*Não deixem de ler as notas finais *
- Beatriz você não precisa fingir ser minha amiga - digo de braços cruzados.
- Claro que nós somos amigas, ainda mais agora que você deixou o caminho livre para eu e o Mateus ficarmos juntos - ela diz para me provocar e eu rio sarcasticamente de sua tamanha ilusão.
- Beatriz, menos por favor. Se o Mateus realmente te quisesse, o meu namoro com ele não seria empecilho para o romance de vocês.
- Eu não sei porquê ele quis namorar com você, mas eu tenho certeza de que é apenas uma questão de tempo para o Mateus ser meu - ela fala com toda a fúria do mundo, apontando o dedo indicador no meu rosto enquanto eu a olho sem dá a menor importância ao que ela diz.
- Eu ouvi meu nome? - Mateus diz atrás da Beatriz que vira-se de costas para mim e vai até ele.
- Eu estava falando com a Amora sobre o que ela fez com você, meu lindo - ela diz alisando o Mateus que apenas abaixa a cabeça e se mantém imóvel - Você não merecia passar por isso - Beatriz segura o rosto do Mateus com uma mão e beija sua bochecha.
Sem dizer nada, saí de lá e fui até a sala de instrumentos para guardar o violão. Ouço o Mateus gritar meu nome e o vejo vir atrás de mim.
Sem a mínima vontade de conversar com ele sigo meu caminho e vou até a sacada de uma das casas que ficava em frente ao lago, próximo ao palco improvisado.
Me sento na sacada e fico observando a paisagem, até que percebo o Mateus se aproximando.
- Então, o que aconteceu lá dentro, com a Beatriz - ele tenta se explicar.
- Mateus, não precisa dizer nada - o interrompi sorrindo sem graça - você não me deve satisfações.
- Mas você saiu de um jeito tão estranho que imaginei que tivesse ficado chateada.
- Não, eu não fiquei, só não tinha a intenção de atrapalhar, mas, você é um homem livre agora - digo rindo e ele ri também.
Ficamos um tempo em silêncio, só observando a lua e ouvindo as músicas que vinham do acampamento.
- Parabéns pela apresentação, você se saiu muito bem - falo só pra acabar com aquele silêncio.
- Que bom que gostou, eu escolhi pensando em você - fico toda sem graça por não saber se ele estava falando a verdade ou só estava tentando jogar charme pra cima de mim como faz com todas as garotas.
Reviro os olhos e me controlo para não ser grossa, de certa forma ele não superou o fato de eu não ter me apaixonado por ele como todo mundo.
- Eu também gostei da sua apresentação, curiosa a música - ele diz para puxar assunto.
Percebo pelo seu semblante o quanto ele achou estranho o fato de eu ter escolhido uma música da Manu Gavassi, não pela cantora ou pela música, mas pela infinidade de músicas que eu poderia ter escolhido.
- É que... - tento procurar argumentos para contestar minha escolha - essa música marcou minha infância, então eu quis cantar.
- Entendi - ele diz meio desconfiado - Mas de qualquer forma você cantou muito bem, estava linda - ele para e fica me olhando de um jeito estranho - a sua voz estava linda, quer dizer ela já é linda, sabe? - rio da pequena confusão que ele fez só pra falar e o mesmo ri sem graça.
- Então, acho que eu tenho que ir. Seria estranho alguém encontrar dois ex namorados conversando amigavelmente - desço da sacada onde eu estava sentada e o Matheus segura minha mão antes que eu pudesse sair.
- Desde quando você se importa com que os outros pensam? - ele diz olhando nos meus olhos.
Por um segundo eu me perco no seu olhar e não consigo dizer nada. Não sei se ele estava fazendo aquilo pra me provocar ou não, só sei que eu queria ficar ali olhando naqueles olhos sem parar, a noite inteira.
Ao perceber o caminho que meus pensamentos estão me levando, sacudi a cabeça na falha tentativa de parar de pensar naquilo e soltei as mãos dele.
