Flor de lisianthus [romance l...

By larryorgasmo

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Iolanda é uma mulher que por muito tempo foi amargurada, mas que atualmente, após a ríspida separação do seu... More

"Diacho de menina"

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By larryorgasmo

O calor devia estar perto dos 30 graus, e Samantha tinha esquecido do quanto o nordeste pode ser quente, como uma sauna abafada. Mas ela estava feliz, na verdade ela não conseguia se conter de entusiasmo, seu coração batia a mil. Finalmente ela estava lá, finalmente estava lá.

Tudo começou meses atrás, quando ela estava de visita na Bahia, na casa de sua prima. E em um vai e vem de conversa jogada fora, do nada, sua prima mostrou-lhe um video amador, de uma mulher cantando a sua música favorita "meu primeiro amor", Samantha não conseguia tirar os olhos do video, ela estava hipnotizada. Pela voz da mulher, pelos olhos, pela interpretação... seu coração batia sem compasso e ela pediu para sua prima passar-lhe o video. E no dia seguinte, voltando pra casa em seu voo, ela acabou ficando -sem perceber- vendo o vídeo milhões de vezes repetidamente. Ela estava encantada, boba, derrubada por uma mulher que ela nunca tinha visto ao vivo, mas que tinha uma voz tão linda, e olhos tão lindos e 'ah... um sorriso tão lindo também. E agora, meses depois, lá estava ela, no bar onde a mulher do video se apresenta. E ela não conseguia conter sua animação, já estava no terceiro ou quarto drink.

-desculpe, poderia me dizer... Iolanda?! Ainda vai demorar muito?- a menina questionou a garçonete de cabelos enormes que servia as cervejas a uma mesa

-oxe, vai não visse senhora, daqui a um punhadinho de tempo ela tá lá em cima cantando- ela respondeu sorridente, e Samantha acenou que sim

Tinha descoberto o nome da mulher a minutos atrás, em uma placa enorme, que ficava fixa na frente do bar, que era um local aconchegante, pequeno e sem muitas opções de comida, mas com pessoas simpáticas e uma ótima cantora. O calor ainda era um problema, Samantha tentava a todo custo se abanar com o leque que tinham lhe dado de brinde, e levantar a pequena quantidade de cabelos que ainda tinha para levar um pouco de vento na nuca. Ela estava atenta as mensagens que sua prima lhe mandava.

:ela já se apresentou?

:não ainda, mas a moça disse que não vai demorar muito

:lembre-se de gravar. (ps: você quer transar com ela tbm?

Samantha arregalou os olhos, e bebeu um gole a mais do suco de abacaxi.

:claro que não, Lily, você é uma filha da puta louca 😂

:você não me engana Sam... em todo caso, tire uma foto dela dormindo pra me mostrar, ela é tão bonita...

:calaboca, adeus.

Bloqueou o telefone, enfiando novamente em sua bolsa, e comendo mais um daqueles salgadinhos gordurosos que estavam na sua mesa. No mesmo instante em que estava mastigando a massa gordurosa, as luzes começaram a piscar e ficarem mais escuras, e as pessoas gritavam e batiam palmas animadas. E segundos depois, Iolanda surgiu no palco.

Samantha sentiu sua pressão baixar, porém seguiu firme, não conseguia tirar os olhos da mulher no palco.

Ela vestia um vestido azul estampado, com flores em toda a barra, um decote avantajado, mostrando a linha feita por seus seios, e um chale, de tecido azul por cima dos ombros. Sua maquiagem estava muito, muito suave, apenas seu batom era fácil de perceber. Seus cabelos estavam soltos, caídos sem nenhum cuidado por seus ombros. Escuros e encaracolados.

As primeiras teclas do piano se fizeram presente, e ela dava uma olhada pelas pessoas que estava assistindo, distribuindo sorrisos gentis, Samantha esperava estar muito afastada para que ela a percebesse.

-bolero só se for de amor
Com você pra me inspirar
De tanto acreditar que sim
Só me perdi, onda no mar- a voz era igualzinha a que Samantha tinha escutado no video, grossa, firme e extremamente linda. O arrepio foi inevitável.

Iolanda podia estar acostumada a cantar ali todos os dias, mas o nervosismo nunca deixaria seu corpo, as borboletas no estômago, lembravam sua adolescência. A energia boa, as pessoas estavam ali para vê-la e aquilo era mais do que ela poderia querer para sua vida toda.

-louco de amor que não sabe escutar
Tonto se perde em falar
Trago um silêncio pra te encantar-

Samantha estava inclinada sobre a mesa, com as mãos cruzadas sobre a mesa, com um brilho nós olhos nunca visto. E um sorriso muito bobo. Até mesmo a garçonete percebeu, a mulher estava olhando mais para a turista do que para Iolanda, ela podia ser velha, mas sabia reconhecer paixão quando se encontrava frente a frente com ela.

-Dias perdidos não podem voltar
Mas tem a dona esperança no ar
Gosta se encosta me deixa entrar-

O pianista largou o piano, ficando dessa vez ao lado de Iolanda, tomando-a nós braços e dançando lentamente sobre o palco. Enquanto os mesmo cantavam, dessa vez juntos.

Samantha teve o ar de arquear a sobrancelha, e semi cerrar os olhos, fazendo um bico torto e catando seu celular na bolsa. Ao mesmo tempo que se pergunta porque diabos estava com ciúmes de uma mulher que nem a conhecia.

O casal seguia dançando pelo palco, claramente conectados, olho no olho, ensaiados. Samantha se perguntava se eram marido e mulher, ou noivos, ou sei lá. Amigos com benefícios?! Milhões de perguntas pulavam na mente da menina, mas na verdade ela só queria ir pra seu hotel e tomar uma ducha e dormir o máximo possível.

Ela tinha recolhido suas coisas, e pegado sua conta, e levantando foi até o caixa. Sem ao menos olhar para o palco. Nem ela sabia porque estava tão magoada.

-dinheiro ou cartão?- a senhora do caixa questionou

-dinheiro- ela respondeu, batendo os dedos nervosamente sobre a bancada do mesmo

-Vem dormir nós meus sonhos
Me acordar com teus sorrisos
E a tristeza já quer dançar- tudo estava indo bem, até Iolanda pregar os olhos na pequena figura que intencionalmente se recusava a olhar para o palco, os cabelos curtos, a roupa formal, claramente uma turista. E ela estava indo embora?! Bem na hora de seu show?! Não tinha gostado?! Iolanda ficou incomodada. Isso nunca acontecia.

A garçonete que estava servindo mais uma cerveja, acabou captando o olhar de Iolanda, e chegou até a moça que já estava saindo do local. Apressadamente. A mulata correu até a saída.

-menina... menina...?!- chamava a mesma

Samantha parou do lado de fora da porta, achando que tinha deixado alguma coisa na mesa.

-tu tá bem moça?!- a garçonete perguntou

A morena acenou que sim.

