2 HÉTEROS NUMA BALADA GLS (20...

FabioLinderoff द्वारा

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Uma das histórias mais famosas do Orkut está de volta em uma edição totalmente revisada. Fábio Linderoff é... अधिक

Fábio Linderoff apresenta
Agradecimentos
Nota do autor
Prefácio
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Epílogo
VERDADE ENTRE CUECAS
FÓRUM

Capítulo 8

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FabioLinderoff द्वारा

                  

Assim que cheguei em casa já começou a putaria.

— Ainda bem que você chegou, né mermão? Esqueceu que é teu dia de lavar a porra da louça? — Disse o Negão levando para sala um prato de pedreiro sem desgrudar os olhos da tv. O Alemão também estava jantando na sala, o Japa estava no quarto estudando.

— Eu sei que é meu dia. — Eu disse já ficando puto. No fundo eu tinha esquecido realmente. Odeio cobranças.

Fui para o meu quarto. Encontrei o Japa largando os livros e abrindo o guarda-roupas.

— E ae Japa, beleza?

— Beleza. Vou tomar banho rapidão pra acordar, amanhã tenho prova e tenho que estudar pra caramba. Vocês vão usar o banheiro?

— Não, pode usar.

Ele pegou as roupas dele e foi para o banheiro. Eu tirei a camiseta, o boné, joguei o chinelo debaixo da cama. Fiquei "a vonts". Daniel entrou no quarto com a mala de roupas sujas da chácara.

— Negão é foda, meu. Eu sei que é meu dia de lavar a louça. Precisa ficar cobrando, caralho? Tá achando que é meu pai agora esse filho da puta.

Daniel abriu a mala e começou a tirar as minhas coisas de dentro.

— Você quer que eu te ajudo a lavar? Você lava e eu enxugo? — Ele ofereceu.

— Porra, seria massa hein. Ia acabar mais rápido, to mó quebradão.

— Foi da hora a chácara né?

— Foi, muito. — Respondi com um sorriso safado.

— Quem sabe a gente repete, né? — Ele disse me olhando de jeito estranho.

— Repetir o quê, véi? — Perguntei me fazendo de bobo — Vamos lá lavar a louça vai, Manezão.

Peguei entre as roupas sujas uma cueca minha. Era a cueca que eu tinha jogado bola na chácara, estava com mó cheiro de saco da porra.

— Pega ae. — Disse jogando a cueca pro Daniel. Ele pegou ela no ar fazendo cara de desentendido — Pode ficar com ela se você me ajudar a lavar a louça.

Disse aquilo e saí, mas de rabo de olho eu vi ele cheirando a cueca disfarçadamente.

Lavamos a louça, relaxamos um pouco no sofá junto com os caras e depois de um banho gostoso deitei na cama e capotei. No outro dia fui trabalhar com uma puta preguiça. Fazia duas semanas que eu não ia pra academia. Eu gostava de malhar, mas eu era e sou muito preguiçoso. Estava fechando o caixa da loja tarde da noite quando meu pai me ligou no celular. Ele queria que eu fosse com ele e minha mãe para Araraquara visitar um tio meu que fora internado e aproveitar para rever um outro tio meu que morava em Maringá, no Paraná, e estava em Araraquara para visitar o doente. Fazia tanto tempo que não fazia esse tipo de entretenimento familiar que acabei topando, apesar de achar esses passeios de família um verdadeiro porre.

A semana passou tão devagar pra mim que eu achei que tinha trabalhado duas semanas sem folga. Quando chegou minha folga eu nem acreditei. Eu folgava aos domingo de 15 em 15 dias. E naquela semana minha folga tinha caído no sábado, isso significava que eu ia ficar sábado e domingo em casa.

Sábado de manhã eu acordei preocupado com minhas notas baixas. Tinha tirado 6 em um trabalho e 0 no outro porque esqueci de entregar e o professor filha da puta não deixou eu entregar depois. Com certeza minha mãe ia perguntar sobre minhas notas e se soubesse daquilo Aff Maria, seria mais encheção.

Estava arrumando minha mala para ir pra casa dos meus pais quando eu ouço a campainha tocar duas vezes e alguém berrar:

— Carteiro!

Saí e fui ver o que ele queria. Era uma caixa endereçada a mim. Achei estranho. Assinei a confirmação de recebimento, agradeci o cara e fui pra dentro de casa. Na embalagem tinha o meu primeiro e último nome, Fabio Linderoff, meu endereço, tudo. Mas no remetente nada havia exceto por uma única letra "P".

Não podia ser o que eu estava pensando. Será que era uma correspondência do Paulo para mim? Comecei a viajar, achei estranho. Tudo bem que ele sabia meu nome e endereço, mas ele tinha sumido. Não mandava notícias nem nada. Eu com todo o meu orgulho besta também não o procurava. Mas achar que aquele "P" era de Paulo soava como se eu estivesse começando a entrar em paranóia. Fazia exatamente uma semana que tínhamos trocado um beijo dentro do carro dele.

Fui para o meu quarto, sentei na cama e comecei a abrir aquela caixa. Dentro havia um folheto com propaganda política e um objeto embrulhado em um plástico bolha.

Peguei o panfleto e vi que realmente se traestava de uma propaganda política. Achei muito estranho. Virei o papel e na parte branca reparei que tinha algo escrito a mão com caneta cor azul bem no canto superior esquerdo: "NÃO CONSIGO TE ESQUECER, CABEÇÃO"

Eu abri um sorriso tão largo que se fosse possível meu rosto rasgaria de tão grande era meu sorriso de alegria. Só uma pessoa me chamava daquele jeito. Meu olho na hora encheu de água. Fiquei tão feliz que a minha vontade era de berrar até por os pulmões para fora. Peguei o objeto envolto em plástico bolha e o abri. Era um rechaud feito de pedra sabão na forma de concha e uma essência de canela. Era um presente do Paulo pra mim. Fiquei tão feliz que fiquei bobo o resto do dia.

Antes de sair e ir pra casa do meu pai, coloquei o rechaud no bufê da cozinha, acendi a velinha, e coloquei a essência. Enquanto lavava a louça da janta do dia anterior fiquei sentindo o aroma do presente que o Paulo me dera. Era um cheiro delicioso, me lembrava o natal.

