se você soubesse › camren

By jaurcgui

212 8 9

› lauren sempre teve muito o que dizer, mas era muito covarde para admitir que amava sua melhor amiga e ao... More

i.
iii.
iv.

ii.

34 3 1
By jaurcgui

flashback 2 anos atrásparte um


"Laur! Por favor, não!" Camila gritava desesperada em meio a risos.

Eu tinha meus braços em volta da sua cintura e estávamos na borda da piscina da casa de praia de Dinah. Ela não queria entrar dizendo que a água estava muito fria, mas o real motivo todas nós sabíamos: ela não sabia nadar.

Na verdade, ela sabia, muito pouco, mas vivia dizendo que não estava a fim de entrar, pois tinha vergonha de dizer que não sabia. Mas hoje ela iria aprender.

Como não havia aula nessa sexta feira o nosso final de semana só estava começando. Os pais de Dinah tinham essa casa de praia um pouco afastado da bagunça da cidade de Miami e não pensamos duas vezes antes de arrumar as malas.

"O que foi Camz? Está com medinho de água gelada agora é?" eu ri enquanto ela tentava sair do meu abraço, mas eu a segurei firme.

"Por favor! Eu faço o que você quiser!" ela implorou.

"Lauren você é muito má!" ouvi Dinah dizer saindo da casa. "Desse jeito você duas não tem futuro."

Eu revirei os olhos enquanto Camila apenas riu. Mas eu sabia o quão sugestivo eram aquelas palavras.

Então eu soltei Camila e me afastei um pouco desajeitada, mas ela me olhou confusa.

"Sério? Eu achei que iria me jogar lá dentro, mas você já desistiu?" ela questionou ainda suspeita.

"Yeah, se você não quer entrar então tudo bem." eu dei de ombros.

"Lauren é covarde, Mila." Dinah se aproximou e eu a encarei. "Ela te ama demais para te fazer algum mal."

"Cala a boca, Dinah." eu resmunguei e ela mostrou a língua pra mim.

"Awn, Lauren. Eu também amo você!" Camila disse pulando em mim e envolvendo os braços em meu pescoço.

Eu tinha certeza que ela podia ouvir as batidas do meu coração irem a mil, mas deve ter decidido ignorar. Ela sorriu e me deu um beijo na bochecha, eu rezei mentalmente para que não corasse.

"Por outro lado," Dinah comentou. "Eu não amo nenhuma das duas."

Ela sorriu diabolicamente e nos empurrou na piscina sem piedade logo depois.

"Dinah!" Camila gritou desesperada quando emergiu. "Meu Deus! Socorro!"

Ela batia os braços na água tentando se manter na superfície, mas antes mesmo que ela pudesse afundar de novo eu voltei a segurar seu corpo contra o meu. Ela passou novamente um braço em volta do meu pescoço e se segurou ali como se sua vida dependesse disso, literalmente.

"Eu peguei você." eu disse sorrindo, notando o pânico sumir do seu rosto e seu corpo relaxar no mesmo instante.

"Como sempre." ela suspirou e me deu um dos sorrisos mais lindos que possuía.

E eu provavelmente tinha o sorriso mais bobo estampado no rosto que me fazia parecer ainda mais idiota por ela.

Era tão óbvio. Ainda assim ela não conseguia me notar.

"É claro." eu disse firmemente fitando-a.

Camila estava tão perto, mas espaço pessoal não era algo desconfortável. Éramos melhores amigas e nada era desconfortável entre a gente, nem mesmo o espaço tão perto, mas tão infinito entre nossos lábios onde eu podia sentir sua respiração.

"Sem querer interromper o momento heroico desnecessário," Dinah me tirou do transe e eu quase soltei Camila com o susto. "Mas vocês idiotas estão na parte rasa da piscina."

Eu a olhei confusa, foi quando percebi que eu estava com os pés no chão da piscina e tinha os joelhos flexionados porque Camila estava boiando enquanto eu segurava ela, então a água batia em nossos ombros, mas essa parte da piscina tinha apenas um metro e pouco de profundidade.

Camila riu divertidamente e apenas depois de um momento ela colocou os pés no chão e se afastou de mim.

