Jogo de Máscaras

By AliceHAlamo

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Não era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se... More

Capítulo 1 - Vista sua Máscara
Capítulo 2 - Tire sua máscara de inocente
Capítulo 3 - Tire sua máscara de puritano
Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo
Capítulo 5 - Vista sua máscara de bom partido
Capítulo 6 - Tire sua máscara de cara paciente
Capítulo 7 - Vista sua verdadeira máscara
Capítulo 8 - Vista sua máscara de felicidade
Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara
Capítulo 11 - Tire a máscara dos outros
Capítulo 12 - Vista sua máscara de enfermeiro
Capítulo 13 - Tire sua máscara de frieza
Capítulo 14 - Vista sua máscara de Mentiroso
Capítulo 15 - Vista sua máscara de protetor
Capítulo 16 - Vista sua máscara de Sasuke
Capítulo 17 - Vista sua máscara de honestidade
Capítulo 18 - Tire a máscara do seu adversário
Capítulo 19 - Vista sua máscara de Apaix-..., quer dizer, de viciado
Capítulo 20 - Vista sua máscara de cumplicidade
Capítulo 21 - Tire sua máscara de sob controle
Capítulo 22 - Tirem suas máscaras sociais
Capítulo 23 - Vista sua máscara de traído
Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos
Capítulo 25 - Vista sua máscara de bom entendedor
Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo
Capítulo 27 - Vistam suas máscaras de aliados
Capítulo 28 - Tire sua máscara de encurralado, ainda há saída
Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger
Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal
Capítulo 31 - Vista sua máscara de desespero
Capítulo 32 - Vista sua máscara de Giselle
Capítulo 33 - Vista sua máscara de precaução
Capítulo 34 - O cair das máscaras

Capítulo 9 - Tire sua máscara de insegurança

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By AliceHAlamo


Hinata se remexeu na cadeira, desconfortável, batendo a caneta no bloquinho de notas que havia levado, impaciente.

Sério mesmo que aqueles malditos políticos achavam que convenciam alguém com a desculpa de que o orçamento do hospital havia sido mal calculado e que, por isso, haviam tido gasto a mais? De que a crise estava os impedindo de mandar verbas para a saúde? De que teriam que rever os planos sociais e redistribuir o dinheiro, focando nas necessidades mais emergenciais? Ah, não, só podiam estar achando que ela era idiota.

— Está tudo bem? — Sakura perguntou, baixo, ao ver Hinata fechar o bloquinho com mais força que o necessário e tacá-lo na bolsa.

Hinata respirou fundo, balançado a cabeça antes de forçar um sorriso.

— Hipocrisia me deixa um pouco... nervosa.

Sakura concordou, olhando novamente para o palanque onde os discursos eram feitos. As perguntas dos jornalistas eram sempre as mesmas e eram respondidas também da mesma forma: com mentiras. Também se irritava com aquilo, mas se importava demais para deixar que o nervosismo a atrapalhasse em sua função. Estava ali para cobrir Sasuke, para recolher o máximo de dados, anotando e gravando tudo, fazendo observações enquanto o outro membro da equipe fazia perguntas mais diretas aos entrevistados.

Três horas. Permaneceu naquele lugar durante três horas, ouvindo todo o discurso que já conhecia. E depois Pain brigava com Sasuke quando o jornalista deixava um pouco de sua acidez abraçar as palavras das notícias que redigia. Mas tinha outra maneira? Tinha mesmo como coordenar o caderno de política sem se irritar? Sendo imparcial? Sendo indiferente a toda àquela palhaçada? E nem estava falando ainda de posição partidária! Sasuke era tão cético quantos aos partidos existentes que atacava todos eles com igual frequência e sem piedade.

É... Se fosse ela no lugar de Sasuke naquele caderno, também não conseguiria conter a ironia, também arrumaria alguns inimigos. Não tinha como o culpar por aquilo.

Seu celular vibrou assim que acabou a coletiva. Itachi...

"Sasuke me disse que teria que o cobrir hoje. Ele fez algo errado?"

"Não. Parece que Pain apenas está descontente com o caderno da última semana. Nada demais" respondeu, vendo Hinata se levantar e ajeitar a roupa.

— Que perda de tempo — Hinata lamentou, passando a mão pelos cabelos em um gesto frustrado.

