Jogo de Máscaras

By AliceHAlamo

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Não era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se... More

Capítulo 1 - Vista sua Máscara
Capítulo 2 - Tire sua máscara de inocente
Capítulo 3 - Tire sua máscara de puritano
Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo
Capítulo 5 - Vista sua máscara de bom partido
Capítulo 6 - Tire sua máscara de cara paciente
Capítulo 7 - Vista sua verdadeira máscara
Capítulo 8 - Vista sua máscara de felicidade
Capítulo 9 - Tire sua máscara de insegurança
Capítulo 11 - Tire a máscara dos outros
Capítulo 12 - Vista sua máscara de enfermeiro
Capítulo 13 - Tire sua máscara de frieza
Capítulo 14 - Vista sua máscara de Mentiroso
Capítulo 15 - Vista sua máscara de protetor
Capítulo 16 - Vista sua máscara de Sasuke
Capítulo 17 - Vista sua máscara de honestidade
Capítulo 18 - Tire a máscara do seu adversário
Capítulo 19 - Vista sua máscara de Apaix-..., quer dizer, de viciado
Capítulo 20 - Vista sua máscara de cumplicidade
Capítulo 21 - Tire sua máscara de sob controle
Capítulo 22 - Tirem suas máscaras sociais
Capítulo 23 - Vista sua máscara de traído
Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos
Capítulo 25 - Vista sua máscara de bom entendedor
Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo
Capítulo 27 - Vistam suas máscaras de aliados
Capítulo 28 - Tire sua máscara de encurralado, ainda há saída
Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger
Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal
Capítulo 31 - Vista sua máscara de desespero
Capítulo 32 - Vista sua máscara de Giselle
Capítulo 33 - Vista sua máscara de precaução
Capítulo 34 - O cair das máscaras

Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara

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By AliceHAlamo


Itachi encarou a tela do celular ao receber a mensagem de Sasuke avisando que ele havia chegado ao serviço. Olhou o relógio em seguida, conferindo que o irmão mais novo havia, de novo, mandado a mensagem faltando dez minutos para que seu horário de serviço começasse. Não que acreditasse em Sasuke, sabia que ele deveria estar entrando meia hora ou até uma hora antes do expediente começar, mas não tinha como o obrigar a obedecê-lo, não é?

Suspirou pesadamente, passando os dedos pela tatuagem que possuía no pulso direito.

"10/05/2005

Eu me importo"

A má alimentação de Sasuke e a rotina estressante dele iriam matá-lo algum dia; quer dizer, isso se os inimigos que ele cultivava não o fizessem antes.

Só para se certificar, digitou rapidamente para Sakura, perguntando-lhe se Sasuke estava, pelo menos, almoçando. Não, não é como se fosse neurótico ou super protetor (um pouco talvez), mas o irmão mais novo era tão descuidado com a própria saúde que ele, Itachi, sendo médico, não conseguia ignorar a situação. Além disso, provavelmente era um hábito que adquirira na escola protegê-lo de seus inimigos. De quantas brigas tirara Sasuke? Com certeza menos do que aquelas em que teve que entrar junto do irmão.

— Conheço essa cara — Ouviu Anko dizer. — Sasuke?

Sorriu minimamente, encarando a médica com quem trabalhava. Anko era a pediatra voluntária daquele posto e a conhecera logo no primeiro dia quando chegou ao país estrangeiro após um ataque terrorista. Foram juntos ao resgate às vítimas e viraram quarenta e oito horas juntos em trabalho contínuo para salvar quantas vidas pudessem. Excelente médica e uma boa pessoa para conversar.

— Sasuke — repetiu, desligando o celular e encarando o coque que ela fazia no cabelo antes de colocar um pirulito na boca. — Ainda tentando parar de fumar?

— Não mude de assunte, gracinha. O que aquele seu irmãozinho chato fez dessa vez? Não vai ter que correr para salvar a bunda dele, vai? — ela perguntou com sua sinceridade habitual.

Itachi massageou a nuca e, então, espreguiçou-se. Levantou-se da cadeira e caminhou até a cafeteira no centro da sala de espera onde estavam. O aroma do café preencheu o ambiente à medida que o líquido, maravilhoso líquido, tomava o copo. Itachi se manteve de pé, assoprando o café enquanto pensava.

— Itachi —Anko chamou, com um tom repreensivo. — Falta uma semana para você voltar para casa. Aposto que ele consegue se manter vivo até lá sozinho.

— Eu sei. — Suspirou. — Mas dessa vez invadiram a casa dele, atiraram na cachorra, reviraram tudo. Não é como se desse para ignorar isso.

Anko pareceu refletir. Arrastou a cadeira para perto da mesa e cruzou as pernas ao se sentar.