-eu só, me senti desconfortável- afirmou a turista, mexendo no cabelo

-tu gosta muito de Iolanda né? Se tu quiser, eu te levo no camarim dela depois do show, pra tu conversar com ela- A morena arqueou ambas as sobrancelhas

-eu creio que não, não quero ser incomodo, e depois do show ela deve querer descansar juntamente com o marido... eles trabalham muito bem juntos- ela afirmou, dando de ombros

-marido? Ah, o pianista? Mas oxê, eles não são casados não visse...são amigos, Iolanda é viúva e eu acho que ela vai gostar de falar com tu visse-

Samantha balançou as chaves nas mãos, olhou para o ponto de táxi, respirou fundo e mordeu o canto da boca.

Acenou que sim, e foi praticamente arrastada para dentro pela mulata.

-acha que posso entregar uma presente a ela no intervalo?- a turista questionou, com um sorrisinho

A garçonete acenou que sim, e a levou por dentro da cozinha.

Iolanda estava terminando o último verso, e foi ovacionada por palmas e gritos felizes. Ela agradeceu juntamente com Amadeu, voltando ambos, cada um para seu camarim. A mais velha tomou um gole de água, assim que sentou na cadeira em frente ao grande espelho. Passou o lenço por seu rosto, estava suando, e respirou fundo. Para só então perceber um pequeno embrulho vermelho em cima de sua penteadeira, seu rosto brilhou.

Ela pegou o pequeno embrulho, pesado por sinal, tirou o laço e o papel de presente, o mais delicado que conseguiu fazer, contendo sua curiosidade. Até que finalmente viu o que era, e ficou tão emocionada.

Um pequeno quadrado de vidro, longo, com uma única rosa lá dentro, de uma cor que Iolanda nunca tinha visto. Uma espécie de roxo nas pontas das pétalas e branco no resto, enorme, linda. Tão delicada. Porém não havia nenhum cartão, nem nenhuma assinatura.

-sabia que a flor de Lisianthus é tida como uma das coisas mais encantadoras do mundo?!, mas mesmo assim, ela é a flor que sobreviveu ao pior inverno da Australia, linda, delicada e forte... me lembra você- A morena sentiu sua pele arrepiar, e colocou a mão no peito, ao ouvir a voz tão baixa e calma. A mais velha levantou, ainda com o presente em mãos, para encarar a figura agora em sua frente.

Samantha tinha as mãos atrás do corpo, e um sorrisinho.

-foi tu que me deu?- perguntou Iolanda

A mesma acenou que sim. E recebeu um sorriso enorme da cantora.

-não... não é nada demais, eu só, pensei em te trazer algo bonito quando vir- ela confessou

Iolanda deixou o presente em cima da bancada, e virou-se para a menina, que não devia ter mais que 18 anos, linda. Muito branca, com cabelos bem negros, curtos atrás e com duas pontas. Os olhos grandes bem delineados e o lábios nudes.

-e tu já me conhecia?- questionou a mais velha

-na verdade, não, uma prima minha... ela veio aqui uma vez, e gravou a senhora cantando, meu primeiro amor. E bem, é minha música favorita, então ela me mostrou, e como eu vim tirar férias, eu resolvi que não podia deixar de vê-la cantar- confessou a morena

Iolanda não conseguia parar de sorrir, com as mãos na barra da penteadeira, sentindo aquelas borboletas no estômago novamente.

-é muito gentil de tua parte visse, obrigada- ela agradeceu, vendo a menina acenar que sim e ir rumo a porta

-não, espere...- Iolanda chamou

-qual teu nome?-

-Samantha, mas, pode me chamar de Sam, ou como preferir- ela explicou

-Sam! É um nome muito bonito visse- a cantora elogiou

-tu ta indo embora? Eu vi tu indo embora!- ela acaba questionando, e a turista se pergunta se ela tinha notado ela mais cedo

-eu, me senti um pouco desconfortável, um pouco cansada também, estava voltando por hotel. Só voltei pra entregar seu presente...- a mais nova afirmou, enfiando as mãos no bolso da calça

-não se vá não, fique só mais um bocadinho, eu só vou cantar mais uma música e depois, se tu quiser, a gente proseia mais- o coração de Iolanda estava inflamado, ardendo na verdade.

-eu... estou realmente cansada- ela afirmou, dando um sorriso triste, ela realmente não queria ver mais de Iolanda e aquele serzinho se esfregando pelo palco.

Iolanda andou até ela, ficando bem pertinho, e segurando as mãos que estavam em seu bolso.

-eu ia cantar outra música, mas eu vou cantar meu primeiro amor, pra tu. Não se vá não, por favor- pediu Iolanda, e a menina quase sentiu seu coração sair pela boca

-aquele, moço? Vai se apresentar com a senhora?- ela questionou, fazendo Iolanda rir

-Amadeu? Oxe, ele é o pianista, e tu pode me chamar de Iolanda-

-vocês vão, dançar...?- Iolanda soltou as mãos da menina e se afastou

-tá dizendo que eu danço mal é?-

Samantha negou com a cabeça.

-não, não, me desculpe, não é isso... eu só, não gosto muito dele- ela afirma

Iolanda arqueou uma sobrancelha.

-ele só vai tocar dessa vez-

-eu fico, então- a menina sorri, e Iolanda acena que sim.

E a mesma deixa o camarim, voltando para sua mesa, e agradecendo a garçonete pelo feito tão agradável gesto, que de um jeito ou de outro, acabou reconstruindo sua noite.

-me veja mais uma água por favor?- ela pediu

-é pra já- e ela correu de volta ao balcão, voltando com uma garrafa de água e um copo de vidro

-mais alguma coisa?- ela perguntou

-por enquanto não, obrigada mesmo assim- ela deu um sorriso tímido

E desbloqueou o telefone, vendo algumas chamadas perdidas, de sua prima Lily, resolveu retornar, indo até a porta do bar, para garantir um pouco de silêncio.

-porque você não me atendeu quando eu liguei?- questionou curta e grossa

-olá para você também Lily, é bom falar com você priminha, e eu estava ocupada- ela usa seu sarcasmo

-tava pegando a cantora gostosona?- Sam revirou os olhos

-um pouco mais de respeito por favor?-

-ah, responde logo, ce tava?- insistiu a prima

-claro que não, eu nem conheço ela direito, muito menos ela a mim- Samantha dá de ombros, olhando a rua deserta e chutando umas pedrinhas na calçada

-isso nunca foi problema pra você!- confessou a mulher do outro lado da linha, fazendo a menina gargalhar

-você é tão idiota-

-você está bem?- de repente, a conversa tomou um rumo mais pesado, e Samantha teve que respirar profundamente

-estou, estou sim- ela confessou

-ótimo, ligue-me amanhã, e não esqueça da foto dela dormindo, beijos, love you- e a chamada encerrou. A morena sorriu, guardando o celular no bolso e vendo as luzes do bar piscarem, ela correu pra dentro.

Sentando-se em sua mesa, a tempo de ver Iolanda retornar ao palco. Novamente recebendo uma chuva de aplausos, que ela respondeu com sorrisos. Por um momento ela passou os olhos pela plateia, até encontrar os pares escuros da menina, que sorriu em seguida, fazendo Iolanda rir.

