Blue

De GioviSouza

31.3K 2.4K 1K

"Você era vermelho e gostava de mim porque eu era azul. Você me tocou e de repente eu era um céu lilás, então... Mais

Boas Vindas!
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 12

875 67 38
De GioviSouza

A audição foi retornando aos poucos, como uma televisão que estava no volume mínimo e vai aumentando. Ouvi barulho de ambulância e uma grande quantidade de vozes.

Nick se ajoelhou ao meu lado, tocando meus cabelos e eu olhei para os lados. Tentei me levantar para conseguir ver algo além do céu cinzento acima de mim, mas fui impedida pelo meu salvador.

- Fique quieta, menina Blue. - Pediu com um tom autoritário.

Me deitei novamente, olhando apenas pelo canto dos olhos a aglomeração que se formava à nossa volta. Curiosos e mais curiosos, um pouco de trânsito, um carro estacionado de qualquer jeito próximo ao meu corpo, um homem com as mãos no cabelo e me olhando preocupado.

Acho que fora ele quem quase me atropelara e eu queria dizer que estava tudo bem, mas naquele momento eu só conseguia olhar para o homem ao meu lado, que procurava insistentemente por algo à minha volta.

Seus olhos encontraram nos meus e eu percebi o quão sortuda eu fui por ele estar no mesmo lugar que eu naquele instante, constantemente me salvando. Me peguei pensando se tudo não passava mesmo de uma mera coincidência. Será que ele estava me seguindo? Eu não sabia se me importava, na verdade eu até gostava.

Os paramédicos chegaram e me examinaram, Nicholas desconectou nossos olhares para que pudesse dar atenção à eles. Explicou o que havia acontecido e pediu que me levassem para checar se havia algo de errado por precaução, assim como o homem para ver se estava nas suas perfeitas faculdades mentais depois do ocorrido - já que parecia claramente perturbado.

- Meu Deus, o que eu fiz? - O homem repetia a mesma pergunta de novo e de novo.

- O senhor é pai dessa menina? - Um dos paramédicos perguntou.

E a pergunta doeu, profundamente. Um baque dolorido no meu peito que me deixou sem ar.

Ele tinha idade para ser meu pai e eu estava me apaixonando por ele, pelo pai do meu melhor amigo e de repente aquilo deixou de ser uma sensação excitante para ser algo horrível. Eu traía a confiança do meu melhor amigo e mais ainda de Marceline, que era de longe a pessoa que me conhecia melhor do que ninguém. Engoli em seco, com certa dificuldade pelo colar cervical que haviam colocado em mim, e senti uma lágrima escorrer pelo canto do olho e se alojar em minha nuca.

Um relacionamento com Nicholas Hayes agora era um sonho de adolescente idiota e distante.

Olhei na direção dele, que parecia tão abalado quanto eu, e apenas negou com a cabeça, dizendo que era o dono do clube atrás dele. Os paramédicos pediram que ele me acompanhasse já que me salvara e pediu que eu notificasse a minha mãe. Enquanto eu era colocada dentro da ambulância, vi que o homem do carro era atendido por outros paramédicos de uma outra ambulância que havia chego e eu lhe sorri para que se tranquilizasse.

Nicholas mexeu no celular e o levou à orelha, apenas para começar a falar com o que parecia ser Marceline. Ele tinha o telefone da minha casa? Aquilo parecia muito mais esquisito.

- OK, obrigado. - E desligou. - Sua mãe vai ser notificada.

- Como você tem o telefone da minha casa? - Perguntei.

A ambulância corria e meu corpo seria jogado para fora a qualquer segundo se não fosse pelas amarras.

Nicholas arregalou os olhos ainda olhando para o celular em suas mãos fixamente. Aquilo estava extremamente estranho e sabia que uma mentira viria depois de toda aquela reação.

- Ah, eu tenho o telefone de todos os membros do Clube Renovación. - Deu de ombros e engolindo em seco, se contradizendo em seus próprios gestos.