— Como ele está?

— Bem. Eu e ele somos muito parecidos, sei que ele está bem, e é aí onde o perigo mora. Ele deve estar pesquisando sobre o ocorrido, mexendo com gente perigosa, cutucando-os ainda mais.

— Ele quer morrer? — Anko ironizou, rindo suavemente, mas sabia que, pelas olheiras no rosto de Itachi, o caçula dele estava roubando-lhe o sono. — Itachi, é uma semana, apenas sete dias e você estará em casa e poderá fazer seu papel de irmão mais velho chato o quanto quiser. Se ele realmente é parecido com você, aguenta o tranco. Deixe o garoto andar com as próprias pernas.

Itachi suspirou, bebendo o café em seguida. Ouviu o bibe do aparelho de notificação, indicando que os exames que havia solicitado estavam prontos. Acenou para Anko e saiu rapidamente do local. Prendeu o cabelo preto, liso, comprido, em um rabo de cavalo alto e abotoou o jaleco novamente.

Anko não entendia, e não podia a culpar por isso, afinal ninguém além dele e de Sasuke entendia. Talvez fosse por causa da criação rígida que receberam, pelo excesso de cuidados, talvez fosse o modo como cresceram, as experiências que tiveram, os contatos que fizeram, talvez fosse tudo, não importa, o que vale é que nem ele nem Sasuke se importavam muito com o mundo. Embora fosse médico, ainda que se preocupasse com as pessoas e compreendesse a dor delas, não conseguia ter suas emoções fortemente abaladas pelo que vivia ou presenciava. Ali mesmo, depois de um ataque terrorista, no meio de uma guerra civil, cuidando de tantas pessoas em uma situação desesperadora, não podia dizer que se sentia triste. Não! Não o entenda mal! Itachi lamentava cada morte, achava injusto, cruel, desumano, mas não o culpe por não perder o sono por aquilo. Aliás, ele não podia se dar a esse luxo quando no dia seguinte tinha que estar pronto e apto para cuidar de mais e mais pessoas.

Sasuke, infelizmente, era igual a ele, se não pior. Como eram muito próximos, Itachi sabia, desde a adolescência, que o irmão mais novo estava isolado nele mesmo. Nada o afetava, nada mudava a expressão indiferente dele, nada o alegrava salvo alguns momentos em família, nada o entristecia tirando a morte de alguém próximo. Sasuke crescera por conveniência, só porque era obrigado a continuar vivendo todo dia. Não possuía objetivos, apenas os que os pais estabeleciam; não possuía nada... Seus pais o levaram a psicólogos, que sempre repetiam que não havia nada de errado com ele. Porém Itachi não acreditava.

Com o decorrer dos anos, Itachi havia aprendido a como mascarar a indiferença para que a sociedade o aceitasse. Tinha noção de que fazer dois amigos era bom, acalmaria seus pais e daria uma boa impressão. Escolher logo uma profissão passaria a ideia de que pensava e se importava com seu futuro. Trancar-se no quarto com a desculpa de estudar faria todos pensarem que era dedicado. Ouvir a mãe lamentar da frieza de Sasuke e conversar sobre isso convenceria seus pais de que também partilhava da preocupação, que fazia parte da família. Todo esse fingimento, toda essa atuação foi desenvolvida durante a adolescência e esperava que Sasuke seguisse pelo mesmo caminho.

Mas não foi bem assim que aconteceu.

Sasuke continuava enclausurado, preso na própria redoma, assistindo o mundo girar, o dia nascer, a lua surgir, tudo com a mesma indiferença.

Lembrava-se com tanta precisão que podia jurar que havia acontecido há um ou dois dias e não há onze anos. Era outono, recordava-se das folhas caindo e de como o clima frio e úmido o desagradava. Estava no primeiro ano da faculdade, voltando para a casa de metrô quando sua mãe mandou uma mensagem avisando que estava presa no trânsito e que seu pai demoraria a chegar naquela noite e pedindo que avisasse Sasuke.

Embora soubesse que seu irmão não daria a mínima para aquela informação, discou o celular dele e esperou que atendesse. Deu o recado, sentindo o tédio na voz de Sasuke, contudo não se alarmou... Era o normal, não? Encerrou a ligação, percebendo que já havia chegado na estação destino. Dali para sua casa eram poucos minutos a pé, e o frio desagradável ajudou a apressá-lo.

Entrou em casa e jogou a mochila no sofá da sala antes de ir para o quarto de Sasuke perguntar o que ele gostaria de jantar.