"Somos duas idiotas mesmo, Laur!" ela jogou um pouco de água no meu rosto toda brincalhona.

Eu balancei minha cabeça mostrando um leve beicinho, mas quando ela baixou a guarda eu joguei água contra ela, rindo alto enquanto ela me olhava indignada.

"Lauren!" Camila resmungou como uma garotinha mimada. "É melhor correr- Ou quero dizer, nadar!"

Seu tom de voz não era nem um pouco ameaçador e só me fez rir mais. Dinah que nos assistia pacientemente suspirou audível para chamar nossa atenção.

"Ugh, eu cansei de vocês." eu ouvi ela dizer e voltando para dentro da casa enquanto eu fugia de Camila para parte mais funda onde ela não poderia me alcançar.

Nós passamos a manhã na piscina desse jeito, uma hora ou outra ela tentava me afundar e falhava miseravelmente. E eu até mesmo ajudei ela um pouco com seu medo de não saber nadar já que não tinha ninguém olhando.

Éramos só nós duas ali e era o que eu mais gostava, nossos momentos sozinhas. É claro que eu gostava dos nossos amigos também, mas quando era somente Camila e eu era como se não estivéssemos nesse planeta.

E no fundo eu sentia que ela pensava assim também, mas não como eu realmente queria. Ou da maneira que eu olhava ela diferente agora desde quando descobri que a amava. Era a primeira vez que sentia algo assim e eu sabia que era real, pois não se comparava com ninguém mais.

Nós três fomos as primeiras a chegar, Normani e Ally apareceram no almoço. Honestamente éramos terríveis quando estávamos juntas, foi uma bagunça que até a mãe de Dinah preferiu evitar o mesmo ambiente que nós. Durante a tarde estávamos muito cansadas para fazer qualquer coisa além de deitar em qualquer lugar da casa.

Eu resolvi ficar na rede na varanda que dava de frente para praia e perto da piscina onde estávamos mais cedo, eu fiz isso porque eu não sabia onde Camila estava.

Eu gostava de estar com ela, tínhamos uma sintonia boa e eu quase sempre conseguia ignorar meus sentimentos. Mas não era fácil e eu preferia correr dela quando eu via que eu estava passando dos limites. As garotas sabiam, eu acho que o mundo inteiro sabia, então elas sempre me davam um toque sutil de quando eu deveria ir mais devagar.

Estava um pouco frio e eu me amaldiçoei mentalmente por ainda estar de regata e shorts. Eu me encolhi abraçando meu corpo mantendo meus olhos fixos no mar agitado e no pôr do sol. Era realmente uma coisa linda de se ver. Me fez pensar em Camila, ela iria gostar de ver isso.

Eu sorri para mim mesma quando seu rosto invadiu meus pensamentos e ouvi ela me chamar no mesmo instante. Meu coração pulou uma batida e eu tentei permanecer imóvel onde estava. A rede praticamente me cobria, mas não o suficiente.

"Laur?"

Torci mentalmente para que ela passasse direto pela porta e não me notasse a um metro de distância, então fechei os olhos como se isso fosse me tornar invisível.

"Laure- AHH QUE SUSTO!" ela gritou levando uma mão no peito.

"Não me ouviu te chamando?" ela questionou com uma risada e eu franzi o cenho.

"Hm?" eu fingi que estava acordando. "Não, desculpa."

Ela segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos distraidamente. "Eu não queria te acordar."

"Tudo bem."

Eu sorri levemente, notei que ela usava apenas uma blusa de frio grande demais para seu tamanho escrito "fuck" na frente, não consegui ver nada mais além das suas longas pernas. Camila não tinha misericórdia com o ser humano fraco que eu era.

"Você está arrepiada." Camila disse acariciando meu braço.

Eu assenti, tentando tirar sua mão gentilmente. Não era só o frio.

"Yeah, eu estava indo tomar um banho." menti tentando me levantar, mas ela me parou.

E nem estava olhando para mim agora. "E perder aquilo?" ela disse maravilhada.

"Fica mais um pouquinho." Camila disse e antes mesmo de perguntar ela tentava subir na rede. "Tem lugar para mim aqui?"

