a bolsa. A risada dela ainda ecoava em sua mente mesmo quando a porta se fechou e ele se viu sozinho no lugar.

No que estava se metendo?

Saiu do quarto e foi até aquele que, de fato, pertencia-lhe ali. Vestiu-se sem se importar muito com a roupa, pegou as chaves de casa, ciente de que não voltaria para a Akatsuki aquela noite e, quando ia sair, paralisou com a imagem do sorriso discreto que o espelho lhe denunciava. Era como se estivesse olhando para Naruto! Vendo o amigo prestes a cometer mais uma de suas loucuras! E, mesmo assim, desceu as escadas e encontrou Ino conversando com os seguranças enquanto o esperava.

O carro dela estava estacionado perto dali, e ela parecia não notar os olhares das pessoas ao redor. Inconscientemente, abaixou levemente o rosto durante o trajeto, não queria ser reconhecido. Ino podia dizer que não se importava com o que os outro diziam, mas não é isso o que todo mundo fala até que algo aconteça?

— Tá tudo bem? — ela perguntou ao destrancar o carro.

Rapidamente, ele entrou no veículo, e ela imitou o gesto, curiosa.

— Então, para onde vamos? — Gaara indagou assim que ela deu partida.

— Jantar! Estou morrendo de fome. — Riu, envergonhada.

— Ino, são quase dez horas, como você não jantou dessa vez?

— Eu finalmente consegui a mistura exata para a cor dos seus olhos! — ela falou entusiasmada ao apertar o volante. — Aí tive que começar a pintar alguns dos quadros e me perdi no horário. Quando vi, já era a hora que aquela sua amiga de olhos claros me disse que você se apresentaria.

— Hinata?

— Ela mesma! Eu liguei para o seu celular, e ela atendeu. Falou algo sobre você estar dormindo porque passou a noite aturando uma madame chata e me disse o horário em que poderia falar com você. Gosta de comida italiana?

Gaara concordou em silêncio e, em menos de quinze minutos, Ino já estacionava o carro na frente de um restaurante no centro.

— Tem certeza que não é perigoso? — ele indagou ao abrir a porta do carro.

— Perigoso? Perigo é me deixar sem comida. — Ela piscou, divertida, ignorando propositalmente o fato de ele estar perguntando novamente se ela queria ser vista com ele em público.

Antes que Gaara respondesse, a mão dela agarrou a dele e já o puxava para o restaurante caro. Dedos entrelaçados, postura descontraída, ela falava com o recepcionista e solicitava uma mesa. O caminho até o hall do restaurante foi tranquilo, apesar de Ino ver que Gaara scaneava ao redor, preocupado.

— Acha melhor irmos embora? — Ino perguntou diante do desconforto dele.

O "sim" na ponta da língua dele voltou à garganta quando o estômago de Ino roncou.

— Não, vamos comer.

— Eu já disse que você não precisa se preocupar com nada, não disse? — ela repetiu, olhando-o firme. — Só vamos comer algo e ir embora. Eu juro.

Entraram juntos, sob os olhares de algumas pessoas que reconheciam a artista.

— Não se preocupe, não precisa ficar apreensivo — Ino sussurrou ao tocar a mão dele quando se sentaram.

— Ino, ou você tem pouco juízo ou então se esquece de como essas coisas podem afetar não só você como também sua carreira — Gaara devolveu, sério. — Estamos em um restaurante, perto da Akatuski, e eu não duvidaria nada se alguém aqui me reconhecesse. É claro que não falariam nada agora, muitos dos clientes são pessoas que se fazem de santas em casa, maridos fiéis, esposas recatadas, filhos exemplares. Eles não iriam deixar a máscara cair aqui, mas nada os impede de comentar por fora, e você sabe que boatos antes da sua exposição pode levá-la ao fracasso.

— No dia em que boatos conseguirem me abalar, Gaara, vai ser um dia em que atravessarei minha garganta com meus próprios pincéis. — Ela deu de ombros. — Vamos, relaxe, só vamos comer e ir embora. E é bom que nos vejam juntos; assim, quando a exposição vier à tona, saberão que meu modelo é também um ótimo acompanhante para um jantar. Ele só tem — Ela se debruçou um pouco na mesa e segurou a face dele, uma mão em cada lado. — que sorrir um pouco mais.

Gaara revirou os olhos e se esquivou gentilmente. Ino fez os pedidos, não se importou com aquilo. Quando trouxeram a comida, o cheiro da massa quente com o molho temperado os fez esquecer de parte dos problemas e da companhia indesejada que ainda os observava. O vinho tinto descia muito bem, e o pouco de álcool que havia nele era ótimo para a situação. A conversa até mesmo fluía tranquilamente, e Gaara contivera, várias vezes, a vontade de se debruçar na mesa e lamber os lábios úmidos de vinho de Ino. Ela corava toda vez, lambia-os, sem graça, e voltava a falar e provocá-lo sem se dar conta, mas controle tinha limite, e Gaara já não havia começado com muito naquele dia.