Não falamos nada depois disso, tudo ficou em completo silêncio até chegarmos ao hospital e eu ser colocada na sala de exames. Poderia jurar que Nicholas ia embora, mas quando saí para esperar que os exames ficassem prontos, vi que ele estava sentado nas desconfortáveis poltronas.

Tirei meu celular intacto do bolso da calça e ajeitei a alça da câmera, também intacta, no meu ombro. Tinha algumas mensagens de meus amigos, mas nenhuma delas sobre meu estado de saúde. Acho que eles não foram avisados nem por Marceline e nem por Nicholas.

As portas vai-e-vem se abriram e por ali veio uma Marceline com as bochechas rosadas e a respiração ofegante. Mesmo parecendo cansada, ela não mediu esforços para correr na minha direção e isso chamou a atenção de Nicholas, que parecia entretido no celular.

Marceline me envolveu em um abraço forte e alguns lugares que ainda estavam doloridos pela pancada no chão latejaram, me fazendo gemer pela dor causada.

- Oh me desculpe, meu bem. - Ela pediu, acariciando meus braços e se afastando. - O que aconteceu? Sua mãe teve uma reunião de emergência, não poderá vir.

Nicholas se aproximou e meus olhos estavam fixos no seus por cima do ombro dela. Notando que eu estava distraída com algo, Marceline também se virou, encontrando Nicholas Hayes mais uma vez.

- Senhor Hayes, muito obrigada por salvar a minha menina mais uma vez, não sabe como eu e Aimée estamos gratas. - Ela o abraçou de ímpeto e eu arregalei os olhos, vendo um sorriso surgir na boca convidativa do pai do meu melhor amigo e em seguida seus braços a rodearem também.

- Eu sempre estou no lugar certo e no momento certo. Não faria diferente por uma garota tão especial como a Blue. - Ele disse, me olhando nos olhos enquanto se desfazia do abraço de Marceline.

Eu me senti violada e me preocupava o quanto eu gostava daquilo. Umedeci os lábios, cruzei os braços e virei o rosto para outro lado. Uma enfermeira se aproximava de nós com um sorriso simpático nos lábios.

- Aqui estão os resultados. - Ela me estendeu uma série de exames e eu os peguei. - O doutor vai chamá-los na sala quatro.

Agradecemos e fui me sentar com ambos, ficando entre eles. Um silêncio constrangedor se instalou e eu tratei de relatar aos meus amigos o ocorrido, dessa vez não podendo esconder sobre a parte do Hayes mais velho. Fechei os olhos ao ver a mensagem do meu melhor amigo, me sentindo a pior amiga de todos os tempos.

"Como assim o meu pai te salvou? Ele tava te seguindo ou algo do gênero? Que maluco, não é? hahahaha"

Mal sabia que tinha possibilidade do seu pai estar mesmo me seguindo. Umedeci os lábios e, antes de digitar qualquer mensagem, ouvi um chamado na sala quatro. Me levantei junto das duas pessoas ao meu lado. Marceline olhou com o cenho franzido para o meu salvador, mas não questionou e assim era melhor. Seria rude impedi-lo de ir, certo?

Quando o médico garantiu pela trigésima vez que não havia nada de errado comigo e que eu só deveria ficar de repouso pelo estresse do ocorrido, Marceline e Nicholas se deram por satisfeitos. Deu um remédio para caso eu tivesse de alguma dor e fui liberada.

- Como vocês vão para casa? - Nick perguntou quando estávamos do lado de fora do hospital.

- Hm, eu chamarei um táxi, foi assim que vim para cá, senhor Hayes. - Marceline disse, sorrindo de modo doce.

- Aceitem a minha carona.

- Senhor Hayes, está fazendo o bastante por essa família, não se incomode...

- Eu insisto. Gosto muito da Blue... - Então ele percebeu o que disse e arregalou os olhos antes de começar a gaguejar. - Ela faz bem ao meu menino. - Engoliu em seco e parecia que ali descia uma pedra grande e pontiaguda.