— É por isso que não tenho cabeça para ficar no caderno de política — Sakura ergueu os ombros para ela.

— Hey, Sakura, eu já vou indo. Precisa de carona? — o membro da equipe perguntou ao colocar a mochila nas costas.

— Não. Vou comer alguma coisa antes. Pode ir na frente. Obrigada.

— Tem uma lanchonete aqui perto — Hinata falou, colocando uma mexa do cabelo atrás da orelha. — Não servem o melhor sanduíche, mas com certeza possuem o melhor cappuccino. Vou ter que esperar um amigo até às quatro lá. Quer me acompanhar?

Sakura a observou por um momento, segurando melhor o celular entre as mãos.

— Ah, tudo bem — conseguiu dizer depois de Hinata a olhar, confusa com a demora da resposta. — Só vou ao banheiro antes, tudo bem? Pode me esperar?

— Claro.

Sakura agradeceu, arrumando a bolsa antes de se levantar e sentindo o celular vibrar de novo. Saiu um tanto quanto apressada dali. Entrou no banheiro e depois em uma das cabines, trancando-a.

"Ele está melhor? E você? Como está? Sasuke me contou que andou bebendo e vomitando nele rsrsrsrs"

Ignorou a mensagem, discando o número e abaixando a tampa da privada para poder se sentar nela.

Saky? O que foi?

Itachi, está ocupado? Pode falar?

— Estou de folga hoje. Em casa finalmente. O que aconteceu? Está tudo bem?

Sakura hesitou, olhando para o chão enquanto mordia o lábio inferior.

— Vim na conferência no lugar do Sasu. E encontrei uma mulher aqui. Ela parece ser legal e...

— Sakura, não me enrole, querida — Ele riu do outro lado da linha. — Aconteceu alguma coisa?

— Ela me chamou para um café...

— Está interessada nela? — A voz dele perdeu a diversão, ficando neutra, no tom que Sakura precisava ouvir.

— Ela é bonita.... Parece ser interessante — respondeu.

— Saky, é um café — ele disse com sua calma habitual. — Vá, divirta-se. Ela é lésbica por acaso?

— Itachi! — repreendeu-o, sentindo o rosto esquentar. Ele riu.

— Quando descobrir isso, e se ela ainda for "interessante", chame-a para sair. Não precisa ficar pensando tanto. Você está me saindo pior que Sasuke durante a adolescência. Vamos, já não tem mais quinze anos para isso, Saky. Sei que está confusa e que sua cabeça deve estar uma zona depois que dormiu com aquela garota lá na festa de Deidara, mas não precisa se martirizar tanto ou achar que caminha sobre ovos. Já faz mais de um ano isso. Não há nada de errado com você, é normal se sentir insegura no começo, mas não deixe que isso te faça perder as oportunidades que se apresentam a você.

Ela suspirou, massageando as têmporas e sentindo-se um pouco melhor, como sempre acontecia depois que conversava com Itachi.

— Obrigada, Itachi. Bem, preciso ir. Hinata está me esperando.

Ok. Me avise quando chegar em casa para eu saber se chegou bem e depois me conte como foi o café.

Está bem. Até mais — Sorriu ao desligar o telefone.

Itachi era um anjo. Com certeza, um anjo... Bem, pelo menos há 21 meses ele havia se tornado seu anjo da guarda depois de uma festa na casa de Deidara.

Deidara adorava dar festas, e ele sabia organizar uma. Havia ido com Sasuke e o irmão dele, que na época estava de férias e decidira visitar o irmão mais novo. Algumas doses de bebida a mais haviam-na feito se soltar, dançar com Sasuke que a usava como escudo para não deixar que outras mulheres se aproximassem. Mas, quando ele se afastou para puxar um amigo de Deidara para um canto escondido qualquer, ficou sozinha. Ali, dançando sem muito prestar atenção ao seu redor.

Até que alguém a abraçou, circundou sua cintura e beijou seu pescoço, rebolando consigo no ritmo da música. Gemeu baixo, sentindo seu corpo se arrepiar e, quando virou, seus olhos mostraram uma confusão que seu corpo não compartilhou. A mulher sorria, maliciosa, aproximando os lábios dos seus e, sem entender muito bem por que deixava aquilo acontecer, por que estranhamente se via querendo aquilo, abriu a boca, permitindo que o beijo se aprofundasse.