Foi nesse dia que descobriu sua exceção. Sasuke era ela. Seu irmão mais novo era a única coisa que fazia sua passividade ir por terra, suas emoções aflorarem, sua atuação morrer. E deu-se conta disso ao sentir pânico, um desespero que não coube no peito ao vê-lo em cima de uma cadeira, debaixo do ventilador de teto com uma corda amarrada no pescoço. Seus olhos se arregalaram, seu corpo tremeu e as lágrimas surgiram tão rápidas como nunca antes.

Sasuke o olhou, as mãos seguravam a corda no pescoço enquanto o silêncio preenchia o ambiente.

Itachi não soube quando tomou a decisão de correr até ele, mas o fez. Quando percebeu, estava sentado no chão, abraçando desesperadamente Sasuke contra seu peito ao passo que o choro se tornava compulsivo. Suas lágrimas pingavam, molhando o rosto do irmão, e os soluços o assustavam.

Sasuke não soube o que fazer com aquela cena. Permaneceu parado, confuso com a reação do mais velho que o apertava aos prantos. Sentiu-se mal, realmente mal pela primeira vez. Não queria fazer Itachi chorar e não esperava que ele tivesse aquela reação; imaginou que pudesse ficar triste, mas o irmão mais velho era tão frio quanto ele e, por isso, acreditava que ele não fosse se abalar tanto com sua morte. Pelo visto, estava errado.

Demorou cerca de horas para que Itachi o soltasse. Os olhos avermelhados, a face molhada, o desespero na expressão, aquilo tudo deixou Sasuke desconcertado e indeciso.

— Não achei que se importasse — comentou, sincero, calmo.

A frase apunhalou Itachi. Os olhos voltaram a ficar úmidos, e ele obrigou Sasuke a voltar para o abraço.

— Eu me importo. Me importo de verdade. Não faça. Não repita. Por favor. Eu me importo. Me importo mesmo. Realmente me importo — repetiu, desesperado, segurando Sasuke em seus braços como se aquilo lhe desse a certeza de que o caçula estava protegido. — Eu sei como se sente, mas não faça isso, por favor. Eu me importo, por favor.

Sasuke o olhou, sentindo a garganta arranhar quando a tristeza da cena o abateu. Franziu o cenho, acomodando-se melhor em Itachi.

No dia seguinte, as mensagens começaram. Itachi não conseguia ficar mais tranquilo sem que Sasuke o mantivesse assim! Para isso, mensagens ao sair de casa, ao chegar na escola, ao sair da escola, ao chegar em casa, fora outras que mandava nos intervalos das aulas para garantir que Sasuke não fizesse nada estúpido.

Era culpado pela tentativa de suicídio. Era sim... Havia notado que o irmão tinha tanto desinteresse pela vida quanto ele próprio e ignorou isso, deixou-o pensando que ele não era importante para si, que estava sozinho. Com isso em mente, ao chegar da faculdade naquele dia, foi direto ao quarto de Sasuke. Ensinou-lhe tudo. Contou como fazia, como atuava, como fingia, explicou que uma hora ele acharia algum objetivo que o mantivesse vivo, algo pelo qual valia a pena passar todos os dias vestindo e tirando uma máscara diferente para cada situação.

— Não tenho um objetivo — Sasuke rebateu, deitando a cabeça nos braços.

— Invente um — Itachi bagunçou o cabelo dele. — Eu escolhi um curso difícil para me manter preso a algo. Faça o mesmo por enquanto, só por agora, até você achar algo melhor. Faça por mim. Você é minha exceção, é o meu objetivo. Por favor, tente.

Sasuke suspirou. A tatuagem no pulso do irmão mais velho, com a data da tentativa de suicídio, fê-lo se sentir culpado e, assim, perguntou contrariado:

— Que curso?

Itachi parou para pensar.

— Você gosta de ler, não é? Por que não cursa Letras? Ou Literatura? Ou Jornalismo?

Sasuke assentiu, e Itachi entendeu que aquilo era a única reação que tiraria do irmão naquele momento. No dia seguinte, junto da primeira mensagem da manhã, veio a resposta: Jornalismo. Ficou aliviado momentaneamente, porém era óbvio que aquele objetivo não seria o suficiente para prender Sasuke à realidade. Começou a incentivá-lo a sair com pessoas da própria idade e até o fez sair consigo e os colegas da faculdade. Talvez se ele arranjasse uma namorada, um amigo, alguém além da família.

Em uma dessas saídas, numa festa qualquer, percebeu a movimentação das pessoas, os gritos, a correria. Seu sangue gelou. Correu até a multidão. Sasuke estava no centro, brigando com outros dois garotos. O motivo ninguém sabia, mas a gritaria apenas os incentivava. Franziu o cenho ao notar o sorriso no rosto do irmão quando ele foi para o chão. Rapidamente, foi até ele, impedindo que o outro garoto se aproximasse. Quando a multidão se dispersou, levou Sasuke até o banheiro da casa para poder lavar o rosto do sangue que o manchava.