Dentro do metrô, dentro do carro do meu pai e mesmo depois que cheguei na casa dos meus pais eu ainda estava feliz e pensando fixamente em Paulo. Ele de fato tinha ido pra praia e tinha dado um jeito de mandar um presente para mim dizendo que embora ele estivesse lá na praia com a mina dele, seu pensamento estava em mim. Percebi que tínhamos uma conexão. E talvez ele não fosse tão filha da puta quanto eu pensava, né? De São Paulo a Araraquara eram 4 ou 5 horas de viagem mais ou menos, meu pai andava feito uma mula então se dependesse dele chegaríamos só no ano novo. Fomos ouvindo música sertaneja que eles tanto gostavam e eu odiava. Fui respondendo aos inquéritos da minha mãe e ouvindo os conselhos do meu pai. Sentia vontade de ter um irmão pra dividir a encheção.

Chegando lá recebemos o caloroso abraço de minhas tias e tio com gritos e apertões. Meu outro tio estava internado com câncer no pulmão porque fumava feito louco. Apesar da barra pesada, minha tia estava bem ou aparentava pelo menos. Eles não eram um casal romântico. Tinham virado amigos com o tempo, logicamente era difícil para ela, mas também era melhor ele estar no hospital cercado por profissionais e especialistas no assunto do que passando dor e enchendo o saco em casa. Esses meus tios de Araraquara nunca tiveram filhos. Já para minha surpresa, meus tios que vieram de Maringá trouxeram meus dois primos, Carlos e Fernando. Carlos tinha 14 e Fernando 16. A última vez que eu os tinha visto eram ainda crianças. Foi uma vez que fomos nas férias da empresa do meu pai e passamos duas semanas no Paraná. Eu nem trabalhava naquela época, só estudava. Lembro que nos dávamos muito bem e passávamos o dia brincando de jogar bola na rua, soltando pipa no morrão e brincando de carrinho com os vizinhos da rua deles. Vê-los ali com os rostos tão diferentes era de assustar. Eu estava ficando velho e eles estavam ficando boa pinta. Nos cumprimentamos com apertos de mãos timidamente e não trocamos muita idéia. Sempre tem essa timidez quando passamos muito tempo sem ver uma pessoa, né?

Almoçamos lasagna 4 queijos que minha tia fez, de mistura tinha frango a passarinho e bife a milanesa. Pra beber coca-cola no ponto certo de gelada. Aquele que você dá o primeiro gole e já vem aquele arroto borbulhante e gostoso.

— Saúde! — Disse meu tio depois do arroto que dei na cozinha.

— Mas meu Deus, o que é isso, Fabio? Desculpa Toninho, mas essa não foi a educação que dei pra ele. Acho que depois que ele foi morar sozinho ficou assim...porco!

Meu pai e meu tio riram, minhas tias ficaram quietas e minha mãe me fritando com os olhos. Peguei meu prato de comida e fui comer na sala, meus primos já estava lá.

Sentei no sofá, eles estavam com os pratos no colo e assistindo TV. Sentei no outro sofá de indiozinho, coloquei uma almofada em cima do meu colo e o prato em cima da almofada. O copo de coca ficou no chão mesmo.

— E ae cambada, como é que está Maringá? — Perguntei pra quebrar o gelo.

— Está a mesma merda. — respondeu Fernando com o timbre de voz estranho de quem está deixando de ser menino para ser homem.

— O Fe detesta Maringá, queria morar em São Paulo. — O irmão mais novo respondeu. Ele era mais simpático.

— Vai pra São Paulo então, caralho. — Sugeri.

— Quando eu começar a trabalhar eu vou mesmo. E você está namorando? Estudando?

— Estudando, trampando e trepando. Namorando não.

Carlos, o mais novo, deu risada.

— Trampa onde? — Fernando perguntou.

— Trampo em uma loja dentro de um Shopping lá em Santo André.

— Ah da hora. — ele disse.

— Da hora nada. Não tem folga direito, ganha pouco, tenho que atender muita gente chata.

— Pelo menos você pode ficar trocando idéia com as gostosas que andam no Shopping.

— É meu velho, os banheiros daquele Shopping tem história.

Eles riram.

O dia transcorreu super bem. Esqueci da vida. Esqueci da facul e do meu trampo. Mas do Paulo não. As vezes ele me vinha na cabeça, mas eu disfarçava pra não dar na cara que eu estava feliz. Depois do almoço, conversamos um pouco, saímos pra ir a uma sorveteria. Quando voltamos eu deitei no sofá maior, o Fernando no menor e Carlos no chão. Eles tinham levado uns DVD's pirata e assistimos Jogos Mortais e Velozes e Furiosos. Gostei mais de Jogos Mortais. Os velhos todos foram visitar meu tio no hospital e eu fiquei de boa com meus primos, comendo besteira e assistindo TV. Sentia que eu tinha voltado a ter meus 10 anos de idade quando não via a hora de ir para a casa dos tios pra brincar com meus primos.

— Coitado do tio, né? — Carlos, o menor disse uma hora.

— Coitado porque? Tá lá no hospital com gente cuidando dele. — O irmão dele respondeu.

— Dá dó mesmo. Mas também ele fumava só que a porra, mano. — Eu completei.

— Você fuma? — Fernando perguntou.

— Já fumei quando tinha a tua idade, mas depois parei. Não curto o cheiro do cigarro. E vocês fumam?

— Não. Se a mãe pega né Fe? Mata a gente. — Carlos respondeu.

— Já fumou maconha? — Fernando perguntou.

— Já. De vez em nunca eu fumo quando saio com os camarada, mas eu comprar pra fumar não. Só dou uns pega.

— É bom? — Ele continuou.

— Não é ruim, mas bom como as pessoas dizem que é também não é não. Pra mim é normal, sei lá.

— A minha mãe vive dizendo que se a gente algum dia fumar maconha a gente vai acabar comendo pilha de controle remoto igual aquele cantor, sabe? Né, Fe?

— A mãe é mó idiota Carlos, se liga.

Fernando tinha vergonha da inocência do irmão. Não agüentei, dei muita risada, Fernando tentou segurar, mas não conseguiu e Carlinhos seguiu o exemplo e nós três, rimos muito comparando o jeito que as nossas mães tinham de pensar.

