Brioche? (SUSPENSO :( )

By _MelGv

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Olívia não consegue entender como sua irmã não acha incrível o fato de terem um vizinho famoso morando na jan... More

Olívia - Capítulo 2
Hugo - Capítulo 3
Olívia - Capítulo 4
Hugo - Capitulo 5
Olívia - Capítulo 6
Hugo - Capítulo 7
não é um capítulo

Hugo - Capítulo I

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By _MelGv

Elas já olharam discretamente para cá duas vezes. Eu percebi. Acham que foram sutis, que estou alheio à conversinha baixa seguida pelo movimento discreto de cabeça, mas não estou.

Também percebi o sorriso da amiga loira e o olhar de empolgação da outra, que é mais loira que a primeira.

Deus, achei que estivessem em extinção, mas aparentemente existem algumas sobreviventes.

Fãs.

Ajeito meu corpo na cadeira desconfortável da sala de embarque enquanto aguardo o chamado para meu voo.

É clássico encontrar pessoas famosas em aeroportos. Até parece que esbarrar em uma celebridade faz parte do pacote da ponte aérea.

"Pague um acréscimo de 15% no valor da passagem e tenha a sorte de cruzar com algum famoso pelo seu caminho!!!!!"

Estou tomando mais um gole da minha Coca quando percebo o olhar das meninas em mim – de novo. Sorrio com o canudinho preso entre os dentes enquanto faço a minha melhor expressão Bruno-Ama-Michele, em referência ao par romântico da minha novela.

Caramba, nem meu sorriso sexy continua sexy com um canudo atravessado.

Melhore, Hugo, melhore.

De qualquer forma, elas riram. Isso mesmo, riram envergonhadas antes de fingirem prestar atenção em uma mãe que brinca com o bebê de colo.

Adoro essas meninas.

Não elas, necessariamente.

Adoro esse tipo de fã que é legal demais para vir falar comigo e pedir um autógrafo. "Claro" que acredito que elas não estão entrando em combustão interna pela sorte de encontrar Benjamin García. O cômico é a necessidade tola de agir como se isso não fosse grande coisa.

Como se eu não fosse grande coisa.

...Afinal, toda fã-que-se-acha-legal-demais-para-ser-fã faz isso porque crê que tem mais chances de virar melhor amiga da celebridade em questão se conseguir manter a calma e agir com naturalidade.

Elas parecem tão naturais quanto os pinguins de Madagascar, pelo amor de Deus.

Olho para elas mais uma vez, desta vez enviando o pensamento de "venham logo, moças, eu posso dar um autógrafo e até tirar uma foto (duas, se vocês não foram naturalmente fotogênicas), mas daqui a poucos minutos meu voo será chamado e eu irei embora. Se eu for embora, vocês perderão essa oportunidade incrível!".

A narina da garota mais loira se expande e suas sobrancelhas se apertam no meio da testa. Ela parece levemente desconcertada diante da minha abordagem psíquica objetiva, então vira-se para a amiga e sussurra alguma coisa em seu ouvido.

"Ele está olhando para cá! Parece convidativo! Vamos pedir seu autógrafo!" ela deve ter dito.

Confiro o horário no meu celular. Meu avião já está dois minutos atrasado, mas a movimentação diante do portão de embarque indica que muito em breve serei chamado.

Primeiro idosos, adultos acompanhados de crianças e pessoas com necessidades especiais.

Depois o resto.

Eu, no caso, faço parte do resto.

Não posso reclamar, porque não estou velho (vinte e três anos não é tanto assim); não tenho filhos (conhecidos) e tampouco porto qualquer tipo de deficiência.

Sou apenas o cara mais famoso do Brasil.

Perdão, fui.

Não precisa jogar na cara.

Quando as meninas se levantam, passo a mão pelo meu cabelo e viro meu corpo em sua direção.

Finalmente vocês cederam, garotas.

"Benjamin García, Benjamin García", repito mentalmente.

Nossa, quanto tempo faz que não dou um autógrafo.

Mesmo sem papel, meus dedos seguram uma caneta imaginária e atravessam rapidamente um guardanapo invisível, enquanto treino o movimento da assinatura de Benji García.

As garotas passam por mim, rindo de alguma piada interna, e se direcionam para a lanchonete capenga do aeroporto.

Sério, garotas?

Pego minha bolsa de carteiro tiracolo e saio atrás delas. Posso fingir que estou comprando um pão de queijo para que elas vejam como sou um humano normal e criem coragem.

Será que elas ainda têm os meus pôsteres guardados? Não me orgulho da maioria das fotos que me forçaram a tirar. Muito menos das entrevistas fúteis que dei para a Capricho naquela época.

"Como seria o seu encontro ideal?", "Você namoraria uma fã?", "Qual é seu sabor favorito de pizza?"

"Jantar com cinema";  "Sim, claro!"; e "eu gosto de tudo, o que você preferir está ótimo, linda, mas adoro pizza portuguesa", são as respostas que minha agente (perdão, ex-agente) bolou.