Ouviu-o rir, rir abertamente, ignorando completamente a dor que devia estar sentido, ignorando tudo e rindo como Itachi podia jurar que nunca tinha visto.

— Dói. — Ele ria. — Ai, isso dói mesmo!

Itachi não entendeu e até duvidou que o irmão estivesse bêbado, mas não... Descobriu depois a verdade, depois do rompante de brigas em que Sasuke se metia, depois de vê-lo cheio de hematomas todo dia...

— Dói, eu consigo sentir isso... — Sasuke sussurrou, apertando um dos machucados e franzindo o cenho. — É ruim, não gosto, mas sinto, dá para sentir. Você me entende?

Era contra aquilo, não gostava da ideia de Sasuke procurar na dor a certeza de que sentia algo, de que estava vivo, mas, se aquilo o mantivesse ali consigo, não o proibiria, apenas pediria ao irmão que seguisse algumas regras... Evitar algumas brigas seria uma delas. Para aquilo dar certo, os pais não poderiam saber, e isso não aconteceria se Sasuke chegasse com o rosto roxo todo santo dia. Por isso, convenceu os pais que matricular Sasuke em um esporte de luta seria o ideal. Boxe foi o escolhido. E Sasuke amou o esporte até os dezessete ou dezoito anos quando, em uma festa com Itachi, um dos amigos de seu irmão o puxou para o quarto. Não era virgem. Como tinha que manter uma máscara de adolescente normal, transava com algumas garotas e garotos, mas nunca tinha dormido com alguém que usasse um pouco mais de violência na cama.

Largou o boxe no dia seguinte. O amigo de Itachi estava, aparentemente, apaixonado por si então não faria mal continuar com o garoto. A faculdade começou na mesma época, e não é que Jornalismo era o curso certo? Tinha certo apresso pela ironia de todo aquele ambiente, chegava a se divertir com a sujeira do mundo e era satisfatório ver os poderosos passarem raiva. Amou a profissão e se apegou a ela mais do que Itachi cogitara, mais do que sua o limite de sua segurança estabelecia. Aprendeu a atuar como o irmão, a fingir fazer parte atuante do mundo, embora algumas vezes se esquecesse disso e cometesse algumas gafes.

Soube, assim que apresentou Sakura e Deidara a Itachi, que seu irmão comemorava pelo fato de estar fazendo amigos e se importando, mesmo que minimamente, com outra pessoa. Itachi estava até mais calmo naquela época e continuaria assim se não fosse por alguns fatos. Em uma das matérias que escreveu, incomodou fortemente alguns membros do governo e, como consequência, manifestantes radicais acabaram com seu carro. Depois disso, o estresse com o trabalho o fez se alimentar mal e, junto do cansaço, resultou em uma ida ao hospital. Podia imaginar o desespero de Itachi ao atender a ligação de Deidara naquele dia... Provavelmente, o irmão achara que havia tentado se matar, os olhos negros dele diziam isso assim que entrou pela porta e correu em sua direção na cama.

— Foi só o estresse do trabalho, Itachi. Eu juro.

Não bastou. Itachi agora cobrava que comesse corretamente e convencia seus amigos a fazerem com que saísse de casa para relaxar e com que sempre almoçasse nos horários certos. Vide Deidara o levando para a Akatsuki ou Sakura aparecendo sempre para almoçarem.

Em síntese, era por todos esses motivos que Itachi, agora, ao saber da invasão no apartamento do irmão, não conseguia não se preocupar. Para Anko, eram só sete dias; para ele, cada dia era uma oportunidade nova que Sasuke tinha para se meter em problemas.

* * *

Ten-Ten saiu da reunião menos estressada que o habitual. Já havia conseguido resolver um de seus problemas e, assim, jogou o jornal que trazia de baixo do braço na lixeira mais próxima. Colocou os óculos escuro, saindo na rua e sendo seguida, à distância, pelos seguranças. Com o cabelo solto, óculos e roupas simples, confundia-se na multidão. Assim, dificilmente alguma câmera idiota a seguiria. Olhou para o celular de novo, suspirando por Kiba não a ter atendido nas últimas cinco tentativas.

Não iria o procurar em casa. Não havia tempo para isso, e tinha certeza que essa era uma das coisas que estava irritando o amante. Mesmo que se explicasse, Kiba parecia cansado daquilo tudo, contudo, diferente do que uma vez imaginou, não estava tão abalada quanto deveria. Talvez não o amasse como antes, talvez tivesse sido uma paixão passageira como sua mãe sempre dissera.