Nossos pais chegaram e como todos os velhos, já queriam ir dormir. Minha mãe então, nem se fala. A casa dessa minha tia era um sobrado. No andar de baixo ficava a cozinha, o lavabo e a sala e no segundo andar dois quartos e um banheiro. Para dormir, minha tia jogou um monte de cobertor no chão da sala para que eu e meus dois primos pudéssemos dormir juntos. No quarto da minha tia dormiu ela e meu tio do Paraná que eram irmãos e no outro quarto dormiu a esposa dele e meus pais. Os velhos capotaram e a gente, deitados no chão da sala, ficamos assistindo TV. Na Globo estava passando Criança Esperança naquele dia. Era quase de madrugada já.

— Afe Fe, tira dessa merda. — Eu pedi.

Ele foi zapeando e passou pela Band onde estava começando um filme da Emmanuelle, filme erótico.

— Deixa ae, deixa ae. — Disse o Carlos dando risadinha.

— Não sabe nem bater punheta direito e quer vê filme pornô? — O irmão dele disse querendo zoá-lo pra se aparecer.

— Vocês são virgens? — Eu perguntei.

— Eu sou. — Carlos se adiantou admitindo.

— E você Fe? — Perguntei.

— Já fiquei com várias minas já. — Ele respondeu, olhando fixo pra TV.

— Ficar é uma coisa, trepar é outra. Eu perguntei se você já transou. Se já comeu um bucetão?

Carlos riu.

— Comer não, mas uma mina já pegou no meu pau. — Ele confessou.

— Por cima da calça. — Carlos complementou dando mais risada.

— Foda- se, mas pegou.

Eu dei risada dos meus primos caipirinhas. Realmente eles precisavam vir morar em São Paulo, as pessoas aqui são mais maliciosas.

— Então você nunca namorou?

Ele balançou a cabeça afirmando que não.

— E você come muita mina? — Ele me perguntou.

— Não muitas. — Eu disse.

— Viu, troxa. — Fernando disse dando um cutucão em seu irmão — Você acha que é fácil comer as minas? Ele que mora em São Paulo que é onde todas querem dar está pastando pra comer...imagina eu lá em Maringá.

Segurei o riso.

— Quando foi a última vez que você comeu uma mina? — Carlos perguntou todo feliz.

— Semana passada.  — Respondi.

— Foi da hora? — Fernando perguntou.

— Conta ae como foi, vai. — Carlos disse virando de bruços pra prestar atenção em mim. Na certa estava de piroquinha dura já e estava tentando esconder.

—  Ah foi da hora, foi em uma chácara, comi ela dentro do vestiário.

— Que da hora hein. — Fernando disse largando o controle remoto sobre a cobertor e colocando as mãos pra dentro dele. Estávamos os três cobertos. Percebi que a mão dele foi direto pro pau dele onde ele deu um apertão.

Fernando, o maior até que era bonitinho. Era menor que eu. Moreno do cabelo bem preto e liso, a franja lhe alcançava o nariz, estava deixando o cabelo crescer. Usava aparelho nos dentes, já tinha visto que tinha a canela bem peluda. Já o Carlos era uma versão dele em miniatura, tinha o cabelo batidinho, tinha cara que ia dar muito trabalho com a mulherada quando crescesse mais um pouco.

— A gente estava na chácara, velho do céu, que lugar loco! Bonito "pacarai", sabe...—  Comecei. Até eu estava começando a me excitar com a lembrança do que realmente tinha acontecido.

— Qual era o nome da mina que você comeu?

— Tábata — Menti — Levei ela para o vestiário, estava suadão, saca? Ela ficou loca, mulher gosta dessas paradas de cara fedendo, elas ficam molhadinhas.

Carlos deu uma risadinha nervosa. Fernando apertava o pinto enquanto prestava atenção.

— Nossa ela era morena, cabelão preto assim da cor do teu assim — Apontei para o cabelo do Fernando — Tirei a roupa dela no vestiário e ali foi. Pronto.

— Fala mais, Fabio. — Carlos pediu.

— Conta aí os detalhes. — Fernando pediu.

— Afe meu, só de pensar na Tábata já fico de pau duro. — Eu falei.

— Eu to de pinto duro também. — Carlos acrescentou.

— Você também está, Fe? — Perguntei pro mais velho, o que estava deitado entre eu e Carlos.

Ele fez que sim com a cabeça timidamente.

— Eu conto como foi, mas antes — Eu disse arrancando meu shorts junto com a cueca sob a coberta e joguei em cima do sofá — Eu tenho que ficar a vontade.

— Você é louco e se a tia desce aí? — Fernando perguntou.

— Ela senta ae aqui pra ouvir a história também. — Eu disse sorrindo.

Carlos riu alto. Fernando fez ele calar a boca com um "ssshhh" estúpido.

— Vocês vão ficar tudo de roupa? — Perguntei.

Fernando ficou com vergonha e respondeu:

— Só conta aí a história rápido pra gente ir dormir vai.

— Não. Se vocês estão com sono podem dormir. Vou assistir TV. — Respondi bem estúpido.

— Viu o que você fez! — Carlos falou dando um murro em Fernando — Conta aí, Fabio.

— Eu vou fazer o seguinte. Estou com uma puta sede. Vou lá na cozinha beber água e quando eu voltar eu quero ver os dois peladão igual eu. Se estiverem eu conto, senão a gente dorme.

E dito isso eu sentei, tirei minha camiseta velha de dormir e joguei no sofá. Meu rego estava a mostra, mas nem liguei. Queria me exibir pros meus primos. Joguei meu cobertor em cima do Fernando e levantei. Eles fixaram o olhar no meu corpo, não virei de frente, dei meia volta e fui peladão para a cozinha.

— Ele é louco. — Ouvi Carlos dizer bem baixinho.

Na cozinha eu olhei para os meus pés descalços enquanto o copo enchia de água. Meus pés, meus passos, minha caminhada até ali na minha vida. As coisas estavam tomando um rumo estranho. Em menos de um ano eu tinha ido numa balada GLS, tinha beijado um cara, chupado esse cara, tinha dado a rola pra um amigo firmeza chupar e tinha lambido e comido o cu de um outro cara. E agora eu estava ali com meus primos. Estava me sentindo um pedófilo, meu primo só tinha 14. Apesar que com 14 anos eu já tinha doutorado nas brincadeiras de criança. Mas até aí eles eram dois caras, dois moleques, da minha família ainda por cima. Será que eu estava incentivando eles a irem pra uma enrascada? Pra um caminho errado? Comecei a ficar com aquele drama de consciência. Não estava nem mais sentindo tesão de nada. Bebi minha água e voltei pra sala.