Do beijo às carícias; das carícias ao quarto; do quarto ao prazer; do prazer à dúvida.

Havia dormido com uma mulher. Depois de vinte e quatro anos de sua vida sem ter sentido nenhuma atração pelo gênero feminino, havia transado com uma mulher. E gostara, gostara tanto ou mais do que quando se deitava com homens.

Acordou assustada, vestindo-se às pressas e saindo do quarto pela manhã. O coração acelerado, a cabeça à mil. Desceu as escadas correndo e, quando fazia uma curva para chegar à garagem de Deidara, esbarrou em Itachi.

Ele segurava algumas sacolas e estava sem qualquer sinal de embriaguez ou sono. Sakura desviou o olhar, corando, sentindo vergonha, querendo simplesmente sair dali. E faria isso se tivesse esbarrado em qualquer um, menos em Itachi.

A preocupação ficou visível nos olhos negros. Ele arqueou a sobrancelha e segurou o braço dela quando tentou se afastar.

— Comprei algumas coisas para o café da manhã. Não quer comer e conversar?

Não. Não. Não queria. Queria sumir, queria voltar para casa e abraçar o travesseiro enquanto tentava entender o que havia feito na noite anterior com uma total desconhecida. Mas a forma como Itachi a olhou a desarmou completamente. Era morno, compreensivo, carinhoso. Agora entendia quando Sasuke dizia que o irmão mais velho era altruísta demais, zeloso demais, preocupado demais. Mesmo sem a conhecer tão bem, ele estava ali, preocupado, abraçando-a pelo ombro enquanto a guiava para a cozinha e preparava o café.

— Alguém te fez algo? — ele perguntou, servindo-lhe uma xícara de suco.

Não queria falar. Estava com vergonha. As palavras pareciam se entrelaçar umas nas outras, formando um bolo na garganta e fazendo com que nada saísse pelos lábios rosados. A garganta ardeu, assim como os olhos.

Itachi soltou o ar dos pulmões, levantando-se para sentar ao lado de Sakura e puxá-la para um abraço. Ela apertou sua camisa entre os dedos, tremendo um pouco.

— Quer que eu te leve para casa? Não é bom dirigir assim — Ela concordou em silêncio. — Tudo bem. Termine de comer, e vamos, ok? Vou deixar uma mensagem com Sasuke só para ele saber que você está sã e salva.

Depois disso, ele a deixou no apartamento sem fazer perguntas. No dia seguinte, quando ela abriu a caixa de e-mail, viu a mensagem dele perguntando se ela estava melhor.

Pelo computador, sem ter que receber olhares decepcionados ou debochados, sem ninguém a julgando, precisando contar a alguém o que tinha feito, desabafou com Itachi. De uma única vez. Tudo. Falou tudo e, quando se deu conta, já estava conversando com ele pelo Skype, pedindo auxílio como uma criança que não sabe para onde ir.

É claro que poderia ter ido falar com Sasuke também, mas... Não. Sasuke definitivamente não teria paciência alguma para aquilo. Ele talvez simplesmente risse, fazendo um comentário malicioso enquanto dava de ombros e completava com "se você gostou, não entendo o drama". É... Sutileza não era o forte dele. Já Itachi a aconselhava, deixando-a confortável com as mudanças que parecia descobrir a cada dia. Não que tivesse perdido totalmente o interesse por homens, mas não os via da mesma forma. Era como se finalmente tivesse achado o que faltava em si mesma!

Não chegou a sair com nenhuma outra garota, embora Itachi a encorajasse a isso. E era por todo esse motivo que estava ali hesitante ao entrar no carro de Hinata, sentindo as mãos geladas e a ansiedade crescer.

— Seu amigo não quis vir à coletiva? — perguntou quando chegaram ao café.

— Ele tinha aula — Hinata justificou, sentando-se. — Ele ia sair tarde hoje, mas parece que um dos professores passou mal e, por isso, ele vem me encontrar para voltarmos juntos.

Discretamente, Sakura olhou para as mãos da outra, procurando alguma aliança e ajeitando-se no estofado um pouco mais tranquila ao não achar nenhuma.

— Não me disse no que trabalha, Hinata.

Hinata sorriu de leve, olhando para cima como se pensasse em uma resposta.

— Digamos que meu trabalho envolva ir a eventos normalmente caros.