O restaurante era fino e feito para casais, as mesas redondas, a maioria, tinham apenas duas cadeiras ao seu redor e dispostas quase que lado a lado. Por isso, não foi difícil para Gaara segurar o queixo de Ino e virá-lo em sua direção para lamber a pequena gota de molho que estava um pouco abaixo dos lábios dela.

Ah, como queria sair logo dali! Como queria simplesmente tirar Ino daquele lugar e a levar para qualquer outro onde pudesse beijá-la.

— Com licença, você é Ino, não é?

Gaara se afastou ao ouvir a voz que os atrapalhava. Ino olhou para o desconhecido, com as bochechas rosadas, e tomou um gole do vinho para disfarçar.

— Desculpe atrapalhar, mas estou de saída e nunca me perdoaria se não perdesse a chance de cumprimenta-la. Sou Deidara e posso dizer que sou apaixonado pelo seu trabalho.

Ino sorriu, apertando a mão que lhe era estendida, mas, antes mesmo que tivesse a chance de responder, outro homem de cabelos longos e escuros, amarrados em um rabo de cavalo alto, aproximou-se, impaciente, tocando o ombro de seu aparentemente fã.

— Soube que fará uma nova exposição ainda nessa temporada, estou ansioso por ela e tentarei, com certeza, adquirir algum quadro — ele garantiu e despediu-se sob o olhar severo que recebia do acompanhante.

Gaara franziu o cenho enquanto via os dois homens saírem do restaurante e ficou extremamente feliz quando Ino pediu a conta. Foi estranho, o caminho até a casa dela foi estranho apesar de já ter feito aquele caminho diversas vezes. Sentia-se deslocado. Provavelmente, desde Naruto, não ficava com alguém simplesmente por desejar a pessoa, por a querer de verdade, e agora se sentia acuado. Não que não soubesse o que fazer, sabia e as mãos de Ino em sua camisa o puxando para dentro da casa bem como a pressa dele em colocá-la contra a parede enquanto a beijava deixavam isso mais do que claro. Contudo, era o depois que o preocupava.

Toda vez que beijava Ino, a vontade de repetir o gesto se intensificava e o fazia exigir mais e mais dos lábios doces. O vestido florido que ela usava provocava sua imaginação, queria tirá-lo, mas Ino era mais rápida. Sentia o sorriso dela contra sua boca, as mãos que lhe tiravam a camisa sem hesitação, ela parecia debochar de si, sentia-se em um jogo em que, toda vez que achava estar vencendo, ela vinha e se mostrava uma adversária à altura.

Mas o que estava pensando? Nela. Por que estava pensando? Porque Ino não fazia sentido! Por Deus, ela não fazia o menor sentido! Em uma hora agia como uma adolescente envergonhada e no outro o beijava como se lhe prometesse a melhor noite de sua vida. Que razão havia naquilo? Nenhuma. Talvez o erro fosse dele em acreditar na inocência que aqueles olhos azuis tanto mostravam no dia-a-dia, talvez fosse daquela forma que Ino o havia seduzido e, agora que já tinha cedido por completo a ela, deixava-a livre para se mostrar verdadeiramente. Quer saber? Talvez ele que fosse muito prepotente por achar que jogava sozinho!

Cada toque era intenso, cada respiração era tão breve que o pulmão queimava pela falta de ar e condenava as bocas por não se soltarem.

Havia sido raptado. Gaara não sabia mesmo o que fazia. Nada importava. As mãos de Ino em seus ombros deixavam um rastro ardente pela pele, e isso aumentava mais e mais a fome que tinha por ela. Apertou-lhe as coxas e ergueu o corpo feminino antes de prensá-lo na parede. As pernas dela envolveram a cintura dele segundos antes da mão dele se infiltrar pela saia do vestido e o erguer de uma única vez. Braços erguidos em um instante, mãos em seu cabelo no outro.

Já sabia, pelas inúmeras vezes em que Ino o arrumara antes dos ensaios, que ela adorava mexer em seu cabelo e bagunçá-lo ainda mais, mas a forma como o puxava era nova e fez sua ereção doer dentro da calça. O gemido saiu, involuntário, e Ino lambeu-lhe os lábios quando isso aconteceu. Abriu o sutiã dela pelo fecho frontal e segurou-a bem pelas coxas ao descer a boca aos seios.

Vá devagar, a mente ordenava. Para que pressa? Perguntava-se. Entretanto, toda vez que se recriminava por estar tão afoito quanto Ino, toda vez que optava por ir mais devagar, Ino gemia mais alto e o apertava contra o próprio corpo, fazendo-o desistir de novo do motivo de estar indo tão devagar.

Ino gemeu e se afastou um pouco da parede para que o sutiã caísse no chão. Puxou Gaara para cima, excitada pelo modo como os lábios dele estavam mais vermelhos que o normal. A expressão tão séria que ele mantinha estava retorcida em confusão e desejo, o que só se confirmou quando os sexos se chocaram. O corpo quente e a calcinha úmida não negavam o óbvio, estava mais do que molhada, mais do que excitada com tão pouco e ria ao beijar Gaara e ao sentir todo o corpo clamar por mais.