Carlos chacoalhou a roupa com uma cara de alegria. Ele estava nu. Seu irmão não. Parei em frente deles peladão. Aí não teve como eles não olharem pra mim. Tentavam sustentar o olhar no meu rosto embora eu soubesse que a vontade deles era de olhar minha rola.

Dei risada, vesti meu shorts e cueca e deitei.

— Se veste ae Mané. Era zoeira porra.

— Sabia que ele estava zoando — Fernando respondeu.

— Vai se foder. — Meu priminho ficou fodido.

— Afe gostaram de ver o primão peladão né seus gayzim? — Eu perguntei dando risada.

Carlos nem respondeu.

— Pelo menos vai contar os lances? — Fernando perguntou.

— Um outro dia quem sabe né? — Respondi virando para o lado oposto ao dele — Boa noite ae cambada.

Virei e fiquei olhando o sofá com o olhar perdido. O que será que estava acontecendo? Era macho, mas tinha queda em querer ficar fazendo os meninos ficarem me olhando, me pegando. Sentia uma certa atração não tinha como negar. Mas e se isso viciasse? E se dali um tempo eu estivesse indo em balada GLS igual aquele mala que deu em cima do Paulo certa vez? Nem amigo gay eu tinha para começar. O único que se mostrava solícito em ouvir minhas histórias era o Daniel. Mas ele eu não podia contar porque eu tinha a leve impressão que ele estava começando a ficar  afim de mim, que já não era mais só "pegação" como diria o Marquinhos. E sendo assim eu não ia fazer nada para despertar esse interesse no moleque. Se ele fosse viado, que fosse arrumar as pica dele pra lá... em balada, sei lá onde, qualquer lugar longe de mim. Mas e o Paulo hein? Que parada era aquela, véi? Que doidera, mano! Já pensou se alguém descobrisse que eu já tinha chupado um pau? Sempre que eu começava a lembrar disso eu ficava com nojo. Era um nojo sem explicação. Não era nojo do Paulo, mas de mim. Será que ele me via como um viadinho? Era um desconforto. Na hora do tesão era aquela curtição, mas bastava eu gozar pra crise de consciência bater. Apesar que eu sempre fui assim. Quando era mais novo curtia pegar uns VHS de filmes pornôs emprestado. Quando ninguém estava em casa, lá estava eu descascando a banana em cima do sofá. Bastava eu gozar pra eu desligar o vídeo na hora. Detestava ver aquilo depois que eu gozava. Sei lá porque.

Aos poucos o tempo foi passando e não demorou muito para desligarem a TV e depois de um tempo eu ouvir a respiração profunda do Carlos. Já tinha capotado. Fernando não fazia barulho e eu estava ali, longe pra caralho de casa, do Paulo, de tudo e pensando essas merdas. Mas eu estava ali do lado do meu primo. Ele estava virado pro meu lado, quase me encoxando. Não sei porque, mas aquilo começou a me excitar de novo. Foda-se esse lance de filosofia do caralho.  Sem olhar pra trás eu fui caminhando com minha mão bem lentamente pelo cobertor. Passei pelo chão todo acolchoado até encontrar um dedo dele. Encostei na mão dele sentindo seu calor. Ele não se moveu. Minha mão abraçou a mão dele quase que inteira. Comecei a trazer a mão dele de vagar pelo caminho de volta. Era impossível o cara estar dormindo, tendo um outro puxando sua mão. Mas se ele quisesse bancar o sonâmbulo, foda-se, eu queria gozar com ele dormindo ou acordado. Passei a mão dele pela minha cintura, subi passando pelo meu peito. Parei a mão dele perto do meu mamilo. Ele mexeu o dedo de leve, meio que fazendo carinho no meu mamilo. Estava acordado o filho da mãe. Não falávamos uma palavra. Seu irmão, meu outro primo, ressonava ali do lado.  Passei a mão dele pelo meu peito e comecei a descer. Passei o dedo indicador dele pelo meu umbigo, fiz ele sentir os pelos do meu caminho da felicidade. Comecei a ficar nervoso, com taquicardia de tesão, não sei se já sentiram isso. Continuei com a minha mão presa a dele, estávamos quase abraçados. Peguei a mão dele e deslizei lentamente mais para baixo. Ele não resistiu. Passei por baixo dos elásticos do shorts e da cueca e fiz ele sentir com a ponta dos dedos os meus pelos. Em seguida levei a mão dele até meu pau. Ele não fazia movimentos bruscos. O tonto queria que eu pensasse que ele estivesse dormindo ainda. Coloquei a mão dele no meu saco e em seguida tirei minha mão. Deixei a mão dele lá pra ver o que ele ia fazer.

Aos poucos senti seus dedos se mexendo, começou a fazer carinho no meu saco. Em seguida pegou no meu pau e começou a aprtá-lo para me deixar com tesão. Meu pau que já estava meia bomba ficou duro. Ajudei meu primo puxando o shorts para baixo e liberando meu pau. Ele começou a bater uma pra mim. Todos em silêncio. Ele não era canhoto então a punheta estava uma merda. Virei de barriga para cima e ai ele começou a bater um pouco melhor.

— Você quer chupar? — Perguntei cochichando.

— Não... sei. — Ele respondeu quase sem voz.

— Vai lá. — Pedi.

— Tabom. — Ele respondeu e começou a escorregar para debaixo das cobertas.

Coloquei minhas mãos atrás da cabeça e fiquei ali estiradão. Não dava pra ver nada além daquele volume de cobertas estranho na altura da minha cintura. Era o Fernando indo me chupar. Senti que ele pegou meu pau ergueu e no outro instante senti um calorzinho úmido. Na hora comecei a sentir um tesão descomunal. Até que ele chupava gostosinho. Pelo menos eu não sentia os dentes dele me machucando, então estava ótimo. Comecei a sentir aquele tesão que faz com que o quadril comece a fazer um vai e vem meio que instintivo. Quando ele percebeu que eu comecei a bombar ele deitou a cabeça dele na minha barriga e ficou ali de ladinho recebendo o vai e vem. As vezes ele parava para respirar e logo continuava.  Olhei para o lado e meu outro primo lá capotado, dormindo. Eu estava em transe já. A coisa que eu mais gosto é que façam boquete em mim. As vezes não precisa nem me dar, apenas um bola gato bem feito me deixa satisfeito. Já estava vendo que daquele jeito eu não ia gozar nunca. Decidi bater uma. Ele estava batendo também. Descobri isso porque ele grudou na minha perna igual a um cachorro e senti o pau dele na minha canela. Enquanto eu batia, ele deixou a língua pra fora. A ponta da língua bem na ponta da cabeça do meu pau. Aquilo me deu um tesão que não demorou muito e comecei a sentir aquele arrepio.