Parecia doer falar isso, parecia que doía toda a situação que ele estava. Eu entendia bem demais.

- Tudo bem. Se o senhor insiste, então nós iremos. - Foi Marceline quem decidiu.

Eu permaneci calada o caminho todo enquanto ouvia os adultos conversarem do banco de trás. Dali, vendo melhor o perfil dele, percebi o quanto garotos nunca mais seriam o bastante para mim. Ele era um homem, se vestia como um, agia como um, tinha o perfil de um. Poderia observá-lo por uma vida inteira e jamais me cansaria.

Quando o carro estacionou, Marceline o abraçou mais uma vez e saiu do carro. Ele me olhou e eu continuei com os meus olhos nele.

- Obrigada, senhor Hayes. - Disse, tocando a maçaneta antes de sentir sua mão no meu joelho, chamando a minha atenção.

Pelo vidro do carro, pude ver que Marceline parecia entretida com seus próprios pensamentos enquanto entrava em minha casa.

- O que mudou, Blue? - Ele perguntou.

Nada havia mudado, era só a realidade batendo à porta de novo e de novo, repetidamente. Baixando o olhar, deixei que ele pensasse sobre aquilo e sabia que a minha resposta era a mesma que a dele. Foi por isso que ele me deixou sair de seu carro sem um resposta formulada em voz alta. Era quase como se ele tivesse lido os meus pensamentos.

Caminhei para dentro de casa e me sentei na sala de televisão como há muito não fazia. Naveguei pelos canais, tentando me distrair. Deixei em algum desenho animado e peguei o celular novamente.

"O fim de semana ainda tá de pé?"

Ah, Bianca! Tão sensível!

"Com certeza."

Digitei sem pensar duas vezes, com uma necessidade crescente de revê-lo.

Quando Marceline se aproximou, eu senti a espinha gelar, mas ao contrário do que eu pensei que aconteceria, ela tinha uma bandeja com dois lanches naturais para que eu pudesse comer e, mesmo que eu não me lembrasse de que eu precisava comer para sobreviver, a minha barriga pareceu acordar e roncou com o cheiro.

- Coma tudo. - Pediu e me beijou na testa. - Eu te amo, minha menina. Não sei o que seria de mim sem você. - Tocou meu rosto e sorriu com os olhos marejados.

- Oh, Marceline! Não chora! - Abracei seu corpo para o meu fortemente e sabia que suas lágrimas já escorriam porque ela me abraçou com a mesma intensidade. - Eu não morri, agora possuo um super-herói que monitora cada passo meu. - Disse, vendo ela se afastar para limpar as lágrimas.

- Ah menina, sou muito grata àquele homem. Mas se cuide ou viverá em cárcere privado. - Apontou na minha direção, os olhos semicerrados.

- Tudo bem, me desculpe. - Já tinha a boca cheia e ela riu, negando com a cabeça.

Não demorou para a minha mãe chegar em casa e vir me ver, perguntar o que havia acontecido e me abraçar por um longo tempo.

- Meu Deus, você tem que começar a andar com alguma proteção, Blue! - Ela disse. - Está começando a me deixar preocupada.

- Vou ficar bem. - Dei um meio sorriso, dando de ombros.

Ela beijou meus cabelos e se levantou para falar com Marceline.

Era bom poder ter a atenção de minha mãe, já que ela vivia ocupada demais para mim, mas estava acostumada com a ausência e a sensação que me tomou foi nova, boa contudo. Fazia tempo que não me sentia amada pela minha própria mãe. Amada de verdade, não só algo como alguém que me deu a luz.

Naquela noite, eu dormi com um sorriso no rosto.




Foi difícil escolher alguma coisa para usar naquele festa. O que se usava de "rock" em um armário como o meu? Eu era o tipo mais clichê de menina doce. Fui até o armário da minha mãe e peguei uma das antigas camisetas dela.