Quiseram tanto saber o gosto um do outro que agora que tinham livre acesso a ele, as mentes entravam em curto enquanto o corpo não tinha a menor ideia sobre como lidar com a quantidade de sensações que a pele recebia, que os ouvidos captavam, que os olhos viam, que o coração, o maldito coração, registrava.

As mãos de Ino arranharam as costas de Gaara enquanto ele arfava audivelmente e se movimentava, fazendo com que ela sentisse o membro dele pulsar contra sua feminilidade. Apressada, ela mesma abriu o zíper da calça dele, e Gaara chupou-me o pescoço e mordeu-lhe a pele até os seios enquanto a calça caía pelas pernas até o chão.

Ele livrou-se dela sem muito pensar e gemeu, apertando um dos seios de Ino, quando a mão dela envolveu o falo rígido e o tirou de dentro da cueca.

Não foi pensado, nada mais era. Ino se apoiou nos ombros dele e se ergueu minimamente quando Gaara afastou sua calcinha para o lado e simplesmente a penetrou.

Os olhos se fecharam pelo prazer do canal quente em volta do membro, as costas se arrepiaram com as unhas de Ino a arranhá-las, e o coração acelerou quando a voz dela convergiu para chamar por seu nome tão embriagada nas sensações que desfrutava.

Ela cruzou melhor as pernas ao redor dele e o puxou para si. A boca dele era um vício, um beijo sem muitas rédeas, um pouco bruto e descuidado, mas quente, insuportavelmente quente.

A noção de onde estavam ou do que faziam tinha desaparecido para ela, só sabia que gostava, gostava muito, e que o corpo se preparava para atingir um ápice inédito. As mãos em seu quadril a apertarem as nádegas, os sussurros em seu ouvido atrapalhados pelos gemidos desconexos, tudo só reforçava ainda mais como tinham entrado em uma fenda espacial onde só aquele momento afobado e excitante importava.

Gaara revirou os olhos e gemeu arrastado quando as contrações em volta de sua ereção começaram. Ino apoiou a cabeça na parede e as mãos dela estavam erguidas, tentando buscar um apoio que não existia enquanto o corpo se programava para o clímax. Os lábios rosados estavam entreabertos, puxando o ar com dificuldade, os olhos, perdidos em algum canto qualquer, as maçãs do rosto, coradas, e o peito subia e descia em um ritmo desesperado pelo fim de tudo.

— Gaara, mais rápido!

Sim, mais rápido, bem mais rápido, porque ele também gozaria, sentia já o formigamento na pélvis, o suor a escorrer pelas costas e ereção a doer cada vez mais próxima de explodir. E, quando Ino abriu de repente os olhos, Gaara soube que perderia qualquer pingo de racionalidade que lhe sobrava... Quando ela arranhou seus ombros e gemeu alto ao jogar a cabeça para trás, rebolando contra seu corpo e tremendo por inteira, teve certeza que ela havia atingido o clímax.

Estalou a língua no céu da boca e sentiu os dedos dela se infiltrarem em seus cabelos enquanto ela tombava a cabeça para frente, apoiando-a entre seu pescoço e ombro. As mordidas leves em seu pescoço começaram e a risada doce fez sua pele se arrepiar. Não demorou muito mais para que gozasse, para que a mente entrasse em curto de vez para que o corpo explodisse em jatos quentes dentro do corpo alheio. Ainda assim, foi impossível ficar parado, movia-se contra Ino, entrando e saindo dela como se não desejasse abandoná-la naquele momento. Somente quando parou, Ino descruzou as pernas, e ele a colocou no chão. Gaara deixou a cabeça repousar encostada na dela, e as respirações se mesclavam na pouca distância que os separavam.

Os seios médios combinavam com a cintura fina, o quadril também não era tão largo, e só agora ele realmente reparava no corpo dela. Delicado, mas nem tanto, harmônico, mas nem tanto, ou seria? Quem liga? Estava perfeito para ele.

Com cuidado, retirou-se de dentro dela, só então notando que tinha, pela primeira vez, esquecido o preservativo.

— Merda — praguejou. — Você...

— Remédio e, pelos exames da Akatsuki, livre de qualquer doença. — Ino sorriu enquanto o segurava pela mão e o guiava pelo apartamento.

Gaara respirou mais aliviado e sorriu de canto quando Ino entrou no próprio quarto e se arrastou ao centro da cama. Aproximou-se, retirando de vez a cueca que ainda vestia e parando ao lado da cama.

Ino se ajoelhou no colchão e jogou os cabelos para trás enquanto Gaara subia na cama e a imitava.

— Ainda está de calcinha...

— Esse problema você resolve fácil, não?