Tirei o pau da boca dele porque ia ser muita mancada gozar na boca do meu primo. Apontei minha vara pro teto e deixei a porra sair melando o cobertor e descendo da ponestá do meu pau pra encharcar meus pelos. Não demorou muito e eu senti a porra quente do meu primo na minha canela. Limpei meu pau com minha cueca mesmo. A canela esfreguei no cobertor. Logo meu primo subiu e deitou a cabeça no travesseiro.

— É segredo hein Fabio. Se minha mãe descobre...

— Relaxa, véi. A gente é primo, isso é mó normal. Todo mundo faz.

Ele não respondeu. O gozo pra mim é um sonífero. É só eu gozar pra eu dormir feito uma criança. E foi o que aconteceu. Nunca soube se Fernando ficou acordado, dormindo, se tinha gostado, se repetiu a dose com outra pessoa. Aquela foi a primeira e única vez que aconteceu algo entre a gente.

No outro dia,claro, foi como se nada tivesse acontecido. Acordamos tarde, tomamos café tarde, meu tio assou umas carnes na churrasqueira e tudo isso com aquele típico papo de 10 milanos atrás...de quando éramos pequenos, das confusões em festas de aniversário, a época de infância dos velhos. Papo chato pacarai. Deu umas quatro da tarde e decidimos ir embora. Graças. Despedimos de todo mundo com abraços e beijos. Eu e meu primo trocamos apertos de mãos e com uma troca de olhar firmamos um segredo eterno.

— Falou, Fernando.

— Falou, Fabio.

Fomos embora.

A pedidos de minha mãe, dormi na casa dos meus pais. Lá tinha o meu bom e velho PC. A noite entrei no Orkut. Entrei no perfil de Paulo. A foto do perfil era ele com a Tati. Entrei no álbum dele e tinha uma foto deles abraçados na praia com a legenda: S2 AMOR DA MINHA VIDA S2. Olhei aquilo e não acreditei. Aquele "amor" me pareceu tão falso. Como podia uma pessoa agarrar uma outra como ele fez comigo e ir pra praia com a namorada como se nada tivesse acontecido? Como podia por uma foto daquela no Orkut? Aliás no álbum dele só tinham eles juntos. Todas as fotos. Todas. Um colega dele me chamou a atenção e eu cliquei no perfil dele, abri seu álbum e lá estava mais um com a namorada. E naquele momento não teve como não pensar: "Será que esse cara ama mesmo essa mina? Será que por trás de um relacionamento normal não está escondendo um desejo reprimido que as vezes ele sacia ficando com outros caras?" Será que o mundo estava tão louco assim? Desliguei o PC e deitei na cama. Dormi.

No dia seguinte tomei café da manhã que minha mãe caprichou por eu ter dormido lá e quando deu umas 9 horas eu saí. Meu pai me deixou na Estação Santana do Metrô. Peguei o metrô e no fundo eu me sentia vazio. Olhava para as pessoas no trem e pensava "quantos desses casais que eu to vendo aqui, são casais 'normais' mesmo?" Aquilo já estava me fazendo pirar. Desci na Estação Jabaquara e peguei o troleibus (ônibus elétrico). Ele foi do Jabaquara até Diadema e lá fiz baldeação para Santo André. O ônibus me deixou na porta do shopping. Depois de dois dias em casa voltar a trampar é um saco! O dia demorou horrores pra passar. Ainda bem que a gerente não tinha chegado ainda porque cheguei atrasado aquele dia. Ela tinha ido fazer terapia. Coitada da Vilma. Depois de vinte anos de casamento, teve que pedir divórcio e o motivo ela não revelava. Pra mim era questão de chifre, se liga...mas eu que não ia pergunestar. Era pago pra vender roupa, a vida pessoal dela eu queria que se fodesse. Mas aquele lance de fazer terapia ficou na minha cabeça. Mas logo tentei esquecer. Fazer terapia significava ter que me abrir para alguém. E eu jamais iria confessar em sã consciência que eu tinha tido um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo. Mesmo ela sendo uma profissional e se ela achasse que eu era gay? Eu ia odiar ser rotulado como gay.

Fui do trampo pra facul e da facul pra casa. Chegando lá, entrei no meu quarto e joguei as coisas em cima da cama. Olhei para o criado mudo sentindo falestá de alguma coisa. O presente do Paulo. Lembrei que deixei ele na cozinha. Fui até lá e não estava sobre o bufê. Acho que eu tinha colocado dentro do guarda-roupas pros caras não mexerem. Fui lá, abri meu guarda-roupas e cadê o barato? Abri a gavetinha do criado mudo, nada. Abri minha mochila pra ver se eu não tinha levado comigo e nada. Parei e pensei: "eu não to ficando louco. Deixei esse barato em algum lugar aqui em casa". Fui até a sala e não vi sobre a rack. Voltei pra cozinha e procurei sobre os armários, em cima da geladeira, nada. Olhei pro lixo da pia. Caminhei até devagar, fui até lá e abri o lixo. Nada. Encostei na pia, fodido. Cadê aquela merda? Olhei perto do fogão. Ali tinha outro lixo, um desses que a gente pisa e a tampa abre. Fui até lá. Pisei. A estámpa abriu. Vi um monte de lata de cerveja, restos de comida e uma lasca de um objeto que lembrava uma concha. Me deu até um frio na espinha. Fucei no lixo não querendo acreditar que alguém dentro daquela merda de casa tinha quebrado o único presente que eu tinha ganhado do Paulo em toda a vida. Mas para a minha infelicidade era sim. O presente que Paulo me dera estava todo arregaçado, quebrado em três partes. Fiquei puto, mas tão puto que minha mão começou a tremer de ódio manja. Rangi os dentes e senti aquele nó na garganta. Deixei aquela merda quebrada dentro do lixo e fui para o banheiro. Peguei uma toalha, sentei no vaso, me curvei socando o rosto na toalha e aquele dia eu chorei. Chorei de soluçar.

