Perrie: Ela não pode simplesmente ter desaparecido no nada! – Disse, exaltada, vendo as planilhas na tela.
Zayn: Perrie, você está me cansando. Ela sumiu e ponto. Vai ter que procurar outro motivo pelo qual viver até eles resolverem atacar novamente. – Disse, tranquilo.
Os rastros de Melanie davam em uma estrada, no meio do nada, então simplesmente desapareciam. Só haviam arvores, não tinha como o carro passar, e não haviam marcas de pneus. O ultimo rastro dela dava em uma reserva ambiental, e ela simplesmente sumira, o que deixara Perrie furiosa.
Perrie: Eu quero outra varredura da área. – Determinou, e houve um suspiro de todos em volta – Tanto terrestre quanto aérea. Escavem o solo de preciso for. Ela não sumiu, tem algo que nós estamos deixando passar. – Ordenou, dando as costas e saindo.
Zayn: Um dia. – Começou, fazendo ela se deter na porta – Você vai conseguir que ela se irrite ao ponto de se voltar contra você. E no dia em que ela vier, Perrie, não vai haver quem te proteja. Você a conhece.
Perrie: Então eu vou ter que matar ela antes que ela me encontre. – Finalizou a conversa, saindo da sala.
Em uma mansão, longe dali...
Louis: Ele sabe o que é um doppelganger, pelo menos? – Perguntou, fechando o cinto. Usava uma calça social preta, e estava com o peito nu. Melanie, enrolada em um lençol, deitada a sua frente, revirou os olhos.
Melanie: Isso importa? – Perguntou, se espreguiçando.
Louis: Importa se você pretende levar isso a sério. E você pretende. – Disse, terminando de abotoar o cinto – Não acha que é hora de conversar com ele?
Melanie: Porque você não vai até lá e faz isso? – Perguntou, ousada, e ele sorriu, vestindo a camisa, também preta. Ela rolou, ficando de bruços, as costas nuas sob o lençol, a marca da mordida que Harry vira uns graus mais clara, mas ainda assim claramente destacada na pele.
Louis: Descarada. – Disse, se sentando ao lado dela, dando um beijo mordido no ombro dela – Leviana. – Outro beijo – Atrevida. – Melanie riu pelas cócegas – O que vai fazer o dia todo?
Melanie: Descansar. – Disse, franzindo o cenho com a pergunta – Vim aqui pra isso, não foi? – Perguntou, manhosa. – Você fica uma graça vestido assim. – Disse, brincando com o cinto dele – Porque não volta pra cá? – Propôs, sorrindo. Louis olhou as curvas dela, cobertas pelo lençol branco, e riu.
Louis: Proposta tentadora. – Admitiu, e ela riu – Mas Niall me espera. Vamos a Paris, queremos voltar ainda hoje.
Melanie: O que vocês querem em Paris? – Perguntou, enquanto ele brincava com os dedos nas costas dela.
Louis: Por quem você me toma? – Perguntou, falsamente indignado. Ela ergueu a sobrancelha – Ok, vamos sondar território.
Melanie: Ei, shhh. – Disse, os ouvidos aguçados, e Louis franziu o cenho, parando pra ouvir. O barulho veio se aproximando... Se aproximando... Um helicóptero.
Louis: De novo? – Perguntou, cansado.
Melanie: É uma vida difícil. – Disse, achando graça.
Louis: Por isso... – Ele puxou a camisa pela gola, empurrando os sapatos e as meias. Melanie riu, se afastando dele – Eu digo que não vou mais sair. Venha aqui. – Disse, puxando-a pela cintura, trazendo-a na cama de volta pra ele. Ela ria gostosamente, e ele a mordeu, beijando-a em seguida. Melanie o abraçou, as mãos espetando ainda mais os cabelos dele, e o que se seguiu dali já era outra história.
No jardim... Harry estava sentado no gramado, olhando pra cima. Haviam três helicópteros, indo e vindo, bem em cima dele, de um lado pro outro. Intrigante.
Madison: Eles não estão te vendo. – Disse, se aproximando. Tinha que alterar a voz pelo barulho dos helicópteros, e seus cabelos brincavam no vento.
Harry: É impossível. – Disse, vendo um dos helicópteros planando baixo, bem acima deles. Passaram direto.
Madison: Foi trabalhoso, mas há um certo encantamento em fazê-los de idiota. – Disse, se sentando ao lado de Harry, muito tranquila.