-não tava em meus planos cantar ela hoje não, mas, vamos de meu primeiro amor hoje, por uma razão especial!- ela explicou, fazendo todos gritarem entusiasmados, e a garçonete rapidamente olhou para a menina que sorria boba na mesa

As teclas se fizeram presentes, Samantha sabia nota por nota daquela música.

-Meu primeiro amor
Tão cedo acabou, só a dor deixou Nesse peito meu.
Meu primeiro amor
Foi como uma flor desabrochou e logo morreu
Nessa solidão sem ter alegria são meus tristes ais
São prantos de dor que dos olhos caem
É por que bem sei quem eu tanto amei
Não terei jamais-

Os olhos da turista já estavam cheios de lágrimas, e ela tentava a todo custo, não a deixarem escapar, porém quando Iolanda deu-lhe um sorriso triste, suas lágrimas desabaram. E ela tentava veementemente limpa-las com as costas das mãos, porém era demais.

- Saudade palavra triste quando se perde um grande amor
Na estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor
Igual uma borboleta dançando triste por sobre a flor-

Iolanda sentia seu coração apertado, uma menina tão doce e encantadora, não devia sofrer daquele jeito. A cantora sentia uma vontade súbita de abraça-la, não devia ter cantado aquela música. Mas como ela ia saber, tinha os olhos marejados.

-Teu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for
Você nem sequer se lembra de ouvir a voz desse sofredor
Que implora por teu carinho, só um pouquinho do seu amor.-

Iolanda estava cantando a ultima palavra da música, quando via a imagem da menina levantar apressada, deixando a quantia da água em cima da mesa e saindo praticamente correndo do bar, atraindo o olhar de alguns curiosos que não entendiam a atitude da menina. Iolanda estava sendo aplaudida de pé, porém seus olhos estavam em pânico, por isso ela apenas pegou sua bolsa em cima do balcão e correu até saída do bar. Na rua deserta, apenas alguns taxista, e algumas moças e casais, ela estava quase perdendo a esperança quando finalmente viu a figura da menina sentada na calçada do lado oposto ao do bar, um pouco mais pra frente.

Iolanda suspirou aliviada, e andou até lá, sentando ao lado da menina e delicadamente, passando as mãos em suas costas.

-me desculpe, menina, eu não divia ter cantado aquela música não... ela é triste por demais- ela sussurrou, passando a mão pelo cabelo da menina. Que se afastou imediatamente com o contato.

-desculpe...- sussurrou Iolanda, com as mãos no colo

-tudo bem, não foi sua culpa, pode ir... eu vou ficar bem- a morena limpa os olhos, e dá um sorrisinho triste para a cantora ao seu lado

-mas é claro que não, eu não vou te deixar aqui sozinha não visse menina- Iolanda fala séria, fazendo Sam rir

-eu sei pegar um táxi Iolanda, e eu já sou de maior viu- ela explica, encarando o chão

A nordestina abre a bolsa, e tira um pequeno lenço branco perfumado de dentro, e segurando a mão direita da menina, coloca o lenço dentro.

-tem um boteco aqui pertin, que tem um chá muito do bom, quer ir comigo?-

A mais nova limpou os olhos com o lenço, e acenou que sim, Iolanda deu um sorriso, e levantou pegando sua bolsa. E estendeu a mão para a menina, que a segurou em seguida, e a cantora, segurando no braço da mais alta, seguiu com ela pela calçada. Depois de umas duas ou três ruas, elas chegaram a uma casa de chá toda azul, com uma aparência bem antiga, bastante trabalhada, até parecia uma casa de bonecas.

Iolanda só então abriu a porta, e adentrou o espaço, cumprimentando a senhorinha que ficava atrás do balcão de bolos, e falaram algumas coisas. Enquanto a turista admirava a decoração antiga do local.

-menina?- chamou Iolanda

-tu toma todo tipo de chá?- questionou a cantora, e a morena acenou que sim, voltando-se a olhar os quadros, algumas pessoas famosas como Madonna, Cher, Elvis, porém a grande maioria era de pessoas anônimas.

Aproveitando para tirar o celular, e fotografar algumas decorações, os quadros, as mesas pintadas de azul, e desta vez focando em Iolanda, que estava extremamente distraída sentada na mesa olhando o cardápio.

Samantha sentou-se na mesa com a mais velha, de frente pra ela.

-aqui tem um cheiro tão bom- a menina exclamou

-é cheiro de ervas- explicou Iolanda, a encarando

-tu é de onde menina?- questionou a mais velha, enquanto a turista lia o cardápio

-Pernambuco, mas atualmente moro em Vancouver, no estados unidos- ela explicou

-percebi logo que tu era lá dos estrangeiro, com essa roupa toda sem graça- Samantha caiu na gargalhada

-roupa sem graça?- questionou a mesma, fingindo desapontamento

-sem cor, sem estampa, sem vida. Menina- explicou a cigana

-ah, entendi, sendo assim, minha roupa é bem sem graça mesmo- ela afirmou fazendo uma careta, e Iolanda riu

-e o que tu faz lá nos estrangeiro?-

-eu sou professora de literatura, de uma faculdade para escritores- confessou a mais nova, dando de ombros, e recebendo um olhar apreensivo da cantora

-dois chás- a provável dona do estabelecimento entregou duas xícaras fumaçando de chá

-obrigada- falou Sam, soprando o chá

-tu saiu daqui pra ser professora?- questionou Iolanda, tomando um gole do seu chá

-sim... lá, essa profissão é mais valiosa que aqui, e mais bem remunerada também- e tomou um gole do chá, sentindo o gosto de hortelã, a lembrava sua infância.

A conversa foi se tornando cada vez mais solta, uma perguntando sobre a vida da outra, e sobre suas preferências e vida pessoal. Iolanda ficou encantada com o como a menina tinha vivido tanto em tão poucos anos. As duas já estavam na 6/7 xícara de chá quando a dona do lugar avisou que teria que fechar.

-eu pago- Iolanda falou tirando a carteira da bolsa

-nada disso, eu pago- Samantha afirmou, entregando duas notas de cem reais a mulher

E recebendo uma tapa no braço da mulher mais velha.

-ai, o que foi?- reclamou a menina sem entender

-eu que convidei, eu que deveria pagar- ela explicou, guardando tudo na bolsa

-você não paga quando estiver comigo Iolanda- a Pernambucana respondeu séria, tirando um sorriso largo da cigana

A mulher trouxe o troco e ambas saíram do local, andando pela calçada.

-sabe do que a gente precisa?- perguntou Samantha, com Iolanda segurando seu braço

-de rio, de água... vamos tomar banho de rio Iolanda?!- perguntou a de cabelos curtos, ficando na frente da cantora

-tu tá doida menina? Essa hora? Claro que não- a mais velha falou arqueando a sobrancelha

-porque não?- insistiu a morena

-essa tua invenção não tem pé nem cabeça Samantha, banho de rio? Essa hora?!- A cigana negou com a cabeça

-porfavor Iolanda, eu nunca venho aqui, faz milhões de anos que eu não tomo banho de rio, por favor- ela juntou as mãos, implorando. Porém a mulher continuava com uma faceta negativa, então a morena ajoelhou, no meio da rua, com os joelhos no asfalto barrento que machucava seus pobres joelhos.