Chorei de ódio. Era muito raro eu chorar, mas desde que o Paulo tinha entrado na minha vida aquela já era a segunda ou terceira vez que acontecia. Chorei de arrependimento de ter deixado a bagaça em cima do bufê (armário). Como fui burro! Até parece que aquele bando de animal ia ter cuidado. No mínimo tinham tentado enfiar no cu e na tentativa quebraram o presentinho. Mas que merda! Eu nem queria saber quem foi porque eu ia socar. Depois de chorar, me levantei e olhei no espelho. Estava uma merda, claro. Tirei a roupa e tomei uma ducha pra acalmar. Mas o olhar de choro permaneceu, mesmo sem eu querer.

Saí do banheiro e fui direto para o quarto. Não queria ver a cara de ninguém. Pensei comigo "vai lá pegar o treco e tente colar". Mas já tinham quebrado, mesmo que eu pegasse e colasse não era a mesma coisa. Era de pedra sabão. Eu que não ia ficar remendando o estrago que aquele bando de filha da puta tinha feito. Bando de animal cretino. Tentei não pensar muito naquilo. Deitei e dormi.

Aquela semana foi uma merda. Lembro até agora como demorou pra passar, mas como tudo na vida...passou. Evitei de conversar com todo mundo. Ficava na minha mesmo. Cara de cu mesmo. Comia sozinho no quarto. Quando um chegava, eu saía. A convivência já estava ficando meio que insuportável. Mas eu fiquei na minha. Nem fui tirar satisfação com ninguém. Sou do tipo que acredita que a verdade sempre aparece. Um dia eu saberia e me vingaria do desgraçado. A semana toda foi assim: da goma pro trampo do trampo pra facul da facul pra goma. Só. Até com Daniel eu não conversei muito. Só conversava o necessário. Um dia eu estava descendo a rampa da Meto (Metodista=faculdade) sentido portão de saída quando sinto alguém pôr a mão no meu ombro. Era o Daniel.

Ele veio do meu lado e perguntou:

— Vamos passar no boteco aqui da frente e beber uma?

Olhei para ele e sem dizer que sim nem que não fui andando.

— Que foi, hein?

— Deixa eu, vai Daniel.

— Porra Mané ce só me dá patada, véi. Tudo que eu falo você vem com três pedras na mão. O que foi que eu te fiz?

Olhei pra ele, pensei e disse uma única coisa:

— Vamos lá no boteco tomar uma vai.

Aquele dia eu ia tirar aquela história a limpo.

— E ae, foi da hora a viagem que você fez para Araraquara?

— Normal. Parada de família né, véi. A mesma merda de sempre. Me fala uma coisa Daniel, você ficou ae na goma no final de semana?

— Não. Fui pra Campinas ver meus pais. Aniversário da minha avó. A véia já está igual a Dercy Gonçalves, está no bico do corvo, mas não morre de jeito manera. Mas porque está perguntando?

— Sabe o que é...eu ganhei uma parada de uma mina. Um rechaud em forma de conchinha, se liga. Deixei em cima do bufê...

— E você achou quebrado no lixo.

Até soltei o copo. Se ele admitisse que foi ele, quebraria a garrafa de cerveja na testa dele ali mesmo.

— Mas ó, eu não tenho nada a vê com essa parada ae não.

Me acalmei um pouco.

— Quem quebrou foi o Negão. — Ele dedou.

— Preto filho da puta. — Soltei sem pensar.

Eu nunca tive e não tenho nada contra negros, pelo contrário. Mas é que eu fiquei com tanta raiva que foi a única coisa que me veio a boca. Se ele fosse gordo pensaria "gordo filho da puta" e assim por diante.

— Porque ele fez isso, véi? Ele sabia que a parada era minha?

— Que nada, Mané. Ele estava breaco (bêbado). Ele comprou uma garrafa de José Cuervo (tequila) e encheu o caneco com o Japa e o Alemão. Quando eu cheguei eles estavam zoando o barraco na cozinha. Ele foi pegar o pano de prato e sem querer deixou o barato cair no chão. Não foi de propósito.

— Bando de filhos da puta esses caras.

— Mas a parada era tua mesmo? Nem sabia.

— Era um presente já falei. Afe mano, não vejo a hora de ralar peito daquele lugar. Tenho que achar uma outra goma. Agora que você me falou isso a minha vontade é chegar lá e por fogo naquela merda toda.

Ele só me ouviu. Não disse uma palavra. Tomamos mais uma e saímos fora.

Mas e se o Daniel estivesse mentindo para mim? Mil coisas passaram pela minha cabeça. Mas cheguei a conclusão que eu já estava pegando muito no pé do Daniel. Dei um voto de confiança pro cara confiando nessa parada que ele tinha me contado. Eu estava com raiva dos caras que quebraram o bagulho que eu ganhei, mas quem havia me dado estava desaparecido. A última vez que vi e falei com Paulo foi quando a gente se despediu com um beijo a milianos atrás. Ele também era foda né. Nem sinal de vida dava. Só ali me toquei que desde que recebi o presente eu não tinha ligado sequer para agradecer. Mas também era melhor assim. E se eu ligasse e ele pensasse que eu estava com segundas intenções, sei lá. Eu não queria pagar de princesa agradecida pelo barato que ele tinha me dado. Mas também era muita putice minha nem agradecer o cara.

Assim que chegamos em casa, Daniel entrou. Eu fiquei na varanda. Peguei o celular, respirei fundo e procurei o Paulo na lista de contatos. Apertei o botão verde. Li no visor: "Paulo Chamando". Não demorou e logo ouvi:

— Alô?

— Alô, Paulo?

— E aí Fabio, beleza?

— Firmeza e você?

— Tudo certo.

Silêncio. Senti que o Paulo estava seco pra caralho comigo no celular.

— To ligando pra agradecer pelo baguiu que você mandou pra mim.

— Ok.

Silêncio. Achei estranho. Que mané "ok" era aquele?

— Está com gente ai do lado? — Perguntei. Esse só podia ser o motivo para esta indiferença no tratamento com alguém que ele agarrou e deu um beijo.

— Depois a gente se fala, bele? — Ele disse.

— Beleza. Falou.

— Falou, véi. — Ele disse e desligou primeiro.