Sakura arqueou a sobrancelha sem muito entender. Hinata riu baixo. Os olhos verdes a fitavam com interesse, sabia que sim; tanto tempo trabalhando em um lugar como Akatsuki a fez saber identificar facilmente os sinais: a inquietação, o desviar de olhos, a inquietação das mãos, o modo ansioso como parecia querer algo, mas sem poder pedir, a demora quando ela observava seu rosto, mordendo discretamente o lábio inferior antes de voltar a se ajeitar no assento. Não queria falar sua profissão e afastar a mulher à sua frente. Podia se dar ao luxo de sair com alguém como uma pessoa normal de vez em quando, não?

— É complicado — Sorriu, doce. — Já sabe o que vai pedir. Recomendo fortemente o cappuccino.

Enquanto Sakura olhava fazia os pedidos à atendente, Hinata pegou o celular, digitando discretamente uma mensagem para Naruto:

"Se puder demorar uma hora ou duas, eu agradeceria muito. Conto depois"

* * *

Naruto recebeu a mensagem de Hinata assim que se preparava para sair da faculdade. Apesar de estranhar aquilo, respondeu um rápido "ok" antes de checar, ansioso, se havia outras mensagens.

Nada.

Grunhiu, frustrado. Desde que havia dado seu número a Sasuke, ficava olhando de minuto a minuto o celular. Mas o que esperava afinal? Provavelmente, Sasuke era como a maioria, pessoas que acreditavam que só valia se encontrar consigo dentro da Akatsuki, não fora. Claro, riu irônico, não vamos misturar os tipos de vida, não é?

— Hey, Naruto — um de seus colegas o chamou. — Não vai participar do protesto?

— Protesto?

— Contra o roupo das verbas dos hospitais das universidades ­— disse como se fosse óbvio. — Em que mundo você vive? Estamos falando disso a semana toda! Tem até jornalistas e equipe de TV gravando dessa vez. Quero só ver o que aquele engomadinho do Neji Hyuga vai falar dessa vez.

Naruto abriu a boca, surpreso, parecendo se lembrar enfim do que acontecia. Neji estava mesmo envolvido naquilo? Esperava fortemente que não. Por que estaria? Ele não precisava daquilo! Não precisava de mais dinheiro, de nada! Não havia motivos para alguém como ele se afundar na lama que era a corrupção política.

Antes que pudesse dar uma desculpa qualquer, os colegas já o arrastavam para a frente da universidade. A rua estava lotada, podia identificar algumas vãs de emissoras e via os jornalistas transitarem com os microfones na mão e as câmeras os seguindo.

Pegou um dos panfletos que alguns alunos distribuíam e leu rapidamente. Uma descrição sofre o caso da construção do hospital, ainda não finalizada apesar da quantidade absurda de dinheiro já investido. Um absurdo para dizer o mínimo.

As faixas que eram erguidas traziam exigências, perguntas, acusações! Havia uma frase que era repetida pela maioria, cobrando explicações, fazendo com que a imprensa registrasse o tamanho da insatisfação que tomava conta das ruas.

Nem se quisesse conseguiria ir embora dali tão cedo... As ruas estavam bloqueadas e não poderia iria o carro do estacionamento para ficar preso no trânsito. Pegar metrô e abandonar o veículo também estava fora de cogitação! Quis ficar ali, paradinho, no canto, sem se envolver muito no assunto de que pouco tinha conhecimento. Não se envolveria e um protesto sem saber exatamente do que se tratava. Hinata com certeza lhe explicaria depois, contanto os detalhes da coletiva enquanto Gaara resmungava algo como "eu disse que Neij não prestava".

Contudo, algo chamou sua atenção a ponto de fazê-lo dar um passo para o meio da multidão.

Não, não era impressão sua, não tinha como ser. Havia visto, mesmo que de relance, o cabelo negro passar na sua frente junto com um pequeno grupo. Não havia? Era Sasuke? Não, não tinha como. O que ele faria em um lugar como aquele?

— Naruto?

Ignorou os colegas que o chamaram e, antes que se desse conta, já estava bem no meio do protesto, ouvindo as pessoas gritarem, cobrarem o que chamavam de justiça. Pedindo licença e buscando com os olhos, abriu caminho, xingando-se mentalmente por ser sempre tão impulsivo.

