Felicidade Não Tem Cor

By ThayTelles

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O que você faria se o amor da sua vida é rico, dos olhos verdes, loiro, morador da Zona Sul do Rio de Janeiro... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
| Bônus |
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV - Parte 1
Capítulo XXXV - Parte 2
》Minibônus《
| Aviso |
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capítulo XLIII
Capítulo XLIV
| Epílogo |
| Bônus |
Agradecimentos!
Especial de Natal
Opa!

Capítulo XXXVIII

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By ThayTelles


POV Briana

Eu estou me sentindo suja.

Não esperava que minha atitude teria um fim tão fatal.

Thaina agora corre risco de vida.

E a culpa é da minha imaturidade.

Ligo pra Vanessa que me atende no terceiro toque.

Ligação ON

- Pra que você me ligou, Briana?! Eu tava dormindo, caralho!

- Arruma minhas coisas ai! Vou embora.

- O que? Por que?! O que você fez?! Briana!

- Eu beijei o Henry na frente da Thaina e ela foi atropelada. Acabou de sair daqui de ambulância. To com minha consciência pesada. Arruma minhas coisas que eu passo aí só pra pegar e vou embora.

- E o plano? Vai deixar meu tio na mão?

- Foda se seu tio, Vanessa! Faz o que eu to te falando, agora!

- , .

Ligação OFF

Vou pra casa de um amigo que arranjei aqui na praia, tomo um banho rápido e agradeço. Ele se oferece para me levar de moto, mas eu digo que o endereço é no Morro da Providência e ele desiste, pois ficou com medo. Até eu ficaria.

Peguei o ônibus e me sentei na janela, pensando no mal que causei. Como ainda tenho uns trocados e minha conta bancária de Orlando, posso voltar sem causar transtorno a mais ninguém. A única que ficará sabendo de minha fuga é Vanessa, mas também deixarei uma carta a Thaina pedindo desculpas. Vou passar no hospital.

Assim que chego na entrada do Morro, corro até o barraco em que estava abrigada. Vanessa estava na porta com minha mala vermelha ao seu lado. Assim que me aproximo, ela me dá um abraço. Quando nos afastamos, ela suspirou.

- Você também só vacila hein.

- Eu não iria imaginar que a Thaina iria agir assim. Errei super feio e, agora os deixarei em paz.

- E você? Vai pra onde?

- Voltar pra Orlando, mas antes, vou passar no hospital.

- Pra que? Pode não ter suas digitais nela, mas a culpa pelo transtorno na mente dela, é sua.

- Eu preciso ir me sentindo em paz, senão vou pegar um avião a toa, porque minha mente estará aqui.

- Então tá, boa sorte.

- Quem precisa de sorte são vocês. Desiste disso Vanessa, você tem um futuro tão brilhante pela frente. Não vá pela mente psicótica do seu tio.

- Se eu não ouvi minha mãe, não será você que vai me mudar de ideia - ela falou ríspida.

Suspirei e assenti. A abracei novamente, só que dessa vez mais apertado.

- Qualquer coisa, pode ir pra Orlando que eu estarei te esperando.

- Pode deixar.

Me afastei e sequei minhas lágrimas. Ela secou as delas e sorriu.

- Obrigada por tudo Vanessa.

- Eu que agradeço.

Sorri e dei as costas, me preparando para ir ao hospital e rezando para não dar de cara com nenhum deles. Peguei o aplicativo das câmeras que ainda tinha em meu celular e vi que não tinha ninguém em casa. Então, passaria na portaria, que com certeza, seu João deve saber de alguma coisa. Porteiro mais fofoqueiro que ele em Ipanema, não existe.

Assim que eu chego lá, ele já me olha meio torto e eu me aproximo sorrindo.

- E aí, seu João.

- Tudo bem Briana? Nunca mais te vi por aqui.

- Então, é que eu tava morando com uma amiga que arrumei por aqui. Queria saber onde o Nicolas ou a Marina tá, pra eu me despedir. Vou voltar pra Orlando.

- Nicolas tá na praia de Copacabana e Marina ainda não voltou do hospital.

- O senhor poderia me dar o endereço do hospital? Vou passar primeiro na praia, e depois vou até lá.

- Claro minha filha! Deixa só eu achar meu bloquinho.

Enquanto ele procurava o tal bloquinho, eu também pedi uma folha e uma caneta, para escrever uma carta a Thaina. Ele, obviamente, me deu junto com o endereço do hospital.

- Muito obrigado seu João.

- Imagina minha filha, faça boa viagem.

- Muito obrigada!

Lhe dou um abraço e sinto que ele aproveita pra passar a mão em minha bunda. Finjo que não senti e me afasto sorrindo. Pego um táxi e lhe dou o endereço do hospital. No caminho, vou pensando nas palavras em que eu escreverei e fiz um breve resumo.

O taxista para, eu lhe peço para esperar enquanto entro no hospital. Vou direto para a cantina, pego o papel e a caneta, começando a escrever. Depois de uns vinte minutos, já encerrei a escrita. Vou até a recepção e vejo Henry ajoelhado no chão gritando. Peço com todas as minhas forças que não seja nada grave, mas duvido muito. Todos ali estão assustados, apenas Henry chora até perder as forças. Antes que ele me veja aqui, vou até a recepcionista.