Gaara sorriu malicioso e a deitou na cama lentamente. As mãos percorreram-lhe o corpo sem pressa dessa vez, estudando cada parte como se agora ele fosse o desenhista a querer gravar cada detalhe e ela a modelo. Abriu-lhe as pernas e retirou a última peça que impedia a nudez.

Ino mordeu o lábio inferior e ondulou os quadris em busca de contato. E, quando a língua dele percorreu toda sua intimidade, ela teve a certeza de que não teria forças nenhuma para desenhá-lo quando aquilo acabasse.

* * *

Sasuke acordou primeiro, como já esperava que fosse acontecer. Sonolento, remexeu-se com cuidado para não acordar Naruto que, despreocupadamente, dormia parcialmente sobre si. Esticou o braço para pegar o celular e verificar as horas e franziu o cenho ao perceber que já eram onze horas. Ao lado da cama, do seu lado para ser específico, Pandora se ergueu, apoiando as patas dianteiras na cama e balançando o rabo de um lado para o outro, pronta para pular sobre o colchão e acordá-lo com lambidas no rosto. Estreitou o olhar e deu dois tapas leves nas patas dela para que ela descesse e desistisse da ideia. O olhar abandonado e triste quase o fizeram de ideia... Quase.

Desbloqueou o celular e praguejou baixo com as cinco ligações perdidas e vinte e quatro mensagens não lidas de Itachi junto com as quatro ligações de Sasuke e uma de Deidara.

Ok, sabia que não tinha o costume de dormir até depois das oito e de sempre mandar uma mensagem quando acordava, mas não era o fim do mundo ter se dado uma folga era? Revirou os olhos e começou a ler as mensagens, todas elas, parando de olhos arregalados na última: "Estou no avião. Te ligo para ir me buscar". Qual era o horário da mensagem? Dez e quarenta. Isso significava que Itachi chegaria quase que meia noite. Suspirou, pesadamente, o irmão havia adiantado a volta, Itachi só deveria chegar em dois dias!

Largou o celular, depois leria o que Deidara e Sakura tinham lhe enviado. Os olhos pousaram sobre Naruto. A respiração pesada indicava que ele não acordaria tão cedo, e isso era bom porque se esqueceu de parar de olhá-lo. Franziu o cenho, fascinado, embora não fosse nunca admitir em voz alta. O braço em que Naruto se apoiava estava dormente, mas não sentiu vontade alguma de se mover e atrapalhar o sono do outro. Fora do comum. A situação toda vinha sendo e continuava sendo fora do comum, podia até dizer que o sol que entrava pela janela finalmente o aquecia, que os malditos pássaros na árvore cantavam pela primeira vez e que o som de violino vindo da casa do lado era até que agradável. Mais do que isso, conseguir sentir de todas as formas a si mesmo. Suas pernas estavam entrelaçadas com as de Naruto, e tinha vontade de mexê-las só para deslizar as suas nas dele; a mão de Naruto segurava sua cintura, e o braço sobre seu abdômen o fazia ciente da própria respiração; a cabeça de Naruto em seu peito o deixava apreensivo pelo fato de o outro poder ouvir, quando acordasse, as batidas de seu coração. Aliás, devemos falar um pouquinho desse coração defeituoso. Tal como em uma máquina velha a querer trabalhar novamente, as engrenagens rangiam na tentativa de voltar à ativa, e a poeira dificultava um pouco o processo e ainda arruinava a estética da pintura gasta. Mas, a cada encontro com Naruto, não sabia por que ou como, as engrenagens passavam a se mover com mais facilidade e proporcionavam à máquina um ritmo novo de produção. Talvez fosse por isso que estivesse tão assustado por conseguir notar o próprio coração batendo ou por ouvir e odiar a própria respiração barulhenta.

Tocou os cabelos loiros, não com hesitação, mas com receio de acordar Naruto. O rosto dele estava menos inchado, mas duvidava que ele conseguisse trabalhar pelos próximos dias e os cortes ainda podiam ser vistos claramente.

Neji Hyuga. Pelo que Naruto havia deixado escapar, a surra havia sido por ser envolver com Neji, então ou o político mesmo havia pago os capangas ou então outra pessoa que queria Naruto longe dele.

A voz preguiçosa a reclamar do sol o tirou de seus pensamentos, e foi engraçado observar Naruto corar e rir sem jeito ao se dar conta que o usava como uma almofada particular.

— Bom dia. — Naruto bocejou, esfregando o rosto no travesseiro antes de virar-se de costas para o colchão.

— Eu não falaria isso alto se fosse você...

Naruto coçou os olhos com sono e voltou a bocejar enquanto se sentava.

— Não dá bom dia para as pessoas que acordam na cama com você?

O som das patas apressadas contra o piso fez Sasuke sorrir de canto e Naruto arregalar os olhos quando Pandora subiu na cama e foi até ele, lambendo-lhe o rosto sem pausas.

Sasuke riu enquanto Naruto tentava desviar, em pânico, da cachorra que pulava feliz na cama.

— Sasuke!