Harry: O que eles estão vendo? – Perguntou, intrigado.
Madison: Arvores. Centenas de centenas delas. Uma reserva ambiental. – Disse, olhando o céu – Vira e meche eles fazem isso. – Disse, apontando pra cima – Não conseguem nada. É como se estivéssemos dentro de uma cúpula. Mas nós vemos eles, e eles não nos vêem. – Ela piscou.
Harry: Se eles jogassem uma bomba... – Especulou.
Madison: Explodiria a mansão. E criariam um problema comigo. – Harry riu – É minha casa. – Fungou, se deitando na grama.
Harry: Intrigante. – Comentou, imaginando como seria ver aquela cena de fora.
Madison: Porque tão triste, Harry? – Perguntou, deitada.
Harry: Preciso responder? – Perguntou, respirando fundo.
Madison: Não pensou em nada do que eu te disse? – Perguntou, observando-o. – Pode não ser um fim, mas um recomeço.
Harry: Eu nunca roubei nem em jogo de baralhos. Essa vida não é para mim. – Recusou.
Madison: Não era para nenhum de nós, mas somos felizes agora. Cada um de nós já foi exatamente como você: Inocentes. – Disse, quieta – Niall chegou aqui pela máfia, eu porque não fui feita para receber ordens, Louis por amor, Melanie pela morte. Enfim.
Harry: Melanie pela morte? – Repetiu, franzindo o cenho.
Madison: Nem vem. Essa história você vai ter que arrancar dela. Mas posso dizer que Melanie não foi sempre assim, ela é um resultado do que fizeram dela. – Se resumiu. Harry ia foguetear ela com perguntas, mas ela negou com a cabeça – Nem mais uma palavra. Pergunte a ela. Mas devo avisar, ela fica irritada por tocar no assunto. – Harry assentiu, pensativo.
Harry: Louis por amor? – Perguntou, tentando se distrair.
Madison: Ah, sim. Ele conheceu Danielle anos atrás, estava na faculdade. Se apaixonou, teve um caso com ela, e quando descobriu quem ela realmente era, simplesmente jogou tudo pra cima e a seguiu. Bem prático. – Disse, dando de ombros.
Harry: Danielle?
Madison: Danielle Campbell. Nunca ouviu falar dela também? – Ele negou – Cara, você precisa assistir o jornal. – Disse, com uma careta.
Harry: É da família de James? – Perguntou, tentando se situar.
Madison: Ok, me permita lhe explicar sobre os nomes. – Disse, se virando de bruços na grama, se amparando nos cotovelos – Nós, ladrões como você prefere chamar, não damos nossos verdadeiros nomes. James Campbell é um nome fictício, dado para encobrir o verdadeiro.
Harry: Você tem um nome fictício? – Perguntou, admirado.
Madison: Não. Raros casos, mas eu realmente sou Madison Salvatore, e Louis é Louis Tomlinson. – Explicou – Mas Melanie não é Melanie Horan, é Melanie Clark.
Harry: De onde ela tirou esse 'Horan'? – Perguntou, pensativo.
Madison: De Niall. Niall James Horan. – Harry fez uma careta – Estranho, eu sei. Ela usa o sobrenome dele para proteger o próprio.
Harry: E ele...?
Madison: Ele já é mais complicado. Ele usa o segundo nome, James, e o sobrenome de Danielle. Assim temos James Campbell.
Harry: Danielle não usa o sobrenome dela? – Perguntou, encaixando as peças.
Madison: Usa. O mito sobre James e Danielle Campbell corre o mundo. – Disse, dando ênfase. – As pessoas acham que eles são da mesma família, ou algo assim.
Harry: Ótimo, vou criar um nome pra mim também. – Disse, debochado.
Madison: Não pode. – Disse, com pesar, se sentando – Você já é James Campbell. Ou pelo menos eles pensam que é.
Harry: Mas porque?
Madison: Porque todos criaram a fé de que Niall e Melanie são marido e mulher. Como ninguém consegue encontrar ele, eles seguem ela. No momento em que você apareceu com ela, todos começaram a supor que você fosse Niall. No momento em que a beijou, tiveram certeza. – Disse, quieta.
Harry: Eu nem me pareço com Niall, em nada. – Disse, indignado.