-por favor Iolanda- ela repetiu

-mas você me levante desse chão sujo agora menina, você não tem cabeça mesmo não visse! Tá, tá, vamo tomar banho nesse rio- ela falou, levantando a figura pelos braços, enquanto a mesma ria.

O rio não era longe, e não tinha ninguém nas margens dele, por isso ambas logo desceram a pequena escadinha rapidamente, Samantha estendeu a mão para a mulher descer os degraus um poucos desgastados. A lua estava cheia, e a água muito calma. Era o cenário perfeito.

A professora tirou as sapatilhas, deixando no chão juntamente com sua bolsa, tirando seu relógio e anéis, brincos e por último a chave do seu hotel. Desabotoando sua blusa negra e a deixando junto as suas coisas.

Fazendo Iolanda sentir um pouco de calor a mais, ao ver a barriga chapada da menina, ela devia malhar, e os seios medianos cobertos por um sutiã azul marinho.

A menina desatacou o fecho da calça e a retirou sem grandes dificuldades. Foi aí que Iolanda começou a se abanar, a menina tinha um belo corpo, lindo corpo, era quente, quente demais. O meio das costas da menina tinham uma tatuagem, todas as fases da lua marcadas em sua coluna. Tirando a frase em sua coxa direita. E o símbolo desconhecido em sua barriga.

-Iolanda...?- chamou a menina

-você não vai entrar não?- ela questionou, sem entender muito bem a situação

-eu?! N-não menina, eu prefiro ficar aqui mesmo. Mas pode ir, eu fico olhando- ela afirmou, sentando na areia fofa

-você que sabe...- a turista deu de ombros

Andando até o rio, e antes de pisar na água, ajoelhou, e fez uma referência a lua. A mulher mais velha não entendeu muito bem, mas perguntaria a ela mais tarde, a mesma entrou na água, molhando o cabelo e ressurgindo no rio. A margem estava escura e a escuridão impedia Iolanda de ver muita coisa, mas a luz da lua fazia a silhueta da menina ser vista. Fazendo a cigana se abanar novamente, o que ela estava sentindo, uma menina?! Uma menina! A menina...

-VAMOS IOLANDA? A ÁGUA NEM TÁ GELADA- a silhueta gritou de dentro do rio

-eu não sou doida como tu não menina...- Iolanda explicou, enquanto via a figura sair da água encharcada

-vamos Iolanda, você nunca tomou banho de rio comigo... vamos...- ela pediu, em pé na frente da mulher

-tomamos outro dia, de dia- ela responde

-vamos Iolanda, por favor- ela implorou, segurando as mãos da cantora, e tirando o lenço que ela tinha no pescoço

-tu é doida sabia?-

-sabia- respondeu dando um singelo sorriso

-e eu tô ficando é doida igual a tu- a mulher falou pra si mesma, enquanto tirava os brincos e o colar, e por ultimo o vestido. O que não ajudou muito na concentração da menina.

A mais nova segurou a mão da mesma e a levou de volta pro rio.

-se essa água tiver gelada, tu me apanha menina- ameaçou a mais velha

Samantha riu, entrando no rio e mergulhando em seguida. Iolanda foi mais cautelosa, respirando aliava pela água estar morna.

-porque que tu fez referência a lua antes de entrar no rio?- perguntou a cigana

A mais nova estava bastante próxima a ela, devido a pouca luz, só era possível ver um lado do rosto da menina, e sentir sua respiração na pele.

-minha religião, eu sou wiccana, nossas divindades são o sol e a lua- explicou a de cabelos curtos, passando o dedo indicador pelo contorno do rosto da mulher mais velha

-interessante...visse- o coração da mulher parecia que ia explodir a qualquer segundo

-você é tão linda Iolanda, linda demais, tipo uma pintura de arte sabe?!- sussurrou Sam, enquanto a morena fechava os olhos, ao sentir os arrepios que o toque da menina levava ao seu corpo todo

Iolanda conseguia senti ela mais perto, mais perto, extremamente perto dela. Até sentir um pequeno beijo, no canto da boca. Demorado, e muito delicado.

-então, quando você vai me contar que é cigana?- Samantha questionou, fechando os olhos e se inclinando pra trás

A mulher mais velha arregalou os olhos.

-c-como tu sabe?- questionou a morena

-eu consigo sentir, a energia vindo de você e pelo seu pingente...- a mais alta riu

-desde que me entendo por gente eu sou cigana menina- explicou a mesma

-eu acho bonito o povo cigano, livre, sem as amarras que todos temos- Sam falou, fazendo ondas com os braços

-sim, mas nessa parte eu falhei visse menina, eu criei amarras que não deveria- Iolanda confessou em tom tristonho

-Afrânio?- perguntou a menina

-Coronel- respondeu a mulher

-qual a diferença entre eles Iolanda?- a voz da morena de cabelos curtos estava rouca, trêmula talvez

A mais velha olhou para a mulher em sua frente, desviou os olhos para a água calma. Para a lua. Mordeu o interior da boca e sentiu a ferida ser reaberta, mas ela deveria confessar que de certa forma, sabia que Samantha não iria julga-la.

-Afrânio me amava visse, Coronel? Coronel era só o homi com quem eu dividia a cama- ela falou, em um fio de voz

A professora se arrependeu de ter perguntado, detestou ver o rosto tão alegre de Iolanda tomado agora por uma tristeza descomunal.

-eu estou ficando com frio! Vamos sair?! Tenho que ir pro meu hotel e ele é longe- falou a morena, nadando até a margem, levantando e andando até a areia. Enquanto a mulher mais velha vinha atrás.

Sam já estava vestindo a blusa quando viu o tombo feio da cigana na areia molhada.

-Iolanda! Puta que pariu- ela xingou, correndo até a mulher mais velha

-você está bem?, quer que eu chame uma ambulância?- questionou a turista preocupada se ajoelhando onde a mulher estava sentada, com a mão na testa

-diacho de terra, num carece não , eu só num tenho mais idade para essas tuas loucuras não visse Samantha- ela explicou rindo

A professora respirou aliviada, sem saber exatamente o que fazer, ela acabou optando pelo que queria mais, abraçando a cantora, que imediatamente reagiu, passando os braços pela cintura da menina e respirando aliviada, a mais nova passou os dedos delicadamente pelos fios negros de Iolanda, com os olhos fechados, repetindo mentalmente que ela estava bem. Sabe, Samantha não era uma pessoa que sabia lidar muito bem com situações de pânico, pois era muito emocional.