Antes de guardar o telefone, sentiu-o vibrar. O toque característico indicava que era Neji, e não soube dizer se aquilo era um bom ou um mau sinal.

— Diga.

Onde você está?

Centro. Perto do Museu de Arte.

Naruto me ligou. Disse que na manifestação, aquela em frente à faculdade dele, um estagiário de algum jornal o reconheceu.

É claro que a ligação não seria um bom sinal... Ten-Ten massageou a têmpora e olhou para o céu, implorando por paciência.

— Sabe o nome do estagiário?

Não. Naruto disse não saber também.

— Ok. Vamos deixar Hiashi fora disso, senão ele te infernizará ainda mais. Acho melhor você parar de ir à Akatsuki por um tempo e reduzir seus almoços com Naruto até a eleição pelo menos. Se pesquisarem sobre ele e chegaram ao estabelecimento de Jiraya, não vão só descobrir do seu caso com Naruto, mas também sobre os subornos. Caso chegue na imprensa que os membros da oposição com quem você almoça ganham esse tipo de... presente, vai ser complicado te manter como candidato. O partido provavelmente te substituiria.

Neji se manteve em silêncio do outro lado da linha. Ten-Ten voltou a andar, querendo chegar logo no lugar onde havia parado o carro.

Ok. As eleições não vão demorar tanto. Aconselho você também a tomar cuidado. Nada sobre a invasão à casa do jornalista pode vazar e nem sobre o hospital.

­— Eu sei disso, Neji. Sasuke Uchiha já está na geladeira, fique tranquilo, vai demorar até que possa escrever qualquer outra coisa contra você. Agora, você tem discurso na periferia da cidade amanhã. Com certeza irão te questionar sobre as obras. Em casa podemos ensaiar?

Sim, é melhor. Temos que montar um discurso realmente convincente dessa vez. — Suspirou. — Vai jantar em casa comigo hoje?

Ten-Ten riu.

— Sim, sim. Vai cozinhar?

Depende. Quer algo específico?

— Surpreenda-me. Preciso desligar, tenho que passar em um lugar antes de ir para casa.

Tudo bem. Até logo.

Até.

Ela desligou e ficou olhando para o telefone. Quem dera não tivessem aceitado o esquema de desvio daquele maldito hospital. O erro fora dela. Neji havia dito e repetido que não era uma boa ideia, que os políticos envolvidos naquele golpe já estavam fichados, que levantariam suspeitas, contudo, ela havia achado que estavam seguros, inatingíveis. Assim, fecharam o acordo. Não deu quatro meses para que os problemas começassem a aparecer, para as falhas nos planos fossem à tona, para que um dos políticos menores ficasse com medo e soltasse o nome de Neji em um depoimento. Claro que, sem provas, sem gravações, sem documentos, sem nada, o depoimento não foi o suficiente para que colocassem Neji em xeque, porém era mais do que o necessário para abalar a imagem e a credibilidade dele.

E ainda tinha Hiashi! Ah, Hiashi... O tio de Neji ainda iria enlouquecê-la. Era um porco, nojento, arrogante, que se achava no direito de entrar e sair de sua casa como bem entendesse, disparando ordens e ofensas. Não sabia como aquele homem podia mesmo ser parente de alguém tão equilibrado e calculista como Neji. Hum... Calculista... Bem, certo que, depois que Naruto apareceu e começou a se encontrar frequentemente com Neji, calculista não era bem um adjetivo que pudesse usar para se referir ao marido. Mas o que poderia fazer? Neji já concordara em deixar de ver o gigolô por um tempo, não havia nenhuma outra atitude a se tomar. Mas, então, por que não estava satisfeita?

* * *

Ino acordou cedo naquela quinta-feira. Tomou seu café da manhã calmamente, vendo como os ponteiros do seu relógio de parede colorido giravam devagar. Espreguiçou-se, levando a louça para a pia, mas nem cogitando lavá-la naquele momento, teria tempo depois que Gaara fosse embora. Checou o relógio azul de ponteiros amarelo novamente. Tinha marcado oito da manhã com Gaara, então ele ainda possuía meia hora para chegar.

Foi até a sala, ligando o rádio e ajustando o volume. Abriu a cortina, deixando o sol tímido entrar e fazê-la respirar fundo com a imagem que tinha de sua sacada. Amava morar ali, podia ver o parque e sentir a brisa fresca graças às árvores da região. Girou no próprio eixo, ouvindo a música animada e dançando pelo apartamento de forma desengonçada até chegar ao ateliê. Desligou o celular, fingindo não ver as mensagens do empresário. Assim como havia feito na sala, dirigiu-se à janela e a abriu.

