PJ's Heart - Camren

By dearjames55

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Lauren Jauregui, depois de dois anos afastada por causa de seu trabalho, volta a sua cidade natal e encontra... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26 - e-mail 01
Capítulo 27 - e-mail 02
Capítulo 28 - e-mail 03
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33

Capítulo 14

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By dearjames55


Camila POV

Eu estava sentada na cama, com meus braços cruzados, enquanto observava Lauren à minha frente, encarando o próprio reflexo no espelho. Logo pela manhã, quando acordamos, eu dei de cara com uma Lauren completamente queimada pelo sol e com um enorme bico insatisfeito no rosto, o que me fez soltar uma boa onda de risadas.

—Não estou tão vermelha assim, estou? – Ela perguntou ainda atenta com a imagem no espelho.

—Lauren, você está parecendo o mushu daquele filme da Mulan. – Eu analisei e ela me encarou franzindo a testa.

—Aquele bicho vermelho de meio metro de altura e de bigode? – Ela perguntou confusa e eu concordei com a cabeça. – Você acabou de me chamar de dragão, Camila! Eu estou com a minha autoconfiança muito abalada agora. – Ela adicionou num falso tom machucado e eu ri.

—A intenção não foi te chamar de dragão, mas sim que você está muito vermelha. – Eu expliquei tentando suavizar a situação. – E ele era um dragão muito fofo. – Eu adicionei naturalmente.

—Continua sendo um dragão, mas ok... – Ela resmungou voltando a se encarar no espelho.

—Eu acho que tenho um creme na minha bolsa para queimadura de sol. – Eu comentei seguindo até uma das minhas malas.

—Não precisa... vou sobreviver... – Ela falou dando de ombros e eu arquei minha sobrancelha, enquanto pegava o creme.

—Você deve estar com a pele ardendo, Lauren... isso aqui alivia. – Eu insisti me aproximando e ela bufou.

—Eu já estou acostumada com o sol de Alepo. – Ela disse dando de ombros.

Porque tão teimosa?

Eu respirei fundo e dei um tapa no meio das suas costas, a fazendo praticamente saltar de susto, enquanto soltava um gemido de dor.

—Caramba, Camila! Está ardendo! – Ela reclamou ainda com uma expressão dolorida.

—Oh está? Não me diga... – Eu falei sarcástica e ela revirou os olhos.

—Ok, está ardendo para cacete, satisfeita? – Ela admitiu e eu ri, enquanto colocava um pouco do creme em minha mão e levantava sua blusa para passar em suas costas.

—Eu te disse para passar o protetor ontem, mas bem que sua mãe me avisou que você era uma anta teimosa. – Eu comentei deslizando minha mão por sua pele.

—Ela me chamou de anta teimosa? Isso foi muito ofensivo. – Ela murmurou com um bico e eu voltei a rir.

—Para de ser dramática... sabe como sua mãe é... – Eu disse num tom calmo, enquanto ela suspirava concordando. – Está melhorando? – Eu perguntei terminando de passar o creme.

—Está... obrigada. – Ela agradeceu com um sorriso simples. – O que quer fazer hoje? – Ela perguntou interessada, enquanto eu guardava o creme de volta na mala.

—Você que sabe... mas acho que vou ter que ir a alguma loja para comprar uma roupa, não trouxe nada de especial para o jantar de hoje. – Eu comentei naturalmente e ela assentiu.

—Ok, vamos tomar o café-da-manhã e podemos ir ver se achamos algo para você depois. – Ela disse com um sorriso simples e eu concordei.

Nós deixamos a cabine e seguimos para um dos restaurantes que estavam servindo o café-da-manhã. Era engraçado observar Lauren escolhendo o que iria comer, como se fosse uma criança da idade do Benjamin, com seus olhos brilhando e um sorriso divertido no rosto... Era mais engraçado ainda encarar aquelas bochechas, extremamente vermelhas, por causa do sol e que me renderam várias piadas, só servindo para aumentar o bico em seus lábios.

Tão teimosa, mas tão adorável...

—Será que encontramos alguma roupa por aqui? – Eu perguntei quando terminamos o café-da-manhã e passamos em frente à uma das lojas que haviam no navio.

—Se você tiver sessenta anos e vinte e sete gatos, talvez... – Ela murmurou cruzando os braços, enquanto analisava a vitrine da loja e eu a encarei, boquiaberta. – O que? – Ela perguntou naturalmente ao me olhar.

—São roupas clássicas. – Eu argumentei apontando para o conjunto de camisa e calça bem cortados.

—Qual é, nós estamos em um cruzeiro e não em um velório marítimo, Camila... – Ela rebateu e eu respirei fundo.