-uh, você me assustou- ela sussurrou

-desculpe...- respondeu a mais velha

-consegue andar? Vou te conseguir um táxi e ir pro meu hotel- ela explicou se separando e ajudando a mulher a se levantar, para só então perceber o belo corpo que ela tinha. Os seios fartos agora mais apertados dentro do sutiã negro, e a cintura bem marcada e as pernas torneadas. Tinha um corpo muito bom pra uma cinquentona, devia confessar. Rapidamente engolindo a seco.

-eu moro na rua da frente, tu dorme lá hoje, toma um banho e come alguma coisa. Amanhã tu volta pro teu hotel- ordenou a cigana, fazendo Sam rir

-manda quem pode, obedece quem te juízo- comentou a morena, vestindo a calça e pegando a bolsa.

Enquanto a morena se vestia e seguia com ela pela calçada.

-olhe só como que eu tô, descalça, toda molhada, culpa tua visse- reclamou ela, enquanto atravessavam a rua

-você fica até mais bonita assim sabe- lançou a turista, dando de ombros

Quando já estavam na rua da mulher mais velha, ela entregou o molho de chaves para a menina, indicando qual chave abria o portão da frente. Já que Samantha estava ansiosa por um banho relaxante, a roupa molhada já estava lhe dando coceiras.

Assim que a turista chegou na frente do portão da grande casa branca, um senhor de uns 50/60 anos, aparentemente completamente bêbado, sem mais nem menos, agarrou Iolanda. Que tentou dar uma cotovelada, e gritou pela menina, que estava mais na frente com a chave nas mãos.

-Iolanda Iolanda... que saudade de tu meu amor...- ele falava, completamente bêbado, sem ao menos conseguir juntas as frases

Samantha...- gritou a morena, enquanto tentava em vão, se soltar dos braços do velhote, que mesmo bêbado, tinha braços bem mais fortes que os da cantora, a professora semi cerrou os olhos e quando realmente percebeu o que estava acontecendo.

Soltou ambas as bolsas e correu até a mulher, acertando um soco em cheio no rosto do homem, que largou a morena e cambaleou pra trás. E foi acertando por mais um soco, mais um, e um chute na barriga.

-seu desgraçado você tá ficando maluco? Quem te deu autorização pra agarrar mulheres assim do nada?- ela exclamava, acertando mais um soco na cara do sujeito, e pegando o mesmo pela gola e acertando socos dessa vez na barriga

-Samantha, tá bom, tá tudo bem, eu tô bem, larga ele... ele ta bêbado- a mais velha explicou, tentando empurrar a aparentemente lutadora para o lado, afim de tira-la de cima do velhote

-Samantha! Samantha... minha menina...- ela já estava entrando em pânico, o homem estava desfalecido

Foi quando os dois filhos do homem saíram da casa, correndo até o pai. Juntamente com a mulher dele, que gritava para ela parar. A mesma soltou o homem no chão, que caiu de mal jeito e soltou um gemido de dor.

E o filho mais velho do homem partiu pra cima da mais nova, que não recuou, e acertou um soco direto no rosto da morena, que cambaleou para o lado com a mão na testa. A mais velha empurrou o brutamonte, tentando verificar de a menina estava bem, mas Sam parecia ignorar sua existência.

-seu paizinho agarrou Iolanda! Você tem sorte que ele ainda está vivo- ela respondeu, segurando o homem pela gola e dando uma cotovelada em sua barriga, que o fez cambalear, e o irmão o ajudou a se reerguer.

-na próxima mande ele beber menos, ou quem sabe pensar bem antes de sair agarrando mulheres na rua...- ela provocou, dando um sorrisinho cínico

A mais velha puxou a mão da morena, levando-a pra casa, com um pouco de dificuldade, abrindo o portão e adentrando o local com ela. E as bolsas.

-você está bem?- questionou a menina, segurando os ombros da mulher em sua frente

-sim, sim, eu tô bem, eu tô bem- ela acenou que sim, colocando as mãos no rosto da mais alta e fechando os olhos, encostando suas testas. Até sentir a respiração da mesma normalizar.

-vamos, tu tem que tomar um banho- a mesma subiu as escadas junto com ela, até o quarto de hóspedes.

Enquanto Sam sentava na beira da cama, tirando as sapatilhas. A cantora voltava com uma tolha e um roupão.

-toalhas, e uma camisola que eu acho que vai servir em tu, no banheiro tem sabonete e shampoo. Quando terminar vou fazer um curativo nessa tua mão e no teu rosto- ela completa, encarando a mão branca, só agora Samantha tinha notado os aranhões e o sangue que tinha na base das mãos, devido aos socos.

A mais nova acenou que sim e entrou no banheiro.

Iolanda saiu do quarto, e foi para o seu próprio, tirando a roupa encharcada, e entrando no banheiro, ligando o chuveiro e entrando embaixo dele. Ela ainda tinha as mãos tremendo, a respiração acelerada, não podia negar que ficou sim com medo do que a professora podia fazer com o bêbado, mas tinha ainda mais medo do que poderia acontecer se ela estivesse sozinha, devido ao turbilhão de sentimentos que sentia aquela noite. Sentindo a água gelada cair em todo o seu corpo ela pôde finalmente respirar aliviada, sentir seu coração aliviar, sua mente esvaziar. Sua única preocupação era a mais nova, que tinha em algumas horas a cativado tanto. Ela só queria cuidar para que ficasse bem, mesmo não sabendo exatamente o que a turista tinha visto nela, cantava bem, mas não tanto assim para faze-la se descolar em plena férias para ir vê-la. Existiam partes daquela história, que ela preferia ficar sem saber.

Samantha estava com a testa encostada no box do banheiro, enquanto passava as mãos pelo cabelo e contava sua respiração, calmamente, aquilo sempre a ajudava a de acalmar. Passando mais alguns minutos embaixo do chuveiro, e finalizando o banho. Vestindo o roupão e enrolando seu cabelo na toalha.

E voltando por quarto, deitando na cama e fechando os olhos por um par de minutos. Foi assim que a dona da casa a encontrou, estirada sobre a cama. A mesma riu a bateu na porta.

-como tu ta se sentindo?- questionou ela, puxando uma cadeira, e colocando na frente da cama, com uma maleta branca na mão

-agora melhor, e você?- respondeu a menina, sentando-se de frente a mulher

-bem, graças a tu- ela responde, abrindo a maleta e tirando algodão e um frasco brando de lá

A mais velha tinha os cabelos agora não tão molhados e penteados, e vestia uma camisola florida clara, de alças, que ficava no meio da coxa e tinha um decote bastante avantajado também. A deusa estava testando o autocontrole de Samantha só podia ser isso. A mesma passou ambas mãos pelo rosto, e suspirou.

Deixando Iolanda confusa.

-venha, me dê a mão- exigiu

A mais nova deu a mão, um pouco receosa.

-não vai arder não né?- questionou ela, olhando atenta para tudo que a cigana fazia

A mesma riu.

-eu tinha esquecido que tu é só uma criança- Samantha arqueou a sobrancelha e fez um bico torto

-eu tenho 18 anos viu-

-criança- repetiu

Fazendo um pequeno curativo na mão dela, ela terminou enfaixando apenas a base da mão. E dando um analgésico para a mesma beber com água. Passou desta vez algodão no roxo e no resto de sangue que tinha ficado na base do nariz da mais alta, colocando anti inflamatório. E finalizando.