É claro que tinha espaço para ela, a rede era grande e duas pessoas ficariam confortáveis juntinhas uma do lado da outra, mas Camila deitou entre minhas pernas e de costas contra mim. Ela deitou sua cabeça no meu ombro, procurou meus braços e me fez abraçá-la, assim ela colocou os seus por cima dos meus. Não era muito, mas funcionou, assim como sentir o corpo quente dela contra o meu.

Eu acho que ela sabia que eu não iria dizer não a ela, Camila me tinha na palma da sua mão e nem mesmo sabia o poder que tinha sobre mim. Ela também não sabia que momentos como esse acabavam comigo.

Ela se aconchegou no meu abraço, meu rosto encostado na sua cabeça e era uma boa coisa que ela não podia me olhar agora, pois eu estava com o rosto vermelho. Notei que não usava shorts, faz sentido já que só tinha garotas na casa. Notei também que não tinha nada por debaixo da sua blusa.

Se controla Lauren...

"Viu só, você já está quentinha." ela comentou com um leve riso.

Eu engoli seco, eu precisava relaxar. Esse seria um daqueles momentos que Dinah diria algo sugestivo para me fazer voltar a realidade ou algo assim, mas eu estava por conta própria agora.

"Yeah, agora eu não quero sair." brinquei tentando não soar tão nervosa.

"Eu também não." ela disse apertando minhas mãos antes de entrelaçar nossos dedos.

"Se eu pudesse não sairia nunca." Camila comentou depois de um tempo e eu respirei fundo.

"Olha essa vista." ela completou e eu nem mesmo estava olhando para o pôr do sol, que provavelmente já estava quase no fim, eu tinha meus olhos fixos em nossas mãos.

Às vezes eu pensava que estava sendo realmente idiota. Camila não fazia ideia que eu gostava dela mais do que nossa amizade e eu não tinha nenhuma coragem de dizer isso a ela. Na maioria das vezes isso me acalmava quando estava com ela, que fosse melhor se eu deixasse isso acabar ou desaparecer, tudo voltaria ao normal.

Uma vez que tê-la em meus braços dessa maneira não me incomodava mais ela quebrou o silêncio.

"Vamos caminhar?" Camila levantou a cabeça para me olhar.

"Não quero." resmunguei, apertando meus braços em sua volta. "Aqui está bem melhor."

"Deixa disso, Laur!" ela riu antes de fazer beicinho. "Dinah deixou a gente ficar com a cama dela, então eu deixo você dormir de conchinha se isso for assustar seus pesadelos durante a noite."

Ela zombou de quando passei algumas noites sem dormir e ela teve que dormir na minha casa por alguns dias até o medo passar.

Ao invés de deixar aquilo me constranger, eu apenas revirei os olhos e concordei.

"É tão fácil conseguir qualquer coisa de você." Camila riu enquanto ajustava sua blusa e caminhávamos até a praia.

"Só é fácil porque é você quem está pedindo." eu dei de ombros. "Não tem como dizer não para você."

Camila levantou uma sobrancelha. "Mesmo?"

Eu assenti e ela sorriu pensativa.

"Você faria qualquer coisa por mim?"

Eu poderia jurar que havia mais no seu tom quando ela perguntou isso. Ou talvez eu estava sendo paranoica, de um jeito ou de outro isso me causou um arrepio. Às vezes ela não tinha noção das coisas que fazia, como falar daquele jeito comigo e eu tinha que me segurar para não invadir seu espaço e beijá-la. E as vezes ela parecia me dar uma deixa, me confundia profundamente se ela falava sério, e então o momento já era e ela me deixava sem palavras e completamente desorientada.

Mas sim, eu faria qualquer coisa por ela e quando eu digo qualquer coisa, é qualquer coisa. Eu era um fantoche sobre seu controle e ela podia fazer o que quisesse de mim, embora eu sabia que ela tinha boas intenções, mas ainda assim Camila continuava acabando comigo sem ao menos ter consciência disso.

Ela me deu um meio sorriso enquanto esperava e eu assenti francamente.

"É claro que sim!" disse rapidamente, ela levantou uma sobrancelha e eu completei. "Você é minha melhor amiga."

Camila sorriu calorosamente pulando em meus braços e eu a abracei como se segurasse meu mundo.