—Você quer que eu vá a esse jantar de pijama então? – Eu perguntei irônica e ela deu de ombros.

—O major Carter estava usando um short florido ontem, o que eu nunca imaginei que fosse ver na minha vida, então aposto que ele não se importaria se nós fossemos de pijama. – Ela rebateu soltando uma risada. – Poderíamos comprar pantufas para irmos combinando no jantar. – Ela adicionou num tom descontraído e eu ri, empurrando levemente seu ombro.

—Ok, nada de pantufas... – Eu afirmei negando com a cabeça, enquanto voltava a caminhar pelo navio.

—Essa parece ser boa, vamos dar uma olhada. – Ela chamou minha atenção, apontando para outra loja.

—As roupas dessa loja devem custar uma fortuna, Lauren... – Eu comentei encarando a vitrine.

—Nós mandamos a conta para a nonna. – Ela falou com um sorriso travesso no rosto, enquanto me arrastava para dentro da loja.

A loja, por dentro, parecia tão luxuosa quanto aparentava por fora e eu confesso que estava me sentindo um pouco acuada com todas aquelas peças de roupas extremamente bem passadas, espelhos limpos como cristais e iluminação forte.

—Olá, em que posso ajuda-las? – Uma das vendedoras, com o cabelo tingido num tom de loiro falso e dentes tão brancos que chegavam a incomodar, perguntou ao se aproximar de nós.

—Eu e minha esposa vamos a um jantar especial essa noite e ela está precisando de um vestido novo. – Lauren se adiantou em responder e eu senti meu rosto corar.

Eu definitivamente tinha que me acostumar mais com o termo "esposa".

—Certo... temos ótimas opções por aqui. – A mulher informou ainda sustentando um sorriso aberto, antes de começar a me mostrar alguns modelos da loja.

Foram longos minutos percorrendo a loja e tentando escolher algo que me agradasse. Eu agradecia mentalmente por Dinah e Normani não estarem por aqui, senão eu tinha certeza que acabaria passando o dia inteiro escolhendo roupas. Não vou negar, eu adorava fazer compras de tempos em tempos, mas aquelas duas eram completamente viciadas.

Depois de escolher um bom número de opções, eu segui para um dos provadores que havia na loja e comecei a experimentar as peças que tinha separado.

—Ok, seja sincera, o que achou desse? – Eu perguntei, ao abrir a cortina e chamar a atenção da Lauren, que estava sentada em uma poltrona por perto, distraída com algo no celular.

—Está bom... – Ela disse naturalmente e eu me encarei mais uma vez no espelho, observando o vestido verde escuro.

—Está péssimo... – Eu murmurei insatisfeita, observando o péssimo caimento em minha cintura, antes de voltar a fechar a cortina e vestir outra opção. – E esse? – Eu perguntei mostrando o vestido rosa.

—Próximo... – Ela disse torcendo o rosto em desgosto e eu concordei com a cabeça.

Eu já estava no quinto vestido e esse parecia que a vendedora havia separado dois números menores... eu mal conseguia respirar, sentindo o tecido apertar meus seios e a barra do vestido mal tapar minha bunda.

—Estou me sentindo uma sardinha enlatada nisso aqui. – Eu resmunguei tentando abaixar mais a barra do vestido.

—Esse ficou perfeito... – Lauren comentou fazendo um sinal positivo com as mãos. – Está sensacional. – Ela afirmou com um sorriso satisfeito.

Ela só pode estar brincando.

—Ok, definitivamente, não. – Eu disse com um suspiro.

—Porque não? Você ficou gost... bonita... você ficou bonita. – Ela insistiu com um sorriso sem jeito.

—Porque eu não consigo nem respirar direito. – Eu falei num tom óbvio.

—Realmente, isso é um problema. – Ela admitiu soltando uma risada e eu concordei com a cabeça, antes de voltar para o provador.

O último que eu tinha separado para experimentar era preto e o tecido leve, se estendia até os meus pés, deixando uma fenda aberta em uma das minhas pernas... Esse parecia que tinha me servido melhor do que os outros.

—Acho que esse ficou bom... – Eu comentei passando minhas mãos sobre o tecido. – O que achou? – Eu perguntei à Lauren.

—Ah... – Foi a única coisa que ela murmurou, enquanto me encarava atentamente.

Ah? Era só isso que ela iria falar? Isso era bom ou ruim?

—Lauren? – Eu insisti chamando sua atenção.

—Ham... ficou ótimo... está incrível. – Ela se apressou em responder, esboçando um sorriso de lado.