-sua vez, senta aqui agora, e eu vou fazer o da sua testa- a Pernambucana falou levantando

-isso não precisa de curativo não, nem tá doendo- ela fala, sorrindo e dando de ombros

-não senhora, pode sentar aqui, vamos, agora- tentou soar seria, e a mesma fez o que foi pedido

-diacho de menina visse- reclamou Iolanda, tentando soar brava

A professora limpou com algodão e anti-inflamatório o pequeno corte, e colocou um pouco do remédio e por fim, só colocou uma gaze e um esparadrapo. Porém a extrema aproximação estava incomodando um pouco a mais velha. O cheiro limpo que emanava do corpo de Samantha, os pingos de água que ainda desciam por sua testa, os lábios entre abertos. A cigana queria saber muito qual o sabor, e a textura daqueles lábios finos. Ela segurava o lençol da cama com força.

-prontinho- ela deu um sorriso

-vou fazer alguma coisa pra gente comer, bote uma roupa e desça- explicou ela, deixando o quarto

Agora de cabelo escovado, a pernambucana entrou no banheiro novamente, e vestiu a roupa, uma camisola negra, de alças e curta e um short da mesma cor, também curto, devia confessar e o tecido fino e o comprimento curto ajudavam Sam a suportar o calor do nordeste novamente.

E saindo do quarto, ela desceu as escadas rumo a cozinha. Onde foi inebriada por um cheiro que ela reconheceria de longe, tapioca. A cozinha era simples, mas bem ajeitada, com um balcão com cadeiras. Paredes pintadas de um verde escuro, e alguns quadros e letreiros espalhados pela mesma, delicada, lembrava sem dúvidas a cantora. Samantha sentou em uma das cadeiras altas que ficavam no balcão em frente ao fogão, onde de costas, Iolanda virava as tapiocas.

-tapioca!- ela falou, com um sorriso no rosto

Iolanda virou-se pra ela e arqueou uma das sobrancelhas.

-como adivinhou?- ela perguntou, desligando o fogo

-o cheiro, inconfundível- ela explicou, enquanto via a mulher colocar mais uma tapioca em um prato de vidro com um monte delas quentinhas e com manteiga

-tu gosta é?-ela perguntou, colocando chá em uma xícara e entregando a menina

-você gosta de respirar?!- a menina ironizou, fazendo a dona da casa rir

A cantora serviu a ambas, que comeram e conversaram mais um pouco. Agora sem a tensão do que tinha acontecido. Ambas mais relaxadas. A cigana tinha tirado a oportunidade para perguntar a ela se já tinha feito luta, ou algo parecido, pela familiaridade que tinha com os golpes e recebendo um sim frio da mesma.

-você tem um toca fitas? Isso é raridade- a morena exclamou, indo até o aparelho antigo, no fundo da sala, coberto por discos e fitas.

-sou uma mulher antiga se não percebeu- ela respondeu, sentada no sofá

-posso escutar alguma coisa?- a mesma questiona, olhando animadamente para a pilha de fitas

-claro-

A turista rapidamente escolheu uma fita de uma cantora internacional, a música calma e sensual invadiu o local e fez um sorriso brotar nós lábios da morena. Cantarolando a música e fechando os olhos, girando sozinha pela sala de estar da casa.

-venha Iolanda, vamos dançar- a mais nova estendeu a mão para a mulher sentada no sofá

-eu não sei dançar Samantha- ela permanece sentada

-com o pseudo Amadeu você sabe não é?- ela provocou, fazendo a cigana rir, puxando-a novamente.

Desta vez a cigana cedeu, deixando ser puxada com mais força, batendo forte contra o corpo duro da mais alta. Ela suspirou. Sentindo seu corpo todo aquecer.

-Eu senti ciúmes nessa tua vozinha foi?- ela perguntou, colocando uma mão no ombro da morena e encaixando com a mão dela.

-ele é seu namorado não é?- ela questionou

-não- firme e dura

-caso?-

-e eu lá sou mulher de caso Samantha- firme novamente

-amigo com benefícios?- insistiu

-eu não sei nem que diabos é isso criança... Amadeu é meu amigo, só isso- ela explicou, enquanto sentia a menina apertar sua cintura contra seu tronco jovial.

-garanto que se dependesse dele seria mais que isso- a jovem deu um sorrisinho de canto

-mas tu ta ficando muito abusada não tá não?- questionou a mais velha, fazendo a mesma rir

Sam estava rindo ainda, quando a morena girou em seus braços, ficando de costas pra ela e seguindo o ritmo da música de olhos fechados. A morena não sabia como reagir, o cheiro de Iolanda estava em todo o lugar, e seu auto controle estava se esvaindo pelo ar.

A mulher continuava a dançar contra o corpo da mais nova, no ritmo da música. A professora subiu a mão pelo braço da morena, colocando o seu negro cabelo para o lado, e sentindo o cheiro próprio da mulher, era como jasmim, ou erva doce. E deixando um beijo na nuca da mesma, um beijo demorado. Que fez o corpo inteiro da mulher se arrepiar, reagindo imediatamente. E sentindo seu baixo ventre entrar em combustão. O nariz da jovem passeava, dançava, pela nuca e costas desnudas da mulher mais velha, ela poderia contar quantas pintinhas existiam sobre a pele branca leitosa.

A música era calma, a voz da cantora rouca, e em cada lugar que Sam tocava, Iolanda sentia larva quente deslizar por sua pele; era divino, a sensação que uma 'criança de 18 anos podia lhe proporcionar. Muito maior que a de muitos homens que passavam por sua vida e cruzaram sua cama.

-Ahh Iolanda, você não está facilitando nada a minha vida mulher- sussurrou a de cabelos curtos, ao ouvido da cigana, em seguida mordendo o lóbulo da orelha da mesma

Um arrepio sacudiu o corpo da cinquentona, que girou nós calcanhares. Colocando ambas as mãos no maxilar da professora, e ficando mais perto, ainda mais perto. Ela conseguia ver o como o negro dos olhos da menina agora eram como um cristal, brilhando em luxúria.

-pois saiba, que eu quero mesmo, é dificultar essa tua vida visse...- ela responde, avançando na boca da de preto, que envolveu os braços nas costas da mulher mais velha.

Fora de si, a cigana enfiou os dedos nos cabelos ainda húmidos -do banho recente- puxando firme entre sua mão. Recebendo um aperto delicioso em sua cintura, aquilo ficaria marcado, ela tinha certeza. Porém estava entorpecida demais para contestar alguma coisa, seu corpo estava em outra atmosfera, o gosto da menina era pior que álcool e estava deixando-a viciada.