Tivemos um fim de tarde agradável, eu não pirei quando estava com ela. Eu não pirei quando ela não soltou minha mão enquanto caminhávamos conversando sobre tudo e nada pela praia. Ou quando ficamos deitadas na areia observando o céu estrelado sob nós fingindo entender as constelações, mas isso não importava, apenas aquele momento com ela.

"Vocês são adoráveis." eu ouvi a voz de Dinah, mas parecia distante, então eu ignorei porque estava com muita preguiça de me mover.

Então eu ouvi o som do disparo de uma câmera e só então abri os olhos.

"Sorria!" ela disse quando olhei para ela de pé nos pés da cama com celular nas mãos.

Outra foto.

"Dinah, que merda. Cai fora!" eu resmunguei sonolenta.

"Ally pediu para acordar vocês." ela comentou distraída com celular.

Vocês? Eu franzi o cenho confusa e só então me dei conta onde eu estava. E com quem.

Camila tinha um braço em volta da minha cintura, seu corpo pressionado contra o meu, eu podia sentir sua respiração pesada contra minha nuca. Nossos dedos entrelaçados, seus pés tocavam os meus.

Eu sorri involuntariamente sem me lembrar em que momento da noite isso aconteceu, mas eu estava longe de reclamar. Ou me mover. Eu não queria me mover um centímetro. O corpo de Camila estava quente e aconchegante. Não era a primeira vez que dormíamos assim, mas sempre que acontecia eu não me aguentava de tanta felicidade.

Era o mais perto que eu conseguia ficar dela fisicamente, sem ser estranho onde eu não sentia que estava aproveitando dela. O que na verdade eu meio que estava, mas eu não estava fazendo nada de errado exatamente além de estar deitada ali.

"Você é uma idiota, Lauren." Dinah disse e meu sorriso desapareceu quando olhei para ela. "Você deveria contar para ela."

Eu olhei para ela assustada. "Dinah, quieta!" sussurrei.

"Fala sério, Mila só vai acordar se você jogar ela no chão ou algo assim." Dinah revirou os olhos. "Apenas pare de ser covarde e diz logo o que sente para ela."

"Eu não posso." mantive minha voz o mais baixo possível.

"Você vê tudo errado. Você acha que isso vai arruinar o que vocês já têm quando só pode melhorar." Dinah falava alto e claro e eu queria levantar e dar na cara dela.

Se Camila ouvisse isso seria um desastre.

"Ela gosta de você também." Dinah disse como se ela acreditasse nisso. "Até um cego vê isso."

Eu revirei os olhos irritada. "Ela gosta de mim como amiga, apenas isso, Dinah."

"Meu Deus, Lauren. Mila ama você também!" Dinah disse incrédula, e alto.

Camila apertou o braço em minha volta e remexeu um pouco me puxando para perto, mas eu congelei. Dinah me olhou com sorriso no rosto e eu entrei em pânico. E se Camila ouviu a conversa? Ou o que Dinah havia acabado de dizer?

Mas quando o sorriso de Dinah desapareceu e ela revirou os olhos eu respirei aliviado.

"Ela ainda está dormindo." ela comentou desapontada.

"Cai fora daqui!" eu disse irritada, ainda sussurrando para não acordar Camila.

"Eu vou mesmo ou então eu vou acabar te matando por ser tão trouxa." ela disse me dando um olhar.

Eu suspirei mais uma vez quando ela finalmente saiu.

Quando achei que poderia aproveitar mais um pouco do meu momento com Camila, Dinah voltou e gritou da porta:

"MILAAAAAA!"

Camila acordou assustada, rolando na cama e quase me levando junto quando ela caiu no chão. A risada de Dinah ecoou o quarto, eu peguei um travesseiro e tentei acertar ela, mas ela conseguiu agarrar e mandar de volta e mais forte acertando minha cara.

"Que droga, Dinah!" Camila choramingou, voltando para a cama e massageando sua testa.

Eu analisei e já estava começando a ficar vermelho.

"Ops, eu estava errada, ela tem um sono leve." Dinah me disse sugestivamente e só de pensar que Camila poderia realmente ter escutado nossa conversa fez meu corpo estremecer.