—Eu também gostei, vou levar esse. – Eu afirmei voltando a me encarar no espelho.

Quando finalmente saímos da loja, com o vestido em uma bolsa, decidimos ir dar mais uma volta pelo navio e até mesmo paramos em um auditório onde alguns artistas estavam fazendo um número circense. Eu realmente ficava impressionada com o tamanho desse lugar e como tinha absolutamente tudo por aqui... Benjamin adoraria ter vindo para cá.

Já no início da noite, eu estava terminando de me arrumar, quando deixei o banheiro da cabine e encontrei Lauren andando pelo quarto, com o telefone celular sobre o ouvido.

—Eu sei, mãe... Ela já está aqui, espera vou colocar no viva voz. – Lauren afirmou afastando o celular do rosto, enquanto eu abri um leve sorriso ao me aproximar.

—Oi, dona Clara... – Eu falei colocando um dos brincos em minha orelha.

—Mila! Como estão as coisas por aí? Lauren está te dando muito trabalho? – A mulher perguntou do outro lado da linha, me fazendo soltar uma risada, enquanto Lauren revirava os olhos.

—Está tudo bem por aqui e Lauren não está dando tanto trabalho assim, ela só está parecendo um camarão porque não quis passar o protetor solar ontem e olha que eu avisei. – Eu disse naturalmente.

—Bem feito para você, Lauren Michelle, da próxima vez escute a Camila. – Clara disse num tom repreendedor fazendo Lauren bufar.

—Nem estava tão sol assim, ok? – Ela tentou se defender. – E pare de me chamar de anta teimosa quando não estou por perto. – Ela resmungou parecendo uma criança birrenta.

—Se você deixar de ser uma, eu até posso tentar. – Clara rebateu rapidamente e eu senti vontade de rir.

Melhor sogra...

—Às vezes você é tão carinhosa que me surpreende, mãe. – Lauren falou sarcástica.

—Deixe de ser dramática, bolinho. – Clara disse calma e eu sorri ao escutar o apelido.

—Ok, agora que você já se certificou que tudo está bem, vou desligar... temos um jantar para ir e não podemos nos atrasar. – Lauren informou tentando encerrar a conversa.

—Uh, um jantar... parece ser especial... – Clara comentou animada e eu sorri negando com a cabeça.

—Nós encontramos com o John e a Esther por aqui ontem, eles nos convidaram e achamos melhor não recusar. – Lauren explicou calma.

—Vocês estão certas... eles são boas pessoas. – Clara afirmou do outro lado da linha. – Pague o jantar, Lauren, pode colocar na conta da nonna. – Ela completou naturalmente e eu ri.

—Pode deixar... – Lauren riu também.

—Tudo bem então, aproveitem a noite. – Clara desejou tranquila.

—Ok, dê um abraço em todos por aí, mãe. – Lauren avisou e logo depois nos despedimos encerrando a ligação.

Enquanto Lauren pegava sua carteira e guardava o celular no bolso, eu terminei de colocar meus sapatos e borrifei um pouco de perfume na pele do meu pescoço.

—Estou pronta. – Eu avisei chamando sua atenção e ela sorriu.

—Você está linda. – Ela comentou ainda sorrindo e eu senti meu rosto ruborizar.

—Obrigada. – Eu agradeci rapidamente, esboçando um sorriso sem jeito.

Eu não estava acostumada com as pessoas me elogiando.

—Pronta? – Ela perguntou estendendo sua mão em minha direção.

—Pronta. – Eu afirmei, respirando fundo e segurando em sua mão.

Nós seguimos pelo navio e quando chegamos ao restaurante, o casal mais velho já estava sentado em uma das mesas, tomando vinho e conversando animadamente entre si. Eles pareciam ser um casal que se dava muito bem mesmo depois de tantos anos juntos.

—Chegaram na hora certa, acabei de pedir o vinho... está ótimo. – John comentou sorridente, depois de no cumprimentar rapidamente.

—Acho que não vamos abusar na bebida hoje, o champanhe que vocês nos mandaram foi suficiente. –Lauren falou descontraída, enquanto puxava a cadeira para que eu sentasse ao seu lado.

—Bom, pelo menos isso quer dizer que vocês gostaram. – Ele rebateu dando de ombros.

—Era o mínimo que poderíamos oferecer depois de ter faltado ao casamento. – Esther adicionou com um sorriso gentil.

—Não deveriam ter se preocupado com isso, mas de qualquer forma, obrigada. – Eu agradeci retribuindo o sorriso.

—Bem, acho que podemos fazer os pedidos, me disseram que aqui servem um risoto de frutos do mar maravilhoso. – John comentou praticamente salivando.