É claro que não havia visto Sasuke. E, mesmo se tivesse, por que ir atrás dele? Falaria algo? É claro que não. No máximo, seria ignorado pelo outro, que fingiria na frente de todos que nunca haviam se visto antes.

Parabéns, Naruto, agora quero ver conseguir sair dessa muvuca.

Virou-se, tentando voltar à faculdade ou então ir para a calçada.

— Com licença...

Naruto ouviu alguém dizer antes de sentir uma mão em seu ombro. Virou-se, encarando um homem (ou garoto?) que nunca tinha visto na vida.

— Sim?

O outro sorriu, parecendo contente por algo.

— Chefe! Encontrei! Chefe!

Naruto franziu o cenho, retirando a mão do outro de seu ombro enquanto o via puxar o braço de alguém.

— Konohamaru, é bom ser importante!

Aquela voz... Aquele olhos negros... Abriu a boca, surpreso, vendo Sasuke se virar para si em choque.

— Konohamaru..

— É ele! — o garoto cruzou os braços confiante. — Foi ele que vi almoçando várias vezes com Neji Hyuga para fazer aquela matéria!

Naruto arregalou os olhos, encarando Konohamaru antes de voltar sua atenção para Sasuke. Gravador na mão, câmera pendura no pescoço. Jornalista. Balançou a cabeça, descrente. Tudo o que menos precisava no momento era da mídia em cima de si por causa de Neji. Aliás, imaginava que Neji também não ficaria nada contente com aquilo. Uma matéria falando sobre seu almoço com o político.... Ah, sim, lembrava-se dela. Neji havia dito para não se preocupar já que não havia foto alguma deles dois anexada à notícia, mas e agora?

— Konohamaru — Sasuke chamou, sério. —, veja se consegue água nesse lugar.

— Mas, che-

— Agora — cortou-o. — Depois conversamos.

Naruto estalou a língua no céu da boca, aproveitando-se da distração de Sasuke para tentar se afastar.

Sasuke percebeu a movimentação, seguindo o outro, fazendo questão de não o perder de vista. Quando conseguiu segurar Naruto, percebeu que estavam novamente no meio do protesto, quase na linha de frente.

— Dá para parar de fugir? — perguntou, irritado.

— O que você quer? — Naruto se virou, olhando-o de forma acusatória. — Não vou dar nenhum depoimento se é o que quer.

Sasuke arqueou a sobrancelha, cruzando os braços na frente do peito.

— Eu disse isso? Não — respondeu antes do outro. — Aliás, não disse nada. Foi você que começou a correr que nem um idiota. O que está fazendo aqui?

— Eu estudo aqui — rebateu, apontando para a faculdade, nervoso.

Sasuke o olhou, desconfiado, mas as palavras de Konohamaru ainda repercutiam em sua cabeça. Era de conhecimento da imprensa que Neji estava tendo vários almoços suspeitos e, quando Konohamaru escreveu a notícia dizendo que um deles era com um garoto de programa, ninguém botou muita fé. Sem contar na bronca que haviam levado de Pain por não ter uma única imagem que comprovasse aquilo! Mas agora, depois que o estagiário havia arrastado Sasuke consigo até o meio de toda aquela gente, afirmando que havia visto o suposto amante de Neji, Sasuke não duvidava mais da história apesar de confessar estar... decepcionado.

— Neji vai ficar decepcionado ao te ver em um protesto que é, obviamente, contra ele. Aliás, sua faculdade não é a que mais faz oposição ao partido dele? — Não conseguiu conter a ironia.

Naruto cerrou os punhos, estreitando o olhar enquanto procurava uma forma de se deixar o outro para trás.

— Só para sua informação, não tenho nada com Neji para que ele possa se importar onde estou ou o que faço.

— Mesmo? Não é o que Konohamaru disse.

— To pouco me fodendo para o que aquele fedelho disse — exaltou-se.

Viraram-se de repente quando as vozes ao redor começaram a gritar e um barulho ritmado se fez ouvir.

— O que é isso? — Naruto olhou para os lados, confuso ao ver algumas pessoas começarem a correr.

Um barulho agudo foi ouvido. Algo tinha sido atirado para o chão, a poucos metros deles, e começava a espalhar fumaça.

Sasuke arregalou os olhos, segurando no braço de Naruto e começando a correr.

— Vem, corre! Acabou o protesto — gritou enquanto o outro ainda tentava entender a situação.