— Bom dia, Pandora — sussurrou e, imediatamente, roubou a atenção do filhote para si.

Naruto viu Sasuke se sentar enquanto a cachorra pisava sobre ele e tentava lamber-lhe o rosto.

— Tá bom, tá bom, já to acordado, viu? Bom dia para você também, pode parar agora — ele falava enquanto acariciava a cabeça e a barriga dela. — Ok, já chega, vamos, você nem devia estar na minha cama, desce.

— Ela é sempre assim? — Naruto perguntou e passou a mão no rosto, desconfortável.

— Eu falei para não falar aquela palavra alto. Itachi a deixou fazer isso no começo e acabou mal acostumando ela. Agora, eis o meu despertador. Pode usar o banheiro do quarto para lavar o rosto e tomar um banho se quiser. Está melhor?

Naruto espreguiçou-se e lembrou-se das costelas fraturadas. A dor estava menor, mas um desconforto persistente não lhe deixava. De qualquer forma, assentiu e viu Sasuke se levantar para, novamente, separar roupas e uma toalha para ele.

— Aqui. Ligue também para sua amiga ou ela vai achar que te sequestrei — Sasuke ironizou.

— Hinata só ficou preocupada, ontem não foi o melhor dia para você conhecê-la.

— Não duvido, mas não se preocupe, não me importo com isso. Se precisar de ajuda, chame, vou retornar algumas ligações enquanto você toma banho.

Não esperou muito bem para uma resposta de Naruto, Pandora já o esperava, impaciente, na porta do quarto. Pegou o celular e caminhou até a cozinha com uma preguiça que não conhecia. Seu corpo agia como se tivesse acabado de acordar de dias e dias de sono, e isso fazia sorrir despreocupadamente.

O latido agudo cobrou-lhe suas obrigações e, então, encheu o pote de ração e trocou a água de Pandora. Colocou pó de café e água na cafeteria e a ligou. Enquanto isso, sentou-se à mesa e discou o número de Sakura.

— O que aconteceu? — perguntou assim que foi atendido no primeiro toque.

Me diz que o que encontraram na sua sala não é seu — Sakura ditou eufórica.

— O quê? Sakura, do que você está falando?

Sasuke, Pain, Deidara e um dos estagiários acabaram de sair da sua sala. O estagiário disse que tinha que pegar um dos seus rascunhos a pedido do Pain e revirou as gavetas da sua mesa. Ele saiu de lá correndo para chamar Deidara, acho que queria te encobrir, mas Pain viu e foi averiguar o que acontecia.

Sakura, resume logo, não tem nada além de papéis e canetas ali.

Acharam cocaína nas suas coisas, Sasuke! Eu já avisei Itachi, tentamos falar com você, mas seu celular só dava ocupado — falava ofegante. — Pain não chamou a polícia, porque, pelo que Deidara me falou, não é quantidade o suficiente para isso e porque mancharia o nome do jornal, mas acho que é você acabou de perder o emprego. Sasuke, me di-

Armaram para mim — sussurrou, incrédulo enquanto se levantava. — Estou indo para aí.

Imaginei e já estou quase na sua casa.

Sasuke desligou o aparelho sem dizer mais nada. Choque. Haviam armado para ele, mas quem? Por quê? O banho serviu apenas para tirar o suor do corpo, e vestiu-se correndo, esquecendo-se até mesmo de que não estava sozinho na casa.

Na cozinha, quando apareceu pronto com a mochila nas costas e a raiva estampada na face, viu Naruto já vestido e com uma xícara de café quente nas mãos.

— Aconteceu alguma coisa? — Naruto perguntou, e ouviram o som da buzina.

— Vamos precisar sair. Pegue suas coisas se quiser que te deixe em casa ou algo do tipo — respondeu, irritado, quase tacando o celular no chão por Deidara não o atender.

Naruto colocou suas roupas dentro da sacola que Sasuke oferecera e gemeu de dor ao ser obrigado a correr para acompanha-lo até o carro que os esperava. O som da batida da porta foi forte, e... Sakura? Sim, o nome era Sakura pelo que se lembrava... Sakura mal os esperou entrar para começar a dirigir.

— Quem achou? — Sasuke perguntou entre dentes.

— Konohamaru — Sakura respondeu. — Sasuke, você tem certeza que não...

— Que não o quê? Se eu tenho certeza que não uso drogas? Sim, Sakura, eu tenho certeza disso. Se acharam essa merda na minha sala é porque alguém colocou lá, e eu vou descobrir quem foi o filho da puta!

Sakura engoliu em seco e hesitou ao parar o carro no estacionamento do jornal. Itachi estava inacessível por causa do voo, e temia que ele fosse o único a saber lidar com um Sasuke tão fora de si.