—Isso parece ótimo. – Lauren afirmou parecendo tão faminta quanto o homem.

—Não se anime muito, querido, vou pedir para colocarem menos sal na sua comida, sabe que não pode abusar por causa da pressão alta. – Esther comentou num tom alerta e o homem deixou os ombros caírem em desânimo.

—Eu fico meses longe de casa comendo aquela comida enlatada horrível em Alepo e quando volto tenho que fazer dieta... espero que você tenha mais sorte do que eu nesse sentido, Lauren. – Ele resmungou soltando um suspiro, fazendo Lauren soltar uma risada.

—Nem me lembre daquela comida, é péssima... mas para o meu alívio, enquanto estou aqui posso aproveitar os doces da PJ's... Ainda mais com a Camz sendo uma ótima confeiteira. – Lauren falou com um sorriso e eu a encarei sorrindo de volta.

—Oh, então você trabalha por lá? Isso é ótimo... – Esther falou calma, tomando um gole do vinho em sua taça.

—É sim, já trabalho por lá já faz algum tempo. – Eu disse num tom orgulhoso.

—Já vi que é por isso que você está com alguns quilos a mais, Jauregui... Vai ter que perder isso antes de voltar ao trabalho. – John provocou e Lauren cerrou os olhos.

—Nem ligo, vou continuar comendo porque eu posso e é muito bom. – Lauren murmurou dando de ombros e eu soltei uma risada. – E eu continuo sexy, isso que importa. – Ela adicionou com um sorriso esperto no rosto.

Convencida... mas eu não podia negar o que ela havia dito.

Nós acabamos escolhendo rapidamente o que iríamos pedir, enquanto continuávamos conversando descontraidamente. Eles realmente eram um casal agradável, que não perdiam a oportunidade de soltar piadas ou histórias curiosas do passado.

—Os primeiros anos são os mais difíceis... – Esther comentou ao meu lado, enquanto Lauren e John estavam distraídos em outra conversa.

—Como? – Eu perguntei tentando entender o que aquilo queria dizer.

—O trabalho deles não é algo muito fácil de se lidar, entende? Ficam muito tempo longe de casa e sabe-se lá passando pelo o quê... – Ela começou entre as garfadas. – Eu me lembro de quando éramos recém-casados e John teve que ficar em serviço por quase um ano... eu quase pedi o divórcio e não porque não o amava, entende? Era como se ele passasse tanto tempo longe que no final, eu sentia como se ele fosse um desconhecido. –Ela continuou soltando um suspiro. – Foi difícil, mas acabou que o amor que eu sentia por ele foi mais forte do que qualquer coisa e aqui estamos nós, casados há tanto tempo. – Ela terminou com um breve sorriso.

—Eu fico feliz por vocês. – Eu afirmei sorrindo de volta, mas me remexendo desconfortável na cadeira.

Eu nunca tinha parado para pensar sobre isso... sobre Lauren ter que voltar ao trabalho e ficar afastada por tanto tempo... talvez eu já esteja me acostumando com a presença dela por perto e saber que ela terá que voltar a Alepo, cedo ou tarde, criava um desconforto tímido em meu peito.

—Não se preocupe, se vocês se amam de verdade, tudo vai dar certo no final. – A mulher falou esboçando um sorriso reconfortante e eu respirei fundo.

—Espero que sim. – Eu tentei soar convincente, alternando meu olhar entre a mulher e Lauren que sorria distraída.

Espero que sim... Você é uma péssima mentirosa, Camila.

—Esther, Lauren comentou comigo que Clara e Mike também vão fazer aniversário de casamento em breve, temos que dar um jeito de passar por lá. – John interrompeu nossa conversa, com um sorriso animado.

—Tem razão, iremos dar um jeito de ir até lá... Sinto falta daqueles dois... Clara continua estridente e distribuindo puxões de orelha? – Esther perguntou divertida e Lauren riu.

—Continua do mesmo jeito, cada dia pior, na verdade. –Lauren afirmou assentindo com a cabeça.

—Aposto que do jeito que ela é ansiosa, já deve estar cobrando netos a vocês... – Esther falou sorridente e eu troquei um rápido olhar com Lauren.

—Nós já temos um filho. – Lauren disse naturalmente e os dois soltaram olhares curiosos em nossa direção.

—Como eu não sabia disso? – John perguntou franzindo a testa.

—Na verdade, eu tenho um filho fruto de um relacionamento passado, o nome dele é Benjamin. – Eu tentei explicar a situação brevemente.

—Mas isso não quer dizer que eu não o trate como um filho... O que importa é o sentimento. – Lauren afirmou esboçando um leve sorriso, enquanto depositava sua mão sobre a minha, em cima da mesa.