A metros da linha de frente, Naruto viu um grupo de policiais enfileirados começar a avançar.

— Estão jogando bombas de efeito moral! Vem, corre. Vai por mim, não vai querer sentir uma bala de borracha te acertando — Sasuke o puxou com força, tentando abrir caminho entre as pessoas. — Vem! Pro metrô!

— Meu carro está...

— Esquece o carro, Dobe! Só vamos esperar o tumulto passar no metrô!

Naruto começou a correr, seguindo o outro e respirando mais aliviado quando conseguiram se distanciar o suficiente para o barulho das bombas não ser tão alarmante. Entraram na estação, descendo as escadas e parando próximos a bilheteria.

Naruto apoiou as mãos nos joelhos, respirando com dificuldade. Viu Sasuke fazer o mesmo. Ele estava mais pálido que o normal, e Naruto o viu encostar na parede antes de deslizar até o chão, fazendo uma careta de dor em seguida.

Ah, é... O maldito ainda estava machucado pela noite anterior, e Naruto imaginava que o exercício deveria estar fazendo o corpo dolorido protestar.

— Você está bem? — perguntou com visível preocupação. — Está mais branco que papel.

Sasuke o ignorou, pegando a mochila e tacando a câmera e o gravador ali dentro. Naruto o viu procurar algo na bolsa e estranhou quando ele pegou uma barra de chocolate, comendo rapidamente.

— Não almoçou? Sabia que o certo é comer de três em três horas?

— Vai se fuder — Sasuke revirou os olhos.

— Como já sabe, faço isso à noite só, no trabalho na maioria das vezes — Naruto riu sem muito humor, decidindo sentar-se também.

Sasuke sorriu de leve, esperando o mal-estar passar.

Assistiram às pessoas que entravam ali também para fugirem do gás lacrimogêneo, muitas rindo da confusão, outras gritando ofensas aos policiais. Naruto se permitiu encarar o outro pelo canto do olho. Ele estava diferente, mais sério, mais formal apesar das vestes comuns. Viu-o pegar o celular e digitar algo antes de guarda-lo e se perguntou o que ainda fazia ali. Quer dizer... Estava em cima do muro.

Óbvio que queria a companhia do homem ao seu lado, havia gostado das noites anteriores, porém se ele fosse interroga-lo sobre Neji... Não aquilo não daria certo. Já estava até vendo. Aquilo acabaria com seu trabalho. Tinha uma regra de sigilo a seguir, o que não conseguia garantir sendo Sasuke a falar consigo, afinal, ele já havia provado muito bem que era ótimo em persuadir os outros. Quando menos visse, já estaria contando tudo o que sabia sobre Neji, ferrando a imagem do político e sendo demitido por Jiraya.

— Está melhor? — indagou, não querendo o deixar sozinho sem saber daquilo.

— Estou ótimo — Sasuke falou como se não entendesse aquela preocupação. — Nem adianta levantar. O trânsito só vai voltar ao normal daqui uma hora no mínimo. Até eles tirarem todo mundo pelo menos. Isso se não houver confronto.

Naruto afundou a cabeça nas mãos e murmurou algo que Sasuke não conseguiu ouvir bem.

— Acredito que esse seja um péssimo dia para ser o amante de Neji, não é? — Sasuke ironizou.

Naruto o olhou desesperado, vendo se alguém ao redor tinha ouvido o que aquele maldito falara.

— Acho que ele...

Aproximou-se, tentando tapar a boca dele, vendo-o se esquivar enquanto exibia um sorriso cínico. Bufou, puxando-o de supetão pela gola da camisa, colando uma mão à boca dele.

— Escuta aqui, se alguém ouvir isso, vai ter uma multidão revoltada me cercando e pode apostar que dou um jeito de te colocar nessa história também. Vamos ser eu e você contra toda essa gente.

Sasuke arqueou a sobrancelha, sem se debater, e, quando Naruto retirou a mão de sua boca, desconfiado, disse:

— Ah, então é verdade mesmo... Que diria... — riu anasalado.

Naruto suspirou, cansado. Soltou Sasuke e se afastou. Viram? Ele mesmo já sabia disso... Sasuke tinha todos os meios de fazê-lo falar. Até mesmo com simples provocações.

— Por que sai com alguém como ele? Faz parte do seu trabalho?