Seguiram para o elevador, e Sasuke não tirou os olhos do painel dos andares. Assim que as portas se abriram, saiu e andou diretamente até a sala de Pain. Cochichos, olhares reprovadores, risadas invejosas, nada disso o atingia, nunca tinha atingido, sua imagem não era algo com que valia a pena se importar, mas seu trabalho sim. Demorara anos para encontrar uma profissão que o fizesse se sentir vivo, uma profissão em que trabalhava por prazer, não ia deixar tudo ir água a baixo por uma acusação sem fundamento.

Não bateu na porta de Pain, entrou sem ser convidado ou anunciado. Seu chefe discutia com Deidara, e os dois pararam ao vê-lo ali.

— Sasuke, sente-se por favor — Pain pediu, severo.

— Não. Não vou me sentar porque não tenho nada a ouvir — Sasuke rebateu, frio. — Você sabe muito bem que não uso drogas e que alguém com certeza plantou isso lá, Pain.

— Sasuke, sente-se agora — ele repetiu sem paciência.

— Com licença — Deidara pediu e saiu da sala de cabeça baixa.

Sasuke olhou para a porta fechada e então para Pain. O saco com a droga estava ali, sobre a mesa, ao lado de papéis que ele reconheceu rapidamente serem de sua demissão.

— Muito bem — Pain deu-se por vencido quando Sasuke cruzou os braços ainda de pé. — Sasuke, espero que esteja ciente de que este jornal é uma instituição séria e que preza pela ética e pela integridade não só das notícias que veiculamos, mas também daqueles que trabalham conosco.

— Corta o papo furado, Pain — Sasuke socou a mesa dele, sem que Pain se abalasse pela explosão de raiva. — Vai me demitir, não é? Você já decidiu isso.

— Havia drogas na sua sala, na sua mesa, dentro de uma gaveta trancada, Sasuke! Não sejamos hipócritas, admita logo e pare de fazer essa cena ridícula. — A voz estava calma, mas Sasuke conseguia identificar a raiva por trás dela. — Esses são os documentos da sua demissão. A pedido de Deidara, que veio aqui implorar pelo seu emprego e ressaltar a sua importância nos últimos anos, você sairá desse jornal como se tivesse sido você a pedir demissão. Assim, não terá problemas em arranjar outro emprego.

Sasuke riu, ácido, ao ler o documento em suas mãos. Pedido formal de demissão. Só podia ser brincadeira.

— Sabe que isso é um erro.

— Arrume suas coisas, passe no RH e boa sorte, Sasuke. Feche a porta quando sair.

— "Boa sorte"? — repetiu, irônico. — Sim, acredite que quem montou todo esse circo vai sim precisar de sorte, Pain, porque, quando descobrir quem foi e por que fez, vou fazer questão de vir jogar na sua cara.

Saiu da sala e bateu a porta de propósito.

Sakura e Naruto o viram passar por eles, mas tudo o que obtiveram de resposta foi um seco:

— Me esperem no carro.

Sakura balançou a cabeça, descrente, e olhou pela quarta vez para o celular. Se Itachi pelo menos pudesse atender o telefone...

— Droga, droga, droga! — ela repetiu baixo dentro do elevador.

— Ele realmente é inocente?

— O quê? — Sakura perguntou alarmada para Naruto. — É claro que ele é! — disse com uma convicção que contradizia totalmente a dúvida que exibira no carro. — Mas não tenho ideia de como ele vai provar isso e estou morrendo de medo de ele fazer merda, de novo!

— Ele não pode fazer nada por enquanto, pode?

— Você não conhece Sasuke, não quando ele fica desse jeito irritado. O que estou falando? Também nunca o vi assim... Se Itachi pelo menos pudesse falar com ele...

— Itachi? — Naruto franziu o cenho ao ouvi-la repetir mais uma vez aquele nome.

— O único com o dom de botar algum juízo na cabeça de Sasuke, mas ele só vai chegar à noite. Se estivesse aqui, convenceria Sasuke a ficar com ele até entendermos melhor a situação e talvez eles conseguissem até contorna-la.

Naruto colocou as mãos no bolso da calça e saiu do elevador junto de Sakura.

— Eles são próximos? — perguntou, tentando soar casual.

— Muito. Itachi não passa mais de três horas sem saber como Sasuke está. E você nem imagina o que acontece quando Sasuke se esquece de mandar uma mensagem para ele ou não atende o celular. — Ela sorriu de repente ao destravar o carro. — Itachi é o único que entende e que consegue exercer alguma influência em Sasuke e por isso que liguei para ele assim que o alvoroço no jornal começou. Ele precisa estar aqui ou então Sasuke vai passar dos limites de novo enquanto procura quem está por trás dessa história.

"Muito próximos", "o único a entender". Naruto sentou-se no banco de trás do carro enquanto a fala de Sasuke também lhe voltava à mente: "seria o segundo a conseguir tal façanha", foi o que Sasuke respondera quando dissera que não o entendia. Massageou as têmporas. Será que um dia pararia de se envolver com pessoas já comprometidas e problemáticas?

* * *

Neji beijou o ombro de Ten-Ten ao acordar. Ela girou, impedindo-o de levantar enquanto se debruçava para olhar o relógio no criado mudo.