A luz que iluminou o cômodo revelou a total desordem que ali havia, e Ino riu. Teria que amenizar a zona, pelo menos a fim de encontrar um lugar onde Gaara poderia ficar para posar. Moveu alguns cavaletes, cobriu alguns quadros que não faziam parte da série atual, uniu os rascunhos que possuía de Gaara e percebeu que ainda não havia separado as roupas que queria que ele vestisse. Mas o que queria que ele usasse?

Parando para pensar melhor, nunca havia realmente imaginado Gaara vestido. Toda vez que tivera vontade de desenhá-lo foi enquanto ele se exibia, quando retirava as roupas ou brincava com elas.

Olhou para os rascunhos feitos. Naquela série, queria retratar o modelo em estágios. Desejava mostrá-lo ora relaxado, ora seduzindo, ora despreocupado, queria tudo! Mas tinha que se prender ao mundo dele, à Akatsuki e, por isso, figurinos muito detalhados não fossem o ideal.

A campainha soou. Conferiu o relógio. Oito em ponto. Sua tentativa de organizar o ateliê tinha meio que fracassado: a bagunça só estava recolocada em outro canto.

— Ele vai notar. — Suspirou, caminhando para fora de lá.

Conferiu pelo olho mágico antes de abrir a porta.

— Bom dia! — Sorriu abertamente.

— Bom dia — ele falou baixo, entrando no apartamento.

Ino fechou a porta e virou-se para ele. Calça jeans, camisa azul celeste. Quem o visse na rua, nunca imaginaria onde trabalhava, o que fazia. Nem ela mesmo seria capaz de pensar naquilo.

— Que é? — Gaara franziu o cenho, incomodado com o modo como era encarado.

— Ah, nada, eu só... Já tomou café? — mudou de assunto rapidamente, passando a mão pelo rosto para disfarçar a vergonha.

— Já — ele respondeu. — Hinata me obrigou — adicionou em voz baixa, reparando na decoração da sala.

Não conseguiu evitar o arquear de sobrancelhas para o lugar colorido. Sofá vermelho, almofadas amarelas, cortinas azuis, vasos verdes, flores violetas, enfeites brancos. Mas isso não o surpreendeu mais do que o pijama que Ino ainda vestia. Apesar de parecer desperta, o pijama e o cabelo solto naturalmente davam-lhe um ar de quem acabara de acordar.

— Vamos? O ateliê fica por aqui.

Assentiu, seguindo-a.

Quando Ino disse que tinha um ateliê na casa, Gaara não imaginava que realmente fosse um ateliê. Pensou que talvez fosse um quarto que ela havia improvisado de qualquer jeito, mas não... Apesar da bagunça, o lugar tinha espaço para as telas, armários delicados para os pincéis e objetos de desenho, bancos, poltronas e um pequeno sofá em um espaço afastado para que os modelos ficassem e uma arara de roupas variadas ao canto. De fato, Ino devia ter tido trabalho ao levar aquilo dentro de um carro.

— Como faremos hoje? — perguntou, parado ao centro.

Os olhos verdes a miravam intensamente, e Ino tinha que admitir que gostava daquela atenção. Vê-lo ali, diante de si, com a música ao fundo, deu-lhe uma ideia. E Gaara soube que aquilo não prestaria quando Ino corou, juntando as mãos atrás do corpo e balançando o corpo para frente e para trás.

— Minha série já está com uma parte pronta. Eu já tenho os rascunhos de você em posições relaxadas. Agora preciso de duas outras. A segunda fase trata-se de quadros mais sensuais. — Desviou o olhar para o chão. — Como se você estivesse dançando e se exibindo.

— Como irá me desenhar assim? — perguntou, confuso.

— Você dança, exibe-se e, quando eu achar a pose certa, peço para que pare. Você mantém a posição até eu rascunhar, ou até aguentar — emendou rapidamente. — e seguimos para outra. Preciso de umas cinco telas assim.

Gaara bagunçou o cabelo antes retirar as chaves e a carteira do bolso e colocar sobre uma mesa perto de Ino. Depois, cruzou os braços, esperando Ino dizer como deveria começar. Sentiu as mãos dela em seu braço, puxando-o para perto do sofá.

— Aqui. Precisa de alguma música? Algo específico?

— Não.

— Bem, faça o que quiser então. Sinta-se livre para isso — ela falou, afastando-se para puxar o banco e o cavalete para mais perto de onde Gaara estava.

