CAÇADAS

By BuddhaFor_Kath

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Bônus/Final Alternativo do livro SETENTA E OITO HORAS. E se Enrique não as tivesse alcançado? E se Oliver e... More

ARABELLA E MARGOT
EXPLICAÇÃO

EPÍLOGO ALTERNATIVO

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By BuddhaFor_Kath

❌LUKE❌

Não seria capaz de expressar em palavras o que sentiu quando o celular tocou com a mensagem de Oliver dizendo que Margot e Arabella estavam com ele, a salvo. Seguras. Luke sentiu o coração acelerar e parar ao mesmo tempo, a voz faltar e dezenas  de lágrimas fáceis rolarem por seu rosto. O sentimento que preenchia seu peito era tão bom que chegava a sufoca-lo tamanho era o alívio e a alegria, nunca havia sentido tanta emoção de uma só vez. Mal podia esperar para ver Margot, tocá-la, pedir perdão... Vê-la outra vez, nossa! Como temeu que isso nunca mais fosse acontecer. E Arabella, como queria abraçar sua melhor amiga!
     Ele fora e voltara do inferno em segundos quando o celular tocou. Já imaginava todas as possíveis noticias terríveis que o amigo poderia ter lhe escrito, mas não, não havia nada de terrível naquilo. Era a notícia mais maravilhosa de todas. Melhor que aquilo só se Margot estivesse disposta a ouví-lo, deixá-lo explicar e, talvez, perdoar...
E era com toda essa intensidade de sentimentos envolta em fagulhas de esperança que ele dirigia rumo ao hospital para onde as garotas haviam sido levadas.

                           ⏪◀▶⏩

❌OLIVER❌

Sentado na recepção do hospital, o garoto apertava as mãos e balançava a perna freneticamente, gestos claros de ansiedade.
Agora que Arabella e Margot estavam salvas, só faltava duas coisas para a felicidade ser completa: a notícia de que a saúde delas, física ao menos, estava bem. E a polícia pegar aquele monstro asqueroso que havia... Não, Oliver não conseguia nem imaginar as mãos dele nelas, em Arabella, sentia o estômago revirar só de lembrar que ela havia sido violada de tal forma. A vontade que tinha era de fazer o tal Enrique pagar com a própria vida, mas não podia. Estragaria a sua, e o que faria? Matá-lo? Oliver nunca havia pensado ser capaz de fazer algo assim, tirar a vida de outro ser humano, mas algo dentro dele estava diferente. Tamanha era raiva e nojo que sentia.
      Seu coração estava aliviada por ter Arabella ali, a poucos metros dele e segura, mas também doía por saber que ela tinha passado por coisas tão terríveis. No caminho até o hospital, as garotas lhe deram um breve resumo do que passaram nas mãos daquele homem maldito. Não queriam false muito, nem conseguiriam na verdade, a dor e o medo era perceptível em sua voz. Como notas acetinadas e pesadas de uma música macabra.
     Ergueu a cabeça e encarou os rostos a sua frente. Do outro lado da sala de espera, sentados em um banco de madeira pintado com uma tinta amarelada, estavam os pais de Margot abraçados. A mãe dela, Mariana, não havia parado de soluçar um só minuto, hora de alívio outrora de medo e raiva... Era difícil dizer. E ao lado deles, Dorotéia Ferrer  também chorava pela filha, Arabella, enfim salva.
Oliver queria poder ir até lá, abraçá-la, tentar acalmá-la, mas não sabia como fazer isso. Já havia gastado todas as suas palavras de consolo e todo seu estoque de "está tudo bem agora". Mesmo assim, iria até ela outra vez, mas, antes mesmo de levantar viu os olhares da mãe de Arabella e dos pais de Margot se voltarem para a entrada, surpresos. Os olhos negros do garoto seguiram a linha invisível do olhar deles e se deparou com um garoto suado, nervoso e sorrindo como nunca antes, os olhos azuis estavam avermelhados devido o possível excesso de lágrimas derramadas.
— Luke!— Oliver levantou-se e foi até o amigo, sem entender a surpresa dos outros. Era óbvio que Luke estaria ali, de um jeito ou de outro Margot e ele estavam ligados.
— Onde ela tá?  Eu quero ver a Margot...
— Calma, cara.— Oliver riu — elas estão fazendo exames, Ara e ela, não podem receber visitas agora...
— E mesmo quando puder, você não vai vê-la, Luke.— era o pai de Margot, se aproximando dos rapazes. O homem colocou a mão no ombro do garoto de olhos azuis, em um gesto de apoio e prosseguiu: — Margot me pediu para que não deixasse você entrar, ela não quer ver você, Luke. Desculpe.
O sorriso de Luke se desfez em uma expressão triste de dor e culpa. Ela não queria vê-lo? Mas e ele? Ele precisava vê-la nem que por um segundo, ver os olhos dela, a pele, o sorriso. Precisava! Não aguentava mais a aflição e toda culpa esmagando seu peito segundo por segundo desde que a perdeu.
— Desculpe. De verdade. — o pai dela repetiu, o garoto nada disse.
— Tudo bem. — foi Oliver quem falou, balançando a cabeça para o homem como se dissesse: pode deixar, eu assumo daqui.
       E assumiu. Levou o amigo até a cafeteria e contou a ele o que as garotas haviam lhe dito, choraram e sorriram, lamentaram, se culparam e por fim Luke se foi. Com um sorriso forçado e um coração dolorido. Oliver prometeu a ele que convenceria Margot a recebê-lo, mas que por agora era melhor que ele fosse para casa.
        Na manhã seguinte, após horas sentado no banco duro da sala de espera, ele pode ver as garotas. Abraço Arabella e cumprir o que havia prometido ao amigo ou, pelo menos, tentar...