Um gemido escapou sorrateiramente da boca de Iolanda, quando sentiu seu corpo ser pressionado sobre a parede se sua sala de estar, espalmando ambas as mãos contra a parede, sentindo em seguida os beijos delicados que eram deixados em sua nuca, resvalando por seus ombros, e suas costas ainda cobertas pelo tecido fino da camisola. Seu cabelo era puxado -de maneira nada delicada- pela mais alta.

Selvagem, sensual, delicioso... eram as únicas palavras que se juntavam na mente da cigana. Que fechava os olhos e mordia os lábios em uma resposta silenciosa. As mãos da turista subiam sobre a cintura definida da mulher, fazendo com que a camisola de tecido fino suba, revelando ainda mais das coxas da mulher mais velha.

-Minha menina...- gemeu baixinho, encostando a testa na parede e tentando respirar fundo

Samantha a girou de volta pra si, com um sorrisinho audacioso nós lábios, que fez o coração da cigana aquecer e inflar. Enquanto levava as mãos até o ombro da menina e a puxava pra si em um beijo ardente, Iolanda já tinha beijado muito homens em sua vida, e gostara muito por sinal. Mas aquele beijo era diferente, intenso, cheio de desejo e malícia, porém mesmo assim, era delicado e ao contrário dos outros, a jovem deixava a cantora tomar o controle, o ritmo. Deixando o desejo corroer o âmago da mais velha como enxofre no fogo.

Subiu um pouco a camisola da mulher, enquanto se deixava ser levada por ela até seu quarto, os dedos da mesma passeavam sobre o ombro da mais alta, arranhando delicadamente enquanto tinha seu pescoço mordido, lambido, venerado pela jovem.

Iolanda não estava aguentando mais, estava quase empurrando a menina contra o chão e sendo dela ali mesmo, mas como desconfiava, no dia seguinte suas costas estariam destruídas e completamente acabadas.

Quando chegaram na frente da porta de madeira envernizada, ela tentava veemente colocar a chave certa na maçaneta da porta, mas estava bastante difícil devido a certas mãos que apertavam sua cintura, coxas e bunda. Fora as mordidas em seu ombro e os beijos em sua nuca.

-Diacho de menina... tu não tá me ajudando não visse- tentou juntar as palavras, tendo como resposta uma risadinha rouca da menina

-mas foi a 'senhora- usou um doce, não tão doce assim

-que disse que não facilitaria minha vida, por que eu facilitaria a sua?- ela questionou, deslocando as mãos da cintura da mulher para os braços, até as mãos

-eu divia de ter ficado calada- ela reclama, quase sem conseguir falar, sentindo as mãos da jovem lhe esquadrinhar os braços

Um click foi ouvido quando a porta abriu, e a cantora adentrou o quarto escuro puxando a de cabelos curto consigo, batendo a porta e empurrando a menina sobre a mesma. Dando um sorriso malicioso e correndo a mão direita pelo dorso superior da professora, que fechou os olhos em seguida.

A respiração da turista estava pesada, dolorida. E quando ela sentiu os dedos longos da mulher percorrendo o seu tórax, parando um pouco abaixo do seu seio direito, inclinando o rosto e depositando um beijo demorado no ombro pálido da menina; que suspirou. A boca da mulher percorria a clavícula branca da jovem, enquanto colava todo o seu corpo no da morena. Sentindo os dedos de Samantha acariciarem seu rosto com graça.

-tu tem um cheiro tão bom menina...- murmurou a cigana, passando o nariz pelo pescoço exposto da mesma

-um gosto tão bom também...- murmurou novamente, resvalando os lábios sobre os da jovem

-tu é bonita por demais- ela completou, olhando dentro das safiras negras que brilhavam em meio aquela escuridão do quarto-e da sua alma-

A professora não sabia muito bem como reagir, os olhos da mulher em sua frente estavam brilhado com lágrimas, e embora ela tivesse um sorriso escancarado nós lábios inchados, seus olhos ainda eram tristes.

-e porque você tá chorando 'minha cigana?- questionou a de cabelos curtos, limpando a lágrima solitário que trilhava a pele macia da mulher, com o polegar e deixando um beijo no local

-tu tas me devolvendo a vida minha menina- ela explicou, encostando a testa na da mais alta, e cruzando os braços no pescoço da mesma, enquanto beijava a boca macia e doce que tanto queria

-pois eu acho que é exatamente o contrário viu, Iolanda...- ela respondeu, entre os beijos, enquanto descias as mãos pela cintura da mulher, tomando impulso e a colocando no colo.

A cantora arfou, cruzando as pernas na cintura fina da jovem, enfiando novamente os dedos nós cabelos sedosos e negros. A medida que a mais alta a guiava até a cama, ela sentia todos os cadeados que existiam em sua alma serem destravados um a um, e caírem ao chão juntamente com sua sanidade mental.

Quando ela sentiu o corpo jovem sentando sobre a cama, e em seguida, seus joelhos cada um de cada lado do quadril. E a mão direita da turista subindo por suas costas em rumo do incerto, do completo perdido. Era assim que se sentia a cinquentona, perdida, inebriada com cada toque, cada respiração, cada gemido que ela deixava escapar, devido ao prazer extremo.

As mãos da mulher mais velha desceram pela curvatura do pescoço da jovem, deixando arranhões que arrepiaram de imediato a pele branca. Samantha com a mão esquerda, desceu a alça da camisola florida direita, e em seguida a esquerda. Puxando o tecido fino pra baixo, afim de se livrar daquela peça tão incomoda.

Iolanda estava um pouco receosa, já tinha passado dos seus vinte a muito tempo, e seu corpo já havia passado pelos estragos do tempo. Tinha medo de que, sem toda a roupa florida e alegre, a sua menina não a desejasse mais. Seria devastador para a mais velha, seria como um tiro na alm... Seus pensamentos foram interrompidos no instante que sentiu a fincada de dentes da jovem no vale dos seus seios. Enviando um choque de prazer ao corpo da cigana. Que gemeu alto.

Samantha queria guardar, adorar, apreciar cada pedacinho do corpo da nordestina, sentir o sabor, o cheiro... leva-la a beira do despenhadeiro e depois trazê-la de lá nós braços. Seus lábios estavam esquadrinhando os promos da cantora, dando beijos demorados, e mordidas lânguidas. Assistindo Iolanda gemer e se contorcer despudoradamente em seu colo, puxando seus fios com até certa força.

Tendo seu baixo ventre em chamas, a mulher inclinou o corpo pra frente, deitando a menina sobre a cama arrumada, e voltando a beijar seus lábios com urgência, passando as mãos pelo rosto macio da mais alta.

-tu tas com roupa por demais, tu não acha não?- provocou a mulher, correndo a língua pelo maxilar da professora

E sendo agraciada por um gemido manhoso.

A mesma, puxou rapidamente a barra da camisola negra pra cima, enquanto a jovem erguia-se sobre o cotovelos e deixando o tecido passar sobre sua cabeça e terminar no chão do quarto. Voltando a ter a cinquenta pressionada sobre si, beijando seus lábios. E ao mesmo tempo que seu cotovelo direito estava sobre a cama, ela usava a mão esquerda para subir e descer pelo dorso desnudo da turista. Parando dessa vez nos úberes medianos, e passando a massagea-los com delicadeza, sentindo as costas da mesma se arquearem automaticamente e seus olhos fecharem.