Ele esperou que ela se ajeitasse. Ela amarrou o cabelo no alto, colocando algumas mechas atrás da orelha antes de morder o lábio, feliz. A artista parecia uma criança prestes a ganhar um presente. Não negava que estava apreciando posar para ela. Ino o atraía, e não sexualmente apenas. Em seu trabalho, era mais requisitado por mulheres do que por homens e nenhuma delas era parecida com a artista. Não via a pose inalcançável em Ino apesar de poder perceber de longe o quão independente ela era; ela não media o comportamento ou as ações, agia tão livremente que não parecia viver na mesma sociedade que ele. E talvez aquela combinação, para ele tão incomum, fosse o que mais o fascinava. Entretanto, aquela euforia de Ino podia ser prejudicial para ela mesma.

— Você já pensou no que dirá quando te perguntarem sobre o modelo? — questionou-a antes de começar.

— Se me autorizar, direi que é você. Por quê? Não quer que eu diga? — ela perguntou, não entendendo onde ele queria chegar.

— Ok. Dirá que sou eu. Suponho que vão me pesquisar um pouco, estou certo? O que dirá quando descobrirem minha profissão?

— Está com medo de ser perseguido pelos críticos e de ser alvo de comentários? Se for, posso omitir seu nome.

Gaara sorriu de canto, negando.

— Você é uma artista com nome aqui e fora do país. O que vão pensar de você quando expor uma série em que o único modelo é um puto?

Ino arregalou os olhos, mexendo-se desconfortável ao ouvi-lo se referir a si mesmo daquela forma. Já havia pensado no problema que Gaara levantava, discutira com Kakashi sobre aquilo, porém não estava disposta a abrir mão de sua arte só porque receberia meia dúzia de comentários preconceituosos.

— Não se preocupe. — Sorriu sincera. — Minha arte, minhas regras. Se quero retratar você, é você e unicamente você quem estará nas minhas telas. Pouco me importa sua profissão, o que faz ou deixa de fazer, é sua vida, não minha. Caso esse problema te incomode, podemos omitir o seu nome, como eu já disse, mas, se está mesmo preocupado só com o que críticos conservadores dirão para mim ou sobre mim, fique tranquilo, não dou a mínima para eles. Eu estava com um bloqueio a meses antes de te ver se apresentando, não conseguia nem ao menos desenhar uma cesta de frutas. — Riu. — Quando uma amiga me fez acompanha-la até Akatsuki e te vi, senti vontade de desenhar novamente. Se é isso o que minha arte quer no momento, se é o que estou inclinada a retratar, não vou ficar me censurando por opiniões que não mudarão em nada minha vida.

Era incrível como, ao mesmo tempo em que via a determinação nos olhos dela, podia também enxergar a doçura por trás daquelas palavras. Assentiu, virando-se de costas para ela enquanto fechava os olhos. Não ouvia muito bem a música que vinha de longe e, por isso, apenas fez como nos ensaios, moveu-se livremente. As mãos corriam o corpo, moldando-o, e abriu os olhos ao girar noventa graus e ficar de perfil para Ino. A cabeça tombada na direção dela enquanto o sorriso malicioso brincava na face. As mãos fecharam-se na barra da camiseta, fingindo levantá-la para que, depois, entrassem por debaixo dela e abrissem o cinto da calça.

Agia lentamente, dando tempo para que Ino o mandasse parar. Girou mais uma vez, ficando de frente para ela com a finalidade de encarar os olhos azuis ao puxar a camiseta para cima e retirá-la. Girou os ombros e tombou a cabeça para trás ao descer a mão e arrastá-la sobre a calça, sobre o membro adormecido. Lambeu os lábios usando as duas mãos para afastar um pouco o tecido da calça para frente e fingiu encarar, com um sorriso cafajeste, o próprio pênis.

— Pare. Não se mova — Ino mandou de súbito.

O carvão desceu sobre o tecido em movimentos precisos. Gaara achava engraçado como Ino não possuía vergonha ao desenhá-lo naquele momento e, em contrapartida, corava assim que o encarava diretamente nos olhos. Na verdade, ela se entretinha tanto com o desenho que se esquecia da situação em que ele estava sendo feito, o que não acontecia quando Gaara a observava com desejo sempre tão explícito.

Era proposital. Sabia que era. Só não conseguia dizer se era para que ela retratasse aquele sentimento nos quadros ou se para a seduzir.

Lembrou-se do beijo, quer dizer, da provocação. Inconscientemente, lambeu os lábios, e pousou o olhar nos de Gaara. Eram doces, recordava-se disso e de como seu corpo tremeu com o deslizar da língua por sua boca. Engoliu em seco, balançando a cabeça e voltando a atenção ao desenho.

Gaara arqueou a sobrancelha quando ela corou, tentando imaginar o que se passava na cabeça dela naquele momento.

— Aguente mais um pouco, por favor — ela pediu, sem olhá-lo, concentrada novamente.

