Unforgettable 2

By semnexo

696 76 3

Segunda temporada de Unforgettable A atraente polícia foi alvejada graças à sua atração por perigo, ou terá s... More

Raio de miúda!
De volta a casa
'O James tem cá uma sorte...'
O prometido gelado
The decision
Gala de rugby
Drunk in love
Saturday Night - I
Saturday Night - II
Go home
Senhora de olhos turquesa
Recovery
Soul's connection
Friends will be friends
Nota Importante

Acidente ou crime?

16 4 1
By semnexo

E mais uma noite na esquadra era preenchida com conversas aleatórias, gargalhadas abafadas e comentários impróprios. O meu parceiro bebia o café que lhe entregara há minutos e barafustava acerca deste lhe ter queimado parte das células sensoriais que lhe oferecem o paladar.

- Queria ver se fosses tu. –James falou claramente aborrecido. – Ah, o Jack tratava não era?

- Ah-ah-ah – Ironizei mesmo que divertida. – Até podias ligar à Beth mas ela deve estar no seu sono de beleza...e um bom cavalheiro não perturba uma princesa!

Ri e bebi mais um gole do meu café enquanto ele mantinha a expressão de 'Já sabia que ias dizer isso'.

- Ouvi dizer que ela anda nas nuvens. – Olhei-o, mais séria. – Parece-me que não é a única.

- Ela é uma boa miúda, não se devia iludir com o amor. – Ele comentou esforçando-se para se mostrar indiferente. – O trabalho tem corrido bem, só isso.

- Sabes que não vale a pena adiar o inevitável, tens-me como prova disso!

- Sei Jennifer, eu sofro com isso todos os dias. – James suspirou.

- És realmente um cavalheiro que sofre pela sua amada. O quão lindo isso é...- Levei a mão ao peito dramatizando ainda mais.

- Sofro é contigo apaixonada! O Jack faz-te demasiado bem sabes? – O tenente concluiu ignorando a minha provocação.

- És um querido realmente. – Levantei-me ao pegar no telemóvel. – Mas continuas a ser um tenente e ter de trabalhar.

Atendi o telemóvel e peguei no casaco, pedindo a James que me seguisse até ao carro.

- Um crime? – Ele questionou ainda escandalizado ao arrancar. – Porque é que te ligam agora? Eu é que sou o tenente!

- Contactos, meu amigo. – Mostrei-lhe a língua num ato infantil e ambos rimos embora estivéssemos prestes a encarar um cenário pouco agradável.

(...)

Mais um jovem morria após uma festa. Teria falecido feliz depois de uma excelente festa ou estaria em baixo por um motivo não tão importante? Uma questão que provavelmente ficará por responder. Talvez estar nas rochas ao amanhecer não pareça uma boa ideia depois de ver um amigo a ficar inconsciente ou talvez continue com a mesma piada, porque o álcool ainda perturba a mente jovem dos companheiros do falecido. Mais cedo ou mais tarde eles irão refletir e sentir-se incomodados, culpados e os malditos remorsos. Não vale de nada. Já passou, já acabou. Infelizmente.

Ultrapassei a fita que vedava o local do acidente. Vários eram os elementos vestidos de vermelho a finalizar o seu trabalho que consiste no resgate de um corpo inerte de um pálido jovem manchado. Envoltos num material isotérmico brilhante estava um casal que chorava. Testemunhas?! Um jovem com a roupa encharcada e a mancar de uma pera ferida era encaminhado para a ambulância recém-chegada. Analisei-o e senti uma certa necessidade de o olhar nos olhos, tal como fiz nos segundos seguintes, e percebi que algo de errado acontecera. Os olhos não mostrava a tristeza de uma perda.

- Tenente James e Agente Especial Jennifer. – O meu parceiro falou para o homem que parecia comandar a equipa de bombeiros.

- Peter, chefe de equipa. – Falou ao retirar as luvas e esticar a mão para o cumprimento que se seguiu.- Há uma vítima mortal debaixo do lençol, um ferido ligeiro como viram e aquele casal amigo que apenas observou.

- O ferido ligeiro estava sóbrio? – James começou à procura de informações através dos bombeiros e eu dirigi-me ao casal.

Estava a amanhecer e o meu casaco preto comprido parecia não me proteger do frio que ainda assolava o local. O rapaz limpou as lágrimas à sua amada e beijou-lhe a testa. O sol espreitava da linha do mar e a cores do céu combinavam com o cenário. Um rosa avermelhado em degradé seguido de um azul acinzentado.

- Agente Jennifer. – Cumprimentei cordialmente. – Sentem-se à vontade para prestar declarações?