- Boa noite, Matheus - disse por fim e saí dali sem saber pra onde iria.
Procuro a Samara por todos os lados e não a vejo. Vou até a cozinha, onde os alunos do clube de gastronomia ficavam mas também não a encontrei.
Decido e comer alguma coisa das diversas barraquinhas de comida que se espalhavam ao redor do acampamento, sem a mínima vontade de encontrar alguém conhecido.
Escolho comer um pastel e saio do centro da acampamento indo em direção os dormitórios.
Ao chegar no quarto me deparo com a porta entreaberta, o que é muito estranho, já que até onde eu sei a Samara não estava ali.
A primeira coisa que passa pela minha cabeça era que a Beatriz estava lá dentro mexendo nas minhas coisas ou armando alguma cilada pra mim como ela sempre fazia quando eramos crianças.
Mas felizmente não era a Beatriz que estava ali dentro, ao abrir um pouco mais a portar e entrar em silêncio me deparei com a Sam e o Jeremy se beijando.
Eu não fazia ideia do que estava acontecendo ou de como aquilo tinha acontecido, só sei que eu tinha gostado.
Imediatamente saí do mesmo jeito que entrei, discreta e em silêncio e os dois nem notaram minha presença.
Volto para o centro da acampamento e me sento um pouco mais afastado das pessoas em um dos tocos de árvores que serviam como bancos, assim eu podia passar meu tempo vendo as apresentações dos alunos sem que ninguém me visse.
Depois de um tempo, vejo o Jeremy exercitando sua vida social ao conversar com pessoas que eu nunca tinha visto mas que estudavam no meu colégio.
Não sei por quanto tempo o Jeremy estava ali mas já que ele não estava acompanhado da Samara, isso só podia significar que ela estava no quarto e eu finalmente poderia voltar e entender toda aquela história.
Entro no quarto e encontro a Samara com um sorriso bobo sentada em uma das camas do quarto.
Assim que me vê, ela pula em minha direção e me abraça com uma animação além do normal.
- Calma Sam, eu sei que você está muito feliz mas eu preciso respirar - digo e ela finalmente me solta depois de me abraçar forte.
- Ai Amora, você não sabe o que aconteceu - ela se senta na cama explodindo de felicidade.
- Sim, eu sei, eu vi vocês dois. Quer dizer, eu não entendi direito o que aconteceu por isso eu preciso que você me explique.
Sento-me na cama a frente da que a Samara está e a ouço contar a historia que levou ela e o Jeremy aquela situação inesperada.
Basicamente, o Jeremy tinha tentado falar novamente com a Stefane, e ela humilhou ele na frente de todo mundo.
O Jeremy veio atrás de mim, mas como não conseguiu me encontrar no meio do acampamento, ele foi até o quarto onde eu estava e a Samara foi atrás.
- Então quer dizer que o Jeremy chorou na sua frente? - pergunto surpresa.
- Sim, ele chorou e disse que estava enganado sobre mim e que perdeu tempo correndo atrás da Stefane. Você acredita nisso Amora? - ela se joga pra trás na cama e coloca o travesseiro no rosto, tentando esconder a imensa felicidade que se expressa no seu sorriso.
- Não, eu não consigo acreditar. Nossa Samara, que bom, eu estou muito feliz por você.
Ela levanta da cama, me abraça e depois começa a dançar loucamente pelo quarto. Era nítido o tamanho da felicidade dela, eu só espero seja recíproco e que o Jeremy esteja feliz e determinado a não magoa-la.
Depois de tomarmos um banho, para eliminar o cheiro da fumaça, vestimos nossos pijamas e cada uma se deitou em uma cama.
- Então quer dizer que agora eu tenho uma cunhada? - pergunto para a Samara que parece envergonhada.
- Não é pra tanto, Amora. Eu nem sei se foi tão importante pro Jeremy quanto foi pra mim e está muito cedo para afirmar isso - ela fala tentando parecer racional e madura mas eu sei que no fundo ela já se considera minha cunhada.
