O alarme tocou mas não foi necessário para me acordar, eu já estava acordada e movida pela ansiedade. Ainda eram três da manhã, acendi a luz e fui procurar uma peça de roupa apresentável... Após meu banho vesti minha calça jeans e uma blusa azul bebê de manga longa que continha mangas bufantes. Calcei meus tênis brancos e fui para cozinha tomar um rápido café.
Fiz melhores torradas do mundo e tomei um copo de suco de laranja.
XXX
Eram 8:32 e meu expediente começa as 8:00 que é o horário que a joalheria abre. Eu sabia que estava atrasada mas havia algo de errado, já que as portas da loja estavam fechadas...
Obviamente resolvi esperar. Sentei nas escadas da fachada e estava começando a cogitar voltar para casa até que vi uma mulher vindo em minha direção com um crachá batendo em seu peito.
- Ah, Clark não é? Eu sou a Sophie, sabia que você poderia se atrasar então escrevi na carta que ficamos abertos a partir das 08:00, na verdade especialmente hoje abrimos as 09:00.
Ela falou sorrindo, balançava as mãos e isso a tornara engraçada. Ergui minhas sobrancelhas e respirei fundo para não me descontrolar ao saber que fui feita de idiota.
- É mesmo? E meu nome é Carly.
Falei me levantando das escadas.
- Tanto faz, só vamos!
Sophie falou saltitante, abriu as portas da joalheria e entramos. Logo senti uma sensação de liberdade ao notar que não havia ninguém a não ser nós duas cercadas por ouro e diamantes cravejados.
- Então, sua roupa está no seu armário, vamos, eu vou te levar lá.
Ela disse andando e eu a segui.
- Coloque suas roupas, prenda seu cabelo e venha.
- Ok...
XXX
Desci as escadas correndo e tomei uma surpresa ao perceber que a joalheria estava começando a encher.
Sophie que estava falando com uma mulher, veio em minha direção.
- O que tem que fazer é ser gentil e perguntar qual jóia o cliente quer, sei que você é nova e não deve saber onde ficam as jóias, se ele ou ela pedir uma opinião, é ai que eu entro!
- Tá.
Falei sarcástica, mas ela não percebeu. Mal sabe que sei sobre tudo aqui e até mais que a mesma.
- Bom dia, minha jovenzinha.
Uma senhora de cabelos brancos disse segurando um de meus braços, seu toque era quente e terno.
- Bom dia senhora, no que posso ajudar?
- Bem, eu quero um colar para minha neta, ela está completando 15 anos.
Assenti e não deixei de pensar no quão sortuda deve ser a garota de 15 que receberá um diamante tão almejado no seu aniversário.
- Bem, temos vários, mas tem um que é meu preferido.
Eu disse andando até a vitrine 46 e de lá eu tirei uma caixa com um colar, era um megadiamante amarelo com corda de diamantes brancos, criação de um magnata israelense. A joia era delicada e polida.
- Será que ela vai gostar?
A senhora perguntou duvidosa.
- Com certeza eu iria...
- Deixe aí reservado, mas mesmo assim eu quero ver outros.
- Claro!
- Deixa eu só ir atrás do balcão reservá-lo para senhora.
Falei indo para atrás do balcão. Assim que terminei de guardar em um recipiente acolchoado e incolor, um estrondo muito alto fez todos presentes gritarem em extremo desespero.
- Todos no chão, isso é um assalto!
A voz era a mesma da semana passada, arregalei os olhos e senti meu corpo congelar. Fiquei trêmula ao ouvir choros e gritos, me escondi o mais rápido possível debaixo da mesinha atrás do balcão.
- Então minhas crianças, o primeiro passo é pegar todo o dinheiro dessa droga de joalheria e rápido.
A voz grave ecoou pelo ambiente, a rouquidão arrepiou minha espinha. Não sabia o que fazer, então peguei meu celular e digitei o número da polícia, aqueles 3 dígitos pareciam nunca terminarem.