-oh god!- a mais jovem gemeu em sua língua habitual

A morena riu-se, beijando o pescoço de Samantha, que beirava sua morte certa; causa da morte? Iolanda.

-pois tu trata de falar minha língua visse menina- ela sussurra, descendo seus beijos pelo vales dos seios da jovem, dando beijos demorados em sua barriga, e contornando a estrela de cinco pontas envolta em um círculo, com a boca.

-pois eu quero entender tudo que sai dessa tua boquinha visse...- ela completou, puxando o elástico do short negro da mais alta com as unhas

-s-sim senhora- respondeu puxando os próprios fios de cabelo

Iolanda subiu novamente, de encontro a boca da professora novamente, sentindo suas coxas serem devidamente apertadas e sendo jogada sobre a cama dessa vez, pois dessa vez, era a mais nova que estava por cima. Beijando sua barriga e deixando algumas mordidas também.

-eu quero ser tu hoje menina, só tua hoje...- ela sussurrou, arqueando as costas de olhos fechados.

Com os cabelos bagunçados e alguns fios colados de suor em sua testa, os lábios inchados, e a pele brilhando de suor. Era assim que Samantha queria grava-la, descabelada e derretendo em seus braços.

A jovem desceu a mão até a peça íntima da cinquentona, já sentido-a húmida de excitação. Seu autocontrole estava indo embora junto com o suor, pressionando os dedos curiosos no centro da mulher mais velha. Que tremeu ao sentir o toque delicado, se agarrando ao ombro da mais alta, cravando as unhas ali.

O estimulo era simultâneo, depois de se livrar da calcinha escura da cantora, a jovem voltou a estimular a vulva da morena. Ao mesmo tempo que provava os pomo rígidos da cigana que delirava em meio a combustão de prazer que só crescia.

A mais velha gemia, repetidas vezes o nome da turista, segurando firme nós lençóis de seda da cama, tentando descontar toda aquela energia em alguma coisa ou ela iria explodir a qualquer instante.

-ahh minha santa...- ela arfou, após ser atingida por um orgasmo brutal, que deixou seu corpo mole.

Samantha deu um beijo castro nós lábios da mais velha, tirando os cabelos de seu rosto e deitando-se junto a ela na cama.

-'ah Iolanda, se tu soubesse como meu coração arde por ti, se tu tivesse noção do como teu sorriso clareia minha alma, se tu descobrisse como eu te esperei mulher...- sussurrou baixinho, a beira do ouvido da cigana, e por fim dando um beijo em sua bochecha

Iolanda virou-se de lado, encarando a professora com uma expressão graciosa, alegre.

-isso é lindo por demais, de quem é?- perguntou a mulher, com a cabeça no ombro da mais alta

-é meu- confessou tímida

-teu? E tu fizesse pra mim foi?- levantou a sobrancelha, passando a mão na barriga da turista

-foi- confessou, dando um gemido manhoso, e abraçando a cintura da morena, trazendo-a ainda mais para si e fechando os olhos

Iolanda sorriu. E fechou os olhos, estava exausta, do dia longo, e da canseira que tinha acabado de ganhar da sua menina, que a essa altura, dormir pesadamente apertando-a para si.

Iolanda estava tentando veemente abrir os olhos, porém não estava sendo uma tarefa fácil, já que o cheio convidativo que emanava de sua cama a segurava em sua confortável e quentinha cama. Porém com os raios de sol adentrando seu quarto pela janela entre aberta ela finalmente abriu os olhos, soltando um bocejo fraco e despreocupado que foi em seguida substituído por um esquadrinhamento de sua cama. Que estava fazia.

A mesma vestiu sua camisola, e andou apressadamente pela casa, em busca de alguma pista da morena, da turista morena que esteve com ela ontem. Sem sucesso.

Olhou em todos os cantos da casa, em cada lugar que ela poderia estar, nada, nada e nada.

Voltando ao quarto com ambas as mãos na cabeça ela a essa altura do campeonato, já tinha as mãos na cabeça, questionando-se se tudo aquilo teria sido um sonho; o melhor sonho de sua vida. Enquanto sentava-se na beira da cama, ela respirava fundo, com lágrimas dentro dos olhos castanhos.

Porém um pequeno sorriso brotou em seus lábios quando avistou um pequeno envelope em seu criado mudo de madeira. Juntamente com uma rosa branca. No branco do envelope, a cigana abriu lentamente e tirou o pequeno pedaço de papel de dentro.

"Querida Iolanda,

Infelizmente minhas férias começaram a exatamente um mês e eu, mesmo sofrendo muito, preciso voltar pra minha rotina exaustiva e extremamente chata! De Vancouver, meu voo é hoje as 09:00, e você dorme tão bonito... que eu não tenho a menor coragem de acorda-la.
Eu gostaria de ressaltar que foi, pra mim, a melhor noite de toda minha vida! Você é a mulher mais encantadoramente cativante que eu já conheci minha cara.
Eu espero que algum dia você possa me perdoar e entenda, por favor, entenda, que eu nunca quis apenas uma noite com você; pelo contrário, eu acredito que uma vida inteira cabe em uma só noite.
Tendo dito isso, estou deixando um beijo em sua testa e um sorriso pra você.
Estou deixando também um pedaço de mim que você roubou, e um rosa vermelha, que por acaso eu peguei de seu jardim.
Fica bem minha cigana!
Não sei quando, nem como, mas prometo, que voltarei pro teu sorriso minha cara.
Tenta não se acostumar com minha ausência. Eu volto já.
Me espera Iolanda!

Da tua menina"

Iolanda tinha lágrimas caindo por todo o rosto, suas mãos tremiam e ela ao menos sabia porque sentia aquela dor vazia em seu tórax, apertando o papel frágil contra o peito ela fechou os olhos com força. Era bem verdade que tinha planejando uma longa estadia ao lado da professora, tinha planejado até mesmo implorar para que ela não partisse, ou cogitado a hipótese de ir com ela. Porém antes de qualquer um desses planos serem concretizados, sua salvação tinha escapado em silêncio.

Guardando o papel de volta no envelope, e dando um beijo na rosa vermelha, ela limpou os olhos com as mãos e deu um sorriso, um lindo sorriso.

Pois era verdade que uma vida cabia em uma noite, porque Iolanda sentia que a parte ruim de sua vida ao lado do coronel tinha sido substituída por uma vida cheia de sorrisos e momentos lindos ao lado de uma turista.

-eu vou te esperar visse, ah, diacho de menina essa viu minha santa- sussurrou a morena, cruzando os braços em frente a grande janela de onde entrava uma grande quantidade de raios de sol.

FIM.

(Olá, como q ces estão? Saudades de publicar nesse site! Bom espero que tenham gostado da fanfic, obrigada por ler até aqui... cliquem na estrelinha e comentem, me xinguem, elogiem, me ameacem de morte se quiserem... até a próxima)

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