- Não pense assim, eu não sei o que ele sente agora, mas de uma coisa eu tenho certeza, se o Jeremy chorou na sua frente é porque ele realmente te considera especial.
- Se você diz... - ela dá um de seus maiores sorrisos - Mas e você? Pra onde foi depois da sua apresentação? Você praticamente sumiu - Samara pergunta como se tivesse se lembrando de algo.
- Eu fui para uma das casas do acampamento e me sentei na sacada.
- Sozinha?
- Não, o Mateus veio atrás de mim e a gente ficou um tempo conversando - digo e ela me olha estranho - O que foi?
- Fala a verdade Amora, o que rola entre você e o Mateus? - ela pergunta ainda me olhando estranho.
Fico alguns segundos pensando no que dizer. Será que eu devia dizer toda a verdade ou só contar a parte que todo mundo sabia?
A Samara era muito sincera comigo e eu devia retribuir a sinceridade dela, caso contrário nunca seria possível sermos amigas, como eu queria.
Então, por fim decidir contar toda a minha historia com o Mateus, se é que temos alguma, desde o dia em que a professora disse que ele seria minha dupla até hoje, o dia do acampamento.
Tento ser o mais detalhista e direta possível ao contar um breve resumo da minha vida nesses últimos meses e a Samara só me olha e continua ouvindo a historia sem piscar.
- Então é isso, eu e o Mateus só somos amigos, eu acho, mas a verdade é que eu não o vejo como eu via antes, ele é bem diferente do que eu imaginava.
- E vocês não sentem nada um pelo o outro, mesmo depois do que viveram? - ela pergunta e eu balanço a cabeça negando - Ah não Amora, isso não é possível - Samara fala como se fosse uma criança inconformada e me faz rir.
- Não Sam, não sentimos nada - digo a ela com total convicção disso.
Passamos boa parte da noite conversando sobre nossa vida e eu ri muito com todas as histórias que a Sam contava. Eu estava amando ter uma amiga, foi a primeira vez que eu me identifiquei com alguém da escola. Segunda. Talvez.
No segundo e último dia de acampamento, eu e a Samara acordamos quase meio-dia, já que fomos dormir depois das 1:00 am.
A verdade é que no segundo dia, as oficinas ficam vazias e os campistas, incluindo os professores, só tem como obrigação se divertir.
Depois de comermos alguma coisa, eu e Samara fomos tomar um banho no lago. Infelizmente boa parte dos alunos tiveram essa ideia e nos tivemos que dividi o lago com eles. Mas no fim foi muito bom, apesar do Jeremy não desgrudar da Samara por um segundo.
Durante todo o dia eu não encontrei com o Mateus, e foi melhor assim, pra evitar aquele clima esquisito que surgia toda vez que estávamos no mesmo ambiente.
Mais rápido do que eu esperava, o acampamento chegou ao fim e devo admitir que eu gostei do meu castigo.
Na volta pra casa, a Samara foi no ônibus da turma dela, só que dessa vez ao lado do Jeremy e eu fui com a minha turma porém sozinha como na ida, mas dessa vez foi diferente.
Com um sorriso no rosto, fico relembrando todos os meus melhores momentos lá e o quanto eu me diverti com a Samara.
Para muitas pessoas foi só mais um final de semana no meio do nada, mas para mim foi um dos melhores finais de semana da minha vida.
Então pessoal, espero que tenham gostado desse capítulo, até porque estamos em contagem regressiva.
Eu sei que demorei bastante pra atualizar, é que eu quero dar a vocês e a história o melhor final possível por isso estou me esforçando para melhorar a cada capítulo.
E eu gostaria de deixar aqui recadinho especial para vocês leitores fantasmas:
Essa é a sua hora, vote e comente, não vai doer, eu prometo. Mostre quem você, não tenha vergonha. Estamos no finalzinho com apenas 4 capítulos pela frente.
Muito obrigada a todos e até o próximo capitulo.
Ps: Obrigado pelos quase 5k, amo vocês ❤❤❤