— Ainda são dez da manhã, Neji...

— Temos reunião com meu adorado tio, esqueceu?

— Ah, não... De novo? O que ele quer dessa vez? — ela resmungou ao se sentar e se espreguiçar.

Neji deu de ombros e saiu da cama para tomar banho. Arrumaram-se rapidamente e desceram as escadas da casa assim que se foi anunciado que o café da manhã já estava servido. Entre conversas banais, café, suco, pães e frutas, a manhã não parecia trazer muitas novidades.

Ao meio dia, Hiashi chegou, junto de seus seguranças e de sua arrogância habitual. O terno fino já indicava que ele havia ido a algum evento ou encontro mais cedo, e o sorriso nos lábios era indicativo de que o dia poderia começar a ficar mais conturbado.

Ten-Ten suspirou, acompanhando Neji e sorrindo para um dos seguranças de Hiashi.

— Boas notícias, Sai? — ela sussurrou a ele.

— Para ele, sim — ele respondeu apático.

"Para ele", essa era a parte que Ten-Ten mais odiava, os interesses de Hiashi poucas vezes se alinhavam com os dela ou os de Neji.

Entraram no jardim da casa, e Neji franziu o cenho. Para a reunião ser ali, não era nada muito burocrático e isso o deixou curioso. Ten-Ten acenou com a cabeça, compartilhando da desconfiança enquanto sentavam. Os seguranças se posicionaram em volta da mesa, à distância, e Hiashi apoiou o rosto em uma mão e gesticulou com a outra enquanto falava:

— Sabe o que ferra a política? Incompetência — pontuou. — Quando pedimos para que algo seja feito, para que alguém se livre de um problema, temos que nos assegurar que seja bem feito para que esse problema não volta a nos incomodar mais, porque, se ele voltar, pode ter certeza que é com mais força. Então, quando disse que precisávamos garantir que Sasuke Uchiha ficasse quieto, esperava competência na resolução desse nosso pequeno e miserável problema.

— Sasuke Uchiha não é mais um problema — Ten-Ten o interrompeu. — Ele foi rebaixado no jornal e não pode mais controlar as colunas ou as matérias.

— Ah, é? Então, me diga o que são esses rascunhos que encontramos no computador dele? — Hiashi perguntou, e, então, um dos seguranças ofereceu uma pasta a Neji e outra a Ten-Ten. — Deixe que eu responda: são problemas. E dois, ainda por cima. O primeiro é a insistência dele em relacionar Neji ao caso do hospital, e o segundo é estar investigando a invasão. Embora ele não tenha relacionado uma coisa a outra, nós sabemos que seria questão de tempo para que isso acontecesse se ele permanecesse no jornal com os contatos que tem.

— Como conseguiu isso? — Ten-Ten perguntou, surpresa, enquanto lia.

— Com a mesma pessoa que te assegurou que a casa estaria vazia no dia da invasão. Aliás, preciso dizer que ela não estava e que uma outra jornalista presenciou a invasão.

— Ela se feriu? — Neji se apressou em perguntar.

— Não. Mas atiraram no cachorro dele, não é, Sai? Aliás, minha querida — direcionou-se a Ten-Ten. —, eu ficaria grato se não usasse os meus seguranças para esse trabalho sujo. Se fossem pegos, poderiam ligar Sai diretamente a mim e, em seguida, a vocês.

— O que você fez? — Neji interferiu. — Disse que o que Ten-Ten fez não foi o suficiente, então o que você fez, Hiashi?

— Nada demais. Ele só perdeu o emprego. Dessa forma, não terá recursos ou influência para continuar nessa caçada e é provável que até desista desses casos antigos se conseguir arrumar um novo emprego. Com isso, temos um problema a menos. Agora, vamos ao segundo assunto do dia, outro que achei que tivéssemos resolvido, mas você fez questão de me mostrar que não, Neji. Não quero voltar a te ver perto da Akatsuki, e haverá seguranças lá para proibir sua entrada naquele lugar, embora eu ache que, mesmo que consiga entrar, aquele puto não vai querer olhar para você por um tempo.

Ten-Ten apertou a mão de Neji sob a mesa e notou quando Sai desviou o olhar do dela.

— O que você fez? — Neji perguntou ríspido.

— Dei o meu recado. Já havia avisado a vocês, sou um homem de resultados e não admito que todo o meu investimento na sua carreira seja jogado no lixo por suas perversões.

— O que você fez? — Neji gritou, irritado.

Hiashi arregalou os olhos, surpreso. A expressão se enrijeceu e os punhos se cerraram ao se levantar. Neji imitou o gesto, sem abaixar a cabeça, e Ten-Ten respirou fundo ao se colocar ao lado dele, pronta para intervir.

— Escute aqui, garoto, não te devo satisfações, você deve a mim, então diminua o tom e seja grato por ter alguém cuidando da merda que é sua candidatura.