Se substâncias ilícitas ou uma elevada quantidade de álcool fosse encontrada nas vítimas estas seriam as culpadas e começariam as enormes notícias acerca do uso de tais coisas. Contudo, com ou sem substâncias nocivas, todo o ser tem direito a certos momentos. Um deles, e talvez dos mais preciosos, o luto, deve ser feito conscientemente e com calma de forma a não deixar danos psicológicos. Num trauma como este a interação com um psicólogo é fundamental mas na falta dele uma pessoa consciente serve.

Os jovens anuíram. Começamos pelas apresentações. Ambos amigos próximos das vítimas que tiveram o infortúnio de assistir à tragédia e de não a conseguir evitar. Confessaram que depois de uma festa num bar decidiram vir até à praia, como tantos outros, e que a brincadeira nas rochas foi a pior ideia. Isto explicava o facto de existirem cada vez mais pessoas perto do local e da falta de prestação de cuidados em relação ao perigo inerente.

- Bebemos uns copos. – A jovem reconheceu. – Ele escorregou nas rochas molhadas...depois foi tudo muito rápido...- Soluçou.

- Apenas isso, estávamos todos sóbrios. – O jovem explicou ao reparar nas lágrimas da rapariga – Foi um acidente! Ninguém previa isto...

Levei as minhas mãos até aos bolsos do casaco com a intenção de as aquecer e assenti fazendo-os prosseguir com a história.

- Sabem, por estarem sóbrios já se safam de uns bons sermões. – Sorri-lhes levemente e olhei em volta ao ouvir um assobio. Provavelmente uma má forma de chamar os colegas de equipa. Eles deram um ligeiro sorriso.

- A nossa intenção era ver o nascer do sol de uma forma diferente sabe...- A rapariga falou já mais calma, sem soluços e lágrimas.

Poderiam vê-lo se se virassem para trás...certamente não irão repetir um por de sol com este cenário. Evitei o meu humor inadequado deixando-o apenas nos meus pensamentos.

- Eih! Precisam de ajuda? – Proferiu uma voz rouca distante.

Suspirei.

- Guardem apenas as boas memórias, talvez as últimas gargalhadas. – Proferi amigavelmente. -Abstraiam-se da situação e ignorem qualquer comentário. – Sugeri ao ouvir um novo comentário vindo do imbecil anterior.

- Assim o faremos. – Disseram em coro embora com a voz baixa. Sorri reconfortando-os.

- Posso-te ajudar moreninha? – Agora a voz estava perto, os olhos da rapariga arregalaram-se enquanto o namorado olhava para o mar.

Rodei o meu próprio corpo acabando por observar um outro jovem, de copo na mão e camisa um pouco aberta, que certamente tinha consumido álcool a mais para o seu organismo. Invadira o local do crime e podia ser castigado.

- Com licença. – Disse para o casal e aproximei-me do bêbado. – Pedia que se retirasse e não voltasse a perturbar.

Falei educadamente enquanto ele ajeitava o cabelo.

- És boa demais para polícia sabes? – Articulava com dificuldade as frases e olhava-me presunçosamente. – Podíamos juntar-nos e ganhar um bom dinheiro, o que dizes?

- Invadiu, alcoolizado, uma área vedada pela polícia, pedia que saísse daqui para não causar mais problemas. – Abstraindo-me do que dissera voltei a pedir.

O cheiro a álcool voltou a invadir as minhas narinas assim que ele se aproximou e falou.

- Gosto de mulheres difíceis...- Sussurrou perto do meu ouvido, a sua mão pousou no meu braço fazendo-me afastar num ato brusco.

- Não volte a fazê-lo.

Suspirei. Restava-me retirá-lo do local e ignorar o acontecimento. Sei que bebeu demais e talvez até consumiu outras substâncias e se eu lhe fizer uma participação a sua vida irá complicar-se. Sou otimista e acredito que ele está a fazer isto por causa da sua condição, talvez provocada por uns desgostos ou talvez por estupidez, e que se arrependeria se estivesse consciente. Assim sendo evito provocar mais confusão. Ele riu.

- O que é que me faz? – O bêbado gritou. – Vai-me bater? Tenho testemunhas que não fiz nada!

Olhei em volta reparando que todos nos olhavam e abanei a cabeça negativamente.

- Não me obrigue a fazer o que eu não quero. – Mantive a calma para normalizar o ambiente.

- Não me resiste não é? – Aproximou-se mais uma vez. – Eu também não...

- Precisa de ajuda? – James entrou em cena com cara de poucos amigos.

- Está tudo bem, só estou a conversar com este borracho. – O jovem levantou as mãos em forma de rendimento. Prendi o riso.

- Acho melhor conversarem depois. Ela agora está ocupada e não lhe dará a devida atenção. -James começou a sugerir. – Iria aproveitar muito mais se saísse e...