A boca, os olhos e o cabelo, sabia exatamente o que queria colorir naquele quadro. Queria a displicência que a bagunça do cabelo trazia, a sensualidade dos lábios, a petulância, a arrogância e a malícia dos olhos. Sorriu abertamente, ajeitando-se para desenhar melhor.

Demorou meia hora para que estivesse satisfeita com o rascunho. Afastou-se um pouco, ainda sentada, para reparar no resultado. Retirou o quadro do cavalete e pegou uma outra tela em branco para que continuassem.

— Pode ir para a cadeira? — ela perguntou.

Gaara concordou, grato por poder se espreguiçar e alongar os músculos.

— Você disse que eram três etapas na sua série — ele disse ao puxar a cadeira e coloca-la de frente para Ino. — Se a primeira foi eu relaxado e a segunda está sendo sedução, devo supor que a terceira seja o que exatamente? — Sentou-se, encostando as costas na cadeira e abrindo as pernas.

— Seria... o final da cena — ela respondeu e respirou pesadamente ao acompanhar a movimentação de Gaara.

— O final da cena seria me desenhar fazendo sexo? — Riu irônico e desceu a mão para a calça, apertando o membro sob o olhar atento de Ino.

— Algo assim. Seriam cenas que retratassem mais explicitamente o prazer — falou rapidamente.

— Bem, então lá vai o seu primeiro rascunho da terceira etapa, porque você me deixou duro ao me encarar tão descaradamente no último rascunho.

Ino não acreditou quando ouviu a frase e muito menos quando Gaara fechou os olhos ao suspirar aliviado com o zíper do jeans aberto. Pode ver o membro endurecido sob a cueca e ouviu o próprio coração bater contra o peito à medida que a cena começou a se desenrolar.

Insano. Gaara só podia estar querendo brincar com sua sanidade... E o pior de tudo era que não se sentia ofendida, não se sentia ultrajada, não se sentia nada senão instigada a assisti-lo como sempre acontecia na Akatsuki. Enquanto os olhos não desviavam da mão que agora manuseava o falo e o expunha, o carvão foi à tela com pressa.

Queria aquilo registrado não só em sua memória, queria nos quadros pois não se cansaria de contemplá-los. Arfou junto de Gaara no momento em que ele gemeu, puxando a calça um pouco mais para baixo enquanto se masturbava sofregamente. Viu-o abrir os olhos, encarando o teto e sorrindo divertido antes de piscar-lhe.

Lamentava os segundos que perdia ao ter que voltar sua atenção para a tela, xingava sua própria conduta, não podia acreditar no que fazia, mas, ainda assim, continuava!

O peito dele subia e descia, os gemidos roucos escapavam gradualmente, excitando-a. Notou a lubrificação sobre a cabeça da glande e, automática e instintivamente, fechou as pernas, sentindo-se quente. O rosto dele adquiria um tom rosado adorável nas maçãs do rosto conforme o prazer crescia, e Ino tinha certeza que aquela seria uma das partes coloridas daquele quadro.

Quando ele abriu mais as pernas, inclinando o corpo para a frente e segurando-se com uma mão na cadeira, Ino soube que a exibição havia chegado ao fim. Ele gozou, gemendo arrastado, levando a cabeça para trás e a apoiando na cadeira enquanto o sêmen jorrava e manchava o chão.

Droga... Também queria desenhá-lo daquela forma, com a expressão de satisfação no rosto, o corpo relaxado, as roupas desalinhadas e aura de sexo.

Olhou para o rascunho, sorrindo satisfeita embora os traços tivessem sido feitos às pressas. Teria que aperfeiçoá-los depois. Sim, depois, assim que o calor de seu corpo também se dissipasse, assim que Gaara se recompusesse, assim que a razão voltasse ao ambiente.

Levantou-se, saindo do ateliê e andando apressadamente até o quarto. Abriu o armário e pegou uma toalha. Gaara sorria minimamente, com uma expressão jocosa quando ela voltou.

— O banheiro é naquela porta à direita. Tome um banho e se arrume. Temos que continuar os outros quadros.

Ele se levantou, caminhou até ela e segurou a toalha estendida bem como a mão de Ino, fazendo-a olhá-lo. A mão livre foi ao rosto dela, e Ino prendeu a respiração quando ele se aproximou ainda mais. Sua boca secou e foi inevitável não mirar a dele, ansiosa. Contudo, em vez disso, ele deslizou a mão pelo rosto dela e voltou a se afastar, mostrando os dedos.

— Carvão. Estava sujo. Porta à direita, certo?

Ino sentiu o sangue se acumular na face e levou a mão aos olhos antes de concordar. Meu Deus, não era nem onze da manhã ainda e Gaara já a havia feito perder o controle acumulado para o dia todo...


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