--

Havia se passado uma semana desde que estivemos na casa de praia. Para minha sorte Camila não ouviu nada do que eu e Dinah havia conversado, mas era cada vez mais difícil manter esses sentimentos só para mim e às vezes parecia que eu iria explodir. Camila parecia pior em me provocar sem ter ideia do que estava fazendo realmente. Eu só poderia estar sendo testada ou algo do tipo, e eu não sabia de onde saiu tanto autocontrole da minha parte.


Eu não sabia que horas eram apenas que era tarde, mas não importava. Minhas pernas estavam me matando, meus pulmões queimavam, meu coração parecia sair pela boca, mas eu não parei de correr. Pareceu a melhor ideia na hora, mas agora no meio do caminho eu realmente me arrependo de não ter pego o carro dos meus pais.

Tudo que eu apenas conseguia pensar era em Camila e se eu chegaria a tempo.

Quase vinte minutos correndo e eu achei que iria desmontar quando parasse. Eu realmente estava fora de forma, o que eu iria considerar mudar se eu fosse precisar correr toda vez que recebesse uma mensagem de texto dela, mas depois de dez minutos eu apareci na sua porta e bati na mesma freneticamente enquanto recuperava o fôlego.

"Camz!" eu gritei mais uma vez.

E se algo tivesse acontecido? Onde estavam os pais dela? Eu deveria ligar para eles? Sim, eu definitivamente deveria ligar!

"Camila abre a droga da porta!" eu estava desesperada e mal conseguia respirar.

Quando eu achei que estava prestes a desmaiar a porta foi aberta e o que eu jurava ser a figura de um anjo apareceu.

"Lauren?" Camila me olhou surpresa e logo ao ver o meu estado ela ficou preocupada.

Eu a abracei com força enquanto cambaleava casa adentro com ela. Ela estava bem, ainda assim eu me afastei para analisa-la de perto.

"Laur, o que-" ela questionou enquanto eu segurava seu rosto cuidadosamente.

"Você está bem? Não está machucada? O que houve?" eu questionei apressadamente e ela me olhava cada vez mais confusa.

"Você veio correndo até aqui?" Camila perguntou surpresa.

Eu franzi o cenho encarando-a. Ela estava realmente bem, usava até um pijama com bananas estampado por toda roupa. Não tinha nada de errado com ela.

"Você disse... Você disse que precisava de ajuda." eu respirei fundo para me acalmar. "Você me enviou uma mensagem dizendo que era urgente e depois não me respondeu mais."

"Eu mandei, mas, o que-" ela parou, um sorriso desenhado nos seus lábios. "Você achou que tinha alguma coisa de errado?"

"É claro que sim!" eu disse obviamente e ela sorriu mais ainda.

Ela era louca?! Minha mente era perturbada, eu imaginei os piores cenários desde que recebi aquela mensagem e meus pais provavelmente devem ter mandado a polícia me procurar pelo jeito que eu saí de casa sem dizer nada.

"O que foi?" ela questionou inocentemente.

"Como assim o que foi? Você não pode brincar com uma coisa dessas, Camila!" respondi exaltada.

Ela me olhou um pouco assustada. Eu procurei onde sentar, suspirando aliviada ao descansar minhas pernas.

"Desculpa, eu não achei que fosse nada demais." ela disse baixinho. "Você quem interpretou errado."

Eu encarei ela. Por um segundo acho que ela pensou que eu iria gritar com ela ou algo do tipo, mas pensando melhor, o que ela disse era uma opção.

Eu revirei os olhos e balancei a cabeça, me levantando do sofá.

"Camz.."

Camila finalmente riu, puxando meu celular do meu bolso e facilmente passando pela minha senha de bloqueio.

"Laur, preciso de você aqui. É urgente, não posso explicar agora, por favor não demora!"

Camila leu em voz alta a mensagem que ela havia me enviado meia hora atrás.

"O que houve?"

"Camz?"

"Me responde! Você está bem?"

"CAMILA?!"

"Merda!"

"Eu estou indo!"

Ela continuou lendo o que eu enviei logo depois enquanto segurava o riso e eu não acreditava que havia feito esse papel de novo. Não era a primeira vez que ela fazia isso e eu literalmente saía correndo até ela e não era realmente nada demais.