- Boa tarde, posso ajudá-la?

- Pode sim moça. Quando souber que Thaina Santos acordou, entrega essa carta pra ela. Ou algum parente ali.

- Por que você mesma não entrega?

- Moça, eu to atrasada pro meu vôo. Por favor, entrega pra mim.

Meio relutante, ela ainda assente, me deixando mais tranquila. Agradeço e vou ate o táxi.

- Para onde agora, senhorita?

- Para o aeroporto, por favor.

Finalmente, todas as lágrimas em que reprimi, desceram. O taxista perguntou se estava tudo bem, e eu concordei. Fofoqueiro. Assim que desci, o paguei e agradeci. Ele me desejou boa viagem e foi embora. Antes de pagar a passagem, ligo para minha mãe. Preciso avisar de meu retorno.

- Mãe?

- Oi, minha filha! Tudo bem aí no Brasil?

- Não mãe. Nada bem.

- O que aconteceu?

- Estou voltando mãe. Preciso de você.

- Pode vir minha princesa, estarei te esperando com seu pai.

- Tá bom. Nunca esqueça que eu amo você.

- Também te amo. To te esperando.

- Beijos mãe. À bênção.

- Que Deus te abençoe e te traga bem. Beijos.

Pago a passagem rumo a Orlando e espero para ir em direção ao avião. Deixei minha vida em Orlando para vir atrás de Henry no Brasil a toa. Agora, sinto que nada que eu fizesse, iria separá-los. Apesar de toda a diferença física, eles são totalmente iguais por dentro, um completa o outro, e não tem espaço para mim. O melhor que eu faço é voltar para o aconchego de minha casa, para os braços de minha mãe. Um dia eu encontrarei um amor assim. Tenho fé.

****
POV Thaina

Dor.

Uma dor muito insuportável em minha cabeça e ventre.

Abro meus olhos e não consigo me acostumar com a claridade e fecho novamente. Quando abro, vejo Henry sentado ao meu lado, com nossas mãos unidas e seus ombros tremendo, como se ele estivesse chorando. Quando eu iria falar alguma coisa, ele sussurra, me calando.

- Por favor, me perdoa. Hoje fazem dois dias que você apenas dorme. Não dá um sinal de vida, a não ser sua respiração serena. Sua tia está super preocupada e eu também. Não foi minha culpa. Briana apareceu do nada. Ela explicou tudo na carta. Era pra você, mas eu não aguentei a curiosidade e li. Por favor, me perdoa. Acorda amor.

Acaricio sua mão e ele para de chorar e olha pra mim. Tento sorrir, mas com certeza, saiu mais como uma careta. Minha cabeça tá quase explodindo. Ele se levanta e abre um sorriso enorme.

- Thaina?! Ai,meu Deus! Você acordou! Você tá bem? Não se mexe! Vou chamar a enfermeira! Ai, graças a Deus.

Apenas fiquei sorrindo de seu desespero, e enquanto ele chama a enfermeira, eu me lembro repentinamente. Meu filho.

- Henry.

- Oi, meu amor.

- E o nosso filho? Ele tá bem, né?

Ele me olha e, apenas seu olhar, já sabia que o que viria a seguir, não seria de meu agrado.

- Amor, então...

- Não me enrola que eu não sou barbante! Fala logo!

- A batida foi forte demais e você tava de frente pro carro. Não deu pra salvá-lo.

Senti meu coração sendo arrancado de meu peito. Meu filho havia partido. Apesar de eu descobrir de sua existência hoje, eu já o amava com todas minhas forças. Não me importo com ninguém, apenas grito para  aliviar a minha dor, o que não surge efeito algum. Henry senta ao meu lado e me abraça, enquanto me consola.

- Meu filho não, meu filho.

- Me desculpa, meu amor. Eu sei como você está se sentindo.

Choro pela minha perda.

Choro por ter caído na emboscada daquela mulher.

Choro pelos problemas que terei de enfrentar.

Apenas choro.

Henry não sai de meu lado momento algum. Nem quando o médico entra no quarto para me examinar. Ele me fez me sentir um pouco melhor. Almoçamos juntos a comida horrível do hospital, e quando era um pouco mais das quatro horas da tarde, ele pega um papel em cima da cômoda ao lado de minha cama.

- Essa é a carta que ela te deixou. Quer ler? Se não quiser, tudo bem.

- Quero sim.

Ele me entrega e fica ao meu lado. Respiro fundo antes de abrir.

Thaina,

Eu sei que o que eu fiz não é uma coisa de que devo me orgulhar. Eu to me sentindo um lixo perante a todas as minhas ações com vocês. Henry não tem culpa de nada. Eu fiz tudo isso. Eu fui até a praia atrás dele, eu fui até ele antes de você chegar e fiquei por perto apenas te esperando. Quando te vi, fiquei mais próxima dele e "dei o bote".