                                    ⏪◀▶⏩

❌ MARGOT ❌

Dois dias. Estava livre há dois dias e só agora estava indo para casa, após finalmente receber alta no hospital depois de dois dias inteiros de exames, interrogações policiais, mais exames, remédios, perguntas, visitas, flores e mais e mais perguntas. Reviveu em palavras todos os detalhes que sentiu, contando aos pais, aos policiais... Não, não tudo. Havia coisas que ela não conseguiria jamais expressar ou explicar, sentimentos que nunca saberia como descrever e, mesmo que soubesse, ninguém seria capaz de entender. Ninguém havia estado lá e sentido igual. Ninguém além de Arabella, com quem dividiu os piores momentos de sua vida, a sensação de liberdade e alívio que veio depois e, até mesmo, o quarto no hospital. Agora esperava que pudessem dividir também um sentimento mútuo de amizade.
     Quando seu pai parou o carro em frente ao portão da garagem, o coração de Margot saltou ao ver uma figura encapuzada do outro lado da rua, sob a sombra de uma árvore. A rua já estava escura, o sol havia se recolhido há horas e mesmo com a luz do poste não dava para reconhecer quem era que estava por baixo do capuz. E em seu peito um alerta doía, temendo que fosse ele. A polícia, infelizmente, ainda não havia capturado Enrique e avisaram a garota para ter coitado, era de se esperar que ele fosse atrás dela e de Arabella... Não, não, não, não. Era a palavra que repetidamente ecoava em sua mente.
Não podia ser ele.
      Margot desviou o olhar para encarar seus pais pelo retrovisor.— Pai...— começou, mas sua voz foi cortada pelo barulho de batidas no vidro do veículo, bem ao lado dela. E quando olhou novamente para o outro lado da rua, não tinha ninguém junto árvore por que quem batia no vidro escuro era o encapuzado. Um grito de medo e desespero escapou dos lábios dela, antes mesmo de perceber que não era ele, não era Enrique que estava ali. Era Luke...
         Já fora do carro, na calçada, a garota encarava o rosto daquele que partiu seu coração e fez se sentir humilhada como nunca antes. Sua expressão era dura, fria, brava até, mas seu peito implorava pelo abraço dele. Por sentir os braços de Luke em volta dele outra vez.
    No dia anterior, Oliver lhe contou que Luke tinha ido ao hospital vê-la e tentou conhecê-la a receber seu ex namorado traidor que, por mais que negasse, ela ainda amava. Mas Margot se recusou, disse não a todos os insistentes argumentos de Oliver, mas agora, com Luke ali, a dois passos dela, depois de tudo o que passara, ela queria mesmo sentir o abraço dele. Ouvir a voz dele. Sentir que era real. Porém seu orgulho e dignidade era infinitamente maior que seus anseios românticos adolescente.
— Eu...eu...— ele começou, mas não parecia saber como continuar.— Eu precisava te ver.— disse por fim, seguido de um longo e profundo suspiro. Margot continuava com os braços cortados junto ao peito, o encarando. — E eu sei que você não quer me ver— o garoto prosseguiu — mas eu não aguentava mais, Margot. Eu precisava dizer que eu lamento muito tudo o que aconteceu, que não teve um só minuto em que eu não tenha me culpado e sentido sua fala porque, você talvez nem acredite mais, mas eu te amo. E me arrependo do que eu fiz, fui um completo idiota com você. Espero que um dia me perdoe...— ele fez uma pausa. Ela suspirou pesadamente, sentindo a ferida no seu coração doer, como se sangrasse mais a cada palavra que ele proferida. — Mas hoje, aqui...— continuou — eu só quero poder te dar um abraço e dizer que estou feliz que esteja a salvo. Só quero sentir você outra vez nos meus braços para ter certeza de que está mesmo aqui, de verdade e...— uma lágrima escapou dos seus olhos e rolou por seu rosto sombreado pelo capaz. Mas antes que ele continuasse o que dizia, ela se atirou em seus braços saciando o desejo do cotação de ambos. Aquilo não significava que ela iria perdoá-lo ou que ficariam juntos outra vez, mas naquele momento enquanto ele sentia que era real, que ela realmente estava ali, Margot também sentiu que era real. Nos braços dele, sentindo seus corações batendo, sentiu que enfim estava realmente sã e salva.