Aquilo tinha soado extremamente sincero e isso era... bom...

—É claro... – A mulher concordou sorridente. – Mas isso não impede que ele ganhe irmãos. – Ela adicionou num tom esperto e eu sorri tímida.

—Talvez mais para frente... – Lauren falou parecendo tão desconcertada quanto eu, deixando um beijo em meu rosto.

Era oficial, em todas as vezes em que eu e Lauren tínhamos que agir como um casal apaixonado, acabávamos passando por algum momento desconfortável ou vergonhoso.

O jantar seguiu tranquilo e algum tempo depois, os dois se despediram de mim e de Lauren, agradecendo por termos vindo ao jantar e prometendo que iriam passar na PJ's em breve.

Logo depois que deixamos o restaurante, decidimos caminhar um pouco pelo deck do navio, antes de voltarmos a cabine.

—Tive uma ideia! – Lauren falou de repente, enquanto me puxava para frente do navio a passos apressados.

—O que você está fazendo? – Eu perguntei completamente confusa.

—Vamos aproveitar que estamos na vibe da atuação e vamos fazer a cena do Titanic. – Ela explicou divertida e eu neguei rapidamente.

Ela enlouqueceu?

—Nem conte comigo para esse mico... – Eu falei observando um bico surgir em seu rosto.

—Deixe de ser chata! É impossível que você nunca tenha tido vontade de fazer isso. – Ela insistiu batendo o pé.

—Não! – Eu neguei cruzando os braços.

—Sim! – Ela falou firme, enquanto se colocava na minha frente e estendia seus braços. – Vamos, eu faço a Rose e você o burro do Jack. – Ela adicionou levantando meus braços também. – Oh Jack eu te amo tanto, mas vou te deixar morrer afogado no final do filme! – Ela falou usando um tom debochado e eu soltei uma gargalhada, abaixando nossos braços.

—Você é tão boba. – Eu comentei entre as risadas, enquanto ela voltava a segurar minha mão para seguirmos caminhando pelo navio.

—Eu sou uma ótima atriz, isso sim... – Ela se defendeu divertida, observando rapidamente o céu estrelado.

—Como você consegue? – Eu perguntei soltando um suspiro e me recuperando das risadas.

—Como assim? – Ela devolveu outra pergunta, girando seu rosto para me encarar.

—Como consegue ser tão calma mesmo trabalhando no meio de uma guerra? – Eu reformulei a pergunta e foi a vez dela de suspirar.

—Eu tento focar nas coisas boas... – Ela respondeu dando de ombros.

—Tipo? – Eu perguntei curiosa.

—Tipo saber que tenho uma família que me ama e que agora tenho você e Benjamin. – Ela disse simples e eu senti meu coração apertar, esboçando um sorriso tímido.

Tenho você e Benjamin...

—Você não tem medo de morrer? – Eu arrisquei perguntar e ela soltou uma leve risada.

—As pessoas que acreditam que a morte é o fim podem ter medo... Eu penso diferente... Para mim é apenas uma passagem para um lugar melhor. – Ela respondeu naturalmente e eu sorri sentindo a suavidade em sua voz. – Ei, o que acha de tirarmos uma foto? Nós ainda não tiramos nenhuma por aqui e tenho certeza que meus pais e sua mãe vão cobrar isso. – Ela perguntou mudando o rumo da conversa.

—Pode ter certeza que vão. – Eu concordei soltando uma risada e ela tirou o celular do bolso.

Ela afastou sua mão, apontando a câmera do celular em nossa direção e eu abracei seu corpo de lado, antes de aproximar meus lábios em direção seu rosto. Aparentemente, ela teve a mesma ideia que eu e no instante seguinte, nossos lábios se encostaram. Como em todas as vezes, era um carinho suave e que fazia parte da minha mente gritar para que me afastasse e outra apenas aproveitar aquele toque gentil.

Ontem, quando nos beijamos na cabine, eu me convenci de que aquilo tinha sido por causa da bebida e Lauren parecia ter feito o mesmo, mas agora... eu nem ao menos sabia como explicar aquilo.

—Desculpa... – Eu disse sem graça, quando consegui afastar meu rosto.

—Tudo bem... – Ela falou simples, me encarando com aqueles olhos incrivelmente verdes.

Pare de me olhar assim, Lauren.

—Ok, vamos tentar de novo. – Eu falei respirando fundo e ela concordou finalmente deixando de me encarar.

Depois de alguns sorrisos e caretas descontraídas, conseguimos tirar algumas boas fotos e voltamos satisfeitas para a cabine.


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