Não se preocupe comigo, eu peguei o primeiro vôo para Orlando e ficarei. Pode ter a sua vida em paz, que não irei mais infernizar.

Cuidado com Max e Vanessa, eles estão atrás de você e Marina, e estão mais próximos do que você imagina.

Espero que esteja melhor do acidente. Sim, eu cheguei a ver você sendo atingida e, isso me faz me sentir pior. Mil perdões. E se eu cometi algum mal irreparável, por favor, me perdoe. Tive a intenção de fazer mal, porém, nenhum fatal. Não sou tão assim.

Eu não tenho estruturas para ver o Henry com você. Por isso, estou voltando para minha casa. Desejo muitas felicidades para vocês, e que o amor de vocês supere toda a inveja e preconceito que lhes cercam. Desejo também que tenham uma família linda e feliz, e que superem todos os problemas que aparecem por seus caminhos.

Sei que, não importa a quantidade que eu lhe pedir desculpas e perdão, nunca será suficiente, porém, me perdoe mesmo assim.


"Eu não estou tentando arruinar sua felicidade, amor
Mas, querida, você não sabe que
Eu sou o único para você
Eu não estou tentando arruinar sua felicidade, amor
Mas, querida, você não sabe que
Eu sou o único
Yeah" - Shawn Mendes, Ruin.

Toda a felicidade do mundo para vocês,

Briana Carter.

Termino de ler a carta com meus olhos marejados. Abraço Henry e deixo minha cabeça em seu peito, podendo ouvir seus batimentos cardíacos.

- Leu amor?

- Sim.

- Me desculpe.

- Eu sei que você não tem culpa. A culpada maior sou eu, que estava tão atordoada que não ouvi os avisos de que o carro estava perto e perdi nosso filho.

- Não é culpa de nenhum dos dois. Se Briana não estivesse lá, nada disso teria acontecido.

- Eu ainda posso engravidar, né?

- Apesar da batida ter sido forte demais, o seu útero não foi afetado, então ainda podemos ter nossas crianças.

Dei um sorriso e o beijei. Ele retribuiu com todo amor possível. Nosso beijo calmo e sereno não parecia ter fim, até que ficamos ofegantes e separamos nossas bocas.

- Tenho que te falar uma coisa.

- O que?

- Catherine esses dias me ligou e perguntou por você. Eu não fui capaz de mentir e, ela disse que está vindo ao Brasil com meus pais. Eles chegam amanhã de manhã.

- Ah... Então quer dizer que eu irei conhecer meus sogros?

- Tudo indica que sim.

Sorri, mas não foi um sorriso feliz, foi um sorriso de nervoso. Henry, obviamente, percebeu e me abraçou para acabar com minha aflição.

- Eles irão te adorar, amor. E eu não ligo se eles não gostarem de você. Quem tem que gostar sou eu, não eles.

- Mas e se eles proibirem nosso relacionamento? Como iremos viver longe um do outro?

- E eu sou algum adolescente que precisa da aprovação dos pais pra namorar alguém? A única coisa que eu preciso deles ainda, é do dinheiro. E se eu for ameaçado de perder, eu não ligo, começo a trabalhar para nos sustentar. Mas longe de você, eu não fico.

- À mim não precisa, pois também trabalharei. Mas e se nos separarmos enquanto tivermos um filho? Não quero que ele sofra.

- Nunca iremos nos separar. Sempre iremos ficar unidos, não importa que problema apareça em nossas vidas.

Concordo e colo mais meu corpo no dele. Até que uma batida na porta nos chama a atenção. O rosto de minha tia aparece e ela abre um sorriso ao me ver acordada.

- Posso entrar?

- Já to de saída Flávia. Pode ficar o tempo que precisar. Quer que chame o Olavo?

- Não precisa querido. Volte mais tarde para dormir com ela.

Ele concorda, me dá um beijo casto e sai do quarto. Minha tia me abraça, e em meu ombro ouço seus soluços e sinto suas lágrimas.

- Que susto você nos deu, minha sobrinha.

- Me desculpe, tia.

- Não tem problema, agora você está bem.

- Mas meu filho está morto, por eu não ouvir os pedidos das pessoas para prestar atenção.

- Eu sei como é ter essa sensação. Também já perdi um filho e, com essa perda, meu útero ficou desregulado e impossível de ter outra gestação. Já você não, pode tentar novamente e é jovem, pode tentar durante um bom tempo.

Mais lágrimas escorrem de minha face, e minha tia me abraça. Quando me acalmo, minha tia me conta a reação de meu tio e Marina quando souberam o motivo de eu estar nesta cama de hospital. Eu consegui sorrir da revolta deles, até que de repente, meu namorado, meu tio e Marina entram no quarto com várias sacolas.

- Ser amigo de uma das melhores doutoras do hospital tem suas preferências.

Sorrimos, meu tio e Marina me abraçaram e me perguntaram se eu estava bem. Apenas assenti e peguei minha embalagem de comida.

Aqui neste quarto, está toda a minha família, está apenas faltando Nicolas e Arizona. Posso não ter meus pais, mas me sinto completa e amada, com essa pequena família que Deus me deu.

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