— Já disse que não vou responder. Você sabe muito bem que sigilo é algo que meu trabalho pede, não lembra?

— Então os almoços fazem parte do seu trabalho? — Sasuke continuou, vendo Naruto tirar um pacote de halls da mochila e colocar uma na boca. — Come quando está nervoso?

— Pode me deixar em paz? — Naruto pediu, apertando os olhos.

— Se o almoço não faz parte do seu trabalho, não haveria problema algum em falar sobre ele. Então deduzo que ele pagou para que almoçasse com ele.

— Está tirando conclusões por conta própria.

— É o que as pessoas fazem quando as outras se calam, não?

Naruto mordeu o lábio inferior, consultando o relógio apenas por querer que aquilo acabasse logo e poder ir para casa.

— Ok. Não vou mais insistir — Sasuke se levantou. — Ainda posso usar isso ou vai ficar achando que quero te interrogar? — perguntou, mostrando uma folha amassada que Naruto logo reconheceu ao ver seu telefone.

Hesitou, mordendo o lábio, olhando para os lados e bagunçando o cabelo. Sasuke quis rir, mas se conteve, deixando apenas um sorriso aparecer. Aproximou-se do outro e se agachou na frente dele. Esperou até que Naruto erguesse a cabeça para encará-lo e não escondeu muito bem o contentamento ao perceber a dúvida nos olhos azuis.

Levou uma mão ao rosto dele, percebendo a desconfiança com que era recebido. Aproximou os rostos, segurando Naruto pela nuca antes de beijá-lo.

Ah, meu Deus, como aquela boca era viciante! Deixou que os dedos se afundassem entre os fios loiros e abriu a boca, deslizando a língua para a de Naruto, ouvindo-o suspirar. As mãos dele tocaram seu rosto e depois seguraram sua camisa, garantindo que não se afastasse enquanto era correspondido.

Naruto pareceu esquecer-se de onde estava ou da irritação anterior. Os lábios de Sasuke moviam-se sobre os seus, sem pressa ou muita pressão. Era como se aquele beijo só buscasse a resposta para a pergunta que ele havia feito anteriormente.

Sasuke suspirou, sentindo como se o corpo se arrepiasse ao entrar em contato mais uma vez com o outro. Sugou-lhe o lábio inferior, contendo a vontade de mordê-lo e ouvir Naruto protestar. Em vez disso, abriu as pernas dele, ajoelhando-se ali e segurando-lhe o rosto com as duas mãos para voltar a beijá-lo.

Naruto não abriu os olhos quando a boca de Sasuke se afastou da sua e lambeu os lábios, deixando um sorriso escapar. Suspirou, encarando Sasuke. De repente, era como se aqueles olhos escuros tivessem voltado a ser os mesmo da noite anterior, como se Sasuke fosse a pessoa com quem tinha transado e não o jornalista chato que a pouco o enchia de perguntas.

As pessoas ao redor os ignoravam, alheias à cena e imersas em seus próprios problemas. Assim, voltou a atenção para Sasuke, vendo-o sorrir de canto, convencido.

— Até mais, Naruto — inclinou-se para lhe dar um selinho antes de se levantar.

— E o trânsito? — tentou argumentar, não querendo que o outro se afastasse.

— É por isso que algumas pessoas usam motos — Sasuke acenou, de costas, distanciando-se.

Naruto o acompanhou com o olhar até não ser mais possível distingui-lo no meio de tanta gente. Mais uma vez, o maldito o havia deixado sozinho.

Sasuke, por sua vez, andou rapidamente de volta à faculdade, tentando chegar até sua moto onde Konohamaru o esperava junto da equipe.

— Chefe! Nós já estávamos achando que você tinha sido preso!

Revirou os olhos com aquilo, colocando o capacete e subindo na moto.

— Conseguiu falar com o cara?

— Nos falamos no jornal, Konohamaru. Tenho que passar no veterinário agora.

— Mas, ch-....

Sasuke acelerou, saindo dali sem dar chance para que o convencessem a ficar.

Cortou o trânsito, agradecendo a hora em que não ouviu o irmão mais velho e não comprou um carro. Aliás, falando em Itachi, ele ainda não havia mandado nenhuma mensagem. Teria acontecido alguma coisa? Provavelmente o irmão só estava ocupado. Mandaria uma mensagem depois para ele, perguntando a respeito do dia e confirmando em qual aeroporto desembarcaria na próxima semana.