"Impressionante." ela comentou divertida. "Você chega mais rápido que qualquer outro serviço de emergência."

"Cala a boca." resmunguei pegando meu celular de volta.

Ela sorriu com a língua entre os dentes e não evitei em sorrir largamente ao ver o quão fofa ela era. Mesmo depois de ter feito essa palhaçada comigo.

"Qual é a emergência?"

"Meus pais saíram e eu não quero ficar sozinha."

Eu realmente era uma idiota por Camila Cabello.

Eu olhei para ela confusa. "E por que não disse isso de uma vez?"

"Você viria a essa hora da noite se eu dissesse que só queria que você passasse a noite aqui?" Camila me analisou curiosa por um momento.

Eu quase respondi rapidamente que sim, mas eu não queria ser mais óbvio e apenas assenti para disfarçar.

"Você está certa." fingi estar irritada.

"Por que não chamou Dinah?" eu perguntei sem tentar soar indiferente. Dinah era a primeira pessoa que ela chamava na maioria das vezes.

"Eu quero ficar com você." Camila falou simplesmente sem ter ideia de como isso fez meu coração bater tão forte que era como se eu estivesse correndo de novo.

"Mas você não vai dormir na minha cama sem tomar um banho primeiro." ela completou depois que eu fiquei como uma idiota apenas olhando para ela com sorriso ainda mais bobo.

Camila fez uma careta e eu sorri diabolicamente.

"Ah, qual é. É apenas suor." eu disse me aproximando dela, mas ela deu dois passos para trás.

"Que nojo, Lauren!" ela se afastou mais ainda e eu tentei segurar ela.

"Me dá outro abraço, Camz." eu ri e então olhei pra ela inocentemente.

Camila estreitou os olhos, então ela sorriu antes de gritar, "Só se você conseguir me pegar!"

No mesmo segundo ela correu pela escada e eu não pensei duas vezes antes de correr atrás dela.

Depois do banho Camila praticamente me obrigou a usar um dos seus pijamas. Eu recusava todas as vezes que eu precisava de roupa por passar a noite na casa dela de inesperado e sempre recusava, ou escolhia a roupa antes dela pegar para mim.

Eu não tinha nada contra eles, ela conseguia ficar linda usando eles por mais bobos que fossem, mas eu me senti uma idiota.

"Isso é sério, Camz?" eu questionei apontando para o short, e a blusa de manga cumprida que eu estava usando.

"É para combinar." Camila riu baixinho.

"O que? Somos um milk-shake de banana?" eu zombei ao analisar melhor pequenos milk-shakes estampados pela minha roupa assim como havia bananas no dela.

"O melhor milk-shake de banana." ela disse seriamente.

Eu levantei uma sobrancelha. "Você sabe que tem dezessete anos, não é?"

"Cala a boca e vem pra cama, idiota."

Eu revirei os olhos com uma risada. Camila conseguia ser uma criança fofa e adorável uma hora e uma deusa de mulher na outra, e quando bem quisesse. Eu me perguntava se ela tinha ideia se fazia isso ou era apenas para provocar os seres inferiores que éramos quando estávamos perto dela.

Eu apaguei a luz e fui para a cama. Ela já estava deitada no lado de frente pra porta porque eu não gostava de dormir olhando pra lá. Eu deitei de frente para ela e o espaço desnecessário entre a gente. Apesar do cobertor eu estava fria e apenas queria abraçar ela sem precisar pedir como era antigamente, mas agora eu tenho que calcular e analisar cada movimento antes de fazê-lo para não passar dos limites.

Se é que havia limites. Em uma semana Camila se tornou a pessoa mais pegajosa do mundo, mais do que já era se possível, mas antes eu sabia lidar com isso sem nem mesmo me lembrar que tinha sentimentos por ela ou sem ter Dinah para aparecer e me lembrar isso sendo nada sutil.

Mas antes que eu pudesse decidir o que realmente fazer, Camila me deu aquele olhar de cachorrinho e deitou mais perto, e mais perto. Não era desconfortável, mas não parecia certo em minha mente. Em outros tempos isso seria uma aproximação inocente, mas agora eu podia ouvir meu coração martelando tão alto no meu peito que nem ouvi o que ela disse depois.

