CAÇADAS

By BuddhaFor_Kath

8.8K 1K 320

Bônus/Final Alternativo do livro SETENTA E OITO HORAS. E se Enrique não as tivesse alcançado? E se Oliver e... More

EPÍLOGO ALTERNATIVO
EXPLICAÇÃO

ARABELLA E MARGOT

3.7K 438 171
By BuddhaFor_Kath

Se possível, leiam ouvindo "Iris, Goo Goo Dolls", de preferência a versão cover da Sleeping With Sirens. Ouvi essa canção para escrever e acho que la pela metade o capítulo fica mais emocionante com essa trilha sonora. Sem mais delongas, boa leitura e acreditem em mim quando digo que estou com lágrimas nos olhos e algumas delas são de arrependimento... Desculpem! ❤

➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖

    — Vamos, vamos, a gente tem que sair daqui! — Arabella soltou Margot e respirou profundamente, agora precisava manter a calma. Estavam quase livres daquele pesadelo. — Vamos.—  Margot concordou. Mas antes de ir, Arabella tinha uma coisa a fazer, pegou o metal pontiagudo que deixara cair no chão e com toda sua força o enfiou na perna de Enrique, ele ainda não havia perdido totalmente a consciência e soltou um grito rouco quando o metal entrou em sua carne. — Sua vez, Passarinho. — Arabella ironizou antes de seguir Margot para fora dali. 
         Do lado de fora só viam árvores e uma pequena cabana a poucos metros de onde deixaram o sequestrador.
— Onde será que ele deixa o carro? — indagou Margot, olhando em volta.
— Eu não sei dirigir, você sabe?—  Arabella questionou, estava aflita, estavam perdendo tempo.
— Não, não sei.
— Então não importa onde está o carro. Estamos perdendo tempo, vamos. — Arabella disse, se dirigindo a uma trilha no lado leste do galpão. Margot a seguiu, não sabiam onde a trilha iria dar, mas precisavam se afastar dali, chegar o mais longe possível até encontrar alguém e pedir ajuda. O sol já estava se pondo no horizonte, logo mais escureceria e ficaria difícil enxergar na mata escura, tudo já estava parecendo igual.
      As garotas corriam, já haviam chegado ao fim da trilha e agora tentavam encontrar um caminho para fora da mata, chegar a algum lugar onde houvessem pessoas, uma delegacia, um posto de combustível, um telefone, qualquer coisa que pudesse ajudá-las a chegar em casa. Estavam sem forças para continuar correndo, os galhos das árvores arranhavam os braços expostos das duas e Margot já sentia as pernas doerem, cansadas demais para prosseguir. — Ara... Arabella.—  chamou, ofegante. — Vamos parar um pouco, estou exausta.
— Não Margot, aguenta mais um pouco.  Só mais um pouco.
— Não aguento, Bella, desculpa.— A garota colocou as mãos no joelho, ofegante. O suor pingava e escorria pela sua face.
— Tudo bem. — Assentiu. Uma parte de Arabella não queria parar, não queria dar a Enrique a chance de alcançá-las, não queria adiar mais se sentir salva e segura, em sua casa. Mas cedeu, também estava cansada. Sentaram-se no chão, junto ao caule de uma árvore e ali ficaram.

       — Acho melhor irmos agora—  Arabella disse, cerca de dez minutos depois, já haviam perdido muito tempo e a cada minuto a floresta se escurecia mais. — Tá. — Margot suspirou, ainda cansada, levantando-se. Voltaram a caminhar por entre as árvores, a passos largos e rápidos. Ficou claro que correr só fazia com que se cansassem mais rápido, então em vez de ficarem parando para descansar, era melhor manter um ritmo constante até estarem a salvo.