- Políci-
A voz do outro lado da linha ia dizendo, mas alguém me puxou pelo pé.
- Va-di-a.
Ele disse tirando a máscara que cobria o rosto. Na mesma hora fechei meus olhos, angustiada por ter uma arma apontada para minha cabeça.
- Que droga garotos, recuem, agora!
Ele disse para uma escuta que estava em sua blusa, era só até aí que eu conseguia olhar. Por um segundo pensei que fosse embora e certamente me libertaria, mas não foi isso que aconteceu... O homem me pegou pelo braço e me levantou com raiva e grosseria, fechei meus olhos com medo de olhá-lo.
- Facilite para mim e ande.
O mesmo disse apertando mais meu braço. Andamos até a porta da frente e no caminho não deixei de ver os guardas no chão e o mais estranho era que não havia sangue no chão, mas eles pareciam estar mortos...
- CARLY!
Sophie gritou por mim, ele então apontou rapidamente a arma para ela.
- Não, por favor.
Sussurrei imóvel, minha voz estava falhando mas soube que ele ouviu pois continuou a me empurrar enquanto andava.
- Entra aí.
Ele disse abrindo a porta de um carrão preto.
- Não, eu não vou entrar no seu carro com você.
Falei afoita, derramando lágrimas e vermelha de medo.
- Por que não?
Ele falou debochado, logo completou:
- Algum preconceito com meu carro? Ou comigo?
- Bem, em relação ao carro, ele é mais caro que todas as joias dessa joalheria que dizem que é a melhor do país e em relação a mim... Bom, as mulheres amam entrar em carros comigo.
O mesmo concluiu sarcástico, eu só chorava muito e alto.
- Por favor...
Supliquei aos soluços.
- A minha arma está carregada.
Ele disse passando ponta da arma sobre minha barriga. Pensei em todos os momentos que vivi até agora e sinceramente não estou preparada para morrer.
Entrei e ele, logo em seguida.
XXX
Eu sabia que nem 30 minutos haviam se passado, mas parecia 30 horas presa no carro com ele.
Respirei fundo antes de abrir a boca e tomar coragem para falar.
- Você vai me matar ou...?
Sussurei.
- Bem, eu vou pensar.
- Eu quero morrer.
Falei séria, sentia lágrimas percorrerem o caminho das minhas bochechas.
- Não se faça de difícil querida, não gosto de mulheres assim.
- O que?
Falei sem acreditar que ouvira "querida" sair de seus lábios, sua gargalhada repetina ecoou pelo veículo.
- Por favor me solte, eu não vou contar nada sobre você ou seu rosto.
- É claro que não, você ainda nem olhou para ele... Mas vai olhar!
Ele disse apertando minhas bochechas, virou meu rosto e me obrigou a encarar o seu.
Foi naquele momento que percebi que seria muito mais complicado do que eu imaginara... Ele era dolorosamente o homem mais bonito que eu já vi e mesmo com muito medo, passei um olhar por toda aquela feição sedutora em segundos.
Seus cabelos castanhos tinha um topete quase caindo para o lado por conta dos cachos que se formavam na ponta, seus olhos eram pretos e fatais.
Tossi desnorteada e encarei suas enormes mãos no volante, havia alguns anéis em seus longos dedos.
- Os polícias vão me achar.
Falei tentando não parecer afetada.
- É? Vão mesmo, talvez seja porque eu não me chamo Alec e talvez eu não seja o melhor do país.
O mesmo falou sorrindo, então seu nome era Alec...
- Por que eu?
Perguntei encarando a pista.
- Bem, você que é a intrometida aqui Carly.
- Como você sabe meu nome?!
Falei de olhos arregalados.
- Eu sei de tudo minha querida.
- Vamos deixar claro algumas coisas e uma delas é que aqui, eu sou o chefe.
O chefe, o mais procurado de Paris estava ao meu lado. Meu medo ficava cada vez mais visível, não sei mesmo como isso foi acontecer e eu só quero sair daqui...