— Tóma troxa. Sou um Zé ruela do caralho mesmo. — Pensei alto.

Esperei o "depois" e ele não veio. Fiquei até uma da manhã acordado esperando o puto ligar. Fiquei só na esperança.

No domingo, meu milagroso dia de folga, eu levantei de pau durasso. Todo dia isso acontecia, mas naquele dia o pau chegava a empurrar o elástico do shorts pra frente. Não era pra menos, desde o churras em Rio Grande da Serra que eu não transava. Por mais que a gente bata uma nunca era a mesma coisa. O lance com meu primo nem contava, foi só fast fuck. E outra se eu começasse a pensar no meu primo eu ficava mal. Ficava pensando que a gente tinha o mesmo sangue, conhecíamos um ao outro desde criancinha e tals e me dava nojo. Levantei e já tive o primeiro motivo pra ficar puto. O Alemão tinha usado o banheiro e tinha deixado um puta cheiro de merda que infestou a casa inteira. Isso não era o pior. Ele não tinha dado descarga direito e um dos meninos que ele levou pra nadar estava lá morrendo afogado preso no fundo da privada. Cobri meu nariz com a camiseta e fiquei respirando pela boca. Alemão porco do carai. Dei descarga. Ufa o monstro sumiu chão abaixo. Mijei, escovei os dentes, lavei o rosto e saí. Dei de cara com o Alemão com umas revistas de carro na mão.

Já fui com os dois pé no peito:

— Porra Alemão quer matar a gente com esse cheiro de merda?

— Sai fora Fabinho, tu caga flor é?

Fiquei quieto. Ia falar o que? Merda era merda mesmo.

— Ae Alemão, tu faz um favor pra mim brother? — Era o Negão com aquele sotaque forte de carioca.

— Não. — O alemão respondeu dando risada. Ele era assim, todo engraçadinho. — Falae.

— Vai no mercadinho e compra creme de leite. Tem uns restos de frango ae, vou fazer um strogonoff manero.

— Dá o dinheiro. — Disse o Alemão.

— Tu não vai comer não viado? Compra com teu dinheiro. Já vou fazer a parada e tu quer que eu pague?

O Alemão me viu e perguntou:

— Tem dinheiro ae Fabinho?

— Eu já vou ter que lavar a louça, véi. Não vou pagar porra nenhuma. E outra eu nem posso comer essas paradas que vai creme de leite que me dá caganeira.

— Eita carai viu. — Disse o Alemão jogando a revista em cima do sofá, do lado do Japa que assistia Tv e saiu de casa.

— Fabinho! — ouvi me chamar.

Virei. Era o Daniel com a porta do quarto dele entreaberta.

— Falae, véi.

— Chega ae Mané, tenho uma coisa pra te mostrar.

O que será que era?

Essa parada é foda. Lembro como se tivesse acontecido ontem. Entrei no quarto e o Daniel tirou um embrulho da mochila dele.

— Pra você, Mané. — ele disse.

Peguei o embrulho e abri.  Era um rechaud em forma de sol. Bonitinho até. Na hora lembrei do Paulo e talvez não tenha demonstrado a animação que o Daniel esperava.

— Valeu, Dan. É bonito véi.

— Fui lá no centro e comprei pra você não ficar sem, já que ficou putão porque os caras quebraram o teu.

É naaada. O Daniel tinha ido até o centro da cidade só pra comprar um rechaud novo pra mim? Acho que ele sacou que eu tinha ficado muito puto com a perda do outro. Mas infelizmente não era a mesma coisa. O outro quem me deu foi Paulo.

— Valeu véi. Toca ae.

Estendi a mão. Ele ficou meio assim... parado... sei lá. Não entendi muito bem. Mas no fim acabou me cumprimentando. Saí do quarto dele e fui para o meu. Abri o guarda-roupas e coloquei o solzinho lá.

Onde será que o Paulo estava e o que o moleque estava fazendo? Lembrei do beijo dele. A música do The Cure na hora veio na minha mente como se fosse um relâmpago. Bum! Estava lá. Claro. Nítido. Vivo. Que viadagem da porra. Me senti um trouxa. Trouxa ou não, só sei que meu pau deu sinalzinho de vida.

Quando saí do quarto, o Daniel estava com a mochila nas costas. Me disse que ia fazer trabalho da facul. O coitado no domingão tinha que fazer trabalho. Facul é facul. Logo ia chegar a minha hora de me dedicar mais pra essa porra também.

— Vou compra umas breja vamo ae Japa? — Negão perguntou dando um tapão na nuca do Japa que estava vendo TV no sofá.

O Japa nerd topou e os dois saíram. O Alemão disse que ia tomar banho. Eu sentei no sofá e fiquei de boa. Ouvi o chuveiro ligar e na hora lembrei do Daniel me pagando um boquete. Eu precisava meter urgente. Até o Daniel começou a atormentar meus pensamentos. Comecei a ficar excitado. Abri o zíper da berma e coloquei o pau pra fora. Estava meia bomba, mas logo que libertei o garotão, começou a dar um sinalzinho de que gostava da liberdade, começou a ficar durinho. Comecei a bater uma de leve e na hora me veio na mente a vez que o Negão me fez pagar aquela humilhação de prenda. Lembrei de quando eu coloquei o pau dos camaradas pra fora, se liga. E na mente veio o pau do Alemão. Ele lembrava o Cielo (ganhador da medalha olímpica) na verdade o apelido dele era Alemão somente pelo fato de ser loiro. Ele não tinha nenhuma descendência alemã. Olhei pra janela e não vi ninguém. Olhei pra baixo e eu estava ainda com a berma abotoada, só o zíper que estava aberto com o meu brinquedão lá amostra. Comecei a ficar nervoso. Lembrei do rechaud quebrado e do pau do alemão. Era um misto de raiva e tesão que me deixou com a rola tão dura que me machucava o fato do zíper estar apertando um pouco.

Me levantei e fui até a porta do banheiro. O chuveiro ainda estava ligado. Fiquei ali parado. O que eu estava fazendo ali? Até hoje me culpo por coisas desagradáveis que fiz por causa do tesão. Me curvei. Meu olho foi direto para o buraco da fechadura. Nada via senão a silhueta do Alemão tomando banho atrás da imagem embaçada que a cortina do banheiro deixava. Justamente o fato de não conseguir vê- lo é que me dava tesão. Comecei a bater uma ali, curvado com o olho fixo no buraco da fechadura. Nem pensei na possibilidade de um dos caras entrar e me pegar daquele jeito. Nem sei quantas décadas o Negão me zoaria se me pegasse batendo uma bronha olhando para o Alemão. E o Alemão, o que ele faria se soubesse que tinha um cueca atrás da porta socando uma punhetinha vendo ele tomar banho? Talvez fosse esse risco que me dava mais tesão ainda. Continuei.