                                  ⏪◀▶⏩

❌ARABELLA ❌ 

     Pela janela do quarto, no segundo andar, ela observa a rua pouco iluminada, perdida em seus pensamentos. Os fones no ouvido tocavam uma antiga gravação da voz rouca do seu pai cantando para ela Arabella. “Arabella para Arabella" dizia Ricky no início do áudio, sua risada mesmo com os ruídos de estática preenchiam o coração dela, sentia tanto a falta do pai. Quando viu a mãe no hospital, dois dias antes, por um breve segundo esperou que o pai também aparecesse. Só que ele não apareceria e agora se agarrava as lembranças dele para ter a coragem necessária para seguir em frente e a sua voz cantava tudo o que ela desejava naquele momento: “ e quando precisa se proteger do mundo, ela mergulha em meus devaneios". Gostaria de poder ouvi-lo falar sobre seu próximo sonho maluco e mergulhar com ele nos devaneios de mais uma aventura. O último havia sido comprar um esportivo clássico azul para levá-la a faculdade no seu primeiro dia, infelizmente Ricky não tivera tempo de realizá-lo...
      Com lágrimas nos olhos, a garota encarou o manto negro da noite e implorou para que, onde quer que estivesse, o pai pudesse ouví-la. Escutasse seu pedido de ajuda para ser corajosa e continuar em frente quando tinha medo até de sair na rua e sentia seu coração saltar a cada vez que a campainha tocava aquele dia, temendo que fosse Enrique ou qualquer coisa relacionada a ele. Os policiais não tinham pista alguma de onde ele poderia estar e Arabella sabia que só teria paz quando aquele monstro estivesse atrás das grades e impossibilitado de machucar Margot e ela outra vez.
       — Está tudo bem agora, Bella. — Dorotéia disse, colocando o copo de leite quente no parapeito da janela. Arabella estava tão distraída que nem viu a mãe se aproximar, com os olhos nos suaves fios de fumaça que saiam do copo e dançavam no ar ela respondeu: — Eu sei.— embora fosse mentira. Não estava tudo bem e nem mesmo sabia se algum dia tudo realmente voltaria a ficar bem, mas ela continuaria tentando e lutando e vivendo como sempre fez. Afinal, como dizia a voz gravada do seu pai em meio a acordes no velho violão, através de uma canção da Arctic Monkeys: o dia fica melhor quando o pôr do sol fica para trás... E o horizonte tenta mas não é tão bom para vista como Arabella.
— Oh, como Arabella— Dorotéia cantarolou como se houvesse lido os pensamentos da filha, mas apenas havia visto na tela do celular, iluminada pelo recebimento de uma mensagem, o nome da gravação que a garota ouvia. — Oh, como Arabella.— Arabella concordou e sorriu.
— Não vai ler a mensagem?
— Hoje não.— a garota deu repeat na música e bloqueou a tela do celular, ignorando a notificação de um número desconhecido no topo. Ela não ia deixar o medo entrar em sua mente e alma. Não por essa noite.
Olhando o céu, ela continuou cantarolando baixinho e pensando no seu pai, a olhando em algum lugar, e na sua mãe ao seu lado. Podia não estar tudo bem, mas ela estava viva e em casa. Já era o bastante!
E Margot também estava em sua casa, com sua família, segura... As Arabella, oh!

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