                                     ⏪⏩

      A respiração de Arabella estava ofegante, seus pés doíam como se estivesse andando há horas, pareciam estar dando voltas e voltas no mesmo lugar pois por mais que ela e Margot andassem não conseguiam ver nada além de árvores. O sol, no horizonte, há tempo havia se recolhido, a lua dourada brilhava sob a copa das árvores. A temperatura começava a esfriar, mas as garotas nem percebiam, os movimentos mantinha seus corpos aquecidos, porém era inevitável não notar que ficava mais difícil se locomover a medida que a claridade diminuía. — Estou com muita sede. — Margot murmurou
— Eu também. Mas a gente já se livrou dele, só precisamos sair dessa mata.
— Será que ele... ele tá vindo atrás de nós?—  o medo estava nítido em sua voz, Arabella também temia por isso, estavam tão perto de se livrarem dele para sempre que a possibilidade de ser arrastada de volta para o pesadelo que viveram por dias era desconcertante, mas precisavam manter o controle para conseguir encontrar a cidade, segurança. — Não, ele ainda deve estar inconsciente. — respondeu, evitando o olhar de Margot, pois não acreditava em suas próprias palavras .
     As jovens moças continuaram adentrando na floresta enquanto o breu da noite seguia escurecendo as sombras entre os galhos, o cenário chegava a ser assustador. Galhos enormes e tortos que lembravam garras de monstros, as sombras que projetavam no chão também assustava, os corações das garotas seguia acelerado assim como a respiração, cada vez mais ofegante. O que estavam vivendo, desde aquela sexta-feira em que tudo começou, parecia o roteiro de um filme de horror e ali, em meio aquelas árvores sombrias, poderia acontecer a cena final. — O bosque da Morte. — Arabella murmurou, ao pensar naquela situação como algo fictício, talvez isso fosse uma tentativa inconsciente de afastar um pouco do medo em seu peito, de diminuir um pouquinho que fosse a dureza da realidade.
— O que? — Margot indagou, virando-se para a outra.
— O Bosque da Morte, se isso fosse um filme, esse, sem duvida, seria o nome. — Arabella afastou uns galhos mais baixos a sua frente e tentou sorrir, não conseguiu, nada diminuía a tensão que sentia.
— É, tá aí um filme que eu não reprisaria.
— Né?
— É, mas infelizmente não é um filme. —  disse Margot, triste.
— Infelizmente. — Arabella assentiu. O vento da noite era fresco e limpo, tão diferente do ar abafado e quente daquele lugar imundo, Arabella respirou profundamente, apreciando. Não via a hora de estar em casa, abraçar sua mãe, seus amigos, tomar um banho e lavar todos os vestígios dele de seu corpo e, talvez, o tempo apagasse de sua mente também.