— Já chega, vocês dois — Ten-Ten falou e se colocou entre eles, tocando o peito de Neji em um pedido mudo. — Se era só isso, Hiashi, conhece a saída. Eu e Neji temos que nos arrumar para a gravação do vídeo da campanha dele.

— Não estrague isso também — Hiashi cuspiu irônico e sinalizou para que os seguranças o acompanhassem.

Ten-Ten permaneceu parada, segurando a camisa de Neji para impedi-lo de ir atrás do tio. Esperaram o tempo suficiente para que tivessem certeza de que Hiashi tinha ido embora e, então, ela finalmente perguntou:

— Foi vê-lo mesmo tendo dito que não iria?

— Foi uma única vez. — Neji massageou a nuca e se soltou da mão dela. — Irei ligar para ele.

— Não, não vai. — Ela segurou-lhe o pulso com firmeza. — Você vai esquecer esse assunto até às cinco horas quando a gravação acabar e, só depois, vai ligar para ele. Você precisa de foco agora, e Naruto não vai te ajudar nisso.

— Chega! Estou cansado de vocês me dizendo o que devo ou não fazer! — Soltou-se, exasperado.

Ten-Ten o observou, magoada. O silêncio só ressaltava o quão alta a respiração dele estava enquanto andava de um lado para o outro como uma fera irritada enjaulada.

Neji recusou-se a olhar para ela. Os segundos sem ouvi-la acusavam-lhe por ter exagerado, mas foi o som firme do salto dela contra o piso se distanciando de si que o fez suspirar arrependido.

— Onde você está indo? — perguntou ao começar a segui-la.

— Embora — ela respondeu, decidida, sem olhar para ele.

— O quê? Como assim "embora"?

Ten-Ten entrou no quarto e pegou bolsa, carteira, celular e casaco. Neji estava parado na porta ainda, assistindo a tudo sem realmente acreditar.

— Ten-Ten...

— Não! — Ela se virou ao gritar alto. — Não vou lutar uma guerra que você nem ao menos quer vencer! Desista logo dessa candidatura então se prefere continuar agindo como um garotinho rico mimado, Neji. Para mim, não faz diferença alguma se você ganha ou não as eleições, não irá mudar a minha vida, eu fiz o que fiz para te ajudar, unicamente por você porque era isso que você queira! Para te ver feliz, porque esse era o nosso combinado, lembra? Dar suporte um ao outro, ajudar um ao outro, fazer essa merda de vida menos infeliz! E eu não vou ficar aqui te ouvindo se lamentar pelos cantos ou dando pitis porque seu tio resolveu agir graças à sua teimosia em se manter longe de Naruto!

Ela respirava rápido, a face corada pela raiva, os olhos castanhos exibindo a mágoa e a frustração. Neji fechou os olhos e respirou fundo ao bloquear a passagem dela pela porta.

— Neji, saia da frente — ela disse baixo, entredentes.

Era difícil vê-la largar a compostura daquela forma. Lembrava-se de pouquíssimas vezes que isso ocorrera depois do dia do casamento.

— Me desculpe — pediu baixo, a contra gosto.

— Vai ter que se esforçar bem mais que isso. Saia da frente.

Abriu os olhos e a encarou enquanto as mãos repousavam na cintura dela sob o olhar frio e analítico que ela exibia. Estava pisando em ovos...

— Você tem razão, e descontei em você o que não deveria. Me desculpe. Sei muito bem que você está apenas me ajudando e escolhendo o que acha que é melhor para que eu consiga o que quero. Me desculpe — repetiu, sincero. — Me ajude mais uma vez, por favor. Vamos à gravação, deixo o meu celular com você pelo resto do dia, faremos como disser. Ten-Ten, por favor, não posso ficar sem você, principalmente agora.

A respiração saía com dificuldade, e Neji teve medo de levar a mão ao cabelo de Ten-Ten como sempre fazia. Não havia resolvido, era visível a mágoa dela apesar de a frieza ter desaparecido momentaneamente. Puxou-a, com cuidado, para um abraço. Ten-Ten fechou os olhos e deixou a cabeça repousar no ombro dele enquanto lhe socava o peito sem de fato muita força. Os socos diminuíram conforme o tempo passava, e as mãos apertaram o tecido da camisa que ele vestia. Naquele momento, o medo de ambos de que tudo o que tinham estivesse à beira de uma crise ainda estava presente, mas os dois respiraram de certa forma aliviados por conseguirem minimizar os danos antes que fosse tarde.

Neji a abraçou com mais força, beijando-lhe a têmpora antes de apoiar a testa na dela. Já Ten-Ten sorriu derrotada ao se erguer na ponta dos pés para selar os lábios sem muita pressão. Retirou as mãos dele de si e se afastou, saindo pela porta.

— Ten-Ten...

— Vamos logo ou você se atrasará, sabe o quanto odeio chegar atrasada nos lugares.



Reviews?
O cap atrasou um pouquinho por vários detalhes como já expliquei na page =/
Mas acho que agora tudo dará certo rsrsrsrrs

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