Com tudo o que estava acontecendo, já tinha quase se esquecido de que Itachi voltaria. Bem, pelo menos não havia preocupado tanto o outro a ponto de ele adiantar o voo. Teria que arrumar a casa e comprar algumas coisas saudáveis daquela vez, ou então ouviria Itachi reclamando de seus maus hábitos alimentares e o obrigando a fazer um monte de exame para garantir que sua saúde estava bem.

Estacionou na frente do consultório e, ao entrar, informou rapidamente seu nome. O veterinário o acompanhou e o atualizou do estado da filhote, deixando que Sasuke entrasse para vê-la.

— Do jeito que ela está, pode ter alta amanhã mesmo. Mas, por causa dos pontos, é preciso ter atenção e não a deixar mexer. Pode causar uma infecção ou abri-los, entende?

Sasuke assentiu, em silêncio, passando a mão pela cabeça de Pandora e vendo-a tentar retirar o abajur que a impedia de cutucar o local da cirurgia.

— Amanhã, deem um banho nela e a levem nesse endereço no final da tarde — Sasuke explicou para a recepcionista.

Ela anotou, pegando o cartão de crédito estendido para finalizar a transação.

Depois de tudo, a única coisa que Sasuke quis fazer ao chegar em casa foi tacar-se na cama. Ignorou completamente o celular tocando, mesmo sabendo que era Sakura e que ela poderia ter notícias sobre a coletiva que o interessariam.

Encarou o teto, colocando o braço sobre a testa. Naruto seria justamente a combinação de trabalho e prazer que procurava evitar, mas o que podia fazer se o garoto de programa saía justo com o político que sua equipe, mais Konohamaru que os outros, tanto investigava? Sem contar que aquela seria uma forma de mostrar a Pain que não estavam errados quanto a notícia publicada anteriormente! Quer dizer, não só isso, seria uma forma de mostrar ao chefe que errara ao lhe tirar da supervisão das colunas!

Sim, era o que faria. Mas, antes, seu corpo implorava por um pouco de descanso e, portanto, deixou-se dormir um pouco.

* * *

Hinata estranhou quando Naruto enviou uma mensagem dizendo que não poderia encontra-la na cafeteria. E foi somente quando Sakura sussurrou algo que entendeu o motivo.

— Está tendo protesto novamente... — a jornalista comentou, olhando para a pequena televisão suspensa no canto da cafeteria.

Hinata virou-se para trás, vendo as notícias. Era a faculdade de Naruto... Isso explicava muita coisa.

— Não acredito que Pain tirou Sasuke da coletiva para manda-lo para um protesto de faculdade — Sakura negou com a cabeça, incrédula ao identificar Sasuke na gravação, correndo da reação, mais uma vez exagerada, da polícia.

— Ele deve ter irritado muito seu chefe.

— É... Sasuke é do tipo que irrita as pessoas com facilidade mesmo — Riu, percebendo enfim o horário. — Bem, acho que tenho que ir...

Hinata concordou, arrumando suas coisas. Sakura a observava com extrema atenção. Era como se toda aquela delicadeza da outra não a deixasse desviar o olhar com medo de perder qualquer movimentação nova. Ah, droga, estava sendo tão ridícula...

— Eu te ofereceria uma carona se não morasse tão longe — Hinata lamentou, juntando as mãos na frente do corpo onde segurava a bolsa.

— Não tem problema. Com esse trânsito, acho que vai ser até bom ir de metrô.

Hinata concordou, destravando seu carro e deixando a bolsa no banco do passageiro antes de se voltar para Sakura.

Sakura desviou os olhos, sentindo a mão suar e a limpando discretamente na roupa. Hinata se aproximou dela e Sakura virou o rosto para poder se despedir, mas paralisou quando o beijo que era para ser em sua bochecha foi, com toda certeza intencionalmente, depositado no canto dos seus lábios.

— Até logo — Hinata sorriu ao se afastar.

— Até — Sakura sussurrou quando o carro já havia partido, quando o ar voltou aos pulmões e o cérebro voltou a funcionar.

Ok, aquilo era uma abertura, não era? Era um sinal, não era? Deus, precisava falar com Itachi! Precisava mesmo falar com Itachi!

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