           Um barulho de galhos se quebrando, fez o coração dela saltar ao mesmo tempo que seus olhos verdes se arregalaram, atentos, olhando em volta, a princípio nada viu. Até que ele a viu e sorriu, mesmo no escuro, ela imaginava o sorriso maquiavélico nos lábios dele.
— Corre! —  gritou para Margot e puxou-a pelo braço enquanto suas pernas, apesar de cansadas, aceleraram o ritmo ao máximo, junto com seu coração que batia mais rapido que nunca. Temeroso, aflito, mas, esperançoso. Haviam escapado dele, não podiam voltar para a estaca zero. Não, conseguiriam!
      Correram com cada gota de energia que tinham no corpo, usando toda a vontade de se livrar desse pesadelo de uma vez por todas, com todo o desejo que sentiam de voltar para casa, para os braços das pessoas que mais amavam. Correram para liberdade, para a segurança, pela vida delas e de todos que deviam estar sofrendo por elas, todos cuja as vidas jamais seriam as mesmas se elas não conseguissem escapar. Mas, Enrique também corria e, diferente delas, ele não estava exausto, há dias sem comida e sedento pelo longo periodo sem uma gota d' água. Ele, apesar dos ferimentos, corria muito rápido, era fisicamente muito mais forte que elas. Segurava, em uma das mãos uma faca que brilhava na luz do luar e da lanterna que ele trazia na outra mão. — Corram, Passarinhos, podem correr. Eu alcanço vocês, não podem fugir de mim! — gritou, a certeza arrogante do que dizia era assustadora. — Eu conheço essa mata como ninguém, eu vivo aqui, vocês vão se perder e eu...—  ele fez uma pausa, estava ofegante. —  e eu vou achar vocês. Corram! —  as garotas sentiam o divertimento no tom dele. Como podia ser tão fio? Tão cruel e sádico? Quanto mais elas sofriam, sentiam dor, mais prazeroso era para ele. Era como se visse tudo como um jogo, um jogo que elas eram tolas demais por tentar ganhar, um jogo que ele conhecia bem e estava acostumado a vencer, sempre vencia. Mas não dessa vez, Arabella lutava com cada fibra do seu ser para escapar dele, e Margot não estava fazendo diferente. Se fossem passarinhos, como ele diziam, eram aves selvagens, livres, fortes demais para aceitarem a prisão a que fossem submetidas.
       Mas o corpo exausto, por um breve momento, falou mais alto que a vontade de estar a salvo, um momento rápido como um flash que poderia ter decidido tudo. Mas, quando Arabella fraquejou, Margot a fortaleceu. Quando ela tropeçou, Margot a segurou, um reflexo que nem ela mesma poderia explicar de onde veio, talvez fosse a adrenalina, mas o que quer que tenha sido, impediu Arabella de cair e voltaram a correr com tudo.
     Arabella sentia as pernas pesarem, implorando para parar, mas não parou. — Pensa na sua mãe, no Oliver... — Margot gritava, rouca, usando toda a voz que lhe restava.
— Isso. Vamos pensar neles. Mas só pensar. — Arabella disse, ofegante.
A risada do Enrique ecoou entre as árvores, foi um som estranho, frio e raivoso. Qual era a graça?
As garotas olharam para trás de relance e o viram caído no chão.
        Embora fosse fisicamente muito mais forte que as garotas, Enrique estava tonto e enjoado, devido a pancada que Arabella desferiu contra sua cabeça, quando saiu do galpão e isso só piorou com o esforço que fez perseguido-as.
— Eu alcanço vocês. — ele esbravejou, as garotas nem se deram ao trabalho de olhar para trás novamente, para checar se ele ainda estava no chão. Só tinham uma chance e não podiam desperdiçar nenhum segundo dela.
Se agarraram a pensamentos e lembranças daqueles que amavam e a vontade de vê-los novamente, como se fossem cordas que as manteriam de pé até que estivessem com eles. Cordas fortes como aço, como o metal dos objetos usados para machucá-las, uma corda de nós feitos com suas cicatrizes.
       Continuaram assim e com o medo ainda esmagando seus corações, e uma esperança que crescia a cada segundo. E a esperança superou o medo de vez quando, finalmente, conseguiram sair da mata, chegando a uma estrada asfaltada. Escura e fria, mas podiam ver a lua e, pela primeira vez, sorriram ao olhar uma para a outra.
Alívio
Esperança
Coragem.
Três palavras perfeitas para resumir tudo o que sentiram.
      E a salvação veio como uma luz, literalmente. Os faróis de um automóvel na curva da estrada, no lado leste, oposto ao em que elas estavam. Margot começou a balançar os braços e gritar, mas  tudo o que saia eram tentativas de gritos. — Não dá para nos ver daqui. — Arabella disse, arrastando Margot pelo braço até o meio da pista. O carro já estava a poucos metros dela, ou o motorista as salvaria ou as mataria de vez. E foi isso o que Margot pensou, pela expressão de pânico em seu rosto.
No entanto nada disse. Seguiu Arabella, balançando os braços no ar e torcendo com todo o coração para que o carro parasse.
E parou.
Parou a menos de um metro delas, o motorista freou bruscamente. Quando a porta do automóvel foi aberta e uma figura magra e alta desceu, as garotas se prepararam para serem chamadas de loucas entre outras coisas e ter que explicar, sem voz, tudo o que passaram. Mas não. Não houve nada disso.
Tudo o que receberam foi uma expressão confusa e assustada que se transformou em alívio e lágrimas, e pela primeira vez o choro foi de pura felicidade...
— O-OLIVER!— Arabella exclamou, gaguejou um pouco e a garganta ardeu, mas não se importou. O peso de suas pernas e o cansaço pareceu desaparecer enquanto corria em direção aos braços dele. Quando sentiu o abraço dele a envolver, seu coração batendo no peito e as lágrimas dele molhando seu pescoço,  ao mesmo tempo, em que suas próprias lhe encharcavam os olhos, se sentiu segura. Salva.
— Eu tive tanto medo, Bella. Tanto medo.— ele estava chorando e a apertava tão forte como se temesse soltá-la e perdê-la outra vez.
— Eu também tive medo.— ela soluçou.
       A poucos passos deles, Margot também chorava e forçava suas pernas a se mexerem, estavam livres mas ainda não era o fim.
— Margot.— Oliver sorriu e a abraçou também, mantendo um braço ainda em Arabella.
— Oi, Oliver. — Margot nunca havia ficado tão feliz em ver a cara daquele rapaz tatuado, Imprudente e que para ela não passava de mais um dos amigos do seu namorado com quem jamais se daria bem. Como errara sobre eles, principalmente sobre Arabella.
— Temos que ir, ele pode nos alcançar e...
— Ele não vai, Margot, acabou.
— Acabou.— Oliver concordou com a Arabella, antes de fazer o que seu coração estava implorando. Beijá-la.
Com os lábios de Oliver nos seus, Arabella teve certeza de que havia acabado. E que teria Oliver consigo para sempre.
— Eu te amo. — ele sussurou em seu ouvido, ela sorriu com os lábios e com o coração. — Desculpe não ter dito antes. — ele beijou a testa dela e a segurou um pouco mais forte. Como era bom tê-la de volta em seus braços e deixá-la saber o que sentia.
    Oliver guiou as garotas até o carro e deu partida. E os faróis acesos, iluminando o caminho. A salvação podia não ter sido como uma luz no fim do túnel, mas foi, com certeza uma luz.
As luzes de faróis no fim da estrada!

Continue Reading

You'll Also Like

16.2K 1.3K 26
Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não...
29.4K 169 9
Conto Erótico
12.6K 608 22
Nesse livro você encontrará, Lindas frases relacionadas a Dança. UM AVISO : AS FRASES NÃO SÃO MINHAS . Espero que você goste do livro
107K 5.7K 69
Segunda temporada de: "Amante do Crime" História de minha autoria. Não aceito adaptações. Plágio é crime! A história é ficção, contém uma certa reali...