"O-o que?"

"Eu perguntei se você não quer que eu te abrace. Você parece estar congelando." Camila repetiu com risinho e eu nem havia notado sua mão na minha cintura onde a blusa não cobria.

"Uh, eu- está tudo bem." eu gaguejei nervosamente.

"Deixa disso, Laur. Pode deixar que eu não vou contar pra Dinah que dormimos de conchinha de novo." ela me olhou com sorriso sugestivo e eu a encarei confusa.

Por que ela contaria isso pra Dinah?!

Camila pareceu ler minha mente e completou. "Eu sei que ela vai ficar zombando de você, e te chamando de bebê."

Eu realmente precisava me acalmar e deixar de pensar que ela tinha alguma ideia sobre meus sentimentos, mas eu não estava mais sabendo lidar com esses sorrisos e jeitos sugestivos.

"Ela é um pé no saco às vezes." eu reclamei quietamente, virando de costas para ela.

Camila riu e se aproximou mais, envolvendo seu braço na minha cintura e acabando com qualquer espaço entre nossos corpos. Seu abraço era tão bom, eu queria nunca sair dele.

"Dinah não tem filtro, você sabe." ela comentou com a voz baixa. "Mesmo assim ela sempre tem razão."

Eu fiquei quieta. Camila nunca duvidou das coisas que Dinah dizia a ela, mesmo que algumas fossem absurdas. Mas Dinah também vivia dizendo sobre meus sentimentos sobre Camila, em outras palavras é claro, mesmo assim parecia óbvio porque Normani e Ally perceberam que tinha algo acontecendo logo de cara.

Só Camila que não percebia nada.

Éramos melhores amigas desde pequenas, mas esses sentimentos eram recentes e às vezes eu queria não gostar tanto dela assim. Eu só queria as coisas como eram porque o medo de perder ela era tão forte quanto amá-la e isso era uma tortura.

"Você está dizendo que eu sou um bebê?" eu perguntei fingindo estar séria antes que ela questionasse meu silêncio.

Ela riu de novo, mais alto dessa vez. Aquela risada que causava borboletas no meu estômago. Eu sorri para mim mesma, ela não podia me ver mesmo.

"Você é definitivamente uma bebê, Laur." Camila disse como se fosse óbvio.

"Cala a boca!" eu resmunguei, dando um tapa no seu braço.

"Outch!"

Eu não precisava olhar para ela agora para ver o pequeno bico nos seus lábios.

"Eu não acho que quero ser melhor amiga de uma pessoa que me agride." ela reclamou e dessa vez eu quem dei uma risada.

"Você não pode reclamar, Dinah faria pior." eu disse.

"É verdade." Camila riu. "Eu acho que tive uma concussão quando caí aquele dia."

"Não teve, você é anormal desse jeito mesmo, Camz." eu ri alto.

"Cala a boca, Lauren!" ela choramingou.

"Você me ama." eu falei convencida.

Ela se aconchegou mais, seu corpo quase que moldando com meu e eu nunca me senti mais segura.

"Eu amo você, Lauren." Camila disse. Sem risada. Sem incerteza. Sua voz era confiante e firme.

É claro que eu já ouvi isso antes. E é claro que significava a mesma coisa obvia de sempre, mas a maneira como ela disse agora fora diferente de todas elas e eu podia sentir.

Ou eu só estava me enganando desejando que fosse diferente.

"E eu não sei o que seria de mim sem você, Camz." eu disse sinceramente. 

Continue Reading

You'll Also Like

803K 24.2K 30
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
1.2M 123K 60
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
1.4M 82.5K 79
De um lado temos Gabriella, filha do renomado técnico do São Paulo, Dorival Júnior. A especialidade da garota com toda certeza é chamar atenção por o...
3.9M 176K 71
📍𝐂𝐨𝐦𝐩𝐥𝐞𝐱𝐨 𝐝𝐨 𝐀𝐥𝐞𝐦ã𝐨, 𝐑𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐉𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐨, 𝐁𝐫𝐚𝐬𝐢𝐥 +16| Victoria mora desde dos três anos de idade no alemão, ela sempre...