Madison: Acredite, eu sei. – Disse, sem debochar dele. – Mas todos acham que Niall já fez 10 cirurgias plásticas, para mudar a aparência, se esconder. Ele chegou a pensar nisso, mas eu não deixei. – Admitiu – Mas o fato é que se ele quisesse fazer as cirurgias, ele poderia ter a aparência de qualquer um. Inclusive a sua.
Harry: Que ótimo. – Disse, suspirando.
Madison: Harry... Você sabe o que é um doppelganger? – Perguntou, quieta.
Harry virou o rosto, encarando os olhos negros dela. Ela estava séria, quieta. Ele sentia que essa era a explicação, a conversa que ele estivera esperando pra ter desde que atiraram nele no beco em Paris. A verdade, toda ela. E agora que estava prestes a ter, algo nele se recusava a ouvir.
Madison: Acontece raras vezes. Não utilizamos muito de doppelgangers, porque em geral eles entram em pânico, e terminam morrendo. – Disse, quieta.
Harry: Defina o termo. – Disse, respirando fundo.
Madison: Doppelganger significa "cópia que se move". No caso, Melanie foi até você, fez todos acreditarem que você era Niall, e agora enquanto a policia, a máfia, e todo o resto procuram por você, Niall pode agir livremente. – Se resumiu.
Harry: Eu estou aqui para morrer no lugar dele, é isso? – Rosnou.
Madison: Não se você cooperar. Estará sempre com algum de nós, e depois de um tempo você saberá se defender. Tente ver isso pelo lado positivo.
Harry: Não existe um lado positivo. – Disse, tomado pela raiva – Toda a minha vida, eu nunca pus um dedo pro lado de fora das regras. Nunca! Então eu tenho um impulso, cometo um erro, e é isso?!
Madison: A vida é feita de escolhas, Harry. Você escolheu seguir ela. – Disse, quieta. – Você vai ficar mais algum tempo aqui, com ela, até que esteja pronto.
Harry: Pronto...?
Madison: Pronto para voltar a sociedade. Para enfrentar o que estava guardado para Niall. – Disse, quieta.
Harry: O que?! – Ela ficou em silencio – Ok, vocês esperam que daqui a algum tempo eu saia por ai, sorrindo, enquanto metade da cidade quer me matar?
Madison: Você não precisa sorrir se não quiser. – Disse, quieta – Mas é para isso que os doppelgangers servem: Eles circulam em um lugar, atraindo toda a atenção para eles, enquanto o verdadeiro procurado está do outro lado do mundo, fazendo o que bem quer.
Harry: Você tem noção de como o que está dizendo é injusto?! – Perguntou, incrédulo... Apavorado.
Madison: A vida não é justa, quem diz o contrário mente. – Disse, quieta. – Não tem pra onde ir, Harry. Como eu disse... A vida é feita de escolhas. – Disse, se levantando – Agora cabe a você escolher se vai aceitar o que lhe aconteceu e tentar aproveitar o máximo disso, ou se vai continuar sendo infantil, se rebelando contra uma verdade que você não pode mudar. E há sempre a terceira opção, a opção em que você pode tentar fugir, se entregar. Mas em geral é assim que os doppelgangers morrem. – Disse, tirando o cabelo que o vento do helicóptero bagunçava do rosto – Desculpe. – Disse, saindo.
Harry: Você tem uma doppelganger? – Perguntou, respirando em arfadas.
Madison: Não. Niall quis me dar uma, mas eu nunca aceitei. Esta é a minha vida. São meus riscos, eu busquei isso, e eu vou correr eles. Se um dia acontecer de falhar... Bom, eu vou estar morta, mas são meus pecados, não de outra pessoa. – Respondeu, e Harry adentrou as mãos no cabelo, em pânico – Eu sinto muito.
Ele estava em pânico. Nunca fizera nada de errado, e agora as pessoas achavam que ele era um criminoso. Tinha uma vida de crimes, roubos e assassinatos que não cometera para pagar. Suas únicas opções eram aceitar e se tornar um deles ou morrer, e tudo porque seguira um conselho de uma mulher em um trem. Passou um tempo incontável ali, confinado com seu medo, vendo os helicópteros passarem por cima de sua cabeça, procurando-o. Ele era inocente ,e ninguém jamais ouviria isso. Sua vida, sua carreira, fora tudo por água abaixo. Uma mulher em um trem... Ela iria pagar.