- Babe, fico à tua espera. – O jovem interrompeu o tenente e saiu do local depois de me piscar o olho.

O olhar de James cruzou-se com o meu e ambos nos rimos.

- Ninguém te manda ser irresistível. – O atraente tenente piscou um olho na brincadeira.

- E eu mando-te trabalhar! - Apontei para longe com cara de mandona.

James gargalhou durante a sua saída e eu sorri ao dirigir-me para a beira do casal. Só a mim...

Ambos me olhavam com um sorriso de compreensão, revelando que a situação os ajudou a distrair e quem sabe a refletirem sobre o quão idiotas colegas de trabalho conseguem ser.

- Peço desculpa. – Ajeitei o cabelo e prendi uma mecha atrás da orelha para este não voar com o vento que se começava a formar. – Onde íamos?

- É uma mulher muito bonita. - A rapariga declarou e o rapaz assentiu. – Deve ser complicado ter o sexo masculino rendido a si...quer dizer, facilmente o tem.

O rapaz gargalhou e eu sorri-lhe.

- Obrigada! –Dei de ombros – Lido bem com eles.

Ignoraram o assunto anterior, o tão complicado acidente que testemunharam, e eu não iriam voltar a traze-lo neste momento. Mesmo que o meu trabalho implique tal coisa não sou capaz, sou humana e sei o quão difícil isto é, e, se já estão a tentar ultrapassar quem é a agente Jennifer para mudar isso?

- Sabem...saiam daqui, vão para casa ou dar uma volta, bebam coisas quentes e descansem. Quando estiverem melhor passem na esquadra. – Disse após o curto período de silêncio.

- Está a falar a sério? – Admirados e em coro foi como o casal se pronunciou.

- Só preciso de ver a vossa identificação e registar, depois podem ir. – Peguei no telemóvel pronta para fotografar os cartões.

- Não tínhamos de prestar declarações e aqueles detalhes todos...como nas séries? – O rapaz inquiriu ainda confuso ao entregar-me a sua identificação.

Gargalhei e fotografei.

- Sim, mais ou menos, mas podemos fazer isso depois. – Devolvi os preciosos objetos e sorri-lhes. – Portem-se bem sim?

Num impulso a rapariga abraçou-me e suspirou. Com certeza que eles não estavam em condições. São jovens, acabaram de assistir ao desastroso final de um amigo e, embora ambicionem ser invencíveis, todos são frágeis.

- É a melhor pessoa que eu conheci! - Correspondi ao abraço com um grande sorriso na cara. A jovem soltou-se pouco depois desculpando-se de forma envergonhada.

- Obrigado. – O jovem esticou a mão e assim nos cumprimentamos. Contudo, o obrigado dele não era graças à oportunidade de descanso, a sua gargalhada teve um segundo sentido e o seu olhar modificou-se demasiadas vezes para ser verdadeiro.

A minha intuição diziam-me que algo de errado estava a acontecer, havia mais para além da história delicada e trágica contada.

- Já sabem, agente Jennifer ou tenente James. – Retirei-me, ainda com um breve sorriso, e fui até James que já me aguardava perto do carro com o seu habitual ar apetecível. Encostado ao carro, com os braços cruzados e um bonito sorriso malicioso. Não pedia melhor parceiro!

- Quem é a boazuda que faz sucesso em tudo? – James articulou divertido.

- James! – Apontei com as duas mãos para ele também divertida.

Ninguém diria que saímos dum cenário tão trágico. O tenente suspirou após as gargalhadas e pegou num bloco onde começou a anotar descobertas e incógnitas.

- James, queria falar com o outro rapaz. Algo não bate certo. – Admiti ainda a olhar o mar. – Eu pressinto.

O tenente entreolhou-me e sorriu de forma triunfante.

- Vai lá. – Ele sabia que eu não ficaria por ali,sabia que eu não sairia com apenas 'factos' contados, sabia que a minhaintuição ia ajudar.


***

Votem e comentem se vos agradar!

���A���

Continue Reading

You'll Also Like

81.1K 5K 44
Ele decide ajudar ela a investigar a morte de seu pai, porém ele quer algo em troca. -Nada é de graça meu bem. -O que quer?-Pergunto -Você. Ela só nã...
538K 39.5K 55
Para ela o presente e o futuro é o que importa. Ele não se desprende do passado. Christian O'Brien, fez muitas coisas em nome do seu amor por uma mu...
8.3K 825 12
Olivia tinha a vida considerada perfeita pela imprensa, bonita, casada, dona de uma empresa em ascensão. Até o dia que recebe a notícia que seu marid...
3.9K 413 40
Na adolescência Anastasia vive um amor não correspondido por Christian Grey. Seis anos se passam e com a morte de seu pai, Ana retorna para La Salle...