- Um pão de queijo, por favor – peço para a moça entediada no caixa.

- Seu nome?

Engulo seco antes de responder.

Odeio assumir meu nome artístico, mas com a amiga-mais-loira tão perto de mim, não posso confundi-la com a verdade.

Se eu respondesse "Hugo", como consta na carteira de motorista, ela pensaria "oh, não, me enganei! Ele não é o carinha que fez o Bruno em Pequeno Pecado, é só um cara que se parece com ele".

- Benjamin.

- Obrigada, Benjamin, daqui a pouco a gente chama seu nome.

Pago cinco reais (!!!), recebo a nota fiscal e caminho até o balcão onde outra atendente entrega os pedidos.

- Amanda! – ela chama, fazendo com que a amiga-menos-loira pare de conversar e pegue um sanduíche de atum.

Odeio atum.

É uma anomalia da natureza.

Peixe horrível.

- Benjamin! – a mocinha diz, pouco depois. Me debruço no balcão bem perto das amigas, nossos braços quase se tocando, e agradeço pelo pão de queijo.

- Seu nome é Benjamin? – a menos-loira me pergunta.

Assinto com a cabeça, enquanto abro meu sorriso de galã de novela das sete.

- É sim, por que? – pergunto para amaciar meu ego. Tudo que mais quero ouvir é um "você que fez o Bruno, naquela novela Pequeno Pecado?". Faz meses desde a última vez em que fui tietado.

- É o nome do meu cachorrinho – e riu. – Muito prazer!

Dou uma risada meio forçada, meio constrangida, porque não sei ao certo o que dizer.

- O prazer é todo meu. Amanda, né?

Ela concorda.

- Amanda, você assistia a novela Pequeno Pecado? – me ouço perguntando, involuntariamente.

Foi sem querer, juro que foi sem querer.

- Qual? – ela questiona franzindo as sobrancelhas.

- Pequeno Pecado, era uma novela das sete, passou em 2010, acho.

A menina morde os lábios, olha para o teto, encara a amiga-mais-loira e então nega.

- Não vejo novela. – informa por fim.

Oh.

Então ela não me reconheceu.

- Por que? – ela pergunta enquanto seus dentes surgem atrás de um sorriso curioso.

Me recuso a assumir.

Não vou falar uma palavra que seja.

Não vou.

- Ah, é que eu participei e achei que você tivesse me reconhecido – digo sem querer, em uma atitude que corrói toda a dignidade que me restava.

Amanda olha para o chão, coça a nuca com as unhas bem feitas e demora alguns instantes até voltar-se para meus olhos.

- Ah, é mesmo!! – exclama em um tom forçado.

Querida, eu sou o ator, não você. Você não me engana de jeito nenhum com essa mentira descarada.

- Nossa, que legal te encontrar aqui – ela continua, como se já não estivesse ruim o bastante – Júlia! Olha, esse é o... – franze os olhos tentando lembrar. Poxa, eu acabei de falar meu nome. É o nome do seu cachorro - Benjamin, que fez... – olha para o teto, corando, antes de prosseguir - aquela novela, sabe?

Não posso acreditar que isso está acontecendo.

Pensando bem, talvez a amiga me reconheça e prove que essa tal de "Amanda" é uma baita desinformada.

- Nossa! – ela finge exclamar – Caramba! Que concidência! Legal te ver, sou sua fã – e dá um sorriso amarelo.

Posso ver em seus olhos que ela não faz ideia de quem eu seja.

Ótimo.

Era tudo que eu precisava hoje: um aviso cósmico de que sou uma figura datada e irrelevante.

– Mas... Bom, eu preciso ir. – Júlia dá os ombros – Muito prazer! – conclui antes de se afastar, aos risos, com a amiga.

Encaro meu pão de queijo.

Não quero comer isso.

Não deveria ter investido cinco reais em um autógrafo para uma menina que não faz a menor ideia de quem eu seja.

- Última chamada para o voo 0747 com destino a São Paulo – o auto-falante anuncia, trazendo-me de volta à realidade.

Uma fila enorme se formou diante do Portão de Embarque 2.

E eu sou o último dela.

Porque, afinal, hoje é meu dia de sorte.

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Oi, pessoinhas! Que saudade que eu estava de vocês <3

Esse daqui é meu projeto novo e eu espero muito muito que vocês gostem. 

Ainda não tenho tudo definido, mas estou trabalhando nisso, juro! 

Serão dois POVs, um da Olívia e um do Hugo, que são vizinhos de janela. Para quem leu TSADVE3D, a Olívia é irmã da Branca de Neve, que é uma personagem muito importante aqui.

Não faço a menor ideia de quando postarei o próximo capítulo :((((  porque preciso pensar sobre ele, mas já queria divulgar a capa, a sinopse e tudo mais. 

Tenham paciência comigo, prometo que vou dando notícias. 

Espero estar postando constantemente até o meio de setembro (?), não sei! Tudo depende da minha eficiência criativa, hahaha.

Estou animada, pessoinhas! 

Beijos mil, 

Mel

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