Vestida com uma jaqueta de couro, uma blusa do Iron Maiden embaixo, um short jeans de cintura alta fazendo par com uma meia calça preta e coturnos igualmente pretos. Deixei o cabelo com um topete alto e me dei por satisfeita com uma maquiagem carregada nos olhos.

Fiquei pronta no instante em que meus amigos chegaram. Não tive do que reclamar, eles me cuidaram - mesmo que não precisasse - e eu gostei de toda a atenção. Era engraçado vê-los brigando para fazer isso.

Bianca tinha os cabelos lisos e soltos com um chapéu negro de abas largas, uma camiseta que tinha alguns nomes de bandas e um colete jeans de lavagem clara vinha por cima. Nós pés, ela tinha botas de cano baixo pretas com meias da mesma cor que vinham até os joelhos e usava um short de couro.

Noah estava lindo com uma jaqueta de couro por cima da camiseta do AC/DC e um jeans de lavagem escura. Era simples, mas o seu cabelo ajeitado para o lado o deixava com um toque final irresistível. Deus, eu realmente estava pensando aquilo do meu melhor amigo?

Ele abriu a porta para mim e Bianca, e entrelaçou nossos braços nos seus enquanto entrávamos no espaço onde aconteceria a festa. Todos estavam muito estilosos e um rock pesado tocava no lado de dentro do salão. Meus amigos correram para a pista dançar e eu os acompanhei. Não demoramos para nos bagunçarmos e o chapéu de Bianca ir parar com Noah em uma das puxadas do garoto pela cintura da menina.

- Vamos pegar uma bebida! - Bianca gritou por cima da música.

- Podem ir, vou querer uma água! - Gritei de volta.

- Careta! - Os dois gritaram e caíram na gargalhada.

Revirei os olhos e dei a língua, vendo eles saírem de braços dados para o bar, não sem antes ouvir o grito da minha amiga com algo como:

- Não suma daí!

Balancei a cabeça em negação e comecei a dançar animadamente, me sentindo muito melhor de todas as dores que me assolaram pelo corpo - físicas e emocionais.

- Boa noite, menina Blue. - As palavras foram sussurradas atrás de mim, perto da minha orelha e, mesmo que eu achasse impossível, consegui ouvir.

Mais uma vez era como se a música ficasse muda enquanto eu me virava na direção de Nicholas Hayes e tentava entender como ele ficava tão lindo a cada vez que nos víamos.

Parecia jovem demais naquelas roupas, era quase como ter Noah na minha frente. Olhei de seus olhos para seus lábios e eu até poderia culpar a bebida, mas eu não havia colocado uma gota de álcool no corpo. Era só eu e os meus cinco segundo de coragem insana.

Fiquei na ponta dos pés e segurei seu rosto entre as mãos, sentindo as suas em minha cintura. Colei nossos lábios e sentir a textura macia era quase como reviver meus sonhos. Ele apertou a minha cintura e eu queria aprofundar aquele beijo, mas a coragem me faltou e eu me lembrei de onde estávamos, com quem estávamos e quantas testemunhas tínhamos ali.

Era errado.

Me afastei e arregalei os olhos, vendo a expressão dele ainda atordoada.

- Me desculpe. Eu não sei o que estava pensando. - E, sem pensar duas vezes, eu me afastei dali o mais rápido que pude. 


xxx



Continue lendo

Você também vai gostar

1.9M 164K 104
Os irmãos Lambertt estão a procura de uma mulher que possa suprir o fetiche em comum entre eles. Anna esta no lugar errado na hora errada, e assim qu...
169K 11.9K 181
No ano de 2018 um tipo de praga ou infecção atacou a humanidade e nós nem ao menos sabemos de onde isso surgiu. Com a rápida degradação da sociedade...
19.6K 2.3K 21
Qual o lugar mais inesperado para se encontrar o amor da sua vida? E se os anjos dessem uma for...
10K 638 11
Talvez você me ame ou me odeie . Mas é que eu aprendi a ser assim . Então , conte até 10 . 🏅 #10 -Drama Gay 🏅#17 - Sucesso 🏅 #72 - Série 🏅...