Em vias normais eu jamais teria feito aquilo, mas sei lá véi...parece que aquele dia eu estava no cio, igual cachorro. Precisava extravasar. Quando o chuveiro desligou eu fiquei nervoso, mas continuei. Meu pau estava durasso, mano. Nem tinha como parar de bater. Eu teria um aneurisma se não gozasse. O Alemão abriu a cortina e veio sobre o tapetinho para pegar a toalha que estava no cabide perto da pia. Naquele momento eu vi ele inteirinho nu. Dos pés a cabeça pingando água. Tinha um corpo aceitável. Apenas achava que se ele não se cuidasse um pouco mais em pouco tempo ficaria com a barriga inchada por causa de breja. E não existe coisa mais ridícula do que gente magra com barriga de cerveja. Eu vi ele pegando a toalha e enxugando os pés, a canela, passou a toalha pelo saco e pelo pau, enxugou o peito, os cabelos e na hora de enxugar as costas eu vi o pau dele chacoalhar de um lado pro outro feito um pêndulo mole. Aquilo me deu um tesão...mas um tesão.

Mas porra ele, o Negão, o Japa e o Rodrigão tinham mijado em mim. Tinham quebrado o meu presente. Viviam me zuando ou deixando que o trouxa do Negão me zuasse. Eles tinham que pagar. Eu tinha que me vingar. E vingança era um prato que se servia frio ou melhor, quente. Quando senti que estava chegando perto de gozar corri para a cozinha peguei a panela que o Negão deixou aberta com o strogonoff de frango e segurei abaixo da cintura. Continuei a bater pensando no pau do Alemão indo de um lado pro outro. Não resisti, gozei. Três longos jatos em cima do strogonoff. Fiquei ofegante. Chacoalhei o pau até sair a última gota viscosa de porra. Coloquei a panela em cima do fogão, guardei meu pau e olhei para o strogonoff. Estava com uma cara bonita, meio rosado por causa do catchup e com uma poça de porra em cima dele. Peguei a colher que o Negão utilizara para cozinhar e mexi bem até a mistura ficar homogênea. Imaginei a Ana Maria passando aquela receita em rede nacional, agora com aquele toque gourmet graças aquele condimento raro e especial.

O Alemão saiu do banheiro e foi se trocar, eu fui ver TV, não demorou muito e o Negão e o Japa voltaram. O Negão era tão sem noção que mesmo vendo que eu estava vendo TV foi até a rack e ligou o som de onde começou a sair um pagode ridículo.

— Vai almoçar, viadinho? — Negão me perguntou.

— Viado é o seu cu. — Disse levantando.

Fui para a cozinha e fritei um zóião. Logo o Alemão entrou na cozinha. O Negão já tinha se servido, o Japa estava em pé no fogão enchendo uma colher de strogonoff e colocando em seu prato.

— Ééééé, a gente está ficando chic. Estamos comendo até strogonoff. — Disse o tonto do Alemão.

— Come ae, come ae. Não vai comer não, Fabio? — Perguntou o Negão enchendo o copo de cerveja.

— Já disse que me dá caganeira. — Falei sentando com meu prato de arroz, feijão e ovo.

— Melhor, sobra mais. — disse o Japa se servindo de uma colher bem cheia de strogonoff.

Sentei a mesa ao mesmo tempo que o Alemão. Enquanto eu comia meu arroz, feijão com zóião de mistura não podia deixar de ver os três comendo o arroz com o strogonoff cheio de porra. Chegavam até lamber os beiços. O Negão que fez aquele puta prato de pedreiro comia feito um animal, de chegar a lambuzar o queixo. E quando eu via aqueles respingos eu pensava o quanto da minha porra tinha ali. Nunca falei o que fiz pra ninguém, exceto agora né. Mas agora sim eu estava em paz com os caras lá de casa. Estávamos quites.

O dia passou muito bem obrigado. Eu estava mais leve, tinha uma constante vontade de rir, mas me contive. Quando começou o jogo de futebol eu saí da sala. Odeio a narração do Galvão Bueno. Acho que ele só atrapalha o jogo. Fui lá pra fora e sentei no banquinho. Peguei meu celular. Nenhuma mensagem na caixa postal, nenhum torpedo, nem porra nenhuma. Pra que celular? O cara nem dava sinal de vida, me ignorou e eu ainda estava ali...bobão por causa dele. Foi quando o Daniel voltou.

— E ae, Mané!

— Eae. — Retribui.

Ele entrou e eu fiquei ali do lado de fora curtindo o fim da tarde de domingo. Ainda não tinha começado o Fantástico então as coisas ainda não estavam tão ruins. Só depois que começo a ouvir a musiquinha do Fantástico na Globo que começa a me bater a tristeza de ter que admitir que o domingo de folga está acabando. De repente o Daniel saí e bate a porta.

— Eita, rapaz. Mais uma dessa e a porta vai parar lá na calçada. — Eu disse me recuperando do susto.

— Ae Mané, acredita que os caras não deixaram nem a raspa da panela de comida pra mim? — Ele resmungou — Estava fazendo trabalho até agora, chego com mó larica (fome) e cadê a comida? To começando a pensar igual a você viu, esses caras são tudo filhos da puta.

— Ainda bem que você não comeu. Tu confia no Negão fazendo comida? Ele que fez. Eu hein...o cara é mó porco, coça o cu e pega na comida. Sai fora. Melhor pra você. Vamos lá na padoca aí você come um x-salada. — Sugeri.

— Boa idéia. É até bom que a gente vá junto mesmo. — Ele disse.

— Por que? —  Perguntei levantando e calçando o chinelo.

— Ah sei lá Mané, é que eu tenho uma parada difícil pra te falar.

— Vamos lá na padoca, no caminho você vai me falando. Firmeza?

Ele me olhou, mas nada disse. Descemos as escadas da varanda, abrimos o portão e ganhamos a calçada. O assunto que teria com Daniel me surpreenderia.

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